Encontrão Intergalático de Metareciclagem - Mitoreciclagem XX de janeiro de 2009 (arquivo: repo_6654_mitoreciclagem.mp3) FF - “Tem quórum, a gente vai fazendo, vai chegando... o pessoal tá vindo aí de ônibus. Tinha horário marcado, às 8 horas, mas a galera se perdeu na santa ifigênia, pararam prá comprar cerveja e aí... passaram o dia inteiro lá, os caras tão lá desde o meio-dia mas estão vindo, tão vindo... Acho legal que tem aí o primo da Vitória tem o tio da Wanderlynne então é legal pro papo de Mitoreciclagem... e viu passar pro Duende... começa aí...” Daniel Duende - “Opa! é... tá gravando já? Bacana...é bom acho que todo mundo aqui já me conhece. Eu sou o Duende, e bom, sobretudo eu trabalho com narrativas. Eu sou escritor de conto de fadas... quase uma... bem-vinda a aberração no meio do Metarec, porque... O que sei fazer é ouvir história, porque contar história mais ou menos.. e bom, desde o princípio a gente está propondo fazer uma oficina sobre a idéia das narrativas míticas em nossa vida, e como isso se conecta com o trabalho do metareciclagem. Já na reunião do meta que a gente teve terça-feira..terça? Sim... surgiu essa discussão sobre o que era o metareciclagem, o que era o metareciclagem prá cada um e isso tem um pouco a ver... Mas eu quero começar falando de como eu penso essa coisa do mito prá depois a gente entrar numa conversa de como isso é na metareciclagem, que você podem falar tão bem quanto eu. Bom... a idéia é a seguinte: eu vejo o mito, por mito... eu entendo como uma narrativa, mas não qualquer tipo de narrativa. É uma narrativa poderosa, uma narrativa que contém em seu seio um elemento que traz o nosso sentido de mundo e o nosso sentido de nós mesmos, né? Como é uma narrativa dessas? Ééé... desde criança a gente escuta histórias sobre.. ah, fulano fez isso ou fez aquilo, e aí aconteceu isso ou aquilo. Essas histórias não são meramente histórias que entram por um ouvido e saem pelo outro... isso são histórias de como definem um pouco a nossa percepção de como o mundo funciona. E é importante frisar que isso é uma coisa que acontece principalmente quando a gente é bem pequeno, assim... as primeiras histórias que a gente ouve, as primeiras histórias que a gente vê, vão definindo a maneira de como a gente enxerga as coisas, mas isso permanece ao longo de toda a vida. Mas não são somente as histórias que a gente ouve e as histórias que a gente vê, eu creio que... ao longo da vida, a cada momento da vida, vocês (não?) vão estar exatamente enxergando aquilo que seus sentidos estão apreendendo, você vai estar enxergando aquilo que você está contando prá você a respeito do que os sentidos estão apreendendo. Não quero enveredar muito em complexificações essa idéia não mas... ah.. então a idéia é que tudo, no fim das contas, toda interação, seja nós com nós mesmos, nós com os outros, ou nós com o mundo em geral, é composta de narrativas. E... eu tava conversando anteontem com o Orlando e com o pessoal, e veio a frase assim... de que quando eu estou conversando com você, eu estou contando prá você o que eu quero dizer, eu estou narrando prá você o que quero dizer, e poder estar narrando para si mesmo que você está ouvindo do que falei. E ao mesmo tempo, você está por gestos, ou algumas respostas que você dê, narrando prá mim o seu feedback, e eu tô contando prá mim o que ouvi do seu feedback, e ao mesmo tempo nós estamos coletivamente narrando para quem está a volta o que é a nossa conversa. E quem estava ali, e depois sair para outro lugar, vai também estar narrando... é toda uma rede de narrativas. E eu escolhi chamar isso de narrativas, você pode dar outro nome... mas isso faz sentido com o propósito que quero dar... então vamo lá: o que que é então essa coisa do mito... como é que essa coisa se processa? A partir das narrativas que nos apreendemos, a partir das narrativas que nós fazemos para nós mesmos, que nós difundimos, nós vamos definindo uma maneira de como a gente percebe o mundo. E essas narrativas elas são a base da nossa ação, a base do nosso sentimento, a base das nossas relações.. ééé... é a partir de narrativas que as pessoas compram objetos, deixam a ferramenta básica, até um computador, e crêem que aquilo é uma coisa feita por uma instância superior, por um tipo moderno de divindade que é a empresa e que não pode ser aberto, não pode ser manuseado exceto da maneira como é permitido pelo elemento tabu do manual. E a relação que a gente têm com a tecnologia, de uma forma muito imbricada é claro, porque é muito mais complexo que isso, vai ser estabelecida em como isso é passado, das narrativas de como se usa isso, seja pela televisão, pelo rádio, pelo manual de instruções, pela vizinha que diz: oh menino não mexe nesse negócio desse jeito que vai quebrar! E tudo isso estabelece a nossa relação com a tecnologia. Da mesma forma é estabelecida a nossa relação com o governo, é estabelecida a nossa relação com as empresas, as empresas detentoras de um grande poder, e nós em poder nenhum. Isso se conecta muito com o que agente tava discutindo antes, de como a lei azeredo uma forma de trazer de volta pro estado um monopólio de um poder que começou a se difundir né? E tudo isso, ao meu ver, meu olhar, são dimensões do mito. Ééé... da mesma forma que acontecia em outras sociedades, antigas ou modernas, e que as narrativas estabeleciam como as pessoas se relacionavam , isso existe na nossa sociedade também. A minha tendência é falar, falar, falar, falar e cada vez entrando mais a fundo nesse ponto.. então daqui a pouco eu vou me cortar e dar a guinada para o mito na metareciclagem, mas só quero terminar com a idéia de que por serem narrativas, e por nós não sermos receptores passivos dessas narrativas, nós somos produtores da narrativas a cada momento de nossas vidas, afinal a gente está narrando a nossa vida prá gente mesmo o tempo todo, e narrando pros outros a nossa percepção, é claro que dentro de padrões que são estabelecidos por narrativas que ocorrem à nossa volta, mas nós somos agentes dessa construção narrativa, dinâmica e coletiva que é o existir né? E isso nós coloca como entidades empoderadas de contruir narrativas diferentes de modificar as narrativas que estão acontecendo, de modificar a maneira que o nosso mundo é prá gente, e modificar a maneira que o nosso mundo é pro outro, e assim... já me disseram que isso soa como um discurso de auto-ajuda.. mas a coisa é muito mais radical e é muito mais simples. É claro que não é simplesmente pensar ou ver uma coisa de uma maneira diferente que a coisa vai mudar a maneira de como o mundo funciona, mas é a partir dessa mudança da maneira de como você percebe, da maneira de como você conta para si mesmo o que as coisas são, da maneira como você significa aquilo que você está vivendo, que você pode começar a modificar a sua relação, e aí sim, modificar o mundo que te cerca. E aí nos chegamos aonde isso se conecta ao metareciclagem. Embora eu imagine que prá uma maioria, senão prá todos, isso já seja completamente óbvio. Ao meu ver o metareciclagem, que não é uma organização, não é nada mais do que um movimento, e um movimento conjunto, de todos nós, todos nós se movendo de alguma forma cada um puxando pro seu lado, isso é o metareciclagem. E é por isso que não dá prá gente definir o que é o metareciclagem, em conceituação fechada, porque todo mundo vai trazer a sua experiência, as suas narrativas pessoais, quer dizer, a sua narrativa de mitos pessoais, do que foi o metareciclagem em sua vida e exatamente isso é que faz o metareciclagem tão forte, porque cada um de nós traz aquilo que é vital para si para o metareciclagem, prá um encontro como esse, e prá sua ação metarecicleira, seja lá o que a gente estiver chamando de ação metarecicleira. Reciclar a tecnologia, seja do nível tecnológico que for, é uma ação metarecicleira. Conversar, aqui, é uma ação metarecicleira, se encontrar e tomar uma cerveja, é uma ação metarecicleira, porque não saca? Tudo isso é uma ação metarecicleira, pelo simples motivo de que nós somos todos membros desse movimento que é metareciclar, que nos modifica da mesma maneira com que modificamos ele. Isso é uma dimensão profundamente mítica, é uma narrativa profundamente mítica e coletiva. Quando você lê a lista, quando você faz todo o histórico da lista, nós estamos juntos contando uma história. Uma história do que a gente estava fazendo, uma história do que a gente pretendia fazer, uma história do que a gente sentia, do que aconteceu a partir do que a gente fez, e de como fazer. Porque... manual de instrução, que pode ser aquela aquela narrativa que te cerceia, pode ser o how-to que te liberta. Saca? E você pode estar contando, de uma forma mais ou menos estruturada, dependendo de quem escreveu o manual de instrução, e com quê intuito, você pode estar ensinando uma bruxaria prá alguém, saca? Mexer em um instrumento tecnológico é uma bruxaria, assim como é agradar os deuses da chuva prá que chova. Eu acho que existem semelhanças muito diretas entre essas duas coisas... e... dessa forma eu acredito que lançar esse olhar de narrativas, esse olhar mítico sobre a ação metarecicleira não é nenhum re-inventar a roda, eu não acho que isso vai ser uma modificação radical na vida de ninguém mas eu acho que isso nos permite lançar uma luz diferente sobre o que a gente está fazendo aqui, e porque não lançar um pouco de encanto? Porque eu acho que o encanto é fundamental. E o encanto prá mim é o que acontece quando a gente entra em contato com aquilo que não só tem uma dimensão de novo prá gente mas que também tornado novo por um olhar diferenciado sobre o que a gente está fazenso, sobre o que a gente tá segurando, sobre o que a gente está mexendo ali. É esse re-significação, é essa constante mudança, esta metareciclagem da nossa relação com os objetos e com os sujeitos, é o que é prá mim o cerne da atividade metarecicleira. Acho que aqui eu vou me repetir, começar a falar em círculos, então eu queria ouvir o que vocês têm a dizer sobre o que eu estou falando... certo?” FF - “Eu queria pegar a história que você falou velho... ó... duas coisas... uma é de práticas cotidianas e coisa e tal, e a outra é a própria história do conto de fadas... Na real eu queria colocar uma outra história que é a seguinte: tentando encaixar a história do mito como gerador de imaginário e tal. Se for analisar a influência da ficção científica sobre a ciência, sobre o desenvolvimento de produtos, vai... sobre a ciência não mas sobre a indústria, produtos como o celular, pegar na ficção científica a história de vídeos-chamadas, aparelhos e coisa e tal... E pegar antes disso o imaginário da magia na história da ficção científica, tem uma puta linhagem maluca aí de explorar. E se a gente pegar essa história que a gente têm, e cada vez mais, prá mim, o que tem em comum entre as pessoas dentro da metareciclagem não é mais tanto a história de computador mas da metáfora da chave de fenda saca? Da história de abrir as coisas e conhecê-las por dentro, estudar as mentalidades e propor re-combinações... ééé... acho que tem uma caminho maluco da gente abrir esses mitos, começar a usar essas imagens tipo.. vai... Prometeu, Hermes Trimegisto (?).. são imagens, arquétipos de pessoas ou de deuses, coisas assim, que têm essa imagem da chave de fenda, de outras formas puxar conhecimento e coisa e tal. E acho que se a gente começar a usar isso, até como ferramenta de proliferação, ferramenta de educação, ferramente de rede, eu acho uma coisa interessante. Tem uma história que... Até aí é uma coisa bastante específica... pensando em projetos educacionais ligados à tecnologia tem um pessoal aqui do SENAC que São Paulo que eu conheci a coordenadora do curso de ducação à distência deles pela internet e eu sou bastante cético com essa coisa de aula online, moodle (ferramenta de ensino à distância) e essas coisas assim... só que ela trouxe uma coisa interessante que é assim, ela trabalha bastante com influência de RPG (role playing game) nos cursos dela e aí ela cria personagens e as pessoas têm que se relacionar com esses personagens. É um curso online mas têm personagens ali que são criações coletivas, saca? Essa é uma coisa interessante da gente pensar até, de trazer pro dia-a-dia. A gente tem que sair dessa coisa de oficininha, aulinha e coisa assim, e ir um pouco mais na história do imaginário, um pouco mais na história de criação de vida, não só como criação de usos prá tecnologias, mas na criação de vida, criação de mundos e coisa e tal...” Daniel Duende - “Olha, como eu falei... ainda bem que o FF tá aqui, porque ela capta o que estou falando e re-transforma isso assim de um jeito fantástico... (interrompe a fala: tô calmo... Alô, alô, alô? Pronto!) Bom, me ocorreu agora enquanto o felipe falava... duas coisas, que eu vou falar na ordem inversa do que elas me ocorreram por motivos didáticos.. Primeiro, ééé... os mitos, prá mim pelo menos, essa dimensão mítica é um fato, um fato consumado. Acho que nós existimos, nós pensamos, nós nos relacionamos a partir de mitos e mediados por esses mitos, e nós estamos todo o tempo produzindo narrativas míticas com o nosso existir, com o nosso fazer. E aí que se propõe aqui como bons metarecicleiros que somos é abrir o código desses mitos, porque isso está acontecendo.. é abrir o código desse mito e falar isso está acontecendo, você é agente disso, você pode perceber o que está acontecendo e meter a sua chave de fenda espiritual, mental nesse processo e re-inventar, e reciclar as relações. A segunda coisa que me ocorreu é que John Reel Ruben(?) Tolken, o famoso Tolken do Senhor dos Anéis, bom... ele escreveu um bocado de teoria literária sobre conto de fadas. Tem até um livro que eu emprestei pro Orlando, se ele tiver conseguido tirar uma cópia a gente pode até passar a cópia prá vocês também.. e ele desenvolveu uma idéia, o felipe até conhece porque ele leu no meu blog... que é a idéia da sub-criação. A sub-criação é o seguinte... ééé... na nossa percepção, daquilo que o Tolken chama de mundo primário, esse mundo que a gente está vivendo, nós percebemos o ambiente à nossa volta como elementos que sob um certo olhar podem parecer estar todos ligados uns aos outros intrinsecamente, mas que nós podemos, com a nossa imaginação, dissociá-los. Então por exemplo a gente olha para a planta e fala planta verde, a gente vê a planta e parece indissociável da cor dela que é verde, mas não é, porque a gente pode fazer um exercício de imaginação e pensar na planta vermelha, na planta azul né? E a planta azul pode não existir, mas a partir do momento que você consegue imaginar a planta azul e consegue narrar essa planta para um outro você cria uma realidade secundária, que é o termo que Tolken usa, que é dimensão em que existe o conto de fadas... ééé.. ele diz que essa sub-criação que está por baixo de toda criação, de toda a imaginação, de toda a invenção. Então você pegar elementos do que você está contando, narrando para si mesmo, aquilo que você está vendo no seu mundo e recombiná-los de alguma forma... opa! Parece uma reciclagem! Parece uma re-mistura. Mas você combina esses elementos. E a partir dessa recombinação você pode criar coisas no mundo primário, ou mesmo coisas que existem só nesse mundo secundário mas que serão fundamentais nesse ambiente mental de criação para outras coisas, no mundo secundário ou no mundo primário. Então a imaginação é um elemento fundamental do processo mítico né? São os dois pontos que eu gostaria de colocar. Deixa eu passar o microfone antes que eu fale demais...” Voz Masculina - “Então você estava falando de sub-criação.. mas eu queria até voltar um pouco para falar dessa questão das narrativas míticas... Você falou da idéia da gente tentar quebrar o código.. rsrsrs... vamos dizer assim... Porque o mito foi uma coisa que eu tentei particularmente por um tempo, fiquei lendo muito a respeito, coisas do gênero... Então para mim a idéia de narrativas está claríssima, concordo com o que você fala, eu acho que é isso que a gente pode colocar como ponto pacífico. E o mito para mim já é uma questão que realmente corre o risco de ser... ééé... a gente precisa mexer no código, acho que tem coisa lá prá limpar talvez, essa é a idéia. O mito é uma coisa que a gente acaba carregando, tem o poder do mito que se lê ou se fala muito dos grandes mitos que a gente né... o mito do herói, o caminho do herói... e tem uma coisa intrínseca aí que talvez a gente não perceba, que está muito associada à essa questão do vencer, essa questão do vencedor, de você... que o seu caminho é uma busca por vencer... O mito é tem essa questão né? De que o cara foi o cara que venceu. Então, (interrompe a fala: ah? sim.. é onde eu queria chegar...) a diferença que eu vejo como continuidade dessa lógica do mito, e aí a questão de citar, eu li isso através de David Ugarte, um cara que fala sobre o poder das redes. E tinha num capítulo lá que tinha menos a ver com o poder das redes mas que foi o que mais me interessou, porque falou sobre as diferenças entre épica e lírica, a lógica que você tem então... a épica tem muito esse sentido, esse raciocínio de você... então os grandes épicos... Ben Hur, aqueles grandes heróis que então, tá lá prá falar prá você falar, nossa como o cara é fodão, quero me inspirar, quero ser assim. Enquanto que a lírica tem um outro raciocínio, outra construção de narrativa, onde o herói não necessariamente é o vencedor, não necessariamente é onipotente. E ele cita a idéia de Orfeu, que inclusive como um exemplo, como um humano, um cara que cai no inferno, vai atrás de... (interrompe a fala: ah?) sim, o que estou dizendo é que foge à idéia épica do grande vencedor... é neste sentido então, a lírica... isso foi uma coisa que enfim... você leu também isso aí né? Então foi isso o que pra mim parou assim, porra né... isso faz muito sentido, muito mais sentido do que a idéia do poder de redes, as discussões sobre redes distribuídas que é interessante, mas acho que isso é o que deu a curva para o lado. Então é só esse elemento que eu queria colocar de que quando a gente fala de mito eu fico um pouco preocupado, que não remeta à um herói necessariamente, mas tem uma vírgula, eu falo pô, eu gostei dessa idéia de imaginar que parte desse jogo de transformação que a gente quer, nós, todo mundo, é um pouco também sair desse jogo do paradigma da idéia de vencedor, sem querer citar los hermanos... rsrsrs.. mas é um pouco talvez a idéia, enfim... que tem um caminho que é muito mais humano, e que isso é a vitória, o retorno ao humano, e não a idéia de heróis, de caras que se distanciam de nós mesmos como exemplo. Era um pouco a questão que eu queria jogar aí...” Lelex - “Aqui vai dar dar microfonia... bem perto tá... Uma coisa assim maluca né porque eu gosto muito de remeter o passado para poder entender o presente e poder perceber o futuro. E falando dessa história de mito quando eu cheguei aqui o Duende estava falando, citando contos de fadas e então assim... Primeiro, a gente está passando de uma era industrial prá uma era tecnológica. Se a gente foi pegar o mito da era industrial é o Prometeu Acorrentado, é a era do sacrifício, a era do trabalho, daquela coisa de que tu tem que trabalhar, tu tem que sofrer prá ganhar não sei o quê. A gente entra numa nova era e essa nova era é identificada com o mito de Hermes, o deus da informação, da velocidade, um mentiroso... e aí tu pega a internet... como tem mentira na internet.... como tem velocidade da informação, quer dizer, as asinhas nos pés né? Aquela coisa fantástica, assim... então tu trabalha ao mesmo tempo a questão do Hermes e do Prometeu porque tu tá ficando escravo, tu tá ficando escravo dessas novas tecnologias... Aí pegando a questão dos contos de fadas né? Vocês já pararam prá perceber o que é a história do lobo mau e da chapeuzinho vermelho? Ele é um estuprador de crianças. O que que é a cinderela, a bela adormecida? Aquela mulher que dorme até que seu príncipe encantado venha e desperte-a para a vida, a cinderela é aquela mulher que vai ascender socialmente através do casamento, sabe? Então se você começa a perceber o que é que tu está incutindo na cabeça das crianças... daí eu pego até o felipe fonseca que eu conheci quando criança, e ele fica até brabo comigo, mas ele foi gerado e criado num ambiente colaborativo, num ambiente comunitário... entende? Então assim eu começo a perceber assim, meus filhos... eu vejo assim o glerm fazendo oficina em lençóis com uma criançada, etienne trabalhando a internet com a criançada, relacionando a amazônia, o rio, essa nova.. então assim, rompe com essa idéia de vencedor, rompe com a mitificação, porque o mito ele é necessário. Então tu pega essa questão do direito, como trabalha com mitos, com rituais, entende? Com coisas, com entidades como o felipe diz, que estão além do bem e do mal, tudo isso é mitificação, que são trabalhadas através do mito.” Daniel Duende - “É, então... eu creio que seria interessante talvez a gente fazer uma distinção entre a mitificação e a mistificação. A mitificação, o processo mítico, eu acho que ele acontece naturalmente, e quando ele começa a ser monopolizado por alguns grupos surge a mistificação né? Colocação por trás das brumas e tal, do inalcancável, da dimensão mítica como não podendo ser alcançada.. Vou fazer algumas pontuações, assim, o lobo mau ele é um estuprador mas ele é também um lobo, a gente tem que ir lá e voltar, a gente não pode simplesmente traduzir um mito ou uma história de fadas para a nossa realidade e depois falar que ela é aquilo porque senão ela deixou de ser história de fada e ela virou (interrompe a fala: exato, pode ser também.. porque não? chapeuzinho amarelo... pois é) porque é certo que Prometeu é um mito da idade moderna, da idade industrial, mas Prometeu é também um semi-deus acorrentado na pedra e porque não? Se a gente de repente transforma Prometeu só numa representação do homem moderno, a gente perde Prometeu, a gente vira refém, a gente só vai ver o homem moderno, a gente não vai ver mais o homem que roubou, o homem-deus que roubou o fogo dos deuses e foi acorrentado. Isso é um ponto interessante, mas acho que você também colocou um ponto fundamental, do mito épico, do mito lírico, da narrativa épica, da narrativa lírica e assim que, de repente falar de mito sem falar disso parece ser uma incompletitude, concordo que pode ser. Mas eu queria enfatizar que do jeito que existiam os mitos formatórios, os mitos cosmológicos, os mitos que falam dos elementos naturais, os mitos morais dentro de outras sociedades, eles também existem dentro da nossa. E outras categorias de mitos também que a gente pode definir. E são esses, nós, na falta de dragões, nós temos as coporações, sabe? Na falta do rei nós temos o presidente, ou o governo. Na falta do cavaleiro andante a gente tem o mártir, ou o abnegado, ou o advogado... rsrsrs... como você preferir chamar. Todos esses elementos, esses arquétipos, eles são traduzidos ou re-mixados para a nossa realidade e são o tempo todo transformados... na forma com que nós estamos o todo tempo re-transformando as nossas narrativas, então é interessante ter um olhar pro mito lírico, pro mito épico porque eles também podem existir de uma certa forma, mas também é importante perceber que nós estamos perdendo eles, perdendo contato com eles, perdendo... e foi interessante você chamar atenção prá isso, como eu quero chamar atenção, que por não ter citado eles, eu tava querendo também dar uma chamada, de que nós estamos perdendo a dimensão do encanto, o nosso mito se torna desencantado. Tem uma história, não é um conto de fadas eu chamo de uma história encantada minha que chama “A princesa desencantada”, que é uma princesa que acontece tudo ao contrário com ela. Ela acha que está sendo raptada mas na verdade ela está... em suma, não vou entrar em egologias aqui... então eu acho que é interessante observar que o mito pode muito mais, ele é sempre potencialmente muito mais do que ele está sendo, o que nós temos em cada lugar é uma expressão, uma expressão pontual do que está acontecendo naquele momento, do que está sendo feito numa dimensão mítica naquele momento, e a gente sempre tem uma dimensão para crescer, para melhorar, saca? Para refinar, ou recuperar um refinamento que foi perdido dentro do nosso momento, e é interessante a sua chamada. Mas os mitos que nós temos hoje em grande parte, e eu gosto de chamar atenção, o não poder abrir o brinquedo quando você é criança porque senão vai estragar é um mito, tanto quanto o mito de Orfeu, e nos influencia até talvez mais do que o mito de Orfeu, posto que é mais comum você ver crianças que sabem que são proibidas de abrir esses brinquedos do que crianças que ouviram o mito de Orfeu. E eu acho que eu quero chamar atenção para a dimensão mítica disso, para agregar à todas as dimensões míticas que nós já temos reconhecidas como ponto pacífico, e que se tornam tão distantes que nós já não temos uma utilidade central ao ponto de perceber que todas as narrativas, tudo que nós é dito, e tudo que dizemos, é mito.” FF - “E já continuando nisso, fazendo o link com a minha insistência na documentação, a história de que... e então voltando aquele papo de que uma rede não deixa de ser um grupo de pessoas se a gente não faz a informação circular, se a gente não começa a documentar as coisas. Só que geralmente a gente, principalmente a galera que estão mais ligadas à software e coisas mais técnicas, tendem a pensar a documentação como uma coisa muito objetiva, assim: eu vou contar o que aconteceu, vou fazer uma narrativa linear sobre tudo que aconteceu. Eu acho que nesse sentido que a gente está falando, de criar imaginário, de fazer uma rede ficar dinâmica, fazer uma rede se reconhecer como tal, a gente não precisa pensar em documentação como um processo tão objetivo, linear e específico, a gente pode pensar em documentação lírica, a gente pode pensar em uma documentação muito mais aberta, e muito mais livre, do que especificamente dizer: olha cheguei em tal hora, aconteceu isso, depois eu fui embora e as idéias que apareceram foram essas...” Daniel Duende - “Rapidinho, só por uma questão de ordem, e de documentação.. como a gente não tem as imagens, mas a gente está gravando o áudio, até onde eu sei... então é legal que quando uma pessoa pegar o microfone para falar, ela se identifique prá que depois, quando a gente for ver esse áudio, a gente entenda quem está falando o quê aqui, e possa até decupar mais fácil.” Estraviz - “Eu sou Estraviz ou Tipuri, ou ambos..rsrsrss.... eu queria falar outra coisa, mas você deu um gancho para complementar. Eu acho que é legal essa questão da documentação, mas me vem uma imagem assim dos evangelhos... ou seja, os evangelhos são muitas vezes contraditórios para contar a história de jesus, não é que exista uma única verdade, sei lá... um falou que o cara subiu a montanha, e o outro falou que nem passou pela montanha... então eu acho que é um pouco essa linha, em vez de ter uma documentação que seja única, que existam várias, que se contradigam, que complementem e tal. Mas eu queria só puxar um outro gancho... eu tenho um privilégio, na verdade, que é ter uma filha de 10 anos agora, curtindo o final da infância dela né? Então, agora que me caiu a ficha, que muito dessa história de mito eu fiquei pensando porque eu estava convivendo com ela, e aí eu questiono Duende, eu não acho que, de repente, saiu o dragão e a corporação ficou no lugar, eu acho que a corporação é corporação, e dragão, dentro do encantamento, deve se manter. O que deve existir, e eu peguei o exemplo dragão porque era o que eu fazia com ela, é que tem dragões bons e dragões maus. E no dia seguinte, a noite, muda. O que era mau vai fazer uma coisa legal com não sei o quê né? Então seja, de novo é esse raciocínio de como... tem um outro texto importante que é “Totem e tabu”, que é você não criar então a idéia de brinquedo que não pode ser mexido é um tabu, é um totem que se estabelece aí de não se mexer aí. A idéia então de você estabelecer um único jeito de se contar a história de chapeuzinho vermelho é aquele que a gente conhece é um tabu, mas também não achem que nós estamos sendo tão ousados assim, porque a indústria de desenhos está fazendo isso. Especificamente no chapeuzinho vermelho, um desenho aí mais recente, questiona tudo: tem lá os investigadores para saber quem que roubou, se foi a própria vovó, se foi o lobo mau, se foi a chapeuzinho... e até o final você não sabe quem é, e eu não lembro quem foi o responsável, eu assisti o desenho... mas então, é legal saber também o que a própria indústria está dizendo.. então eu acho que essas crianças não vão estar com os nossos problemas que a gente resolve em terapia, vão ter outros. Eu acho que os contos de fadas causaram coisas para nós e eles vão ter outros problemas, mas não são os mesmos não, acho que era isso que eu queria complementar.” FF - “Guilherme...” Glerm - “Bom, quando vocês disseram sobre essa roda aqui chamada Mitoreciclagem, daí eu tava aqui ouvindo as histórias que vocês estavam trazendo... na maioria do discurso todo que vocês estão trazendo, digo discurso não no sentido pejorativo da palavra, digo discurso mas um gênero de linguagem subjetiva tentando se coletivizar porque é bem subjetivo de cada um o que está sendo trazido, não vêem, as pessoas aqui não entendem uma intenção materialista dialética política de quando você está trazendo essa subjetividade toda. Então eu queria colocar aqui essa questão, já que o nome Mitoreciclagem ele se mostra imediatamente como uma justaposição da palavra mito com a metareciclagem, não é exatamente uma justaposição, aí você teria que entrar na gramática para ver onde eu errei mas enfim é uma transformação, a criação de uma nova palavra a partir da palavra mito e da palavra metareciclagem, certo? A palavra metareciclagem ela já é uma palavra recriada através da palavra meta e reciclagem então mito eu acho que foi discutido bastante até aqui, certo? Metareciclagem como etimologia, a gente sabe o que está falando de reciclagem, e a gente está falando de uma nova palavra que está sendo criada em cima da palavra reciclagem, quer dizer, como se a gente está aqui discutindo, estava se falando, depois a indústria, então tá, uma cidade pós-industrial, uma cidade pós-moderna, então a gente está falando de uma pós-reciclagem, aquilo que viria depois de que a indústria percebeu que ela precisaria reciclar todos aqueles materiais, mas além de tudo isso, existe o grupo metareciclagem, que tem data de criação, aí é um mito fundador mesmo, quem fundou a roma, quem era a loba, ou uma outra versão contada por uma mulher porque essa que eu estou contando foi contada pelos homens né? Então existiu uma roma que era são paulo e daí dois amigos falaram sim, não, e aí criaram essa cidade chamada metareciclagem que espalhou seus tentáculos por todo o planeta. A gente fala português, a gente está falando português, se eu começasse a falar uma outra língua aqui eu estaria numa outra dimensão de sintoma, que seria esse sintoma em outra língua também, no qual o metareciclagem opera também, com outro nome, a princípio, a língua franca seria o inglês, dela viria então imediatamente como metareclycling, aí o meu sotaque vai influenciar naquilo que cada um projeta nessa língua franca, se ela é menos ou mais franca, se tem já a palavra língua franca ela opera também em cada um de vocês, porque língua franca é definido como um termo como... era o francês antes uma língua para traduzir as outras línguas e diferente do esperanto que foi uma língua construída para isso, mas o inglês existe né? Então a gente não fala um inglês, por exemplo, que tenha gênero, que tenha plural e singular.. então eu falar “do” e “e” uma coisa assim eu estou designando singular e plural, e a nossa língua tem singular e plural, tem gênero, então sei lá... eu queria convocar então já que eu falei do mito da fundação da roma né? uma mulher para gerar um discurso do ponto de vista feminino (pessoa que transcreve interrompe o texto: uhuuuuuuuuuuu!!) já que é um mito que o mundo é dos homens, né?” Daniel Duende - “Então, bem rapidinho que imagino deva ter mais gente que quer falar. Primeiro, sua filha parece que tem um pai muito legal.. é, me pareceu... mas eu acho que estou só puxando o saco também, mas brincadeira, fui sincero, mas ééé... eu acho que você tem razão quando diz que tirar o dragão é um erro. Eu vim aqui pro campus party trazer essas idéias e tal, trazendo inquietações, eu não tinha nada pronto, na verdade o felipe que me encheu o saco, não, você vem, vem falar disso, mas felipe eu não sei o que falar, vem e fala! E eu estou aqui trazendo inquietações, então na verdade eu estou muito feliz né? De estar trazendo, disso estar fazendo sentido para vocês e que a gente está construindo juntos essa idéia, porque estamos construindo juntos isso, eu só vim aqui dar a cara a tapa primeiro. E... eu concordo... e agora eu me perdi um pouco... eu tinha feito uma listinha de coisas... que eu queria pontuar inicialmente mas eu lembro que eu concordei com você, só que eu não estou lembrando exatamente as pontuações. Foi muito coerente.” Glerm - “Na verdade a simone aqui levantou um ponto que foi um homem que chamou as mulheres e não partiu das mulheres a idéia de falar, então a partir dessa tua idpeia eu queria convocar uma idéia feminina para a mulheres levantarem a voz, ou não, o que eu tava certo o que eu estava errado...” Simone - “Deixa eu falar um pouquinho... eu acho que as mulheres vão falando na sequência quando surgem, não tem que abrir uma categoria feminina para dizer que este discurso é feminino, a gente está falando sobre mitoreciclagem.” Glerm - “Eu falei isso porque eu falei da fundação da roma e se pensa que uma loba deu de mamar prá dois guris, piás sei lá, prá mim vem piá a palavra primeiro porque eu usava quando era piá, enfim, e que roma era essa né? E já que a loba não existia porque ninguém aqui mamou que eu saiba na loba quando era criança, sdaí enão a gente tem o mogly aqui e a coisa começa a esquentar (interrompe a fala: você? Não...) então era uma metáfora e daí a gente vem... e eu queria fazer uma pergunta pro felipe fonseca. O metareciclagem surge de um projeto que faz um xiste da palavra metáfora e diz meta:fora então eu quero perguntar - é possível colocar a metáfora fora da linguagem?” FF - “Porra, forra da linguagem não sei, mas metáfora é essencialmente uma ligação entre duas coisas... ééé... tanto que busão na grécia é chamado de metáfora, ônibus na grécia é chamado de metáfora, uma coisa que leva de um lugar para outro. Então a idéia de metáfora é justamente ligar dois campos de domínio diferentes, mas eu lembro que metáfora foi o terceiro ou quarto nome que a gente pensou na época, tipo outros três antes que já tinham a lista de discussão no yahoo e a gente falou esse já tem lista, então vamos criar um outro nome. Eu e hernani, então foi muito mais eventual o nome metáfora do que chegar assim: ah, vamos pensar, partir da idéia de metáfora para criar um grupo que vai tentar ser um grupo que representa a idéia de metáfora. Foi uma coisa muito mais: vamos pegar um nome, vamos pensar um nome para identificar essa coisa que a gente quer fazer com essas pessoas, então meio que surgiu na brincadeira. E a idéia de usar o prefixo também surgiu no meio do caminho, foi quando surgiram os primeiros projetos e eu acho que foi a história do metareciclagem que foi o primeiro que a gente colocou o meta na frente, eu não lembro exatamente disso (nota da transcrevente: o primeiro projeto com reciclagem creio que foi o recicle1político). Voz masculina (Estraviz?) - “Metaong eu acho que foi antes que a gente colocou. Mas o que a gente tem que fazer, é essa coisa da gente dizer assim, ah mas foi qualquer um, isso um fica entre nós, acho que a gente cria o mito. Como brincadeira até. Aí vai chegar um outro cara e dizer não, não é nada disso, ótimo contradiz também. É isso não tinha nada para dizer.” Daniel Duende - “É, curiosamente eu ia dizer a mesma coisa mas por motivos diferentes. Porque você falou da narrativa evangélica né? De alguém chegar e contar a história e bem isso já é um misticismo, mistificar: vamos contar a história do metareciclagem, eu vou contar. Eu creio muito mais numa coisa da narrativa bárdica ou vindo para a américa latina a narrativa do senão me engano chamada falastrão, oo falão alguma coisa assim, que era a pessoa que ia de um povoado para o outro contando o que ela tinha visto no caminho, de toda a caminhada dela, mas três dias depois chegava outra e contava uma outra história. Então a noção da realidade, além do povoado, do povo daquela vila tinha, era a soma das histórias contadas. A mesma coisa vale para nós, todos contamos a história o tempo todo, todos devem documentar e é a partir disso que a gente vai construindo a nossa história, os nossos mitos.” FF - “Antes de continuar são 9:08. A mara veio me chamar qui tinha uma seção prá começar às 9:00 eu segurei ela até 9:15, 9:20 mas daqui a pouco a gente vai ter que se mudar de novo, ou, enfim... nós somos nômades, continuamos.” Glerm - “Eu queria agradecer aqui essa idéia, eu achei muito massa, é um tema controverso e tabu.” FF - “Isso é um mito.” Voz masculina (Estraviz?) - “O que eu queria me divertir depois é como a gente encaixa Vitório Amaro, Wan Selva e tudo isso né? Isso pode gerar outras coisas, se der tempo falar disso em um outro lugar, senão também tá bom, por mim.” Daniel Duende - “Eu acho que a gente pode continuar sim, mas o que me ocorre aqui é que os deuses da fome começam a me perseguir, tipo os deuses do jantar estão indo embora então eu acho que até pela hora as divindades do jantar já foram embora e temos que fazer uma busca divina de alguma forma, e enfim, é isso. A gente encerra? A gente encerra com a expectativa de continuar? Eu acho que a gente pode continuar depois até porque a gente tem que sair daqui a pouco. Felipe? Questão de ordem: a gente pode voltar prá cá depois da atividade ou o que a gente pode fazer é continuar a discussão no metabar. Todos têm seus pós e contras, acho que até a gente podia fazer as duas coisas, voltar prá cá e depois ir pro metabar quando der vontade, porque a vantagem que a gente tem aqui é que a gente está documentando em áudio o que está sendo dito, e eu acho que isso é legal.” FF - “Mas eu acho que a vantagem que a gente tem de continuar no metabar é que isso só vai poder se documentado num exercício de narrativa posterior e não documentação automatizada. E pode ser uma coisa interessante a gente narrar a continuação desse papo no metabar, mas aí a gente tem que narrar mesmo, parar e narrar.” Daniel Duende - “Eu acho que o felipe tem razão. Então bom, nós vamos não? Bom, então falou.”