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sex, 14/09/2012 - 00:52

Sensor capacitivo - Toque nas plantas

Hey hou

Na primeira experimentação do lablivre do sesc sorocaba, montamos uma interface com protuino + processing para gerar imagens em um notebook sempre que alguém tocava nas plantas.

O sensor utilizado é conhecido como sensor de capacitância, pra arduino existe uma bliblioteca que pode ser incorporada ao script com facilidade > http://www.pjrc.com/teensy/td_libs_CapSense.html

 

O circuito que montamos ficou assim:

 

As antenas são as plantas no qual inserí os placas de metal/fenolite-cobre/abridor de garrafas etc "aterradas" no vaso ou na água >>

na terra...

 

na água ...

 

enfim, os circuitos são todos muito simples e nessa mesma semana rolou uma florecência de coisas, antigas até mas que estão se popularizando "coincidentemente" na mesma pegada >>

http://www.makeymakey.com/

http://style.greenvana.com/2012/plantas-podem-servir-como-acessorios-para-aparelhos-eletronicos/

cierto, depois de fazer o circuito adaptamos o código para conversar com o processing e ativar os apelidos das plantas quando eram tocadas, pra isso é preciso calibrar os valores de leitura no arduino para filtrar o ruído de aproximação das pessoas e do que realmente é um toque na planta.

Claro que aproveitar a movimentação das pessoas pode ser uma outra experimentação, mas no dia queriamos apenas interferência ao toque.

fizemos um mashup de códigos e ficou assim:

//Arduino código capsense eletrorganicos

#include <CapSense.h>

 

 
CapSense   cs_4_2 = CapSense(4,2);        
CapSense   cs_4_6 = CapSense(4,6);        
CapSense   cs_4_8 = CapSense(4,8);        
 
void setup()                    
{
   cs_4_2.set_CS_AutocaL_Millis(0xFFFFFFFF);
   Serial.begin(9600);
}
 
void loop()                    
{
    long start = millis();
    long planta1 =  cs_4_2.capSense(30);
    long planta2 =  cs_4_6.capSense(30);
    long planta3 =  cs_4_8.capSense(30);
 
    if (planta1 > 20000) Serial.print("A");                  
    if (planta2 > 25000) Serial.print("B");
    if (planta3 > 4000) Serial.print("C");
        
delay(10);
}

//Fim

Os valores que estão nas condições (if) devem ser ajustados na hora, depende do resistor que está usando, o tipo de planta, enfim, tem que ir testando e calibrando vendo o serial print.

 

Proximo passo >> #noise

 

3707 leituras blog de guimasan
qui, 06/09/2012 - 02:43

1ª Experimentação - Giselda Cremilda e Angelica

Primeira experimentação de visualização de dados com algumas plantas do lab.

Sensores de capacitancia nos vasos, tranformaram folhagem e troncos em antenas sensiveis ao toque.

vide > http://arduino.cc/playground/Code/CapacitiveSensor?from=Main.CapSense

 As plantas foram apelidadas de Giselda, Cremilda e Angelica ... eh eu sei... a ideia é essa mesma, conversem com @vjpixel o.O

Calibramos os valores pra emitir sinal ao processing

Arduino + Processing

A comunicação foi feita via arduino > serialport > processing

 

1433 leituras blog de guimasan
qui, 06/09/2012 - 01:17

Inauguração

 

Post de registro e documentação do processo permanente do Laboratório desenvolvido no SESC Sorocaba - Por Programa Internet Livre - http://internetlivre.sescsp.org.br/cultura_digital/laboratorio-livre-experimentacoes-eletro-organicas-no-sesc-sorocaba/


A ideia do projeto Experimentações Eletro-orgânicas, a ser realizado no segundo semestre de 2012, é explorar a criação de sistemas a partir das possibilidades de integração entre a vida das plantas, a eletrônica criativa e a visualização de dados enquanto geração de imagens em tempo real.

Os interessados podem chegar, perguntar, responder e participar. O laboratório é aberto e necessita agregar diversidade de conhecimento…
Em setembro, estarão envolvidos  VJ Pixel e Ricardo Guimarães, o Guima-San.
A partir de 13/9.
Quintas e Sextas, das 14h30 às 18h30, sábados, das 11h  às 14h e das 15h às 18h.  Grátis.

 

1233 leituras blog de guimasan
qua, 29/08/2012 - 14:15

Capa Metatude

Desenvolvendo protótipo de livro que vai circular o Brasil com

conversas da rede metareciclagem. Todxs os textos

e páginas podem/devem receber intervenções do

detentxr provisórix do livro.

Segue anexo.

1363 leituras blog de siliamoan
qua, 18/07/2012 - 20:03

Abertura da Cicag Semiárido: Percepção em Ação

 

Tarde da terça-feira,  12 de junho de 2012, chegamos naquela estranha construção em desenvolvimento no meio de um enorme descampado no Alto Sertão da Paraíba, tudo muito marrom, nos lembrando que estávamos numa das piores secas dos últimos 40 anos nesse  território chamado de Semiárido. Nos prédios esparsos, ainda não interligados por movimentos de gente, ainda com ar de coisa inacabada, ainda definitivamente não ocupados, projetos de biblioteca, auditório e salas administrativas estavam se transformando em espaços de convivência para a I Conferência Internacional em Gestão Ambiental Colaborativa, a Cigac Semiárido. Toda uma parafernália de fios, instalações, gente de olhos espantados correndo de um lado para o outro para deixar prontos os inúmeros pequenos detalhes da 1ª Cigac .
 
"Como assim, o ar condicionado do auditório ainda não tá instalado?", exclama alguém com os olhos esbugalhados, alguém dentre as tantas pessoas que mais tarde me diriam que até a hora da abertura não acreditavam que aconteceria alguma coisa ali, tamanha a aparência de desolação que o ambiente transmitia, tamanha a expectativa que criou-se em torno de um nome "Conferência Internacional". Nesses dias, de véspera, a tensão com o pensamento no desenrolar de tudo que estaria por vir se misturava com a felicidade de ver que as pessoas estavam chegando e que então não tinha mais jeito, estava acontecendo.
 
Lembro de poucas vezes ter podido parar pra ouvir alguma palestra,  ensaio convidado,  apresentação de trabalho acadêmico, oficina, mini curso, roda de conversa, o que quer que fosse da programação oficial da conferência. O correr de um lado pro outro não me permitiu focar em nada por mais que alguns minutos, além é claro da Visita Técnica ao Perímetro Irrigado das Várzeas de Sousa - PIVAS, que  foi conduzida por mim junto com o Valber Matos,  da Articulação do Semiárido. Foram boas 4 horas do meu tempo destinadas ao que pra mim foi uma das atividades mais significativas da Cigac Semiárido. Principalmente porque o PIVAS é um microcosmo de disputas onde o que a vista alcança está muito aquém do que a práxis produz. Mas o PIVAS é assunto pra outra hora. Aqui, minha missão é deixar registrado  um breve olhar sobre a Roda de Conversa da Abertura da Cigac Semiárido.
 
Meu olhar é muito recortado, obviamente. A subjetividade do caracterizar de uma realidade que só existe se conseguimos narrá-la e que pode tornar-se qualquer coisa com os usos desta narrativa. Tecnologia, Social.  Os minutos de contemplação vão sendo assimilados e ocupando espaço na narrativa na medida em que me desloco de uma ação para outra, para providenciar  um fio, checar algum credenciamento, conversar rapidamente com algum convidado, verificar a conexão do streaming e toda sorte de atividades operacionais que não tínhamos quem executasse além de nós mesmos da pequena equipe de organização.
 
A primeira Roda de Conversa da Cigac Semiárido questionou "por que Gestão Colaborativa?", ou, "O que é Gestão Ambiental Colaborativa"? Ouvi um pedaço das falas de Valber Mattos, da ASA-PB, e de Ricardo Poppi, da Secretaria Geral da Presidência da República. Francisco Cicupira, o outro conividado da roda, assim como o  restante das falas de todos, ainda vou assistir no vídeo da primeira roda de conversa da Cigac Semiárido,  que já disponibilizamos online.
 
Valber Matos é um ícone da cultura sertaneja e seu trabalho com a Articulação do Semiárido -ASA está numa dimensão de conhecimento dos problemas locais que requer interlocução privilegiada,  para o alcance de qualquer coisa que possa ser chamada então de Gestão Ambiental Colaborativa para o Semiárido.  Por isso sua presença nesta primeira roda de conversa tem toda uma relevância prático-simbólica. Valber era ali um dos poucos que podia traduzir a voz das comunidades locais em sua fala. Ele e  Francisco Cicupira, do IFPB, um sertanejo representante de um dos braços oficiais da Ciência e Tecnologia locais, davam ao caldo da Cigac Semiárido a mistura que nós havíamos idealizado ainda em projeto: "Todos os saberes juntos por um Semiárido sustentável". E talvez ninguém melhor do que Ricardo Poppi para completar esse caldo,  representando de certa forma  todo o esforço que a Primeira Cigac fez para trazer gente relevante,  visionários em áreas de  colaboração, para dialogar com o local.
 
Poppi,  generosamente emcampando nossa ideia, declarou sua empolgação em estar presente na Cigac Semiárido, porque em sua opinião se tratava do tipo de ação legítima e relevante para o desenvolvimento de soluções para as questões que pretendíamos discutir ali. Ele,  como outras pessoas que vieram a Sousa para participar da Cigac, percebeu de imediato que trazer para o Coração Sertanejo do Semiárido uma discussão como a da Cigac era algo bem diferente da mesmice das discussões vazias sobre as mesmas temáticas que circulam normalmente nas capitais e grandes cidades.
 
Sousa, a três horas do aeroporto mais próximo e para o qual os vôos são bastante limitados, só poderia ser escolhida como palco de uma discussão internacional por interesses diferentes dos que normalmente guiam outros empreendimentos desta natureza. E neste caso, reconhecendo também ao mesmo tempo o esforço de várias pessoas e  entidades se complementando para produzir a Cigac, é quase impossível não creditar à Rede MetaReciclagem boa parte da força capaz de fazer coisas deste tipo acontecerem. Desconstrução de Tecnologia para Transformação Social.
1731 leituras blog de o2
dom, 24/06/2012 - 23:31

Metareciclando em um HiperTropicalizado céu de ideias

 

Tux na praia
 
Nos dias 25, 26 e 27 de Maio de 2012, na cidade de Ubatuba (conhecida ironicamente como Ubachuva, mas não dessa vez) aconteceu o Encontrão HiperTRopical da Rede MetaReciclagem. Acompanhei com entusiasmo, desde outubro de 2011 através da lista de discussão dessa rede, as movimentações, empreendidas sobretudo por Felipe Fonseca, para a realização deste encontro. 
 
Participar disto foi minha maior inserção presencial nesta rede que já há algum tempo me provoca a refletir sobre algumas estruturas sociais presentes no Brasil e a função da tecnologia na promoção de condições mais sustentáveis de viver. 
 
 
Mas antes de continuar, vale dizer que desde meados 2008 tenho dedicado parte considerável da minha vida a um projeto chamado Nós Digitais e que por conta disso, sempre que posso, me meto a tocar algum processo de formação (curso, oficina, palestra, roda de bate-papo, etc) voltado ao ensino de tecnologias de código aberto. Está no escopo do Nós Digitais a ideia de que não existe um eu-digital se relacionando com a tecnologia em separado de outros sujeitos pensantes de uma mesma comunidade (seja ela virtual ou real), mas sim, acreditamos que toda experiência de digital é precedida por um "nós", isto é, toda experiência é norteada (ainda que não-conscientemente) por uma ligação com um coletivo no qual o "Eu" é parte. "Nós" também podem ser pontos de circuito ligados a dois ou mais elementos, daí toda filosofia trocadilhesca da coisa... e esse projeto é voltado, em sobremedida, a formação de outros atores visando empoderamento e autonomia operacional na utilização der sistemas e aplicativos open source. 
 
Dada a ocasião do Encontrão HiperTropical, nada mais instigante do que gerar alguma ação de formação partindo desse lugar de apoio. E foi isso que acabou acontecendo. Chegamos lá pela madruga de quinta-feira (24/05), com a providencial e generosa carona de Talita Maiani, e já na sexta-feira estivemos na ETEC Ubatuba para uma intervenção sobre Tecnologias Livres e Sustentáveis, TecnoMetaRedes, Futuros Tecnológicos Possíveis e Software Livre. Sessenta jovens, de dezesseis a cinquenta anos, estiveram com a gente (Eu, Felipe Fonseca, Chico Simões e prof. Alvaro). Da parte institucional, Alvaro Golçalves, professor da ETEC Ubatuba, junto com Felipe Fonseca imaginaram a possibilidade dessa ação desde um encontro na Virada Digital, em Paraty-RJ, dias antes. Aliás, vale aqui um agradecimento pela receptividade. A ETEC Ubatuba não só esteve de portas abertas como disponibilizou uma estrutura bem adequada para a oficina. 
 
 
Felipe Fonseca abriu a atividade apresentando a rede MetaReciclagem e na sequencia falou um pouco sobre os desafios de pensar o uso da tecnologia num tempo no qual cada vez mais há descarte de equipamentos fruto de uma obsolescencia mercadológica. Falou também sobre apropriação cultural da tecnologia e os trabalhos que muitos dos membros da rede ajudaram a empreender. 
 
 
Na sequencia, eu o o Chico falamos um pouco sobre nosso trabalho no Nós Digitais e sobre o Lab Macambira e propusemos uma atividade prática de instalação e configuração de sistemas linux em máquinas antigas. 
 
Veja um pouco de como foi no vídeo abaixo:
 
Em Ubatuba, até a presente data, não há quase cursos universitários então só resta aos habitantes locais poucas opções privadas de graduação (ao que consta à distância em EAD)  ou cursos técnicos se assim desejarem algum tipo de formação para além da escola (ou mudar de cidade). Situação dificil, em diversos aspectos. Por essa ocasião da oficina, fizemos o que chamei de "GiantIntallFest". Abrimos máquinas, instalamos mini-distros linux (Lubuntu, Xubuntu, Fedora), entregamos alguns equipamentos nas mãos dos alunos a fim de que eles próprios pudesse registras seus processos fazendo assim um registro mais colaborativo (parte das fotos e dos vídeos do encontro foram registrados por eles).... foi bem interessante esse movimento. 
 
 
No sábado (26/05), fomos todos para a Fundação Alavanca, um espaço social voltado para atividades educacionais e artístico-culturais que tem estado fechado por falta de corpo humano e recursos financeiros para funcionar. A ideia de fazer o Encontrão lá foi pra casar duas oportunidades: dar conta de receber o grande número de pessoas que ia a Ubatuba, membros da rede MetaReciclagem, e dar apoio ao espaço fornecendo Internet 3g como contrapartida do uso do local, conectando-os. 
 
Neste dia, houve convergência de uma série de assuntos, bate-papos e diversas situações simultâneas a tarde. Peixe fresco na brasa, comida vegetariana preparada a muitas mãos, antenas ouvindo satélites, adolescentes da ETEC ocupando o espaço para colaborar... Não há palavras suficientes pra descrever. Corre um pequeno veio d'água, quase um rio-nascente dentro da propriedade! Água corrente no meio de uma propriedade incrustada no Parque Estadual da Serra do Mar, local frequentado por beija-flores e colibris, com 5 coretos edificados em formato de hexagono, alguns cobertos de placas de caixa de leite reciclado, outros de garrafa pet, sendo um deles espaço de uma biblioteca com livros de ocultismo, ufologia, magia e xamanismo. 
 
 
 
Reverberando em boas sensações, ganhei um grande presente: o Vince, um italiano da Sicilia que está de volta ao Brasil fazendo trabalhos com a Rede Mocambos, me apresentou ao trabalho do Tinariwen. Eles fazem parte de um povo de uma dinastia muito antiga de moradores dos desertos da mãe África. O entoar de suas palmas, atabaques, cordas, de suas vozes e cânticos, conversa com as forças da criação num mantra profundo e ritmado. Através desses sons eles conversam com estrelas e com as energias da criação. Vale a pena ouvir e assistir:
 
 
No sábado fim da tarde, nos reunimos todos numa grande roda, ao ar livre, debaixo de um céu bonito e estrelado, com uma lua que não se intimidou em aparecer. Um verdadeiro #CeudeIdeias que, se a imaginação deixar correr nessa escrita, foi um dos responsáveis pelas convergências positivas do encontro. Conversamos sobre de como as tecnologias mudaram ordens dadas, do desejo de cidades de código aberto e de como precisamos de mais conexões, entre pessoas, entre espaços, entre sensações, entre afetos, pra buscar o tal mundo novo possível, terra prometida, por nós mesmos, que queremos. E no fim de tudo ainda aconteceu um ritual com palmas nas costas, circular, roda gira, roda gira.
 
 
 
 
No domingo explorações. Dia de pedalar em bando. BikeBeach com o BikeTux. Percorremos quase 30 km do parque da Serra do Mar até a Praia Vermelha ao som do coração batendo forte. Foi bom demais! 
 
 
Fotos aqui: 
 
 

 

2261 leituras blog de felipehistory
sab, 19/05/2012 - 00:26

Vaquinha - resultados parciais

No começo da semana, lançamos uma vaquinha para ajudar a realização do EncontraoHiperTropical, que acontece na semana que vem em Ubatuba. Até o momento, já arrecadamos R$ 500 de contrapartida em infraestrutura para a Fundação Alavanca (oferecida pelo projeto Ubalab), algum recurso (ainda a definir) para a reunião de trabalho do Mutgamb que vai acontecer por lá, além de R$ 1859 em doações pessoais (mais ou menos metade em doações online e a outra metade prometida para ser entregue em espécie durante o Encontrão), oferecidas por:

  • Conectiva;
  • Felipe Cabral;
  • Jeraman;
  • Bruno Vianna;
  • Dalton e os Brother;
  • Regis Bailux;
  • Drica Guzzi;
  • Daisy Braun;
  • Hernani Dimantas;
  • Ricardo Poppi;
  • Paulo Bicarato;
  • Hudson Augusto;
  • Leo BR.

Marcelo Bueno e Roque Gonzalez ofereceram apoio direto: hospedagem e mantimentos.

Para realizar tudo que queremos durante o Encontrão, ainda precisamos mais. Gostaríamos de chegar à sexta-feira que vem com oito mil reais em doações, mas sabemos que é uma longa corrida. Temos, é claro, planos alternativos - conseguiríamos fazer o Encontrão mesmo sem nenhum dinheiro. Mas quanto mais arrecadarmos, mais poderemos cobrir os custos que as pessoas vão ter para chegar a Ubatuba e ficar por lá. Ainda não descartamos, também, a presença do Busão Hacker, mas para isso precisamos acelerar as doações. Vamo lá pessoal, libera aquele vintão que já faz alguma diferença!

Enquanto isso, a programação do Encontrão está aparecendo.

4671 leituras blog de felipefonseca
sex, 02/03/2012 - 05:05

da Babel ao Papel

"Os feiticeiros sempre tiveram a posição anômala, na fronteira dos campos ou dos bosques. Eles assombram as fronteiras. Eles se encontram na borda do vilarejo, ou entre dois vilarejos. O importante é sua afinidade com a aliança, com o pacto, que lhes dá um estatuto oposto ao da filiação. Com o anômalo, a relação é de aliança. O feiticeiro está numa relação de aliança com Yupana como potência do anômalo." (mil platôs v4 - deleuze && guatarri)

 

 

 

"Parece agora que as questões das diferenças/semelhanças entre o tempo que eu chamava de meu e este estão desaparecendo. Será? #ficeu

unhhh, idéias, #mutsaz #ficeu – Engraçadíssimo. Graça. Filologia? (volte ao raciocínio anterior e não se empolgue diz uma voz interior)

O cotidiano presente vai apagando alguma coisa de um cotidiano passado. Registros. #formas #ficeu Paro por aqui."

 

 

 

"É possível que os deuses não me negassem o achado de uma imagem equivalente, mas este relato ficaria contaminado de literatura, de falsidade. Mesmo porque o problema central é insolúvel: a enumeração, sequer parcial, de um conjunto infinito. Nesse instante gigantesco, vi milhões de atos prazerosos ou atrozes; nenhum me assombrou tanto como o fato de que todos ocupassem o mesmo ponto, sem superposição e sem transparência. O que viram meus olhos foi simultâneo; o que transcreverei, sucessivo, pois a linguagem o é. Algo, entretanto, registrarei." (Borges - O Aleph)

 

3104 leituras blog de glerm
sex, 02/03/2012 - 02:19

Silêncio Chama Acesa

3251 leituras blog de glerm
qui, 01/03/2012 - 02:15

Sobre metáforas bélicas e outras cositas más...

 

Nos últimos tempos tive a oportunidade de me encontrar com metarecs pessoalmente, numa dessas obras do acaso. Sem planejamento detalhado, roteiro de visitas ou critério objetivo na escolha de cada uma delas, a única bússola que tinha eram a vontade e o risco: estarei na cidade, quem daqui está disposto a bater um papo?; topa contar um pouco sobre sua relação com a Rede MetaReciclagem?; essa Rede tem mesmo gente em todo país?. Fui gravando as conversas no celular para transcrever aos poucos e em breve ter mais algum material bacaninha lá pro Mutirão da Gambiarra (esse nome é o antigo, eu sei, mas mutgamb não é o que mais gosto, pois é bem menos sonoro e expressivo). Outra hora contarei mais sobre esses encontros fortuitos, com a devida atenção que merecem. Por enquanto, apenas agradeço, de coração, a todo mundo que me recebeu com enorme gentileza.

O começo da conversa era sempre o mesmo – a curiosidade sobre o momento de chegada na rede. E à medida que cada um ia contando sua história, a todo instante pensava em como eu vim parar aqui. Como ainda não há tecnologia para gravar pensamentos, imagino que seja adequado compartilhar essa história à moda antiga: escrevendo-a. Afinal, as relações são feitas assim, na base da troca. E as amizades, que se constroem a partir da confiança, também partem desse princípio: se você me conta uma coisa, eu também posso te contar outra.

A primeira vez que ouvi falar da MetaReciclagem foi quando estive no Barcamp em 2007. Na época eu estava numa pós em arte, educação e tecnologia e passava muito tempo na web. Como o curso era pautado numa estrutura de ensino ainda conservadora (isto é, naquele velho paradigma de transmissão e recepção de informação, apesar do moodle e toda aquela dinâmica de fóruns que caracterizam os cursos via internet), curti a proposta do Barcamp, de um aprendizado meio no escuro. Até onde eu me lembro o evento não tinha nenhuma intencionalidade educativa, mas eu atribuí esse outro significado a ele porque expressa bem a essência do aprender - descobrir, experimentar, se abrir para ouvir e conhecer, compreender que o outro sabe tanto quanto eu, ainda que sejamos muito diferentes, e o “pior” (ou o mais difícil de aceitar): o outro sempre tem algo a nos ensinar, mesmo que a gente não queira ou perceba.

As inscrições já tinham sido encerradas, mas escrevi para o organizador André Avorio e apareci na Cásper Líbero no dia seguinte. Ao chegar e me deparar com os krafts espalhados, inscrição me pareceu uma frescura. Por que um evento que mais parece uma reunião de diretório acadêmico (na mesma hora me lembrei dos não tão velhos tempos de faculdade e suas tradições atemporais) precisaria de inscrição? Fui olhando os papéis nas portas e entrei numa das salas, com a conversa já em andamento. Me instalei num cantinho fora da grande roda, ouvindo e observando tudo com atenção. Entre outras coisas, passava de mão em mão aquele laptop verdinho que deveria estar com as crianças na escola. Naquele dia aprendi uma lição importante que só reconheceria muito tempo depois: o mundo da tecnologia tem dessas coisas – elas precisam estar envoltas em uma mistura de polêmica, ideologia e o glamour do novo para ressoarem importantes e significativas. Mesmo que nunca sejam materializadas, o simples fato de terem sido concebidas já é o bastante porque a energia que faz girar esse planeta é o barulho. O falecido Steve Jobs é um dos que personificou esse modus operandi (não gosto deste termo meio arrogante, mas não me ocorre outro agora) e foi tão eficaz que influencia até quem tem absoluta certeza de que está em outro mundo, bem mais “livre”...

Como eu não sou lá muito afeita à moda e, por várias vezes, ela me desperta indiferença, repulsa ou birra, olhei de longe o tal laptop verdinho com total desprezo, sem nenhuma vontade de colocar a mão e experimentar (minha porção aquariana já tinha me levado ao evento, mas tirou um cochilo nessa hora). Resolvi me concentrar na fala das pessoas, dentre as quais estava o efe (naquele dia, Felipe Fonseca) e seu alerta para a necessidade de desconstruir as metáforas bélicas que povoam o mundo (público-alvo com pessoas a serem atingidas eram algumas delas). Ao longo do seu discurso, confesso que me distraí um pouco, dada a eloquência que me confundia: como alguém que se expressa de modo leonino poderia ter uma visão analítica tão aguda e crítica do mundo, já que essa é uma característica tipicamente virginiana? Pralém da obviedade do fato de humanos serem bichos, cujo instinto permite reconhecer rapidamente os seus iguais da subespécie astrológica, eu também trabalho com educação, muitos eventos, palestras e “quetais”. Nessa década e meia de atuação na área venho treinando a perspicácia de relacionar o que leio e ouço com o que vejo acontecer na prática. Como diz uma colega advogada, “no contrato eu posso colocar o que você quiser porque o papel aceita tudo” e aí eu sempre me pergunto: o que realmente estamos dispostos a bancar nesse universo de possibilidades? Em suma, a questão é o limite entre teoria e prática, o que se faz e o que se diz, o que se imagina e o que se realiza, o que se quer ser e o que se é.

Terminei, então, de ouvir as falas de cada um e ali fiquei até que a roda da desconferência terminasse. O fato de estar em eventos com frequência tem o “desprivilégio” de você não se deixar levar imeditatamente por qualquer ideia bacaninha que parece interessante. É preciso um algo mais pra eu poder me encantar, pois o que não falta é gente com boas ideias e ótimas intenções pro mundo melhorar. Aliás, nunca vi ninguém que não achasse que aquilo que faz é para transformar esse lugar onde a gente vive. O Nelson Rodrigues já dizia que toda unanimidade é burra, mas também foi ele quem disse que os medíocres são fundamentais. E, nós, pobre mortais nesse mundão de meu deus, ficamos com a difícil tarefa de discernir. Como a roda logo se desfez, não tinha muito tempo para devaneios e decidi que, de tudo o que acabara de ouvir, a MetaReciclagem merecia o meu benefício da dúvida.

Abrindo vários parênteses agora... outra coisa que considero muito importante (não só no trabalho, nos estudos, nas relações, mas na vida) é o quanto uma pessoa, ideia ou vontade têm de verdade em si. Não que eu espere encontrar A verdade (não acredito que haja apenas uma) ou saber se as pessoas estão falando A verdade (porque elas sempre acham que estão, ainda que seja uma verdade temporariamente necessária até que se possa dizer ou se encontre outra melhor e mais verdadeira), mas é uma questão de princípios (em tempo: princípio é também sinônimo de começo, ou seja, de onde se parte). Até hoje só encontrei um jeito de empreender essa busca: conversar com as pessoas ao vivo, escutando, olhando no olho, frente a frente. Por isso, fui lá e perguntei pro efe algo do tipo: como faço para saber mais? Ele me respondeu: entra no site da MetaReciclagem e me falou o endereço. Percebi que naquela hora não seria necessário prolongar a conversa. A verdade do discurso da roda já tinha se traduzido ali e duas frases foram suficientes para entender que efe acreditava mesmo no que dizia, sem intuito de convencer o interlocutor a qualquer custo, e não era da boca para fora. Então o agradeci, voltei pra casa e fui consultar o tal site.

Achei tudo muito confuso, difícil de localizar as informações relevantes e alguns arquivos que queria ver não abriram. Mandei um e-mail para o efe e ele sugeriu que eu fosse no Espaço Gafanhoto no dia seguinte para conversarmos melhor. Uma dessas interpéries da vida impediu que eu aparecesse e quase um ano e meio depois, com as urgências melhor administradas, as conversas por e-mail voltaram a acontecer e efe recomendou que eu me cadastrasse na lista de discussão da Rede MetaReciclagem.

Logo no início achei que poderia colaborar com algo que pudesse melhorar o site. Imaginava que nem todas as pessoas teriam a mesma paciência que eu, de querer aprofundar a pesquisa e as relações com a Rede antes de concluir à primeira vista que MetaReciclagem pode ser uma mentira. Uma parte é mesmo. Mas uma coisa é ser a mentira divertida, leve, despretensiosa e quântica, a ontologia da ficção. Outra coisa, bem diferente, é ser uma mentira ética. Talvez por conta daquelas preocupações com a(s) verdade(s), é que considero isso uma coisa bem grave. Mesmo pra mim, que venho do campo das artes e dou enorme valor às questões estéticas, admito que as éticas são prioritárias porque são elas que deveriam regular a vida social. O que eu ainda não descobri é como chegar nelas se, bem antes, as questões morais, as regras e os tabus ganham enormes proporções, eclipsando o que realmente importa.

Mais difícil ainda é fazer essa operação na lista de discussão desta Rede. Quase todo mundo que fala é tão convicto de sua disposição para abertura e defesa da liberdade, parece ter tanta certeza de que é imune aos tabus tradicionais, que, diante de tantas regras e moralismos disfarçados neste ambiente, eu não sei mais onde está o espaço para as novas ideias. A simples possibilidade da Rede MetaReciclagem ser julgada da mesma forma (por diversas vezes imprudente) que faz com tudo aquilo que está longe dela (sejam as pessoas, instituições, governos, partidos, empresas, iniciativas informais, outras redes, etc.) é algo que sempre me leva a pensar melhor antes de adotar determinados pontos de vista. O cuidado se repete quando vejo os mesmos julgamentos instantâneos serem dispensados aos próprios integrantes da Rede que se atrevem a compartilhar suas boas ideias e intenções na lista de discussão. As opiniões frequentemente desencorajantes surgem como se fossem disparadas por um gatilho, na velocidade de fuzis. Em pouco tempo se instaura uma batalha cujo objetivo parece ser eleger um vencedor para a discussão. Encontrar argumentos para comprovar aquilo que já se sabe e acredita parece valer muito mais do que debater ideias e ter disposição para mudá-las, inclusive as suas próprias. Daí a trédi morre do mesmo jeito que nasceu: condenada a priori. Nunca viveu, portanto. Paradoxalmente, ao mesmo tempo em que há muitos juízes na lista, quase ninguém parece acreditar no popular princípio básico da justiça: todo mundo é inocente até que se prove o contrário.

Dia desses foi um daqueles em que eu gostaria de ter sido mais eficiente na minha proposta inicial de melhorar o site para poder me descadastrar da lista de discussão sem a sensação de estar abandonando a Rede ou desistindo de fazer algo por ela. Mas a cada vez que vejo alguém ser lembrado de que a porta da rua está logo ali ou sair sem que outras pessoas sequer lamentem, me pergunto o que significa realmente aquela história de “tecnologia é mato, o importante são as pessoas” (que foi dita pelo dpadua e um monte de gente adota como assinatura). Se meu lado nômade é capaz de compreender que ir e vir é algo natural na vida e é também um direito-desejo fundamental, por outro, tenho a impressão que ninguém tem a menor importância para esta Rede. É uma espécie de “tanto faz”, que soa como soberba, pois na entrelinha está o fato dela continuar existindo porque suas crenças e premissas são maiores do que a possibilidade de se deixar afetar radicalmente por quem passa. Em outras palavras, a força do coletivo se sobrepõe à do indivíduo da mesma forma que em outros agrupamentos sociais bem convencionais (a gente, um aglomerado de pessoas físicas, é tão diferente assim de um partido político ou instituição e tem discurso próprio?). Eu não sou uma estudiosa de teorias das redes, mas alguém mais entendido poderia me ajudar a compreender se é tudo isso mesmo que dizem por aí. Sem jargão acadêmico ou falas prolixas em forma de redemoinhos que só levam a elas mesmas e ao próprio autor, de forma simples, para qualquer desavisado que cair aqui na leitura desse post poder sacar algo, por favor.

Ajudar a ganhar o Mídia Livre não foi suficiente para que o site virasse outra coisa talvez porque o que precisamos é mexer nos modos de se relacionar da rede metarecicleira. Desconfio que ainda não temos tecnologia para isso e suponho que as demais tecnologias que utilizamos e criamos abalam muito pouco essa dinâmica. Acreditava que investir na pluralidade de histórias metarecicleiras por meio do mutirão poderia ser algo revelador e muito interessante, o que, de fato, tem sido. Insuficiente, porém, para gerar movimento e interferir de forma significativa neste grande ecossistema em que me envolvi de forma absolutamente voluntária. Por minha conta e risco desde o início, eu sempre soube. Ninguém precisa me lembrar que posso sair a qualquer hora porque não esqueço. Não sou do tipo que diz “eu te amo” rapidinho e para qualquer um. Até topo dizer “abraços do bando” de vez em quando. Mas o “pode ir que eu nem ligo” já é demais, ofensivo, na minha perspectiva feminina da vida.

Assim que entrei na lista de discussão, também me cadastrei no antigo site do mutirão, aquele com logo preto e rabiscos. Neste mesmo período de iniciação, efe me transformou em editora, ainda que eu não soubesse bem o que isso significava. Sigo interessada nas narrativas metarecs e com energia para sair por aí coletando histórias de quem quer que seja. Minha única exigência é que seja ao vivo porque eu não quero nenhuma tela atrapalhando a visão. Eu não sei bem o motivo, mas olhando no olho e de frente, as pessoas se transformam em gentes gentis. Toda aquela aura pesada da lista de discussão se liquefaz e em nada parecemos com ogros, sem sensibilidade e delicadeza, tal como nos apresentamos ali, talvez por pura força do hábito ou receio da não-aceitação. Reclamar das reclamações alheias não me agrada, ao contrário, só irrita a mim mesma e aos outros. Permanecer em silêncio é, até certo ponto, consentir. Deve haver um caminho em que seja possível usar muito bem o direito à expressão, que já nos foi negado em história recente desse país, sem precisar gritar, banalizar o poder da palavra ou a necessidade contemporânea de emitir opinião definitiva sobre toda e qualquer coisa, inclusive sobre as que conhecemos bem pouco. Eu não sei bem para que serve a nostalgia, mas se eu pudesse voltar ao começo, preservaria minha disponibilidade de observação e escuta que me trouxe a essa Rede e também a emprestaria para quem quisesse usá-la de quando em vez. Se eu puder fazer um pedido para seu futuro, que seja a substituição da predisposição ao combate que vive em cada um de nós para fazer acordar o desejo pelo debate.

Há promessas de um encontro em Ubatuba daqui a poucos meses. Perto dos dez anos do Projeto Metáfora, que deu origem à esta Rede, para quem não sabe. Logo nos meus primeiros meses de vida nela, participei de um installfest lá no Parque da Juventude, depois veio o encontrão na campus party e outro lá no bailux, além de muitos outros que me permitiram encontrar muitas verdades e pessoas bacanas. Tenho certeza de que se não fossem eles, jamais teria permanecido. Certamente teria desistido toda vez que li algo absurdo ou pouco generoso na lista de discussão. Nessas horas sempre penso que o mundo pode acabar naquele átimo e futuramente um arqueólogo vai localizar fósseis digitais, concluindo que sou exatamente aquilo por ser membro do mesmo grupo. Mas como eu sei que o contato via internet será inevitável, queria fazer um segundo pedido como presente de aniversário para esta Rede: que a gente consiga romper não só com as metáforas, mas também com as atitudes e impulsos bélicos.

E como em todo conto de fada temos direito a três pedidos, por enquanto vou guardar o terceiro. Nessa jornada de transformar o mundo a gente pode precisar dele num momento decisivo. Por ora, sem ajuda dos deuses ou qualquer truque de magia, vamos usar nossa própria energia e, ao menos, nos esforçar para sermos alguéns melhores...  

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