Diálogos na Casinha – Diversidade e cultura digital XX de XXX de XX (arquivo: repo_4173_4173_2-gambiarra_110607_divdig) Jeff - “Prá quem está ouvindo aí.... essa é mais uma edição dos diálogos na casinha...rsrsrrs... e aí hoje a gente tem aqui (interrompe a fala: como?) Então, diálogos prá quem não sabe é quando uma ou mais pessoas, pode ser uma também, mas quando estão conversando sobre qualquer coisa, eu acho que é isso, enfim, hoje qual que é o tema hoje? Diversidade e cultura digital... rsrsrsrs... que na verdade muita gente, e eu conheço várias pessoas desse time, várias pessoas confundem cultura digital com um projeto, com um grupo de pessoas que desenvolvem uma ação dentro de um projeto do ministério da cultura e cultura digital não é isso, na verdade. É também, o nome que esse grupo assumiu, mas vai bem além disso né? É uma cultura mesmo, o que é o digital, como as pessoas interagem com a tecnologai como é que isso se dá. E vamos falar da diversidade disso das diferentes formas de culturas digital e aí temos hoje, estamos presentes eu jeff, sérgio amadeu, felipe fonseca na sua despedida o último diálogo na casinha mas os outros irão participar online (interrompe a fala: é, ô... spamzinho básico no gmail para a galera), pajé o paulo de lara, roberto, convidado do marcelo braz que não está presente, chegou chegou ó... (interrompe a fala: depois vocês vão se apresentar, só para poder faezr uma rodada geral), daniela, débora, bianca, juliana, marcelo braz ali acabou de chegar se apresentando, sr. Luis fagundes vulgo asa e maria lú. Então acho que era legal rapidinho cada um... (interrompe a fala: ah! é legal... prá galera poder saber quem tá presente...) Bom, então vamos cortar esta parte... rsrsrsr... vamos começar.” FF - “Bom, minha versão rapidinho: diálogos na casinha é uma tentativa de falar sobre apropriação tecnológica e o que isso tem, que relação isso tem com tecnologia, tecnologia social, com movimentos sociais. Parte de um grupo de pessoas que se identifica com a rede metareciclagem que na verdade se expande para todos os lados e todos os caminhos e sem muitos limites, mas enfim, hoje a gente muda um pouco o formato do que eram os diálogos na casinha que até então a gente tinha um tema específico chamava uma pessoa para falar sobre esse tema e aí a gente explorava um pouco pelo chat e com interação de pessoas que estavam em outros lugares. Hoje a gente está na verdade triangulando com uma outra coisa que está acontecendo que eu acho melhor deixar o sérgio explicar que é a desconferência virtual sobre diversidade digital que ele vai falar daqui a pouquinho e aí a gente junta isso que é esse esforço de tentar aprofundar um pouco conceitualmente as idéias que estão dentro da rede metareciclagem junto com toda essa outra movimentação que está rolando em alguns projetos, até projetos governamentais ou projetos mais institucionais que a gente vê por aí. Então eu vou passar a bola agora para o serginho, não vou enrolar muito, aí ele pode se apresentar e contar o que a gente está fazendo aqui hoje.” Sérgio Amadeu - “Bom, valeu... ééé... há um tempo atrás não sei nem se há um mês atrás, o ministério da cultura resolveu organizar uma discussão com base na diversidade cultural que na verdade na convenção da diversidade cultural da unesco e ele está fazendo um seminário agora no final de junho junto com a organziação dos estados americanos, que é um seminário daqueles bem institucionais e tal mas ele queria fazer uma coisa mais ampla, então ele organizou quatro oficinas. Uma dessas quatro oficinas é a oficina de cultura digital e aí a idéia era fazer uma oficina muito limitada, nós achamos melhor fazer uma desconferência na web e utilizamos instrumentos assim bem disponíveis na rede: um blog, um wiki e uma lista de discussão. O ministério da cultura ele pedia prá gente soltar essa discussão com um texto-base que tinha que ser lançado então eu lancei um texto-base que está para ser finalizado até sexta-feira porque esse texto precisa ser entregue não é? Não é uma coisa que depende da gente, e esse texto ele pode ser completamente mudado, ele já está no wiki para ser discutido e alterado, agora o que é legal é assim, esse texto ele vai gerar uma série de impactos que podem ser maiores ou menores lá dentro do minc, mas o fato é que ele vai gerar uma série de coisas porque ele vai ser apresentado num seminário grande de diversidade digital, desculpe, diversidade cultural porque ele está dentro desse aspecto, dessa convenção, da implementação da convenção da unesco. Bom, porque a unesco fez uma conferência de diversidade cultural, porque este é um tema que está em discussão não é de hoje, há muito tempo, e é um tema extremamente complicado, a amplitude da diversidade cultural, o que que é diversidade cultural, como manter a diversidade cultural, e eu vou, assim... não sei se eu vou conseguir explicar mas depois a bianca que é animadora desse processo pode complementar e colocar outras coisas. Mas eu queria só entrar no problema da cultura digital em si com duas questões basicamente, dois fatos, eu não vou entrar com uma análise geral eu vou começar de coisas específicas, que talvez não seja nem um bom começo mas eu vou falar de dois fatos, são rápidos. Primeiro fato: na cidade de são paulo foi implementado em 2001 começou a ser implementado uma rede de telecentros na periferia. Todo telecentro antes de ser montado era filmado o lugar, o que as pessoas, a comunidade discutindo, a eleição de um conselho gestor, o que que tava rolando, as reuniões, a ata, tudo foi colocado digitalmente, não tinha um papel. Todo esse material foi deletado, foi deletado porque era entendido como um design de site, entrou uma nova gestão na prefeitura e ela simplesmente anulou uma história que tava digitalizada. A questão é a seguinte, esse é o primeiro fato que eu queria falar. Uma das coisas que mais me intriga na chamada cultura digital, além daquilo que eu já escrevi lá naquele texto, é como você mantém a diversidade, o patrimônio se o digital não tem história, não tem resgate, não tem reservação então esse é o primeiro caso que eu queria falar. O segundo é o seguinte: um senador brasileiro, o azeredo, que foi presidente até do serpro a maior empresa de tecnologia no brasil ele está entrando, está com um projeto de lei que faz uma coisa que basicamente é a seguinte, ele aniquila o anonimato na rede, aqui no caso do brasil. Então eu queria pensar o seguinte: existe cultura digital, diversidade cultural sem anonimato? Porque eu queria dar uma opinião assim, se der, que é impossível existir diversidade cultural no que eu consigo entender que é cultura digital sem a defesa do anonimato. E essa é uma das questões mais decisivas aí hoje. Então eu lancei dois casos mas que estavam na minha cabeça, são bem específicos e tal mas que tem a ver com esse universo da diversidade, e aí eu devolvo aqui pro felipe, ou não? Aí cara... prá quem chegou, tudo bem? Vocês querem se apresentar? Pode sentar aqui, o pessoal que chegou.” Vozes conversam: “Claro, claro... vamo lá!” Giuliano Spier (?) - “Prá completar a colocação anterior, quando o azeredo propôs esse projeto de lei em meados do ano passado, inclusive financiado pelos bancos eu me assustei na hora, eu falei puxa... complica né? E mandei um e-mail para algumas pessoas, entre elas um amigo aqui de muitas pessoas andré passamani. O andré passamani me respondeu e falou deixa ele fazer que isso é impossível de controlar. Então do ponto de vista tecnológico abrir esta pergunta: até que ponto isso é possível de acontecer na rede? Ou seja, você tem casos muito mais complicados do que a china comunista por exemplo, que os caras tentam, tentam, tentam e no final das contas não conseguem estabelecer um controle rigoroso sobre quem faz o que faz, porquê faz e de que modo faz na rede. E esclarecendo um pouco essa questão sobre o objetivo desse projeto de lei, ele é de fato, assim, até onde eu entendo, bem delicado na medida em que cria um precedente legal prá quem se sentir com a possibilidade de ter segredos industriais sendo vasculhados dele contra-espionar, ou seja, se digamos uma empresa x achar que eu por algum motivo estou atentando contra o patrimônio intelectual ou algum tipo deles, eles têm uma justificativa jurídica para me espionar, sendo que prá que isso aconteça fora da internet o sujeito precisaria passar por uma série de trâmites legais de modo a conseguir autorização para, por exemplo, para colocar um grampo telefônico na minha casa. Na internet, se o cara me espionar e ele for pego, ele pode falar: eu tava desconfiando do giuliano e eu fui espionar. E ele não vai estar submetido. Então isso abre um precedente perigoso, mas eu queria perguntar aqui aos amigos mais por dentro de como essa implementação aconteceria, inclusive porque tem um dado curioso nessa lei que me assusta é que ela não parte do ponto de vista tecnológico. Eles não estão tentando criar uma forma de monitorar a rede através de programas, eles estão abrindo uma oportunidade de negócio para que empresas se especializem no monitoramento da lei a partir do pressuposto de violação de patentes, etc. O objetivo disso, até onde eu entendi, alguns blogs apresentam essa questão de uma forma bastante contundente, o objetivo disso é basicamente tornar um veículo seguro para transações bancárias sem que os bancos precisem fazer grandes investimentos, o que para mim é muito complicado. Parece assim uma versão aumentada do problema da cicareli no youtube, por conta da cicareli você fechou o youtube. Para que a internet se torne um veículo seguro para transações bancárias você simplesmente abre um precedente jurídico para que uma série de coisas deixem de acontecer, que a gente passe a ficar submetido a essas coisas mesmo que elas... e isso tem obviamente repercussão, é óbvio que lei está muito especificamente voltada para questões de gente que se aproveita dos novatos na internet para roubar senha etc etc mas a lei se aprovada ela vai incindir também nas pessoas que por exemplo trocam arquivos. E como definir o que é e o que não é um arquivo que pode ser tocado, e daí entra uma questão absurda: será que o governo não está comprando uma briga que ele mesmo não vai conseguir resolver, na medida em que é uma briga complicada demais? Quer dizer... (interrompe a fala: é, o governo com o consentimento do senado né?) Então, eu queria saber se alguém gostaria de falar sobre isso do ponto de vista tecnológico, o que que acham, o passamani diz que é besteira.” Vozes ao fundo, comentários. Pedro Markun (?) - “Eu sou o pedro markun do jornal de debates. Bom, do ponto de vista tecnológico, bom, você mesmo resolveu a questão, isso acontece na china de uma maneira muito mais incisiva do que qualquer lei que o azeredo pode querer criar aqui, e ao mesmo tempo não funciona, ok é impossível você tecnologicamente assegurar isso que o azeredo quer, agora, a partir do momento que você aprova essa lei você complica prá caramba. Então é óbvio que você não vai impedir possivelmente as pessoas que estão no estúdio livre vão continuar tendo a possibilidade do anonimato mas empurra para a ilegalidade, então o problema não é o ponto de vista tecnológico, tudo bem, tecnologicamente é possível mas é ilegal.” Sérgio Amadeu - “Tecnologicamente dá prá fazer na china pelo controle do backbone, você pode usar uma ferramenta tor e tentar sair mas não é qualquer um que sabe usar, você tem o contra-ataque e tal. Então tecnologicamente dá prá perseguir, dá para violar pacotes, quebrar criptografia tudo isso dá, mas a lei do azeredo como vocês disseram não é de fato tecnológica, ela diz o seguinte, ela tem uma pegadinha que se você violar uma rede ou dispositivo você está cometendo um crime digital e você vai pegar dois anos de reclusão e se essa violação de dispositivo ou rede for feita da sua rede você é solidário. E aí que está a pegada, porque que está a pegada? Aí eu sou do uol, do terra, eu sou da rede da casinha, se eu deixar aberto e se foi identificado que o ataque partiu do ip que está locado aí, pronto eu sou solidário. Então a jogada dele é muito nefasta. Porque que eu falei que acaba com o anonimato? Porque ninguém vai querer mais deixar a rede aberta, então a gente tá mal começando a discutir no brasil as nuvens de conexão aberta, o movimento lá que o felipe passou o e-mail do fon (?) essas coisas de cooperativas de conexão para reduzir custos, abrir sinal das cidades... se o prefeito abrir o sinal na cidade, pronto, o prefeito é solidário, ele tem que controlar a rede dele, entende? Então é extremamente perverso. Eu só comecei prá falar assim, é claro tem um lado de discussão técnica mas eu estou dizendo o seguinte: a questão da cultura digital, a questão da diversidade cultural na minha opinião é um pouco além dessa tentativa de reduzir o anonimato, é afirmar o seguinte, a cultura digital se faz com algumas coisas, uma é o anonimato, outra é a possibilidade de remixagem e a outra é a possibilidade de troca ilimitada de conteúdos, é por isso que eu comecei por aí.” Voz masculina - “ Eu queria dizer que o brasil tem assistido essas gangs, essas quadrilhas, esses partidos políticos e senadores assaltando o país, saqueando o país, a operação navalha está mostrando e o povo anestesiado, fazendo passeata gay e passeata evangélica mas nada contra isso. Eu tenho certeza que esse azeredo é testa de ferro, é lobista de alguma... de alguém. É isso que eu queria colocar.” Sérgio Amadeu - “Vou passar aqui então...” FF - “Eu não tava prestando atenção então vou passar aí para uma pessoa que estivesse...” Luís gagundes - “Eu sou o luís fagundes, mais conhecido como asa e eu queria levantar aí um fato também, em cima do fato do sérgio amadeu, de que perder o histórico a memória do projeto dos telecentros, e já aconteceu comigo de um site que a gente tinha muito pouca infraestrutura, a rede não era legal, tinha dificuldade de fazer backup, a gente não tinha recurso humano e tal e a gente não fez backup e um dia a gente perdeu todo o site, putz a gente tava começando a articular uma comunidade e a gente perdeu tudo, como que faz? A gente fez um robozinho que buscava no google todas as nossas páginas, pegava o conteúdo e colocava de volta. Aí a gente recuperou 90% do nosso conteúdo no cache do google. Se fosse em papel a gente ia ter perdido tudo mesmo, se fosse um incêndio, uma biblioteca por exemplo, então só levantando isso prá discussão também.” Jeff - “O detalhe importante que o asa falou ali é a questão do robozinho, quem que é o robozinho? Ele é um cara anônimo, virtual. Então essa lei que o cara tá fazendo o que o amadeu falou, o cara é anônimo mas se descobirem que ele saiu da minha rede todo mundo cai, então é muito complicado isso. Essa lei vai implicar em uma série de outras coisas que eu acho que ele não tomou muito cuidado quando ele pensou em lançar um negócio desse porque na verdade imagina? Um negócio muito grande que não vai ter como controlar esse tipo de coisa, é muito conteúdo é muita coisa. Como é que eu fiz uma música, fiz um mp3 e coloquei para a galera aí outro cara pegou mudou e fez outro pedaço, como é que esse cara vai controlar isso se é legal se é ilegal, de quem que é de quem não é, licença enfim, eu acho que o brasil não está preparado para um negócio deste tamanho, na boa.” FF - “Só comentando assim tecnicamente, eu manjo prá caralho de assuntos técnicos, sou mais hacker que o bicarato mas ééé... eu acho que não é só o brasil cara, tem uma coisa assim que é típico, que se repete e vai se repetir muitas vezes ainda, que é as possibilidades de novos canais de comunicação que a internet e não é só a internet, eu tenho a minha intranet aqui, eu ter a minha rede num lugar isolado que não tem internet eu posso fazer minha rede local posso fazer uma rede mesh, posso fazer um monte de... tem um monte de possibilidades de troca de informação e assim a quantidade, o volume de informação que isso gera é impossível de controlar. Dá prá pensar em formas de controle, dá prá pensar em formas de algaritmos de controle, carne vor, michelon (??) todas essas tentativas de controlar um pouco a internet, mas o fato é que assim como na pornografia, pedofilia na internet, pedofilia que pornografia é bom, assim como spam, o pessoal que está criando novas maneiras, o pessoal que está questionando, que tá resistindo é sempre mais rápido do que as maneiras de controle. E eu acho que isso tudo tem a ver com um novo cenário que a gente ainda não conseguiu entender totalmente, que talvez a gente não chegue a entender totalmente que não é mais possível controlar a informação, não é mais possível ter uma força que domina todos os canais por onde a informação circula. E isso gera reações que muitas vezes são reações desmedidas, muitas vezes são reações que não são pensadas de uma ótica de quem está vivendo isso, então certamente eduardo azeredo deve ser daqueles que proíbe os netos de acessar o orkut porque tem risco, tem drogas e ali ele leu uma vez no estadão que vendem-se drogas pelo orkut e existe... a gente têm uma grande possibilidade técnica, uma grande possibilidade social de todos os novos canais de comunicação e o controle não é mais possível. Então vai se tentar controlar e assim essa não é a última proposta que vai surgir, enfim, e mesmo que se aprove essa proposta vai ser tecnicamente inviável mas assim essa questão é que estão sendo feitas leis que não levam em conta a perspectiva de quem está vivenciando toda essa coisa de cultura digital que daqui a pouco eu quero entrar mais no termo cultura digital que é uma coisa interessante de se debater e assim a gente pode deixar eles fazerem as leis que não vão dar certo, ou a gente pode pensando em médio prazo, ir pensando em como que a gente influencia essas pessoas que estão fazendo as leis, como que a gente vai fazer esses caras entenderem, ou como é que a gente vai fazer, se a gente vai ter que esperar que eles enfim, chegarem aos seus 80 anos e se aposentarem do senado ou então o que a gente vai fazer para influenciar como que essas leis são feitas.” Hernani Dimantas - “Bem, eu sou hernani. Eu concordo com o felipe, eu acho que... (interrompe a fala: 7 anos...) quanto mais se tenta controlar mais têm gente buscando formas de burlar isso aí, mas eu acho que também o fluxo de liberdade e controle é a mesma coisa, a mesma tecnologia que traz a liberdade traz o controle, então tudo se passa em um outro nível, no nível do agenciamento. E quando a gente tá aqui, a gente tá aqui pelo que entendi teve um debate na lista a gente conversando com o sérgio amadeu do blog sobre diversidade, a gente falar sobre diversidade e esse debate que aconteceu. De repente a gente tava fazendo um monte de coisa no blog e a gente tava sendo culpado de estar fazendo isso, então quer dizer a própria comunidade que a gente tá falando aqui acaba virando contra porque tem tanto detalhe tanta coisa que a gente não se agencia, a gente esquece, ninguém sabe... é mais fácil meter o pau do que olhar pro que a gente está fazendo, entendeu? Eu acho que porra.. o sérgio amadeu é um cara que tá aí um tempão no negócio tem que pelo menos dar um crédito. Pode errar? Todo mundo vai errar... mas também tem que ter um crédito do que a gente está fazendo, eu acho que prá segurar azeredo e tal tem que ficar lá, tem que ficar falando, ficar fazendo palestra, tem que ir lá montar um negócio de diversidade, tem que abrir espaço, tem que escrever, tem que brigar, tem que montar uma estrutura muito maior do que ficar só na listinha, a gente tem que aumentar a forma de expor a nossa idéia. É viral? Tem que ser viral, sabe? Se a gente acha que está na rede e não precisa pedir permissão para o que está falando, né? Pelo menos a gente tem que estar se organizando precariamente, né? Eu acho isso aí...” Voz masculina – “Então, eu concordo, eu acho que é sempre mais fácil a gente falar mal do que falar bem né? N motivos. Mas eu queria atentar prá um outro lado dessa questão que é o tempo de maturação que se leva para que exista uma dinâmica de grupo que funcione. Por exemplo, eu sinto muita falta de não poder dar mais atenção a esses todos textos. A gente entrou com o bonde a mil com uma quantidade absurda de textos, e de repente você sente que qualquer duas horas que você dê para aquilo não vai mudar nada daquilo que você já recebeu. Então por isso eu falei eu mandei a minha contribuiçãozinha prá bianca falando: olha, eu queria... essa é a minha impressão sobre isso e eu tenho me esforçado prá ler os comentários, mas eu acho que não é só a questão de ir contra, a questão de arquitetura de funcionamento digamos né? Dinâmica de funcionamento que cobra aí um pouco mais de envelhecimento das relações, por exemplo, isso é uma coisa que a gente observa muito frequentemente em comunidades né? Ou seja, a princípio dentro do virtual você desconfia, né? A partir do momento em que você aperta a mão você trata a pessoa de outra forma mas enquanto ela é simplesmente um nome eu não sei porque motivos ainda, mas eu espero um dia entender melhor, porque é uma coisa recorrente, ela é sua inimiga, ou seu inimigo. Quando você encontra ali, e ela fala alguma coisa que não está de acordo com o que você pensa. Então eu acho que, ponderando só uma coisa que você falou, eu acho que tem uma questão de infraestrutura aí, de relacionamento que poderia melhorar um pouco mais né?” Voz feminina - “Juntando o que você, felipe e o hernani falaram eu acho que agora a gente pode aproveitar essa oportunidade... que a gente tem lá o blog, aquele blog pode ser usado como uma referência depois, prá que bastante gente importante da cultura digital dê uma contribuição ali e a partir disso a gente pode criar uma comunidade em torno desse tema. Aí a gente tem um tempo de maturação e começar a discutir o tema de uma maneira até diferente. Acho que pode ser até um começo.” Vozes ao fundo. “Já tá rolando...” Voz masculina - “Bom, é a memória digital que estava falando o sérgio amadeu.. eu acho... só queria voltar aqui antes que se perca, um negócio que o sérgio falou e que me deixou curioso na verdade, que é essa questão, na verdade o azeredo não tem nada a ver com isso, que é o problema do anonimato ou na verdade o quanto da cultura digital se deve ao anonimato e se é possível uma cultura digital sem o anonimato. Eu fico me perguntando, eu fiquei aqui me perguntando, até onde vai esse negócio. E eu acredito que na verdade tem menos a ver com o anonimato e mais a ver com a liberdade. É que o anonimato ele garante uma liberdade desmedida e por isso a cultura digital floresça bem no anonimato certo? Mas eu não vejo como uma condição necessária para a existência da cultura digital e na verdade me entristece que seja, porque na verdade se você tem o anonimato como uma condição fundamental da cultura digital é uma prova de que a liberdade ainda não chegou onde deveria estar nessa questão.” Vozes ao fundo. “Não com certeza, exatamente...” Voz masculina - “Eu queria falar... eu não tenho como dimensionar como é que se configuram as comunidades internacionais do linux, o felipe ele deve saber... é necessário mobilizar essas comunidades porque na suécia eles mobilizaram 2 milhões a favor do software livre no ano passado então entuchar esse senador de mobilizar internacionalmente essas comunidaes linux contra essa arbitrariedade que vai ocorrer aqui. É necessário precisar quando essa lei vai ser aprovada entendeu? Eu acho que é necessário fazer uma mobilização internacional disso aí, na minha opinião né?” Voz masculina - “Eu tenho uma proposta que vai acabar com a criminalidade no mundo real. É revolucionário, é sensacional. A gente vai colocar um crachá em todo mundo e o fato de todo mundo estar usando um crachá eu vou olhar pro hernani aqui ele vai estar com um crachá escrito hernani dimantas e aí ele vai fazer... ele não vai cometer crimes no mundo real. Ele não vai cometer mais crimes porque ele vai estar com um crachá e esse é o mesmo princípio furado desse projeto. Mas é que assim, a questão desse projeto eu acho que não está assim nem no lance de querer proibir o anonimato eu acho que você consegue ir mais no real motivo desse projeto se você for mais no que o sérgio falou, se você criminalizar as redes abertas. Imagina se você consegue abrir, você consegue criar esses projetos de cidade digital em vários lugares ou em são paulo você começar a criar isso em bairros, imagina o preju que isso vai ser para a telefônica que hoje tem praticamente o monopólio de conexão rápida em são paulo? Tem uns poucos pontos que você consegue conexão com tv a cabo. Eu acho que é mais olhar assim aonde que o dinheiro pega.” Hernani Dimantas - “Quando eu falo assim anoniamto e reputação, é lógico que depende do que você quer da rede, para baixar música é muito melhor, é lógico que o anonimato tem que existir, tem que continuar e tal. Anônimo ninguém é porque se quiserem caçar seu ip, vai sempre alguém te caçar o ip não? Tem tecnologia prá te pegar. Agora quando fala em reputação na comunidade quando você escreve, quando você fala, comenta alguma coisa com teu nome é teu nome que tá lá e você defende algum argumento... o cara anônimo pô... passa batido, se o cara falar, vai meter o pau vai fazer alguma coisa.. ah é anônimo? Também não dá prá dar muito, não tem muito também valor... não o pior é que é um pouco. Mas só complementando assim, ah negócio de abertura... azeredo tá fazendo isso, abertura da rede, todos os governos, tá todo mundo abrindo rede entendeu? Isso é o que nós estamos vendo em qualquer partido. É... tá... wi-fi, cidades digitais... tá todo mundo pensando nisso, é uma tendência inexorável, vai acontecer isso. Pode demorar um, dois, três, quatro anos mas vai ter, vai para esse lado entendeu? Só se...” Sérgio Amadeu - “Só uma questão que o pedro tinha levantado. Só... é rápido... ééé... nós não podemos subestimar, eu não acho que a rede é uma coisa que a história tá feita nela, a rede quem estuda a rede, manuel castells, outros, sabem que a rede é uma história de reconfiguração. Quem imaginava que a rede ia ter web? Porque as pessoas pensam na tecnologia pronta, a web foi fruto de uma possibilidade de liberdade na rede, do protocolo ser aberto, da camada de aplicação não estar sendo controlada por ninguém e isso permite que em cima da web surja o bitorrent e assim vai... agora é o seguinte, a história não está dita que nós ganhamos a parada. Eu acho legal você falar não tem como controlar do jeito que tá, não tem, do jeito que tá não tem. A cultura hacker foi fundamental ela saiu na frente porque ninguém dava bola na rede ninguém falava assim pô, como é que vão montar uma rede sem controle? Pô isso aí não vai dar certo... O que a microsoft falava? Isso aí não vai dar certo... Quando eles foram ver deu certo. Aí agora esses caras que perderam o bonde tão chegando junto por isso que agora tá ficando feio o negócio. E aí eu quero dizer uma coisa: uma ligeira modificação no protocolo TCP/IP você começa a quebrar coisas que a gente faz hoje. Se você tem lá uma versão 6 do ip tem lá uma possibilidade de só fazer conexão com o uso de criptografia. Só estou dando um exemplo, não quero dizer que vai acontecer eu tô dizendo que é uma disputa, e é uma disputa que o tempo todo se você baixar a guarda... você vê lan-house agora tem que ter um monte de documento, não sei o quê... eles estão querendo o tempo todo fazer a sociedade do controle, o tempo todo, não é de hoje e não é por causa da internet mas é o seguinte, nós estamos ganhando na internet, eles estão correndo atrás. A cultura digital e aí eu queria dizer, ela é baseada na liberdade, só que é o seguinte: a reputação como diz o dimantas é importante, sempre foi, para a esfera pública. Você pega o Yohai Benkler(?) ele chama esfera pública conectada. Eu não tenho como adquirir reputação se o meu nickname não for conhecido se eu não for o hacker que eu digo que sou, os outros que têm que reconhecer, concordo plenamente, mas isso é na esfera pública. Agora, o anonimato ele é vital prá que eu continue sendo livre na rede. A rede é passível de controles, de filtros, de rastros digitais. Se, com o avanço da tecnologia, com tudo isso que está acontecendo eu não tiver o anonimato eu vou ficar na mão de caras que vão saber que eu compro pó de café r$17,55 pelo site, eu não quero que ninguém saiba, eu não quero que ninguém saiba que eu entrei numa comunidade de relacionamento x ou y e isso hoje é o que está sendo feito, uma grande parte da publicidade na web está sendo feita por venda do quê? De informação pô... de caracterização, porque como tem essas coisas agora, a moda, o long tail, então todo mundo tem ali um monte de coisa o que acontece? Quem tem essas informação sobre o que são essas coisas tem muita condição de fazer uma velha coisa que o broadcasting fazia que é atingir. Então eu digo: eu não quero ser atingido. O anonimato ele fortalece quem? Quem quer ter a sua liberdade, a sua intimidade garantida. E o que que o anonimato permite? Só prá concluir eu falei demais... o anonimato permite a dupla identidade, que é outro fenômeno de cultura digital, você pode dizer assim prá mim eu sou contra a dupla, tripla identidades e as múltiplas identidades, mas eu queria dizer o seguinte: eu acho que por isso que eu pus no documento eu acho que não sou contra como também não sou a favor. O hermano vianna disse aí num vídeo que o léo germani trouxe ele diz que as pessoas querem ter outra vida e agora tem a possibilidade delas terem, agora que tem possibilidade das pessoas terem outra vida, múltiplas vidas na rede é que nós devemos defender esse direito. (Interrompe a fala: não, não precisa ser second life...) second life é um, eu só estou dizendo, então, se você mata o anonimato você mata a dupla identidade.” Tiago - “Oi, eu vou fazer um pequeno exercício de anonimato também para ver se minhas idéias conseguem vencer... rsrsrs... (Interrompe a fala: não, não... tá bom...) eu sou o tiago (interrompe a fala: sim, não então, mas a gente nunca sabe...) então voltando aquele debate sobre a onda irresistível do progresso tecnológico e tal, tem um aspecto que as vezes eu acho que é meio pouco pensado nisso é que tem alguém que está colocando dinheiro para esse negócio estar sendo feito, tem uma estrutura física que é cara, você tem pessoas que estão interessadas em saber de quem é o código, quem vai lucrar com ele e tal, existe uma briga enorme sendo travada fora assim da esfera mais ampla das pessoas que usam a web mas que são os caras que tão querendo saber quem vai lucrar com redes abertas ou não e tal e esse é um debate que anda pelo político, anda também pela esfera cultural, anda pela esfera do poder privado mesmo e tal. E legislações como essa do azeredo que são na verdade assim lutar contra moinhos de vento e tal, mas são tentativas reais de você começar a demarcar terreno prá essa disputa econômica, a partir do momento que você está pensando na legislação, que você está vendo quem vai conseguir dominar certas áreas da construção dessa tecnologia, você está abrindo caminho para tal grupo industrial, ou tal conglomerado tecnológico saber onde eles podem botar o pé ou não com quem eles têm que se unir ou não para conseguir guardar algum espaço. E esse é um debate que eu conto para o futuro porque a gente nunca sabe quando vão bater na nossa porta cobrando a conta por todos os serviços maravilhosos que têm aberto possibilidades lindas de todo mundo colocar sua cabeça para fora da janela, falar o que pensa e tal mas assim, isso não é bancado pelo poder público, isso não é um movimento social, assim... alguém vai querer a conta disso depois, é um movimento social mas não é um movimento que se sustenta, você tem as pessoas que estão dando uma forma para isso mas existe uma moldura maior que quem dá é a indústria e isso eu acho que é algo que tem que ser mais pensado.” Voz masculina - “Não, eu quero só fazer um registro aí de imagem que eu nunca imaginei que a cultura livre ia ser um moinho e haveria um dom quixote como o azeredo, isso foi uma imagem linda para mim.” Voz masculina - “Meu eu queria frisar uma questão da união européia, eu venho acomapnhando na veja, na mídia, é bastante rigoroso a proteção dos direitos individuais na noruega, na finlândia, da cultura do software livre por isso que eu falei da mobilização, vocês devem saber mais do que eu isso né?” Voz masculina - “Eu só queria deixar claro que a cultura digital não é ruim longe disso, mas existe um debate que existe por baixo disso, por baixo desse conhecimento coletivo que a gente está construindo e que é algo que vai dar forma sim ao que a gente vai construir depois, só isso.” Voz masculina - “Alguém paga o servidor do wordpress, né?” Voz masculina - “O que eu queria falar só do que ele falou lá que na noruega na finlândia os caras prezam por essa questão do software livre. O partido pirata que surge na suécia ele até coloca o software livre como uma de suas propostas e tal por questão de segurança nã, nã, nã... só que o que eles estão pegando mesmo lá é mais pela questão da privacidade, eles usam o software livre mas o que o partido pirata tá lutando lá é a questão da privacidade que é o lance mesmo do anonimato, que é você falar: como é que eu vou rastrear a internet para saber se você tá baixando música, qual a diferença do bit que compõe um mp3 do bit que compõe o email que você mandou para a sua namorada? De repente você não quer que o governo saiba o que você está falando para a sua namorada... então o que que os caras falam: já que não existe uma diferença entre o bit que compõe a música e do que compõe o email eu vou ter que rastrear tudo e aí eles querem evitar que se rastreie tudo, que se rastreie a comunicação individual para que não saibam que tem um email que eu mandei para o tiago, que eu mandei para o sérgio...” Jeff - “Não sei se alguém se lembra disso, eu era pivete quando isso aconteceu, aquele ataque de ping no servidor da microsoft que tirou ele do ar. Aquilo foi lindo cara... e foi organizado totalmente anonimamente ali, as pessoas se mandavam email as pessoas se falavam disso no irc, a gente marcou o horário ali e tal, vamo vamo e todo mundo soltou o ping na parada, assim... então de repente quando você fala de de repente tirar o anonimato da rede é justamente esse tipo de coisa, esse tipo de... eu acho que na verdade é muito mais no sentido de preservar empresas e interesses corporativos do que simplesmente como falaram: ah, vamos colocar segurança na rede... não velho isso é uma merda não rola, na verdade o que a galera tá indo de frente mesmo são interesses comerciais mesmo que movem esse tipo de ação aquilo foi lindo e ao menso tempo foi trerrível pros caras coitados dos caras coitado do cara que administrava aquele servidor, mas você entende? O que eu tô querendo dizer é isso, esse tipo de ação autônoma, por exemplo a galera do mst imagina a galera do mst sendo rastreada, saca vamo invadir a fazendo tal, os caras vão chegar lá, invadir não desculpa, ocupar, mas os caras vão chegar lá para fazer ocupação na fazenda e vai ter um monte, vai tá a policia esperando lá, ah a gente sabia primeiro, saca, então acho que é um pouco esse lance.” FF - “Pegando um pouco esse ponto do mst, pegando no ponto do mst e voltando no que o pedro falou antes, que ele acha que, ele comentou um pouco a história, que precisar de privacidade, precisar de anonimato, é o que incomoda porque ainda não existe toda essa liberdade, mas eu acho que assim, se a gente for pensar que o conceito de liberdade é uma coisa fluída, ou seja, o conceito do que é legal, do que é ilegal, é uma coisa que vai se transformando com o tempo, o anonimato é uma ferramenta de transformação da própria legislação, quer dizer se não existir o anonimato a lei, uma assim, vai ser muito mais difícil as leis se transformarem, porque eu não vou conseguir operar naquela margem de legalidade e ilegalidade que é necessária, assim, a gente conhece várias coisas que estão proximas, de todo esse movimento da cultura digital, movimentos que tão próximo e que operam quase ali. A própria história ah minha rede, wifi livre e tal, aí ele falou não na europa tem uma noção de liberdade individual muito mais forte, pô na alemanha tá uma discusão exatamente sobre isso, sobre se vai penalizar o cara que faz spam, que faz site de pedofilia usando a internet livre do vizinho, se vai penalizar o cara que oferece a internet livre. Então assim, a gente tá numa época que tá tudo muito incerto e pode continuar para sempre assim, e aí a gente tem que pensar em como operar nesse sentido.” Hernani Dimantas - “A h, o tiago fala assim que a indústria vai cobrar a conta, a indústria já tentou cobrar a conta, em 99 eles quebraram, entendeu? Porque? Porque tem internet e não tem gente, ai sacaram que tem que ter gente, e o pessoal tá na internet não para ir no banco, nem para fazer serviço de governo eletrônico tal, o pessoal tá na internet para fazer circular informação, pornografia, puta, bate papo, ah, essa não, de repente de onde você vai, mas então, quer dizer esse paradoxo, hoje, quer dizer se torna o modelo que a gente tá trabalhando, o modelo de comunidade, e quando a comunidade começa a entrar no jogo, a foça, a estratégia das empresas não tá mais nela, a estratégia dela está no mercado, os mercado ficam se conversando, então, a microsoft quis fuder, que aconteceu porra, se organizou 40 milhões de pessoas para fazer o software livre, entendeu? Então hoje já não dá, a microsoft já não pode peitar o mercado do jeito que ela já peitou, entendeu?” Tiago - “Quando eu digo cobrar, eu não digo, pode até ser o caso do cara chegar com sua ação da microsoft e falar aí o, quero o dinheiro agora no caixa, pode ser, pode não ser, pode ser uma conta no que diz respeito de você apertar certos gatilhos jurídicos assim que podem fazer sentido para uma corporação se eles tem uma relação muito proxima com certos governos e que não fazem muito sentido para ser sua, você tem, não necessariamente dura pouco porque você tem uma estrutura, num é ar, você tem uma estrutura física que tem que ser bancada.” Jeff - “Uma coisa que eu acho que é legal a gente pensar também, quando a gente fala questão jurídicas e legais a gente pensa em assinaturas e acepts da vida, aí eu pergunto quando de vocês aqui hoje já leu o contrato de licença da microsoft, saca na instalação? Ah aqui tem um monte de hacker, mas enfim, quem é que tem msn por exemplo e que é que já leu o contrato de licença do msn, saca? Não que tem e quem leu, saca? Não, não... você pode usar o protocolo de outros sistemas operacionais, mas enfim, o controle é o mesmo, se você usa o servidor do cara você assina um contrato dizendo: olha eu libero tudo, minha informação, que eu tô passando para você, você pode usar para qualquer finalidade que você quiser. Então o que me assusta são os mecanismos que a própria indústria já usa há tempos para isso, então o que que os caras fazem? Colocam um texto gigantesco com umas letrinhas desde tamanho para te desestimular a ler. Aí o que que você vai fazer? Dá um ok logo aí e resolve o problema, e aí você acaba aceitando uma serie de coisas... mas eu não, ah tá aqui o contrato assinado, então eu acho que é legal tomar um certo cuidado com esse tipo de coisas, porque os caras tem umas artimanhas para fazer uma certas coisas que estão ali nas entrelinhas. Então por exemplo a gente pode aceitar uma série de quebra de privacidade por não ler ás vezes o texto que tava lá falando prá gente que o negócio pode ser quebrado e você tem a oportunidade de falar não. Então se a gente não se ligar daqui a pouco está assinando a gente vai estar dando um ok nessa lei desse cara que eu não me dei o trabalho de decorar o nome mas a gente vai estar lá falando ah beleza eu aceito e agora tudo que a gente fizer eu posso ser processado por esse tipo de coisa. Ah, o amadeu tem um negócio legal aqui que ele podia ler...” Voz feminina - “Eu vou repetir uma coisa que eu gosto de falar e as pessoas me batem depois. O google ta aí é legal prá caramba, o blog a gente hospedou lá o blogspot tá lá no google. O google oferece tudo isso hoje de graça, ele só ganha dinheiro com a publicidade, mas e daí? De quem é o google? Ele não é público. E todo mundo diz: tudo bem, a hora que o google pisar muito na bola a gente muda, a gente vai para outro lugar. Mas eu acho que a gente tinha que repensar pelo menos e não tinha jeito de fazer uma coisa mais pública? Não sei...” Jeff - “Estúdio livre...” Voz masculina - “Então eu queria falar que eu já estou juntando o meu dinheirinho, que o dia em que o google falar: olha essa é a conta, eu vou ter que pagar, porque quase todos os meus arquivos estão lá. Agora uma das coisas que o tiago falou e eu concordo com ele é quando ele diz que tem uma estrutura física que um dia o cara vai chegar e dizer olha essa é a conta. Às vezes a conta pode não vir em dinheiro, de repente a conta é esse projeto do azeredo, porque a conta pode ser o cara vasculhar os seus emails e no lado direito aparecer lá um monte de anúncios que dizem respeito a esse email que você está lendo. Você recebe um email de uma cooperativa e você olha lá no lado assim um monte de links relacionados com cooperativas que pagam propagando pro google, a conta pode ser essa aí. A conta pode ser o fim de sua privacidade. Você tá, você hospeda, você usa o google, você hospeda lá no blogspot e você oferece seus dados.” Sérgio Amadeu - “Ééé... o negócio é o seguinte, eu vou pegar, vou retomar essa questão que o tiago tava falando. Primeiro eu acho que a cultura digital ela é uma cultura que nasce dentro das redes. Quando esse termo cibercultura ele se dissemina, ele vira até programa de pós-graduação, você tem a associação dos pesquisadores em cibercultura que foi um pessoal que chamou alguns participam da lista, o andré lemos, o pierre levy lançou um livro em 1999 chamado cibercultura, quer dizer, o que é cibercultura? Cibercultura é muito o que o John Perry Barlow havia falado, ela nasce ali no interior das redes, ela é uma cultura, como disse o cara que criou essa expressão cyberspace ou ciberespaço, ele diz que a cultura digital ou a cibercultura é remix, é remixagem, é uma coisa em cima da outra, é retomar para a humanidade uma parte da criatividade que tinha sido banida, que é a que surge da recombinação, é uma cultura recombinante. A recombinação foi banida pelo capitalismo porque? O capitalismo não podia conviver, é muito difícil você fazer a recombinação e garantir concentração, poder, patente. Então, o que eles apostaram? Não foi no compartilhar, eles apostaram em outra coisa, eles apostaram na idéia de originalidade. Porque a idéia de originalidade permite concentrar recursos que você conseguir bloquear o acesso de quem não paga a ela. Isso é a lógica do capital. Essa lógica ela não nasceu na rede. Eu tava num debate organizado pelo prof. Inri Simon (?) na USP sobre o livro do Benkler, a riqueza nas redes, e um cidadão lá livre docente falou assim: esse pessoal do software livre copia o que o pessoal que inventa faz. O pobrezinho mal sabe que as grandes invenções da, vamos falar assim, da sociedade da informação elas são invenções das coletividades abertas, dos grupos abertos, o protocolo aberto do TCP/IP, as comunidades que inventaram as RFCs enfim eu vou parar por aí, mas é isso. E agora o que que acontece? Acontece que esse pessoal quer que na cultura digital que não é uma cultura, ele é uma cultura meio que distinta da idéia de cultura industrial, ela é distinta, ela não se baseia nos valores do romantismo, ela não se baseia nesse princípio da exclusividade, não se baseia, ela nasceu dentro dessa cultura mas ela extrapolou essa cultura, e aí o que eles querem fazer? Eles querem segurar isso, mas vem cá as indústrias vão lucrar.. vão lucrar mas eu sou muito adepto da linha de vários caras entre eles a linha do andré gorz ele diz o seguinte: tudo isso que está acontecendo não está acontecendo em vão. Por exemplo, se eu chegasse para você no ano de 1100 lá na europa e dissese tá surgindo uma cidades aí, uns caras montando uns negócios, isso vai mudar o mundo hein? Os caras falariam ah esse cara está louco, mas eu, já concluindo, acho o seguinte: não dá para dizer que esse impacto das redes, coisa que nunca teve meu... eu nunca ia conhecer um cara da finlândia eu conheço por causa da rede, eu nunca ia poder organizar coisas que estão acontecendo hoje, e tem um detalhe, e aí eu concordo com benkler, tem um modo de produção entre pares que ele chama de peer production que era muito marginal e agora não é, e isso não é impune. Eu quero dizer, quando uma IBM ou tal vai querer ganhar dinheiro com isso, e vai, e tá ganhando, eu quero lembrar que têm outros que tão ganhando dinheiro e que têm outros que estão não ganhando dinheiro sabe porque? Porque está se criando valor sem criar valor de uso, está se criando riqueza sem criar valor de troca, ou seja, valor de troca. Sabe o que isso significa? Isso é um mega-problema para o sistema como ele está organizado. Quando vale o linux? (Interrompe a fala: não, não.. agora vamos continuar, você ia me xingar, pode me xingar...)” Voz masculina - “Então, um minuto assim... ó... só aproveitando aí o felipe não tava aqui no chat e daí eu pedi prá ficar olhando e perguntei se o pessoal tinha alguma coisa a dizer aí e a bee, a bárbara pediu só para passar pra vocês essa informaçãozinha aqui, depois quem quiser pode dar uma olhada, parece que há uma célula de captação de energia que foi apropriada dentro de uma aldeia africana, enfim provavelmente exemplificando aquilo que a gente tava falando isso aí enfim depois quem quiser ler abaporu.wordpress.com como exemplo de apropriação.” Vozes ao fundo. Risos. Paulo hartmann - “Oi eu sou o paulo hatmann do mobile festival e eu queria aproveitar o gancho que ele falou, duas palavras: apropriação e áfrica. Eu penso assim, é claro que a gente têm que se preocupar com a rede mas será que não está na hora da gente se apropriar de outras redes tipo bluetooth e rfid (?) enfim por aí vai, não que signifique necessariamente um descuido com a rede, muito pelo contrário, continua, mas amplia, é a mesma rede no final das contas, mas eu não vejo muitas iniciativas assim em cima desses outros protocolos, redes, enfim, eu acho que é isso.” Voz masculina - “Eu só queria colocar um fato, o estadão na semana passada entrou no software virtual, como é que chama, second life, é interessante como o capitalismo vai se apropriando dessa questão... e eu concordo totalmente com a sua colocação a questão é estudar formas de como sair disso né?” Vozes ao fundo. Voz feminina - “Enquanto eu parto... bee, um beijo, que bom que você tá aí, um beijo...” Voz masculina - “Então eu queria voltar um pouco aí na questão do público e privado porque isso é muito de cada um, é muito pessoal isso. Eu acho que aqui, por exemplo, a gente não está numa esfera pública a gente está numa esfera privada. Até comentei com jeff, o que é público é o que está em volta disso daqui. Isso é até minha crítica em relação até à questão da conferência ou da desconferência da diversidade digital e cultural porque a gente sempre acaba falando dos mesmos para os mesmos. Enquanto a gente não abre realmente esse esquema para outras pessoas falarem, enquanto pessoas que são de fora desse meio, que não estão acostumados, têm voz ou não têm voz. E aí lembrei de duas passeatas, dois movimentos de multidão de massa que aconteceram essa semana, uma foi uma pesseata de punks que acho que reuniu 400, 500 punks na paulista, e a outra foi uma big passeata aí do pessoal GLS. (Interrompe a fala: nossa chegou na hora, essa menina tava na passeata...) coincidência né? E eu tava vendo um relato de uma pessoa que participou dessa passeata punk, e ela se configurou como se fosse uma rede: as pessoas marcaram assim mais ou menos vamos fazer uma passeata, vamos se reunir no masp, nós vamos sair caminhando pela paulista. Só que esse mais ou menos mobilizou um contigente de 100, 200 policiais, então quando eles decidiram caminhar pela paulista, que é assim um direito, eles não conseguiram fazer essa caminhada porque a polícia foi junto, eles acompanharam, os punks e os policiais. E eles tentaram se misturar com a multidão com o povão mas a polícia conseguiu se identificar porque eles se vestiam de modo diferente. Quem tava vestido de modo normal como a gente tá vestido aqui acabou se livrando da pancada. Porque a hora que uma pessoa resolveu falar de modo diferente dessa rede desse movimento de rede e chutou a vitrine lá do mac donalds' aí o couro comeu, era o que precisava para a polícia poder atuar. Então existem várias formas de poder. Isso aqui é uma forma de poder. Estamos numa esfera que gera uma certa forma de poder. E eles estavam na sua forma de poder, mas não tiveram a liberdade de se expressar. Nada disso foi digital. Só queria lembrar. Nada disso precisou do digital, talvez tenha acontecido no fato de ah vamos nos encontrar lá no masp, mas isso poderia ter sido feito uma pessoa falando com outra, até usando celular, telefone, sei lá uma tecnologia qualquer que não o digital. Digital é número, qualquer coisa pode ser digital nesse sentido. (Interrompe a fala: pelo orkut, exatamente, alguns...) Eu queria até que a nathália falasse pois ela estava lá na passeata. Natália - “Oi, boa noite eu sou natália, eu tô começando a conhecer um poouco o metareciclagem agora e com relação a esse ato eu não estava, eu estava no ato contra o bush, na marcha das mulheres na verdade, mas sim algumas pessoas do coletivo do qual eu participo que é o ativismo abc estavam nesse ato contra o G8. Foi pouco combinado pela internet até por segurança mesmo, assim pouco email pouca coisa mas... (interrompe a fala: sim foram presas uma menina do meu coletivo marina tem 16 anos desse tamaninho, queitinha, baixinha foi presa, jogaram em cela comum e tal, sim sim tá na dúvida e surgiu até uma pressão em cima dela, se tem salvação e coisas desse tipo, enfim, não se misture com essas pessoas mas...) essa coisa do digital é complicado mesmo às vezes você combina por email mas as vezes você acha que está numa lista segura e acontece que não você não está e descobrem, msn também é bem complicado, orkut é extremamente complicado, você tem que tomar muito cuidado né? E nesse caso mesmo do ato contra o G8 eu mesma não recebi email nenhum, fiquei sabendo só boca-a-boca mesmo mas mesmo assim, era um ato sem partido e pelo que ouvi, eu não estava, não tinha partido e foi reprimido até por isso porque tinha muito punk, muita atuação de movimento punk, bom é isso.” Voz masculina - “Eu acho interessante essa questão da mobilização, eu não vou entrar no mérito se essas foram ou não organizadas digitalmente e se isso incide um perigo a mais ou a menos até porque se você pensar, tudo bem quase foi feita digitalmente, ainda sim tinha policial prá caramba lá mas agora certamente a cultura digital como o sérgio tava falando, e os meios digitais são catalizadores tremendos desse tipo de mobilização, permitem uma mobilização que quebra barreiras geográficas muitas vezes, que alcança uma velocidade e que têm uma durabilidade maior. Quando ele colocou não foi digital, talvez pudesse ter sido, se pudesse ter tido algum tipo de registro digital, a situação não tivesse sido diferente mas tivesse repercurtido diferente. Vou passar aí...” Jeff - “O que a gente fala e eu sinto que a gente tá girando ao redor de uma mesma coisa é que eu acho que a gente tá chegando cada vez mais no sentido de falar ah galera, uma vez... alguém aqui conhece o slave aqui, o liquid? Algumas pessoas conhecem ele aqui, uma vez um cara super mala enchendo o saco dele, não porque eu uso a distribuição tal que é slackware porque slackware é muito bom e não sei o quê, não sei o quê, não sei o quê, não sei o quê, que distribuição você usa? O slave virou prá ele já de saco cheio e disse: eu só uso distribuição que eu mesmo faço. E o cara: mas é seguro? Claro eu que faço então eu sei quão segura que ela é. E aí eu parei para pensar em várias coiss que isso podia trazer, saindo da distribuição que é a sua máquina mas partindo para a rede, de que as coisas só vão se tornar segura a partir do momento que nós fizermos nossas próprias coisas e daí nasce uma série de coisas o próprio metareciclagem, o próprio estúdiolivre, o próprio cultura digital que é uma plataforma que está online aí em que as pessoas começaram a criar seus próprios mecanismos de comunicação e troca de coisas, por uma questão de segurança mas não que seja fechado, não, é seguro mas só entra um grupo de pessoas cadastradas, não é por isso, mas no sentido de seguro porque a gestão é coletiva né? Então eu acho que é importante se pensar nisso também. Então, poderia ter sido digital, claro poderia ter sido digital mas seria um problema, desde que você vá na sua casa e monta um servidor de IRC na sua casa e fala galera tem um servidor de IRC que vocês podem se conectar tranquilamente e a gente pode conversar saca? Então o que acontece? Eu vejo que a gente tá chegando num ponto de que as pessoas vão chegar e dizer: monta um servidor em casa e conecta. Ah mas quem está conectando, será que eu posso confiar? Então as pessoas estão desconfiando antes de tomarem as ações e isso é muito complicado de administrar e de conversar. Então eu acho que a gente tem que começar a tirar um pouco o pé ali da porta do freio e começar a tomar a iniciativa de começar a fazer ações no sentido de comunidade mesmo, porque o que eu vejo de comunidade é isso né? Eu tô fazendo um trabalho bacana com algumas comunidades de quilombo e os caras são total comunidade, assim eles são a verdadeira comunidade eu vejo, as pessoas se ajudam, não tem esse negócio ah eu vou plantar feijão mas plantar feijão é mais difícil do que pintar parede, eu vou pintar parede, não tem isso você faz sua parte e ele faz a dele saca? Então a gente tem que pensar um pouco mais numa rede, e o sentido de rede é comunidade é pessoas juntas ali se ajudando, é começar a pensar esse tipo de ação dentro da rede que é como é que a gente se ajuda, como a gente troca coisa, como a gente passa a confiar de novo um no outro, eu acho que isso está faltando hoje na internet, a gente não confia na internet mais, se alguém que conheço online vem falar comigo ah vamo aí, me encontra tal dia e tal hora em tal lugar, ah eu não vou sozinho não sei quem é, vai que é um maníaco... então a gente está começando a tomar medidas antes de tomar algumas atitudes, isso vai um pouco de encontro com a questão de vamos fazer nossas próprias coisas eu acho que é legal isso também vamos convergir experiências ah eu tenho um servidor de IRC ele tem um servidor de internet a gente converge ali e monta uma outra coisa e o objetivo nunca vai ser dominar o mundo como o google por exemplo, ah eu quero dominar o mundo mas no sentido do que fazer então se não é para dominar o mundo?” Sérgio Amadeu - “Deixa eu dar uma opinião sobre colocar o blog nosso no estúdio livre é uma coisa relativamente fácil de fazer e a idéia era a gente poder replicar os conteúdos em todo e qualquer lugar, agora veja uma coisa, o que tem é o seguinte: o grande problema é que os grupos eles estão defendendo a diversidade mas eles precisam ver que a diversidade se faz trocando conteúdos, trocando informações, e muitas vezes indo nos espaços e tal. Porque estou dizendo isto? Porque eu várias listas eu observei isso as pessoas me mandavam eh as pessoas não querem participar do blog e quer discutir na sua própria lista, eu falei ótimo qual o problema? Nenhum. Aí o outro queria fazer isso, ótimo. O que eu pesno disso? Eu penso que é válido que não precisa ter todo mundo em um mesmo lugar mas eu penso que também existe uma idéia meio de.. olha de purezavamos dizer assim, eu não acho muito legal, você pegar e dizer assim eu sou puro, eu só escuto os meus, os aristóis (?) porque isso me lembra um outro nome que são os aristóis, ou seja, eu vi em várias listas o cara falando assim ah eu não quero discutir porque eu vi fulano entrando no blog, quer dizer pô que coisa é essa? E não era eu não... o sérgio tá botando umas figuras que já estão... tudo bem, veja, e outro cara me disse o seguinte, disse não escreveu para a bianca postou a matéria dizendo o seguinte: existe filtro, e não existe filtro, ninguém filtra nada, a idéia não era filtrar mas eu acho que isso é um processo de aprendizado. Eu já vi em lista de discussão as pessoas conversarem e pessoalmente elas não perderiam a razão como perdem muitas vezes em lista de discussão é impressionante, as pessoas falam coisas que eu acho que pessoalmente em um debate não falariam, mas isso acontece, o howard rheingold falou que acontece no livro comunidade virtual que ele lançou em 1992, ele já disse que relatando o processo da well ele disse que acontecia, agora eu acho que é assim, os projetos que propõem ser bastante amplos, eu acho que a desconferência ela teve uma dimensão maior do que se a gente fizesse uma coisa que ninguém ficasse sabendo, mas também ninguém ia se importunar, ninguém ia se importar que é fazer uma reunião lá em brasília com cinco carinhas e entrando no ar. E aí essa questão ficaria legal grandes nomes e tal a gente ficaria na mesma e não ia criar esse burburinho, mas o fato é que ter criado o burburinho e as pessoas terem escrito coisas naquele blog eu achei bem legal porque tem coisa muito legal escrita, o documento não está alterado ainda tem até sexta para alterar mas eu acho que deviam alterar o documento porque eu acho que é o momento, o mundo não vai acabar nem começar mas o documento fica melhor como proposta, como por exemplo eu acho que tem que ter uma proposta no documento mais clara como uma versão beta foi feita assim de joelho mesmo não está assim clara a importância dessa fusão da mobilidade com a questão da rede, outras entradas do ciberespaço, mas tá lá para escrever, a idéia é abrir, está lá no wiki para fazer, acho que tem problema porque, prá concluir: eu tô até aberto com uma frase do habermas aqui, o que é a esfera pública? A esfera pública, burguesa quando ela foi montada, ela é um anteparo para o estado, é o meio do caminho entre a casa e o estado, entre o mercado e o estado, e ele até resume uma esfera das pessoas privadas reunidas em um público. Então na verdade depende da postura da nossa esfera, depende dos instrumentos, se a gente abre para a rede, eu fiquei surpreso até de algumas pessoas terem participado pessoas que falam assim eu não converso com qualquer um e são pessoas que foram lá e colocaram coisas de grande valia e eu acho que a coisa está mudando, assim a idéia da dimensão da cultura digital, das redes, aonde ela pode chegar, é uma coisa muito forte. Era isso qu eu queria dizer eu acho que o ideal era que mais pessoas pudessem participar mas eu acho que a participação também é um processo, não sei se foi... alguém falou... tem que ter um tempo de maturação, e tem mesmo.” Hernani Dimantas - “Quando você fala em público eu lembro do negri falando em multidão, acho que na internet a gente fala de publico, que é diferente, povo e tal a gente está participando e isso um pouco da experiência nossa no metareciclagem foi quando a gente começou a fazer o negócio a gente não se conhecia foi tudo internet. Porque não ser internet? Podia ser, a internet só cataliza a rede só faz ser mais rápido. Eu não acredito que se a gente não tivesse internet a gente ia ter a abrangência que a gente conseguiu depois de 4, 5 anos que a gente tá no metareciclagem. Então quer dizer essa abrangência esse poder de agenciamento é uma coisa que é muito importante. Eu até, é acho que esse poder de agenciamento que a gente está deixando de lado nas nossas redes, porque o termo diversidade devia estar linkado em toda a rede, talvez não precisa participar, quer dizer, talvez eu não tenha tempo de participar agora, mas ele tem que tá linkado em toda a rede porque é esse link que fez a blogosfera funcionar, essa forma de, quer dizer, de você começa a criar, ocupar os espaços informacionais, isso aí eu vejo que isso é muito possível, o Vilker tava falando ah eu acredito que toda essa formação em rede, essa sociedade em rede pode trazer mudança, eu acho que vai ter problema, tem 100 anos de advogado ganhando dinheiro, tal, mais vai chegar o momento em que a gente começa ganhar o jogo, a gente têm ganhado muito o jogo, pode perder alguns, tem os azeredos, mas isso não cola, porque o mesmo cara que hoje quer ser dono do conteúdo dele, a gente começa a ver que não é assim, a gente começa a usar o copyleft, aí qualquer outro tipo de licença. E uma coisa importante, quando a gente começa a trabalhar aí com internet, acho que todo mundo aí tem um blog tem alguma coisa, você vai ver crescer, você começa a ver crescer aquilo lá. Hoje a gente têm depois de 7 anos que eu tô nessa, a quantidade de conteúdo que a gente já criou, e tudo copyleft, é muito grande, daqui a 10 anos vai ser muito grande, a gente está tomando conta de uma outra mídia, youtube, por aí vai, podcasting, então quer dizer a gente está criando um conteúdo novo, eu não me preocupo muito com conteúdo antigo, que era tudo feito em copyright, não, tamo fazendo outra coisa, hoje você tem um monte de livro que estão livres na rede, tem um monte de coisa, e tem o tempo que a gente vai se adequando à isso aí, eu não vejo como essa revolução pode ser tolida, se a gente, eu não tô a fim de libertar o mickey, entendeu? Foda-se o mickey, deixa o mickey para lá, eu tô pensando em criar outras coisas, foda-se o mickey, porra.” Voz masculina - “O que o hernani tava falando aqui, eu acredito que a gente está ganhando algumas batalhas, mas nem todas, porque, eu queria falar um negócio aqui ainda voltando no habermas aqui que o sérgio falou e pegar a questão da segurança lá, eu não vou lembrar a frase toda porque eu não trouxe ela anotada, mas o que que ele fala? Ao passo que acredita que a tecnologia vai libertar o homem, essa tecnologia ela foi baseada em sistemas de controle, na verdade é a ciência da modernidade, o controle na natureza, o controle das coisas, então ao mesmo tempo que as novas tecnologias, que nestes aspectos não são diferentes da máquina a vapor, ao mesmo tempo que ela traz liberdade, ela liberta o homem em alguns aspectos, ela controla em outros. A questão de segurança lá, por exemplo, ah não vamo montar o nosso IRC, e tal, eu costumo falar pra alguns colegas meus que usam o internet banking, eu falo olha, segurança na internet é um negócio tão complicado que fica simples, simplesmente não existe. Então você vai chegar lá e vai fazer o seu IRC, vai fazer sua rede de emails, com assinatura digital, só vai poder entrar, aí chegar um cara que faz parte de sua rede, tem a assinatura dele lá, ilumina, cola em outro email e manda para uma outra lista que não faz parte daquela, sua segurança foi por água abaixo. E aí que eu volto naquele negócio que eu tava falando lá atrás, o preço que o google vai falar, é lógico que eu sei que o google já faz isso, de associar os seus anúncios com o email que você recebe. A questão é o seguinte, a gente têm que começar a pensar até onde vale a pena você utilizar destes serviços, porque hoje para a gente continuar ganhando essas batalhas que o hernani tava falando a gente muitas vezes têm que trabalhar no limite, o limite do que é legal e do que é ilegal. Por exemplo, eu quero assistir dvd no meu linux, ainda é ilegal, então, eu quero assistir dvd, então muitas vezes a gente têm que trabalhar no limite, para a gente estar trabalhando nesse limite a gente têm que ser anônimo, às vezes. Às vezes a gente tem que estar trabalhando com a questão do anonimato.” Voz masculina - “Muito rapidinho fazendo uma ligação, só quero fazer um parênteses antes, eu acho que a cultura digital é muito muito bacana, eu sou totalmente entusiasta e tal, eu não sou contra o cara que montou sua empresinha e não sei o quê e lucrar. O jogo é esse, o ponto é até onde lucrar, até onde ele lucrar vai cercear o que a gente tá construindo, essa é a disputa que eu acho que a gente às vezes deixa de lado e pensa pouco. Eu trabalhei muito tempo muito próximo de fórum social mundial, do conselho nacional, e o fórum é um evento que é ponto pacífico ali entre o pessoal que toca o negócio que não seria possível sem a internet como ferramenta de mobilização, ao mesmo tempo existe um cuidado absurdo em você saber aonde você está pisando na internet com esses grupos todos que estão trabalhando na mobilização do fórum, essa é uma das contas que acho que às vezes a gente pode ter que pagar, a gente não conseguir mais possibilitar grandes mobilizações como essa em nível global sem que alguém fique sabendo, e que é uma disputa. Eu lembro que uma vez eu tava conversando com um cara chamado norman solomon, ele é um grande crítico de mídia dos estados unidos, eu tava conversando por conta do trabalho no fórum, ele falou que é bacana a internet e todas essas ferramentas de comunicação de massa que você tem, que você alcança um monte de gente e tal, e ele fala o negócio é o seguinte a gente têm que passar pelas frestas, existem frestas, e a gente têm que passar por elas, a disputa é a gente saber até onde essas frestas estão abertas, até onde a gente pode aumentar essas frestas e até onde a gente não pode permitir que elas talvez, espero que não, acho quer é meio impossível, sejam fechadas de vez, essa é a disputa que eu acho que existe.” Voz masculina - “Eu queria colocar uma questão. Aqui é o minc, né? A dilma rouseff vem brigando com a marina cintrapara fazer as hidrelétricas no rio madeira, está uma briga sangrenta entre elas. E a mesma coisa eu digo aqui, eu pergunto para vocês: qual é a do gilberto gil? Eu particularmente não gosto da gestão dele, mas ele coloca a questão do software livre como uma questão de segurança nacional, tá dividido aquilo lá? Eu não gosto porque ele fica transferindo via lei rouanet, bancando turnê de maria betânia, de caetano veloso, de músico do maestrinho, dinheiro da cultura tem que ir para músico pequeno não para músico rico, entendeu? Ele deu 800 pau pro caetano veloso agora para ele faezr a turnêzinha dele, entendeu? Agora eu queria saber do minc aqui qual é a do gilberto gil? Se ele vê essa questão como uma questão de segurança, não sei quem pode responder por isso... Voz masculina - “O minc faltou aí... (risos) eu ontem... eu vou passar aí rapidamente pelo gilberto gil porque ele não está aqui para se defender, eu acho que não adianta muito numa boa (interrompe a fala: ué? Eu acho que ele pode estar ouvindo o streaming, espero que esteja..) o que eu acho é que a questão aí tem dois lados. Quando a gestão do gilberto gil, ele fez várias coisas legais nessa nossa área, nessa praia do digital, ele realmente está fazendo um trabalho interessante, você pode concordar, pode discordar mas pelo menos está trabalhando. Esse negócio da maria betânia, parará, parará, tudo bem, você sempre, todos eles sempre fazem isso com os amigos, só que os amigos do gilberto gil todo mundo conhece, então acho que é.... (interrompe a fala: claro que é, mas essa é uma discussão tão além que, é... mas.. minha mãe também, eu entendo... ) eu já acho para começo de discussão por aí que a lei rouanet está toda errada, mas eu queria na verdade eu vou voltar aí em um outro ponto para a gente chegar aí na cultura digital de novo... (é interrompido.)” Jeff - “Falaram para a gente trazer o gilberto gil para a próxima reunião, ver se isso é possível.” Vozes ao fundo. “Eu acho que ele topa...” Sérgio Amadeu - “Posso falar uma coisa? Eu fui do governo, saí do governo por conta de divergência, por causa do ritmo que eles queriam colocar e eu saí na boa, mas eu quero dizer um negócio: eu já vi vários governos e vi o ministro gilberto gil. Os intrumentos de financiamento que existem no ministério da cultura são instrumentos legais, arcaicos, precisam ser alterados, agora eu acho que ele fez bastante coisa no sentido de arejar aquilo. O ministério da cultura tem um orçamento ridículo, ridículo, não chega a isso não... eu não tenho aqui procuração para defender, eu estou defendendo porque eu quero, eu estou defendendo o seguinte: nós não estamos discutindo política em si porque senão eu conheço muita gente de esquerda que quando eu tive que ir no congresso nacional defender o código aberto, a liberdade do conhecimento, os caras foram do lado de lá, então eu não queria enumerar porque não é o debate assim, porque se for para debater política, as alternativas que têm hoje, as alternativas são difíceis para a gente, na minha opinião... (interrompe a fala: não, mas ele já bateu...) na questão do azeredo é porque é uma questão que coloca na minha opinião, conforme eu tentei argumentar, coloca em xeque a questão da liberdade e do anonimato de forma grave. Mas a questão é a seguinte: vários caras estão batendo, não um só e aí eu quero insistir esse projeto do azeredo não é do governo, não sei se foi você que tinha falado, que o governo... não é um projeto do governo, se fosse do governo ficava até mais clara a jogada, ficava até mais fácil bater, ainda bem que não é... ele deve ser testa de ferro de interesses que vários já falaram aqui, deve ter empresa de segurança lógica, empresa de marketing digital, empresa de certificados, sem dúvida, agora, e deve ter não vamos subestimar, uma mente obscura por trás. O que é uma mente obscura? É alguém... que não é dele, ele não escreveu esse projeto, é alguém que provavelmente quando foi de alguma empresa pública, não vou falar o nome... baixou a norma que podia olhar email de funcionário, sabe? Porque funcionário tem que ser controlado e tal. Então, eu tô querendo dizer assim, isso não vem ao caso, porque é a idéia que está em discussão, a idéia é obscura, é bastante nefasta, perversa, porque não? (interrompe a fala: não, o obscuro na esfera pública é ruim, não, não, não... o obscuro na esfera pública é ruim.)” Hernani Dimantas - “Eu queria concluir, quando eu comecei... eu coordeno o laboratório de inclusão digital da escola do futuro, isso eu entrei em 2005 entrei lá eu, kobashi e a drica, pô para mim era muito complicado estar dentro do governo né? E aí, porra... um dia eu tava numa reunião com o kobashi e ele chegou pô mas será que o governo vai querer fazer as coisas? E eu falei: meu, mas nós somos o governo, nós estamos fazendo. E a verdade é a seguinte: o cara é cultura digital, o felipe é cultura digital o outro é não sei o quê, isso aqui estamos em um lugar do cultura digital, o cultura digital abriu um monte de porta, para um monte de coisa, ok, não gosto de cláudio prado, briguei com cláudio prado, acho um picareta, mas ele faz várias coisas, empata foda e tal, mas eu acho que é um projeto legal, que abriu espaço para este tipo de debate entendeu? Abriu estúdio livre, abriu o próprio cultura digital, o site, o conversê, quer dizer, o objetivo é esse, o objetivo é o contato, mas porra a gente que têm que fazer, eu estou fazendo um monte de coisa que eu acho importante no governo do estado. Tá dando certo? Pô eu acho que está dando. A gente tem uma puta escala... (é interrompido). Sérgio Amadeu - “Eu vou fazer uma pergunta você me permite? Rápido, pô, desculpa posso? É como eu chegar assim: ei dimantas porque você está tirando a autonomia da usp, você é do governo, governo do estado aí você fala você não devia estar então no governo, você está tirando a autonomia das universidades, você está tirando a autonomia das universidades, e isso é grave, mas eu não vou cobrar do dimantas porque não tem nada a ver ele trabalha com cultura digital..” Hernani Dimantas - “Eu trabalho com inclusão digital... tô fazendo esse trabalho...” Telefone ao fundo. FF - “Inclusão digital é fixação de proctologista. Pô que telefone discreto hein Jeff? Então velho, querer que governo seja coerente, assim... ainda mais no brasil ééé... ou ser bastante otimista ou é ilusão saca? O estado acho que é uma coisa um pouco mais complexa, mas isso sei lá enfim, tá desviando da questão mas na prática querer que o governo seja coerente acho difícil. Assim, a gente querer que o gil termine com a lei rouanet e crie mecanismos mais interessantes, que o gil acabe com aquela putaria do ecad, que ele dê força para apoiar a omb eu tô falando enfim de músicos é do caralho, mas um ministro sem orçamento e sem tanta representatividade além de sua própria esfera não consegue mexer em muita coisa ao mesmo tempo. O que aconteceu no ministério da cultura, em relação à cultura digital que é o que eu posso falar, especificamente dentro dos pontos de cultura que é aonde é o espaço que eu participei bastante porque, assim, aconteceram coisas relacionadas com o cultura digital com outras secretarias que não foram para o caminho de cultura digital, livre, produção colaborativa e coisas assim, mas especificamente no projeto pontos de cultura teve sim um grande apoio à produção multimídia totalmente baseada em software livre que foi a maior implementação de software livre no mundo, foram 100 kits multimídia contados mais um monte espontâneos que não existe até hoje um projeto tão grande que use exclusivamente software livre, e e aí o software livre dentro da cultura digital foi usado como um elemento técnico, como um elemento econômico e como elemento político, como parte de um discurso que trata tanto produção de software, como produção cultural quanto à produção cultural que deve ser algo feito colaborativamente com base em licenças livres, em um monte de princípios que vêm na esteira de movimento hacker, movimento do software livre e coisas assim. É claro que tem limites, é claro que a gente não consegue fazer tudo que é possível, é claro que a gente têm que adotar etapas, ah legal vamos falar de licença livre a gente tem que adotar o creative commons que é um modelo bastante limitado, a gente vai começar a criticar creative commons que é um modelo que parte de um monte de pressupostos que são norte-americanos e tal mas é sempre um começo. E governo é assim... o governo é incoerente, é esquizofrênico, e a gente nunca vai fazer o governo ter uma posição clara específica e homogênea em toda a sua amplitude, a gente consegue fazer algumas coisas em alguns lugares e com base nisso influenciar as próximas decisões que serão tomadas e isso passa por critérios que vão muito até ao contrário do que a gente quer saca? Às vezes, assim, ah se percebeu que politicamente cultura digital ou software livre em determinados lugares funciona como elemento eleitoral até, e aí isso vai ser adotado pelo governo. Isso é uma coisa que vai totalmente longe da minha motivação pessoal, vai totalmente longe da motivação inicial das pessoas que começaram a cultura digital dentro dos pontos de cultura mas acaba sendo apropriado dessa forma, isso vai acontecer mais cedo ou mais tarde e isso vai colaborar para ter software livre em mais e mais lugares mesmo que a gente discorde dos motivos as coisas vão acontecer, mas eu quero voltar, assim, já que estamos falando de uma ação que se denomina cultura digital mas que na verdade é só uma ação eu queria voltar um pouco... e tem na verdade dois assuntos que eu gostaria de falar, eu posso dar uma pausa para fazer de conta que eu não que falo tanto ou eu posso falar tudo de uma vez só. É legal o teu comentário sobre segurança na internet, que ela não existe, me fez lembrar de duas história que ouvi de um indiano no ano passado que eu não vou lembrar o nome dele porque nome de indiano é terrível de lembrar e mesmo quando a gente lembra não sabe se é de homem ou de mulher, uma vez eu tava indo para a índia e ia me esperar no aeroporto uma pessoa chamada namita e eu não sabia se era homem ou mulher, complicado... mas enfim, o cara me contou duas histórias. A primeira me fez lembrar essa tua história porque em bangalore aquela cidade que está se desenvolvendo um monte com empresa norte-americana terceirizando serviço, ah em bangalore a gente não tem problema de trânsito, e eu olhei pro cara, bangalore é uma cidade mais pro sul centro-sul da índia e falei: pô cara eu tive em bangalore a gente demorou três horas do aeroporto pro hotel porque o cara foi pelo acostamento saca? Não, não a gente não tem problema de trânsito porque os carros não andam, porque trânsito é quando os carros andam de um lugar para o outro. Então, tem essa história de segunrança na internet, assim, não existe problema de segurança na internet, porque ela não existe. Aí foi legal porque eu lembrei de uma outra história que ele contou que é de uma bolsa de pesquisa que ele foi encarregado há dois anos atrás de pesquisar os desenvolvedores de software livre na índia e tal, e ele estabeleceu alguns critérios e queria encontrar pessoas que regularmente colaboravam com projetos abertos de abrangência mundial e que tinham isso como fator de identidade, pessoas que eram efetivamente colaboradores de software livre, pessoas que se identificam como desenvolvedores de software livre e ele ficou bastante surpreso com a quantidade de desenvolvedores que ele achou na índia, porque a índia tem toda aquela história de milhares de desenvolvedores, de universidades técnicas, de terceirizar serviços coisas assim, e ele pesquisou em toda a índia durante um ano e ele encontrou sete pessoas, sete desenvolvedores de software livre, e ele foi atrás de tentar descobrir o porquê disso, e aí foi legal nesse evento que eu tava que ele fez um contraponto entre a índia que tem toda aquela massa de desenvolvedores e a alemanha que proporcionalmente é o país que mais desenvolve software livre. E ele falou assim: o primeiro motivo é que na alemanha a vida estudantil é bem maior, então o cara passa vinte anos na universidade sem precisar trabalhar, segundo na índia o cara que trabalha com desenvolvimento de software para uma empresa americana a última coisa que ele vai querer fazer quandio chegar em casa é abrir um computador porque ele passa 14 horas na frente de um computador prestando serviço para alguma empresa, e aí é o seguinte, não existe a tal da liberdade que vai possibilitar a criatividade, que vai possibilitar o cara fazer como amador, porque ama, seguindo aquela linha etmologica do amadorismo, então, porque não tem essa liberdade criativa, essa liberdade que deriva do cara fazer software porque quer, e não fazer se não quiser, não existe tanto desenolvedor de software livre na índia. E aí eu me pergunto, puxando para o assunto de diversidade, ligada à cultura digital, como é que a gente pensa em desenvolver diversidade se a diversidade precisa de um tempo, se eu estou falando assim de adotar, se apropriar de alguma nova tecnologia, por exemplo me apropriar de produção de vídeo, a primeira coisa que eu vou fazer, a gente acaba vendo isso, a primeira coisa que eu vou fazer é uma imitação da globo. Por mais que tenha gente insistindo comigo prá eu não fazer isso, me dando referências, a primeira referência que trago comigo é a referência de repertório e a minha primeira referência vai ser padrão globo, você tentar imitar uma novela, você tentar imitar um jornal, você tentar imitar o que já existe. Então como a gente pensa em dar esse passo além? Essa apropriação de novas tecnologias, proporcionar efetivamente a diversidade e não só o uso que se pretende (intrerrompe a fala: pô jeff dois celulares tocando velho?)... de como que a gente pensa em viabilizar a diversidade digital sendo que ela precisa de um tempo de maturação, de um tempo de apropriação e a partir daí levar a criatividade, e a adpatação realmente local dessa tecnologia. Ponto. Parágrafo. Vamos para outro assunto, antes que me roubem o microfone porque eu falo prá caralho. Cultura digital é uma coisa que me incomoda, por mais que eu trabalhe há um bom tempo, estou trabalhando até o fim de junho em um projeto chamado cultura digital e talvez continue depois, não sei, se ainda existir o projeto mas cultura digital é uma coisa que me incomoda principalmente porque o conceito de digital é uma coisa que eu não tenho muita certeza do que significa. Tem um livrinho pequeno assim que é muito legal se chama cérebros e computadores de um cara chamado robson pereira tenório, um livrinho verde bem legal e ele fala de tecnologias educacionais e tal e alguns modelos interessantes e ele fala que na verdade quando falamos de usar computadores, e do uso que se faz tradicionalmente de computador, muito pouco do fenômeno cognitivo ali é efetivamente lógica digital, é efetivamente pensar digitalmente. Porque o pensar digitalmente, se eu for pensar assim, o digital é um sistema de zeros e uns, e o analógico é o que traça metáforas ou traça analogias. Então se eu estou usando um computador e ele tem uma placa de som e aqueles bits são convertidos em áudio e isso é enfim vibração sonora e isso chega nos meus ouvidos, isso é uma relação analógica não é uma relação digital. Se eu estou mexendo o mouse e existe um cursor que se move na tela isso é uma relação analógica não é digital. Usar tecnologia digitalmente seria eu ver aquelas telas do matrix e entender o que está se passando naquela cena, do outro lado ou dentro da matrix. Então pessoalmente, muito, a grande parte do uso que eu faço de computador é analógico, o fenômeno ali, o que está acontecendo é uma relação de conhecimento analógico e não digital. O digital é o que está por trás, é o meio, por onde a informação transita, mas no meu ato de criação, no meu ato de pensamento, de aprendizado o digital não interfere tanto. Ele seria... ele é interativo, ele é sincrônico, ele é assincrono, então ele tem outras características que são importantes mas não o digital o digital é só um detalhe e neste sentido eu acho bastante compliacdo a gente falar oh, produção colaborativa, pessoas produzindo juntas, auto-gestão, ausência da figura central de um moderador, a gente falar que tem vários emissores e receptores simultâneos, identificar tudo isso como digital é esvaziar totalmente de conteúdo porque eu posso falar que cultura digital é um diretor de vanco autorizando uma transferência internacional de dinheiro por um sistema computadorizado, eu posso dizer que vou estar em uma urna digital é cultura digital, que eu sacar dinheiro no banco que tem um caixa eletrônico é cultura digital, então cultura digital é uma coisa tão ampla que acaba ficando vazia de conteúdo, falar no celular é uma coisa digital também, então assim eu acho que às vezes a gente tem que pensar melhor como a pode aprofundar um pouco a maneira como a gente chama as coisas. Então se a gente falar em cultura livre, cultura colaborativa, cultura digital colaborativa livre e autônoma, a gente tem que pensar em outros termos que reflitam um pouco mais o que a gente quer dizer com isso. Cultura digital é uma coisa que ah, vocês trabalham com computador não é? Não... não é isso, é difícil de explicar, mas cultura digital também não explica exatamente o que a gente faz.” Voz masculina - “Eu tenho um assunto depois para voltar lá atrás para um assunto que o sérgio falou mas especificamente sobre essa segunda questão eu vejo aí uma incoerência básica que todos cometem que é a seguinte, quando você coloca a questão estado contra o governo, é uma questão semântica então meu desencana não é essa questão. Quando você fala de cultura digital nesses termos eu vejo é um problema semântico e tão pouco tem alguma valia. Claro, cultura digital quando nós todos estamos falando aqui é exatamente isso que você descreveu e não aquilo que você disse que não é então se partimos desse consenso, eu vejo que essa questão ela já não existe. (interrompe a fala: pois é... claro, exatamente) justamente cabe a nós esclarecer porque de uma forma ou de outra eu espero um dia que o josé sarney defenda a cultura digital, que entenda a cultura digital como ela realmente é como ela foi postulada.” Vozes ao fundo. “Quem está online tem prioridade...” Jeff - “A drica falou que o ff é um mentiroso, que os pontos de cultura não é o maior projeto de governo com software livre (interrompe a fala: mas foi o que a drica falou aqui só prá causar...rsrsrs...) a secretaria municipal de bh tem 4700 computadores com linux na rede e a karina participando aqui, calma cadê o que a karina falou... jeff fala para a galera lembrar de falar quem é que está falando, porque sabe que a galera... minha voz é a mais estranha (interrompe a fala: é tudo anônimo) é tudo anômimo você ouviu aí.” Voz masculina - “Eu queria falar da questão semântica entre governo e estado, não é uma questão semântica porque quando você, para qualquer um que já trabalhou na burocracia estatal está ligado que o governo e o estado são coisas completamente diferentes, que a máquina ela anda sozinha cara, e você empurra para um lado ou puxa para um outro mas ela tem assim um ritmo que é da máquina estatal e mesmo teórico, o estado é a mesma coisa que falar que você tem, um caso claro é uma política de governo internacional e você tem a política de estado do brasil. Outra coisa que eu queria falar sobre cultura digital que também acho que não é uma questão semântica hoje o que é feito, por exemplo, dentro dos pontos de cultura eu acho que poderia ser mais tratado como cultura livre do que como cultura digital, você usa os meios digitais para armazenar e para distribuir mas o que está sendo produzido não necessariamente é digital. Quande parte da produção cultural pode ser convertido para o digital e acho que quando você utiliza o termo cultura livre você vai além dessa questão da produção multimídia e pode virar aí o grupo de teatro que produz de forma colaborativa e que nunca vem a produzir nada digital.” FF - “Agora uma pergunta: um discurso do hitler em mp3 é cultura digital?” Voz masculina - “Eu concordo plenamente com o que você fala, plenamente. Não necessariamente o que se faz em um ponto de cultura digital é cultura digital, de forma nenhuma, não necessariamente, agora por outro lado eu quero questionar aqui a cultura digital é necessariamente cultura livre?” Vozes ao fundo. Voz masculina - “Qual cultura é exclusivamente digital? Nenhuma, aí você vai pro que ele tinha levantado a cultura digital não existe cara, o que teve foi que você converteu algumas manifestações culturais para os meios digitais.” Voz masculina - “A nossa intenção é produzir a cultura livre.” 1:51