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metareciclagem

Deconferência MetaRec: Tecendo Redes

Encontro de Redes no III Festival Internacional Cultura Digital.Br

Encontro MetaRec no III FICD.Br em 4 de dezembro de 2011.

 

Situação desta ConecTAZ: 
funcionando
dom, 04/12/2011 - 12:31

MetaReciclagem no Festival Cultura Digital.Br

Terceiro dia do Festival Cultura Digital.Br e programação "oficial" com MetaReciclagem às 16h no encontro de Redes. Isso te diz alguma coisa? Ontem numa das conversas alguém disse que rede era o modelo de organização política do século XXI. Quase que imediatamente olhando para todos os lados, com bocas, narizes e orelhas, vieram os questionamentos. Por que modelo? E por que século  XXI?

Talvez uma das armadilhas mais estranhas dentre as tantas nas quais caímos diariamente seja a de começar a tocar remixes conceituais como realidades dadas. Essa mistura de compreensões que gira em torno do termo "rede", tomada como algo novo, "o novo", é problemática. Aliás, nem precisa associar com o novo. Rede,  às diferentes práticas, técnicas, metáforas, metodologias e tudo mais não se comunicam tão obviamente. Logo, que rede é essa que você está falando?

Armadilha 2. Talvez o impulso seja dizer o que é a "rede" que tá passando pela cabeça, corpo, espírito, tudo junto. Vamos desviar dessa também? Um conjunto de elementos, coletivo fluído, de teorias, gente, máquinas e coisas que não conseguimos rotular ou classificar quase que pedem no consciente para não fazer isso. Me diga o que "a rede" faz. Aliás, se "a rede" falasse por ela própria, o que diria?

Começei falando das impressões aqui do festival pela questão da consciência [http://reacesso.webnos.org/2011/12/03/ficd-br-comecando/] e o mote segue. Podemos buscar outras palavras para ajudar nessa conversa? Hoje o que queremos? Sabemos o que queremos? Como é esse querer coletivo? Como que a gente se relaciona entre o interesse coletivo e o individual? No despertar contínuo desses questionamentos as palavras, as imagens, o capturar da pegada digital de hoje é apenas um conjunto de elementos. Não  sabemos do todo, não vemos um todo, que é fluído descentrado, que são muitos. Mas esse fazer compõe um todo. Com consciência, ou outras palavras.

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ter, 13/09/2011 - 10:55

MetaReciclagem Uma Mudança de Mentalidade

1. Introdução


A informática passou a fazer parte no dia a dia das pessoas, seja nas transações bancárias, em ambientes escolares, no trabalho e no lazer.  Cada vez mais o computador se mostra presente no cotidiano. Apesar da alta produção na tecnologia da informação, no Brasil, o acesso ao computador e à internet é ainda escasso para alguns indivíduos. Programas de inclusão digital são elaborados para esta parcela, atualmente excluída da dita sociedade da informação, porém estes programas são criticados por especialistas por não atenderem de forma eficaz às demandas do que  é chamado de exclusão digital. Em contraponto com as pessoas sem acesso a estes meios, outra parcela da população, com um maior poder aquisitivo, consome cada vez mais um computador de última geração ou algum gadget de última moda. O consumo desenfreado, numa sociedade onde pessoas trocam de celular duas vezes ao ano, que trocam componentes de seus computadores sempre que um novo mais veloz ou com maior capacidade é lançado, não é acompanhado por uma pergunta básica: para onde vai o lixo tecnológico gerado?


No Brasil, surge um grupo de nome MetaReciclagem, que tem como proposta reciclagem do lixo eletrônico para a transformação social. De acordo com o grupo, também é possível reciclar mentes para esta transformação e a inclusão digital se dá por um processo de apropriação tecnológica e não apenas “usar o computador”. Este grupo, de origem em São Paulo, está presente em todo o Brasil, de forma descentralizada e auto-organizada, inclusive tendo uma forte atuação no Governo Brasileiro (Ministérios da Cultura e Ciência e Tecnologia) com questões pertinentes a tudo que perpasse pelo computador, redes, equipamentos tecnológicos, cibercultura e sociedade.
Este trabalho consiste na investigação da importância de contribuição da MetaReciclagem à questionamentos sobre o lixo eletrônico que está sendo descartado pelos rápidos avanços tecnológicos.

2. Justificativa


Conhecendo mais esse grupo, suas propostas e sua atuação, podemos entender mais  processos como: sociedade da informação, lixo eletrônico, compartilhamento, comunidades virtuais, cibercultura, exclusão digital e liberdade na internet. Estes processos são de suma importância para entendimento de nossa sociedade que, através desse grupo, é observada por uma diferente ótica e assim trazendo à tona questionamentos pertinentes à academia para um maior entendimento de nossa sociedade, visto que este grupo traz uma relação de usuário de tecnologia crítica ao uso e desuso de tais equipamentos.

3. Problematização


Saber ao fundo, rotulando o que seria o grupo de MetaReciclagem é uma questão complicada, pois os participantes do grupo narram que não existe uma história verdadeira do grupo ou todas são verdadeiras. A história é narrada por pessoas que colocam, ou tiram, pontos pessoais e sendo assim o grupo prefere não se agarrar a uma única narrativa. Apesar desta dificuldade de enquadramento do surgimento do grupo, podemos usar os dados destas versões e construir um histórico apontando pontos em comum relevantes ao surgimento do mesmo.


MetaReciclagem é definida como uma rede,  atuando desde 2002, no desenvolvimento de ações de apropriação de tecnologia de maneira descentralizada e aberta.  Esta rede tem como base a desconstrução do hardware, que seria uma forma de desconstruir peças de um computador para entendimento de funcionamento das mesmas; utilização de software livre  e uso de licenças abertas, que garante o uso, alteração, compartilhamento e divulgação de uma forma livre. Como a rede é descentralizada, ela aglutina pessoas de diversos lugares do Brasil. Basicamente, ela tem como estrutura um site e uma lista de discussão. No site os usuários podem participar lendo os materiais que são postados em formato de blog, bem como ter acesso a tudo que foi discutido na lista de discussão. O interessante do site é que qualquer um pode se inscrever e contribuir com o site, alimentando-o com novas postagens e/ou interagindo com o que foi postado. A lista de discussão serve como um canal em tempo real, onde as pessoas enviam e respondem e-mails sobre diversas questões, gerando uma discussão entre os membros inscritos. É importante frisar que as discussões na rede “metarecicleira” (termo usado pelos participantes) não se restringe apenas ao assunto computador, internet e lixo eletrônico, mas tudo que seja relativo ao social: governo, resistência indígena, artes, feminismo, sociologia, antropologia, enfim tudo que é importante, ou julgado importante para algumas pessoas.


O foco deste projeto de pesquisa é se aprofundar nas contribuições do grupo à sociedade, visto que eles vão além de passivos usuários de tecnologia, pois buscam questionamentos sobre a importância da mesma em nossas vidas. O principal questionamento da rede é sobre o descarte do lixo eletrônico, gerado pela velocidade da produção de artefatos tecnológicos. A sociedade atual tem passado por rápidas mudanças na sua relação com a tecnologia, exemplo: um celular antes servia para fazer e receber chamadas; hoje em dia entra na internet e pode ser ligado a um teclado e a uma televisão. Estes avanços geram questionamentos por uma pequena parte da sociedade, por exemplo: onde estão os celulares antigos, em desuso? Sabemos que países mais pobres servem de escoamento para uma nova categoria de lixo gerada por nossa sociedade, o lixo eletrônico. Este tipo de lixo se torna convidativo a parcela mais pobre da população pois ele pode conter peças com algum valor comercial: cobre, ouro entre outros metais. Mas que também certas partes como baterias, que não servem para estas pessoas, são descartadas no meio ambiente e são perigosas pois contém metais pesados e produtos químicos que poluem e afetam diretamente a saúde humana.


Para Bauman, há a hipótese de que todo esse descarte de lixo, que é indesejado pela sociedade, é escoado para uma parcela da população que é chamada por ele de lixo. Um exemplo são programas de inclusão digital que recebem computadores velhos, destinados a pessoas de baixa renda que não fazem minimamente tarefas cotidianas. Podemos lançar a questão: de fato é inclusão digital você oferecer ferramentas que não estejam alinhadas com a atualidade? Para a rede MetaReciclagem é importante saber separar e preparar essa tecnologia obsoleta, tendo cuidado com termos como inclusão digital. Para eles as empresas ou pessoas que se desfazem dos seus aparatos tecnológicos obsoletos devem ter a consciência de um descarte adequado dos mesmos e ter a responsabilidade deste pós-uso. Infelizmente, algumas ONG's, que não têm este aprofundamento, servem de escoadoras de lixo eletrônico, visto que recebem este tipo de lixo de empresas que por sua vez repassa-os para comunidades pobres que irá compor projetos de inclusão digital ou serão destruídos para aproveitamento das partes citadas acima.


Portanto, o objetivo desta pesquisa é uma busca de como o grupo de MetaReciclagem pode contribuir para trazer à tona tanto a academia quanto a sociedade para questionamentos acerca de todo o lixo tecnológico gerado pela sociedade atual.

4. Quadro Teórico


Bauman traz importantes somas a este projeto de pesquisa pois é um grande pensador sobre a modernidade e suas relações, principalmente ao se tratar destas relações levando em conta  consumo, que segundo ele tem aumentado a uma velocidade incrível na modernidade.
O autor traz uma visão muito interessante sobre o que seria o lixo, ampliando seu significado, uma vez que é dada, ao mesmo, uma dimensão sociológica indo além do habitual que é pensar o lixo como apenas aquilo que não serve mais. Bauman vai além nesta ampliação, citando que alguns setores da sociedade estão sendo encarados como lixo, ou seja, descartados, indesejados como podemos observar


“Desesperados, não aceitariam a simples verdade de que odiosos montes de lixo só poderiam não existir se, antes de mais nada, não tivessem sido feitos (por eles mesmos, os leonianos!). Eles se recusariam a aceitar  que (como diz a mensagem de Marco Pólo, que os leonianos não ouviram.), “à medida que a cidade se renova a cada dia, ela preserva  totalmente  a si mesma na sua única forma definitiva: o lixo  de ontem empilhado sobre o lixo de anteontem e de todos os dias e anos e décadas.” (CALVINO apud BAUMAN, 2005, p.9).

A sociedade atual agrava mais ainda essa situação, pois o consumo por tecnologia está avançando rápido demais e são criadas necessidades por uma certa atualização destes equipamentos. O computador que não está “rodando” a mais nova versão de determinado software, aquele celular que não tem as novas funções que todos os mais novos têm e também os apelos publicitários que estimulam o consumo de tais equipamentos, “é a novidade de hoje que torna a de ontem obsoleta, destinada ao monte de lixo.” (BAUMAN, 2005).


5. Objetivos


Agora podemos trazer a discussão e colocá-la na forma de objetivos para serem perseguidos neste projeto:

5.1 Objetivo Geral


Analisando o grupo MetaReciclagem investigaremos propostas de mudança de mentalidade no que concerne à questão do lixo eletrônico, oriundas de novos atores sociais que utilizam a tecnologia como proposta de inclusão social.

5.2 Objetivos Específicos


1. Entender a atuação descentralizada do grupo pesquisado;
2. Identificar suas contribuições à sociedade;
3. Descobrir como a MetaReciclagem pode contribuir para a mudança de mentalidade dos atores envolvidos direta e indiretamente.

6. Questões de Pesquisa


1.a) Qual o perfil dos atores que atuam o grupo MetaReciclagem?
1.b) Como se dá a auto-organização do grupo?
2.a) Quais os impactos das contribuições da MetaReciclagem de forma direta à sociedade?
2.b) O grupo traz discussões efetivas à questão do lixo tecnológico?
3.a) Como se dá o processo de transformação social proposto pelo grupo?
3.b) Quais são os resultados satisfatórios acerca da mudança de mentalidade? Baseado em pontos tocados pelo próprio grupo.

7. Metodologia


A pesquisa dar-se-á, inicialmente, pelo acompanhamento do grupo em seus dois veículos de discussão: Portal e Lista de Discussão. Onde serão colhidos dados das discussões promovidas por seus usuários. Os dados coletados serão analisados e  documentados em diário de campo. O pesquisador decidiu se apresentar ao grupo e aproveitando que, pela descentralização do mesmo, há pessoas em diversas partes do país, inclusive nordeste, fará entrevistas presenciais com pessoas envolvidas no estado de Pernambuco ou em outros próximos (dependendo da disponibilidade de ambos).
Serão aplicados questionários on-line ao grupo, buscando atingir uma boa quantidade de membros do grupo, bem como atingir diferentes regiões do Brasil. Este questionário buscará sondar possíveis diferenças e também elaborar tipos de perfis, levando em conta região, escolaridade, tempo no grupo, experiências práticas e experiências teóricas.

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sab, 23/07/2011 - 13:56

CRIAR - ARCA, Itaparica - Ba

O CRIAR é um Centro de Referência e Investigações Artísticas da ARCA que é uma Associação  Cultural e Ambientalista, localizada na Ilha de Itaparica na Bahia. Aqui desenvolvemos um trabalho com a comunidade através de cursos de inglês, espanhol, yorubá, cultura baiana, violão, teatro, dança, capoeira.

Buscando sempre o empoderamento através do conhecimento metareciclado, estamos construindo a nossa sede com uso de garrafas pets no lugar de tijolos, a nossa sede fica numa Reserva ecológica (de fato e não de direito), um bolsão verde nesta Ilha tão castigada pelo turismo predatório. Aqui na Reserva fazemos trilhas rústicas, meditação, arteterapia, encontros xamânicos, rodas de conversas, emfim buscamos autoconhecimento junto a natureza, conservando, preservando, realizando palestras com crianças e jovens da rede pública e particular do Município.

Tânia França - Coordenadora do Ponto de Cultura CRIAR

 Contato: taniademarcelo(at)hotmail.com

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seg, 18/07/2011 - 02:35

metalogos

 

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seg, 04/07/2011 - 17:41

mistura de diversos ativismos horizontais

"A lista da metareciclagem pra mim é isso: a mistura de diversos ativismos horizontais, onde cada um tem a liberdade para se colocar e ser ouvido e ser reinterpretado, dando novos significados e novos propósitos, reforçando ainda mais a vontade de continuar. O próprio significado de ativismo é metareciclado aqui na lista..."

Bruno Freitas na lista metareciclagem: http://thread.gmane.org/gmane.politics.organizations.metareciclagem/45166

 

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qui, 26/05/2011 - 20:01

MetaEncontro em Recife: #ôxe!

O encontro de metarecicleirxs em Recife nesta quinta feira,  25 de novembro de 2010, reforçou para mim uma aliança moral em torno das replicações metareciclagem pelo mundo afora.

Este relato é o segundo que faço sobre aquele encontro. O primeiro se perdeu entre um bug do site e alguma burrada minha em paralelo. Mas, talvez esta seja uma boa oportunidade de reelaborar todo um texto carregado de percepções principalmente sentimentais.

Cheguei quase duas horas atrasado, então o pessoal já me recebeu no bar e isto eu acho que criou um clima mais camarada e menos formal que para mim foi muito importante. Porque não sei como seria primeiro discutir metareciclagem formalmente para depois partir para uma confraternização. E era essa a agenda que parecia estar se configurando. Mas meu atraso não foi proposital e durante todo o percurso de ida (de Intermares - Cabedelo até a frente da Torre Malakoff - Recife) minha cabeça esteve a mil por hora. O que sairia dali?  Depois fiquei curioso sobre o que pode ter sido conversado antes. Será que teremos mais relatos?

Me encontrei com o @yazius na Conde da Boa Vista e fomos para o apartamento da @raquellirax, depois de um rápido cafezinho saímos em caminhada para o Bairro do Recife. Chegando por lá fomos recebidos por @LulaPCosta@rbrazileiro@meirycoelho, @andreasaraiva, @lincoln, @cabraligor e mais uma galera que tava comendo e bebericando junto. O momento da materialização dos avatares é sempre muito legal. É impressionante como a gente desenvolve carinho e respeito por relações que se dão prioritariamente por interações online. E assim a noite seguiu agradável, regada a cerveja e num ambiente meio mágico, meio real, meio concreto, meio e inteiro. Energias do centro de Recife.

Das coisas que ainda estão martelando por aqui nos pensamentos trago algumas falas e alguns momentos. Seja para marcar possíveis interlocuções futuras daquela  conversa, seja apenas para registrar com carinho momentos muito agradáveis que passamos juntos. Ainda que nem tudo tenha sido carinho e agradabilidades. O tom político esteve forte em vários momentos deixando brotar as convicções, as ideologias e as marcas de vida das pessoas ali presentes.

A Meiry Coelho frisou uma associação entre MetaReciclagem e movimentos. A necessidade da MetaReciclagem se assumir enquanto movimento e consequentemente a necessidade de ser divulgado um histórico neste sentido: "Vamos apresentar a rede", disse ela. Nesse momento Brazileiro, eu e Lula falamos do Mutirão da Gambiarra I. Mas ao mesmo tempo ponderei sobre o formato e o conteúdo desta publicação.  Contar uma história com fragmentos da lista e textos de diferentes pessoas mostra pluralidade ou diversidade, mas não deixa de ser apenas um recorte, e que nesse caso me parece centrado em contextos e grupos específicos.  O que podemos fazer para promover a produção das histórias MetaReciclagem com outros recortes, contextos e grupos então? E como essas produções inscrevem MetaReciclagem como movimento? O que deveria ser MetaReciclagem como um movimento?

Andréa Saraiva nos falou, emocionada, sobre as vivências MetaReciclagem da galera do Ceará. Sobre os momentos das percepções, das aprendizagens compartilhadas, dos sentimentos de acesso e descoberta dxs meninxs. Dos brilhos nos olhos. E no segundo seguinte emendou:  "É preciso fazer disso economia, sustentabilidade". MetaReciclagem enquanto economia é para mim o cerne da aliança moral da qual falo aqui. Daquelas coisas que rasgam a alma para a  responsabilidade que precisa ser assumida. É a prática de permitir que metarecicleirxs vivam como metarecicleirxs. Questão para a qual meu host Cyrano pode ser trazido para o centro da conversa, por sua  percepção da experiência com a vertigem metarec nesse ponto da sobrevivência e de como ele vem desenvolvendo isto. Enquanto que em termos de lixo eletrônico a experiência e-waste lá do Ceará que Regiane Nigro nos relata pode ser o foco das atenções para a construção de soluções. Afinal, que outro esporo metarec está numa dinâmica tão avançada de negociações e compreensões práticas do processo como este?

Com Ricardo Brazileiro fiquei "tirando onda", na melhor das intenções de trazer à fala as percepções do próprio sobre os RedeLabs e a Cultura Digital Experimental. Então sentenciei: "É produto! Você compõe um produto e é elemento valioso nessa composição". E essa minha compreensão do produto (que não quer dizer algo acabado nem fechado mas nesse caso em processo contínuo) e como isto está relacionado com mercado e com marketing acho que é uma coisa interessante de ser falada, visualizada e discutida. Até porque não me pareceu ser uma visão clara pra quem na hora estava ligado na conversa. O que me chama mais a atenção ainda para os processos não manifestos inscritos nas nossas ações diárias.  Brazileiro, claro,  muito elegantemente  colocou alguns questionamentos para uma compreensão geral da questão,  mercado - produto,   e ficamos no aberto para um papo que espero ainda role qualquer hora dessas.

Outro ponto interessante que se atiçou feito brasa no vento foi a percepção do Luiz P. Costa sobre um discurso meu,  centrado segundo ele em "estereótipos". Não sei realmente do que o Lula tava falando, mas achei na hora que devia ser referente a algum dos meus ataques à academia, questão sobre a qual a Fabiana Moraes (inteligente, bela e sentada entre os dois no  momento) ficou me aturando falar a partir de uma visão de construção da alteridade e do estádio do espelho em Lacan. Pode?! Ahh, e ainda aturou grosseria e dedo em riste meus. Fabiana, já me desculpei e agradeci sua paciência,  mas reitero aqui porque nunca é demais. Lula, vamos botar pra frente essa questão que você tá vendo ai!! Afinal, você é o grande parceiro do Encontro do Recife, por quem eu tenho muito respeito e estima.

A noitada dos metarecicleirxs em Recife ainda produziu várias surpresas agradáveis naquele dia. Já começou com o prazer de ter o Lincoln ali com a gente  pra recordar e celebrar Dpádua.   Depois a Maíra Brandão  apareceu por lá sorridente e atenciosa pra dar um abraço  e somar sua energia e forças. A valéria e o Seu Lira,  respectivamente companheira e pai da Raquel Lira também estiveram por lá. Valéria chegando de uma seleção para o mestrado em Antropologia na UFPE e com a cabeça meio ainda cheia de caraminholas. Seu Lira,  dentre outros assuntos dos tantos que domina,   nos passou um tutorial para churrasco sem fumaça. Metarecicleirx geral! Na sequencia quem chegou e esticou a noite conosco foi Beth de Oxum, com  tranquilidade e colocações precisas nas suas avaliações do processo de comunicação na rede de pontos e nos projetos com rádios que está a desenvolver. Beth, muito obrigado por no final da noite ainda oferecer um recanto para o descanso, que não pude aceitar porque não teria tempo para descansar naquele horário, já que em menos de 3 horas eu tinha um outro compromisso inadiável.

Além das pessoas que lembrei o nome aqui teve mais gente bacana que compareceu por lá e com quem troquei uma ou outra ideia. Uma figura muito gente boa que estava com Beth e  ficou me mostrando a sacação do painél da obra ao nosso lado. Dois camaradas que trampam com fotografia e com os quais conversei sobre tecnologia, poder e grana. E outros que estiveram presente, participaram ativamente das conversas, mas que por conta do momento informal acabei pecando em não pegar os nomes para seguirmos num papo posterior.  Ó, quem tava por lá e não teve o nome citado aqui, desculpa esse velho fanfarrão que geralmente não consegue sistematizar essas coisas muito bem. Só que os vários sorrisos cúmplices e carinhosos ainda estão aqui na cabeça. Valeu!

Por fim avalio como muito positivo este nosso encontro. Fortaleceu algumas vivências online e vai servir como base para os muitos desafios em torno da MetaReciclagem, ou do que eu estou gostando de chamar agora de Práxis MetaAfins, que temos por enfrentar juntos. Salve metarecicleirxs , cuja pronúncia pode ser metarecicleiréchs como propõe nosso metaduende. Aliás, lembrado na noite por sua poderosa compreensão mitológica da metareciclagem. Seguimos do mito para ação,  para o mito,  para ação...

 

 

 

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A Matriz de forças da sustentabilidade

Há pouco mais de um ano escrevi um texto chamando Sustentabilidade Insustentável1, uma provocação que deu certo. Nele eu destacava que na prática em se tratando de sustentabilidade somo quase todos hipócritas e egoístas, pois ao mesmo tempo que nos tornamos verdes, continuamos agindo como se o mundo fosse um gigantesco shopping. Propus que a única forma de mudar o mundo seria mudando profundamente nosso estilo de vida, repensar o consumo e o capitalismo, e fechei ressaltando que temos de pensar e agir coletivo, antes que o próximo cataclismo venha nos ensinar.

 

Na busca de fundamentar o tema, comecei a chegar a conclusão que não existem apenas duas forças. Admito que a cultura do consumo e a cultura verde são duas forças importantes, mas não são as únicas. Existem outras e a interferência entre elas, tanto as ameaças artificiais na natureza quanto as naturais no espaço do artificial, ou as forças da natureza sobre o planeta e sobre os bens artificiais e tecnológicos. Na análise da matriz tanto as forças naturais como artificiais podem se alinhar e provocar ainda mais danos nos dois sistemas: o natural e o artificial, entendeu? Pois é, eu ainda não cheguei a uma conclusão, mas nada mais natural do que compartilhar as ideias para que elas se desenvolvam no ecossistema social.

 

Mapeando as forças cheguei a uma matriz muito semelhante à Matriz de Porter2, que analisa as cinco forças que determinam a sustentabilidade de um mercado dentro de um ambiente capitalista. Esta abordagem não tem nada de cientifica, o foco aqui é mais filosófico, e obviamente não tem nenhuma pretensão de ser conclusivo.

 

As cinco forças

As cinco forças da sustentabilidade atuam numa matriz onde o bem é o próprio planeta, e são elas:

  • Forças da natureza – efeitos naturais que afetam o planeta, são forças que independem da ação do homem tais como terremotos, erupções vulcânicas, tsunamis, tempestades, forças das marés, enchentes, pragas, doenças e etc...

  • Ameaças artificiais – são forças decorrentes da interferência do homem no planeta, configuram-se novas ameaças ou potencializam os efeitos naturais.

  • Ameaças naturais – são forças naturais externas ao planeta, tais como tempestades solares, meteoros, forças de atração interplanetárias e outros por exemplo.

  • Cultura verde – é a força de sustentação do planeta, a cultura ecológica que visa interferir na recuperação do meio ambiente.

  • Cultura do consumo – é a cultura do consumo criada em 1955 por Victor Lebow3 para favorecer o crescimento do capitalismo. E hoje somos vitimas desta cultura que consome a nos, nossos laços familiares e afetivos e principalmente o planeta.

 

No texto Sustentabilidade Insustentável ficou clara a interação entre as forças da Cultura verde e da Cultura do consumo, mas também ficou claro que esta interação não é frontal. A cultura verde ainda não se posicionou frontalmente contra a cultura do consumo, esta interação hoje ainda se dá de forma tangencial. Entretanto o posicionamento frontal é a tendência para que a resultante destas duas forças seja nula. Mas porque ainda não temos um posicionamento frontal entre estas duas forças?

 

Durante a Crise Econômica Mundial de 2008-2009, os países envolvidos injetaram cerca de U$ 10 Trilhões4 para salvar a economia, ou seja U$1.422,00 por habitante do planeta! Proteger os principais ecossistemas mundiais por 30 anos custaria apenas U$ 1,3 Trilhões5, ou erradicar a fome no planeta apenas U$ 30 milhões por ano. Você acha que os governos investiriam esta quantia para salvar o planeta? Provavelmente não, e não que os governos sejam maus, e sim porque todos nos vivemos num perverso sistema de dogmas e valores, onde o capital e a propriedade intelectual estão acima das pessoas e dos direitos civis.

 

Segundo Douglas Rushkoff o capitalismo é o sistema operacional da sociedade atual. Ou seja todos o nosso sistema de valores, dogmas e padrões comportamentais estão baseados neste sistema operacional chamado capitalismo e acrescento que o “shell” é a cultura do consumo de Victor Lebow, que nada mais é do que a maior força destrutiva do meio ambiente da atualidade. Rushkoff ressalta que já houveram outros “sistemas operacionais” na história da humanidade e assim como o capitalismo que é uma invenção do homem, o próximo sistema também o será.

 

Voltando alguns parágrafos atrás podemos concluir que as culturas verde e do consumo não se enfrentam frontalmente porque a cultura verde teria de negar o capitalismo para fazer este enfrentamento, e uma sociedade “rodando” sobre o capitalismo simplesmente iria reagir contra o confronto. Ou seja, não enfrentamos o capitalismo e a cultura do consumo que devoram o planeta porque simplesmente não conseguimos achar alternativas para o primeiro e nem nos entender sentindo prazer sem o segundo, esta é a pura verdade. Será necessário um profundo pensar “fora da caixa” para achar uma solução para este paradoxo.

 

No livro The End of Money and The Future of Civilization, Thomas Greco fala que qualquer crescimento exponencial é insustentável, e cita que três crescimento exponenciais na atualidade: O nível de CO2 na atmosfera, a população humana e o endividamento. Todos os três nos levam à um sistema em crise, o crescimento do nível de CO2 na atmosfera intensifica o aquecimento global e é uma das forças chamadas de ameaças artificiais, o crescimento da população humana também se enquadra nesta força pois nossa tecnologia afastou de nós nosso inimigos naturais, e segundo estudos o planeta só suporta o dobro da população atual. O endividamento deu seu primeiro sinal na crise recente, e colocou a eficiência do sistema na roda de discussão e o capitalismo em cheque. O colapso anunciado dos três sistemas será bom para o planeta e ruim para a humanidade.

 

História das coisas6 é um projeto que tem por objetivo mostrar que o sistema capitalista esta em crise e que é preciso mudar muita coisa, alias foi este projeto que me motivou escrever este artigo. No video do projeto7 a autora ressalta alguns fatos preocupantes: Somente nas três últimas décadas foram consumidos 33% dos recursos naturais existentes no planeta; Para cada saco de lixo que dispensamos, outros 70 foram dispensados no processo de fabricação; Os EUA com 5% das população mundial consomem 30% dos recursos naturais extraídos.

 

O cenário não é nada favorável, e ainda temos de acrescentar as forças de ameaças naturais e artificiais na equação, uma tempestade solar anunciada promete dizimar todo tipo de equipamento eletrônico8, isto é um exemplo de interação das ameaças naturais no espaço do artificial. A interação das forças nos espaços naturais e artificiais pode configurar novas forças e novos cenários, é importante pararmos para analisar isto.

 

É importante repensarmos novos valores, para muitos será impossível pensar num mundo sem a cultura do consumo, mas para a sociedade conectada isto pode ser bem mais fácil. Temos de pensar diferente, retornar os bens duráveis, dizimar a cultura do consumo. Temos ai a rede Metareciclagem que tem por proposta a desconstrução da tecnologia para a transformação social, dando novas funcionalidades a hardwares descartados. A cultura livre é um ótimo exemplo de pensar diferente, a ideia de compartilhar e remixar é o caminho para um novo modelo de economia sustentável, e eu acredito muito que este novo modelo surgirá com força no Brasil.

 

Notas:

1 - Sustentabilidade Insustentável - http://www.trezentos.blog.br/?p=120

2 - As cinco forças de Porter - http://pt.wikipedia.org/wiki/Cinco_for%C3%A7as_de_Porter

3 - Victor Lebow - http://en.wikipedia.org/wiki/Victor_Lebow

4 - http://www.swissinfo.ch/por/specials/crise_financeira/Governos_gastam_quase_US$_10_trilhoes_com_a_crise.html?cid=846172

5 - http://www.terra.com.br/revistaplaneta/edicoes/436/artigo123597-2.htm

6 - http://storyofstuff.org/

7 - http://www.youtube.com/watch?v=lgmTfPzLl4E

8 - http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ambiente/astronomia-nasa-pesquisa-cientifica-tempestade-solar-superinteressante-584813.shtml

 

João Carlos Caribé é publicitário e ciberativista, é um feroz combatente do AI5digital sendo um dos idealizadores do movimento Mega Não, e esta trilhando para se tornar um novo modelo de publicitário, o “despublicitário” que usa todo seu know how para desconstruir a cultura do consumo.

1Sustentabilidade Insustentável - http://www.trezentos.blog.br/?p=120

4http://www.swissinfo.ch/por/specials/crise_financeira/Governos_gastam_quase_US$_10_trilhoes_com_a_crise.html?cid=846172

5http://www.terra.com.br/revistaplaneta/edicoes/436/artigo123597-2.htm

6http://storyofstuff.org/

7http://www.youtube.com/watch?v=lgmTfPzLl4E

8http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ambiente/astronomia-nasa-pesquisa-cientifica-tempestade-solar-superinteressante-584813.shtml

 

Encontro do Recife

O objetivo é colher sugestões, reclamações, propostas, contribuições, reclamações pra fazer possível o que já imaginável

 

 O Encontro do Recife - #EdoR

 O encontro de metarecicleirxs na cidade do Recife em 20xx

 

 

 

 

Quando 

a definir em 20xx

Onde

Recife - PE (local a definir)

Por que se encontrar

Para pensar junto sobre os discursos que tornam a metareciclagem possível, desejável, erótica e uma ação coletiva libertadora, delirante, criativa - ou não. Discursos materializam o exercício de poder de controle e de autoridade; de legitimação e de caixas (fechadas).

Para exercitar mais uma oportunidade de superação das posturas dicotômicas (ativista - acadêmico etc) que são a bem dizer bem cômodas e interessantes, mas são moinhos.

Para dialogar a Metareciclagem como um MOVIMENTO SOCIAL. E não se trata mais então de nomear ou não o que seja a Metarec, trata-se da disposição da necessidade (até de sobrevivência) de pensar uma articulação com outras formas de atuação coletiva de maneira que se aprofunde uma certa identidade. Porque há várias em trânsito, não é mesmo? Elas são excludentes? Elas se cooperam? No que a afirmação e consolidação de uma identidade 'movimento social' contribui com as articulações necessárias com o 'novo' governo federal? E com os governos estaduais?

Objetivos

- A presentar pesquisas recentes sobre emergências, experiências, processos, metodologias que se situam no entrecruzamento entre cultura, política e T.I. no Brasil;

- Discutir influências, experiências,  discursos justificadores de ações coletivas com mídias livres colocadas em prática na primeira década do século XXI;

- Avaliar a relação dessas práticas com as regras, modelos, preconceitos e limitações das instâncias de pesquisa.

 

 

Participantes

 

(Para participar basta colocar o nome,  uma tag e vir fazer junto)

Andréa Saraiva - #economiadacultura

Célia Menezes - #tecmulher

Daniel Duende  - #mitoreciclagem

Douglas Rodrigues - #musicorec

Felipe Fonseca - #redelabs

Glerm Soares - #tecnocracia 

Hernani Dimantas - #zonasdecolaboracao

Isaac Filho - #mitoreciclagem

Luiz P. Costa - #midiaslivres

Luca Toledo - #culturaciborgue

Maíra Brandão - #politicadecultura

Marcelo Braz - #economiasolidaria

Meiry Coelho - #sociomovimentos

o2 - #reacesso

Patrícia Fisch - #vidalivre

Raquel Lira - #politicadecultura

Régis Bailux - #bando

Regiane Nigro - #lixoeletronico

Ricardo Brazileiro - #cotidianosensitivo

Stella D'Agostini  - #midiaslivres

Tati Wells - #baobavoador

Teia Camargo - #acoesanimicas

Yasodara Córdova - #ontodesign

 

Pesquisas (acrescente outras)

Hernani Dimantas - Zonas de Colaboração e MetaReciclagem: pesquisa-ação em rede

Thaís Brito, Ricardo Ruiz, Pixels - Contracultura digital

Rafael Evangelista - Traidores do movimento: política, cultura, ideologia e trabalho no Software Livre.

Eliane Costa - "Com quantos gigabytes se faz um barco que veleje": o Ministério da Cultura, na Gestão Gilberto Gil, diante do cenário das redes e tecnologias digitais.

Luiz Carlos Pinto (Lula) -  Ações coletivas com mídias livres: uma interpretação gramsciana de seu programa político

Paulo José Lara -

 

 

Algumas Questões

Vamos estabelecer uma programação? Como?

Quem vier, como vem e onde fica? 

 

Situação desta ConecTAZ: 
funcionando

Localização

Brazil
8° 3' 33.228" S, 34° 53' 33.2808" W
Conteúdo sindicalizado