Diálogos na Casinha – Marcus Bastos XX de XXX de XX (arquivo: repo_4104_4104_2-gambiarra_bastos) Marcus Bastos - “(...) Produzir mais material e se reutilizar tudo que está presente aí, enfim, uma cultura de quase que esgotamento da inovação, como muita gente acredita. Até engraçado prá mim voltar esse tema isso me parece história antiga já hoje em dia, sempre me interessou estabelecer uma série de relações mais amplas para esse tipo de tema e acho uma das mais relevantes possíveis é a aproximação entre isso e a proposta da antropofagia que é bastante presente na cultura brasileira e inclusive isso gerou um festival se não me engano em 2002, o digitofagia (nota da transcritora: 2004 – digitofagia.midiatatica.info) o fato enfim, o ponto onde quero chegar é que tenho acompanhado com bastante interesse esse tipo de discussão mas ao mesmo tempo assistindo a internet migrar para uma série de lugares que estão cada vez mais longe de um tipo de utopia que acho que surgiu nesse contexto que era a utopia da possibilidade de uma comunicação em que as pessoas podiam colaborar e participar de forma como não foi possível em veículos de comunicação de massa em que existia ali um modelo de uma fonte emissora irradiando aquilo para um público muito grande. Quer dizer, hoje em dia quando a gente vê situações como o surgimento de um site como o Youtube, sites como MySpace etc e tal, por um lado parece bastante animador o fato de que existam cada vez mais componentes audiovisuais na internet. Por outro, quando eu comparo isso com a cultura do mp3 eu acho bastante desanimador que isso parece indicar um modelo cada vez mais fechado. Quando se associa isso ao fato de que parte da rede ela vai sendo sobreposta por outra camada que é comunicação via celular, aparelhos portáteis, dispositivos GPS, enfim, uma série de outras coisas que não são mais a web como a gente conheceu, me parece que a gente chega num contexto paradoxal em que por um lado existe uma emergência e uma sofisticação cada vez maior dessa situação que veio crescendo a partir do viés do remix e por outro lado existe uma espécie de fechamento muito maior, um embate muito grande entre um amadurecimento da cultura do código livre e ao mesmo tempo uma espécie de fechamento pelo viés das corporações dominando e de comunidades que não interessam mais por possibilidades que enfim, têm muito a ver com a lógica da recombinação, de você pegar um pedaço de vídeo da internet e fazer uma outra coisa. Isso é o que eu queria deixar como ponto de partida para a gente conversar aqui e eu tô bastante interessado em analisar tipos de trabalhos que estão emergindo nesses contextos tanto por um viés crítico desse mundo da rede nos celulares, o que pode se fazer com o youtube, myspace que não seja tão de fechamento quanto pelos desdobramentos da cultura do software livre, coisas desse tipo. Eu voltei da Inglaterra onde fui para um festival chamado Futuresonic e fiquei impressionado com a maturidade com que essas coisas têm acontecido lá. Acho que são duas coisas bem diferentes, no brasil existe uma multiplicação bastante grande aí de pontos de cultura enfim acesso ao software livre etc e tal mas isso acontece de uma maneira bastante dispersa por um outro lado né? Quer dizer a gente vê isso ecoando num determinado contexto mas como é um país gigantesco isso fica pontual, ao passo que na Inglaterra eu vi uma situação muito diferente, são poucos focos e tudo muito concentrado. Isso seria uma situação talvez interessante de se discutir, enfim, não sei como que...” FF - “Eu acho que tem uma questão que a gente vê, que pelo menos assim eu não vou dizer assim que eu já vi tudo que tem para acontecer lá, mas uma coisa que vi, pelo menos no oeste da europa tem bem menos gente fazendo, mas eles têm um tempo diferente, são mais devagares para fazer alguma coisa mas também têm um certo aprofundamento que a gente não tem sabe? Tem uma questão simbólica, uma questão conceitual que é discutida que a gente acaba por falta de tempo mesmo não fazendo. E aqui tem muito a questão do vamo-que-vamo, que é uma coisa que eu costumo brincar, que assim, até a gente assim aqui dentro do projeto, nos projetos todos, metareciclagem, cultura digital e que o cris tava repetindo esses dias uma coisa que falei há um tempo atrás que é “o que mata a gente é o vamo-que-vamo” porque a gente tem essa coisa de chegar alguém e: Vamo fazer não-sei-o-quê? Pô, vamo! E não paramos muito prá pensar e assim, eu tô saindo do brasil agora e uma das coisas que me deixam feliz é que eu vou ter tempo de ler, que assim eu estou com 20 livros empilhados, uns 200 .pdfs me esperando que eu há 3 ou 4 anos eu tô sempre assim – ah não vai ter uma reunião, aí vai abrir um outro projeto, de repente tem alguém pedindo, e assim é aquela confusão... em que metade das coisas que a gente faz é voluntário, ou mais da metade, bastante mais da metade muitas vezes, que a gente faz porque tá no gás porque um dia pode virar alguma coisa, mas a gente nunca consegue parar e ter esse tempo de reflexão e tal. E quando consegue parar a gente até critica. Isso é uma coisa que eu vejo, que eu fiz bastante e que eu tô tentando me segurar um pouco, mas quem consegue ter esse tempo de refletir muitas vezes o pessoal que tá na ponta, que tá fazendo e tal acaba dizendo: pô o cara não faz nada, só fala, fica traduzindo texto, fica escrevendo aí, essa galera da mídia. A gente já falou isso, a gente já ouviu isso bastante mas acho que é uma questão muito interessante. O tiago tem um trabalho interessante, de uma pesquisa que fez com a história do lixo que tá online, tem também aquele vídeo, conta ai um pouquinho.” Tiago Gualberto - “Antes de falar isso só uma pergunta. Meu nome é tiago gualberto e eu trabalho junto com o FF no cultura digital, e sou artista plástico. Mas só uma dúvida porque eu não consegui acompanhar todo seu raciocínio mas eu queria na verdade um exemplo de como é que o mp3 dificultou essa produção do remix?” Marcus Bastos - “Na realidade eu disse assim: que a minha impressão é que quando o mp3 era o que estava emergindo ali na internet, plataformas do tipo do napster, depois o kaaza, etc e tal existia uma facilidade muito maior de você trabalhar com esses arquivos de você baixar, pegar, picotar, recombinar e fazer outras coisas. Eu acho que isso acenava para uma dimensão bastante interessante ali, de uma utopia de uma escrita que se dava de uma forma muito mais livre e isenta de direitos autorais do que o que está acontecendo agora, quando eu vejo que a onda na internet é a emergência do vídeo, mas em plataformas como you tube, myspace e outras que não estão mais nessa lógica de compartilhamento entre pares, não é mais a coisa do peer-to-peer, mas é uma volta a uma publicação ali, um mini canalzinho de tv que, tudo bem, muita gente pode fazer, mas você vai lá e publica um vídeo que está fechado e não existe um estímulo assim tão explícito para a pessoa baixar esse vídeo, cortar um pedaço e fazer alguma coisa em cima, entende? Não que você não possa, no youtube até dá, né? Mas não é tão enfatizado, tão a proposta quanto era no caso do mp3. Esse era o movimento que eu tava tentando colocar aí.” Tiago Gualberto - “Esse vídeo que o felipe falou, bom, não só o metareciclagem mas o próprio cultura digital pensa na autonomia de produção de mídia e a gente esbarra numa questão prática que é o custo dos equipamentos, o custo de uma ilha mesmo em software livre etc etc. Então foi mais uma brincadeira provocativa pois eu uso ubuntu, não tenho experiência nenhuma com produção de vídeo e eu decidi com um software bem básico que é o kino fazer um vídeo sem uma câmera. Mas aí eu pensei: fazer um vídeo sem uma câmera parece coisa de videoshow que fica repetindo né? Aí eu pensei em um vídeo que fizesse sentido reciclar. E a primeira coisa que me veio na cabeça foi pornografia na internet que é uma coisa que brota a torto e à direita. Aí eu decidi pegar samples pornôs que são samplezinhos de qualquer site de putaria que disponibiliza sete segundos (…) Olha a presença do Léo Germani no papo. Bom, foi um vídeo que ele tem um pequeno defeito, a música que tá rolando nele é uma música que não está disponibilizada enfim, mas foi a música que me deu a idéia de fazer, e aí tem uma discussão que eu gosto também que é até que ponto a questão jurídica ela decide na questão estética. A música no caso é um tango tocado pelo Ioiomar escrito pelo Piazzola e aquela música me remete às imagens que eu utilizei, enfim, foi a música que me fez criar o vídeo e não a questão jurídica que ela está implicada, se ela está em creative commons ou não. É uma discussão que a questão jurídica tinha que também colocar em tese, onde é que entram os dilemas estéticos na criação quando eles se confrontam com a questão jurídica, isso é muito pouco discutido também, normalmente se discute a questão de liberdade da informação a partir do acesso e não a partir da criação, pelo menos eu vejo muito pouco essa discussão, mas enfim esse vídeo está no youtube também, eu sou tiago gualberto, é só buscar é um vídeo de seis minutos e se chama “el regresso do amor” é o nome da música do Piazzola. Bom, alguém mais?” Jean Habib - “O lance que você falou, que vocês falaram né? Que na gringa rola mais fácil que aqui no brasil e tal. Eu acho que o acesso à infraestrutura é um negócio que pega muito forte aqui (Interrompe a fala. Voz ao fundo. Ele falou que rolam menos pessoas porém mais concentrado.) Sim, mais concentrado. E você falou que tem mais tempo também né? Mas quando eu tava em barcelona eu praticamente não tinha tempo prá parar prá nada. A cada três quilômetros que eu andava tinha uma casinha assim... Hereta (?) uma ocupação que tava rolando um trampo com software livre, fazendo VJ, o negócio ali tava bombando mesmo, mas tem isso mesmo a galera queria que eu conhecesse tudo, eu queria conhecer tudo, pode crer. E quando você falou do mp3 eu acho que uma das coisas que começou a pegar forte é que quando a interface mudou do negócio local para um negócio na web quando a qualidade diminuiu significamente. Porque prá mim deixar um .wav ou um arquivo bruto .dv compartilhado numa pasta, só deixar lá e quem quiser baixar é uma coisa, agora eu ter que publicar um arquivo pesado é outra, né? Então isso eu acho que é um negócio que mudou bastante, assim prá ter limitado, porque por um lado ele abre o acesso mas é um acesso a um material de baixa qualidade, então isso é meio contraditório. Então era só isso mesmo que eu queria dizer.” Vozes ao fundo. Jeff - “Isso rolou em oficinas, rolou em Umaria(?), em Santos. Onde a gente fez em a gente fez um vídeo lá. (Interrompe a fala.) Meu nome é Jeff, ah todo mundo sabe que eu sou o jeff né? É a voz mais chata do streaming. (Ao fundo: Quem conhece não esquece.) Então lá rolou um lance, que a gente tinha conseguido fazer um vídeo de 302 Mb e aí a maria: publica aí - não maria 300 Mb até a gente conseguir subir isso, a galera baixar – não, mas publica aí. E a gente ficou numa discussão que o tamanho era o grande lance e aí a gente conseguiu magicamente trasformar esse vídeo num vídeo de 2 Mb, comprimiu o negócio ao extremo, só que aí a qualidade ficou ruim, ficou pequenininho mas quando você coloca no stream a imagem fica meio zoada, aí a gente fez um vídeo com um pouco mais de qualidade com 30 Mb e publicou os dois assim, o high e o low resolution então o que o jean tá falando é um pouco isso, você ter que limitar o tamanho do negócio, até prá assistir mesmo, quem tem Gesac (nota da transcritora: conexão internet via satélite cedida pelo ministério das comunicações no brasil) por exemplo, sabe do que eu estou falando velho, saca?” Marcus Bastos - “Aí que tá, então é isso que eu estou falando, eu queria retomar depois o que o jean falou, mas antes só uma coisa. Você falou uma palavra que prá mim é chave: eu não vou publicar um negócio que é assim pesado. E isso pra mim é um sintoma de uma coisa que eu estou tentando pensar aqui que é assim: existia um momento da internet que era compartilhar, e agora você está falando assim publicar e eu acho que publicar é uma espécie de encareteamento da lógica porque o que existia de interessante nisso que eu estou chamando de uma cultura de reciclagem, era explodir de vez - vou publicar, vou transmitir, e você vai construir um contexto prás pessoas compartilharem, e fazer alguma coisa com esse compartilhamento. Então o que eu estou dizendo é que a tecnologia ela está de alguma maneira evoluindo para um lugar que está se afastando desse espaço mais distribuído e voltando um pouco para uma lógica, me preocupa assim, você fala de produto fechado, exatamente, exatamente. Não sei se é uma questão de peso, de leve, não é isso... quando você vai lá e faz um myspace é uma...” Jean Habib - “A gente precisa de uma conotação para denominar isso que a gente está fazendo, que é essa via contrária entendeu? Que não só tá recebendo informação, e também está publicando. Eu não sei, mas é de se pensar justamente o significado disso nesse meio novo.” Voz masculina - “Uma pergunta: você conhece alguma plataforma que tem uma outra lógica de publicação, que pensa no compartilhamento, quer dizer alguma plataforma que até mesmo tecnicamente ela sugere essa nova postura, uma outra postura?” Marcus Bastos - “Não, o que eu acho mais legal mas é utópico, talvez até tecnicamente inviável, é o projeto do Ted Nelson. Ele acha primeiro que a web é uma violência com a idéia de hipertexto que ele gerou, segundo ele está tentando fazer uma coisa que ele chama de transcopyright, que seria um sistema em que você tem um vínculo direto entre o arquivo que está na interface e a fonte dele, de um jeito que você pode ir recombinando aquilo sem se preocupar com o copyright porque isso já está dado de partida ali. E ele faz vários modelos tridimensionais assim maravilhosos a respeito de como isso poderia funcionar a partir de uma indexação por cor que seria de alguma maneira o percurso que te faz intuitivamente mostrar para quem está acessando aquilo que se você misturou a mídia verde com a outra que é vermelha com uma terceira que é azul você está na realidade compondo um texto a partir de três fragmentos que foram tiradas da fonte em que tá descrita pelo código: a mídia vermelha foi tirada do autor tal, foi publicada em tal contexto não sei o quê. Agora, ele é famoso pelas idéias geniais que nunca são implementadas, eu acho que esse é o mais interessante, eu não conheço nenhum outro, pelo contrário (…) Ted Nelson, eu não sei Jean, não sei mesmo... (…) Tem uma pergunta aqui, de repente até pelas pessoas que estão ouvindo, o Ted Nelson ele foi o inventor do hipertexto, da Internet e ah, o felipe já resolveu a questão então eu vou passar a pergunta...” FF - “Só um comentário aqui, o pessoal falou: primeiro, o ruiz falou que é só baixar o plugin do Firefox prá baixar os filmes do youtube e fazer um .torrent e deu uma risada. Aí ele falou que a outra plataforma é o torrent, o torrent é uma tecnologia, enfim, para compartilhar, ah explica melhor então...” Jeff - “Então desde umas conversas que a gente teve, não sei se vocês lembram de umas conversas que a gente tinha no espaço Olido, o Léo, Jean, o Slave de quando a gente conversava com o Alê que a gente falava da tal plataforma de torrent, de como a gente conseguiria compartilhar coisas que são pesadas de uma maneira que isso se tornasse leve enfim, então como é que por exemplo eu poderia ter um cliente na minha máquina que quando eu terminei um vídeo e coloquei numa pasta x ele já fala prá galera: olha tem um vídeo novo ali e aí o cara em vez de pegar o vídeo ele pega um arquivo torrent. O torrent é um compartilhador, é uma espécie de peer-to-peer e que aí eu posso gerar um arquivo e jogar na internet um arquivo pequenininho que as pessoas pegam e ele endereça, ele tem vários endereços onde isso tá colocado (Interrompe a fala: sim, ele tem um servidor) então ele tem um servidor que na verdade ele não guarda os arquivos, ele guarda as informações de onde os arquivos estão. Se vocês três têm um arquivo, ou vocês estão baixando um arquivo e eu começo a baixar também, então ele corta em vários pedaços. Então eu tô baixando o pedaço 12 e ela tá baixando o 12 também aí eu começo a baixar o 6, então eu tô pegando o 6 dela, o 9 dela e aí e ela tá pegando o 12 de mim que já baixei, e enfim, você consegue fazer de uma forma com que as pessoas conseguem interagir com isso então acho que é a grande piração que acho que tem que ser é pensar numa plataforma que pudesse agregar o que a gente já faz hoje com uma ferramenta torrent, que aí eu acho que aí seria um caminho bacana.” FF – “Aí o ruiz só comentou que o amigo dele, que o pessoal lá do site do amigo dele, o Overmundo fez o torrent, também está usando o torrent.” Voz feminina - “É uma pergunta que eu acho que o Jeff até já tocou um pouco na resposta, mas de uma intenção de fato crítica, e já que o felipe falou que a gente não tem tempo de ler e de repente seria interessante a gente discutir um pouco nessa veia. A história do ted nelson né? De como ele propõe uma espécie de solução para o compartilhamento e fazendo juz a copyright etc, difícil seria fazer isso com música, com áudio e vídeo, mas engraçado que a gente têm essa preocupação, é óbvio enfim que quando você baixa um arquivo de imagem para remixar esse arquivo está em baixa, é uma merda e tal, mas se a gente pensar que ainda ficamos ligados a um tipo de pensamento de produção estética, de imagem mesmo, ou de música, de áudio que tem que ter uma espécie de beirando a perfeição ou quanto mais visualmente sedutor melhor e tal quando na verdade o que tá acontecendo também com essa, vamo lá chamar de nova fase da Net que o marcos tava colocando, é um tipo de produção estética que meio que corrompe essa cultura do perfeito, do único e original que por alguma razão a gente ainda têm medo de se livrar dela. Tipo legal na verdade baixar um vídeo em baixa e virar uma idéia de uma pintura abstrato-expressionista, saca? E aí você descobrir de onde vem essa imagem e tal, manja? Eu tô só propondo novas maneiras de pensar a produção estética da imagem e sons, sobretudo som, né? (…) Total, mas enfim só para ilustrar assim, tem um amigo meu o felipe namorado da dri, ele fez um projeto inteiro em HTML (nota da transcritora: linguagem de programação para a construção de páginas de Internet), que é um projeto interativo, imagens maravilhosas que ele baixou de uma pesquisa de desenhos de anatomia do século XVII do caralho... a gente pode falar palavrão não pode? (Interrompe a fala: pode...) um projeto lindo que é som, uma relação de imagem e som. Ele fez o projeto inteiro em HTML ele não quis fazer em flash, não quis fazer em qualquer outra coisa, mas não dá pra subir na web porque é super pesado. E aí na verdade a gente ficou quebrando a cabeça dizendo porra mas o legal é isso, você fazer um projeto em HTML, específico pra Net e você não pode... ou seja, na verdade a gente está lidando com os limites da produção de imagem e som e não aquela sua proposta ilimitada do fazer, do fluir etc e tal.” Marcus Bastos - “Queria retomar a partir de um negócio que você falou aí da imagem e do som. No texto isso está muito bem resolvido né? Nem precisa de copyright. Você vai lá e faz uma nota de rodapé, você coloca entre aspas e tal. Eu acho que uma coisa que seria super interessante de pensar mas eu também não sei aonde isso pode dar, ou como encontrar sistemas de fazer isso com imagem e com som, né? Quer dizer, como re-escrever essas coisas, citar, fazer referência, reapropriar sem você estar nem se preocupando com isso. Existe uma ética implícita na escrita acadêmica, que é chatíssima eu não acho nada legal, mas existe uma ética implícita ali que eu acho super interessante que é - o conhecimento tá aí prá você partir dele e fazer outra coisa com ele e enfim, parece que música e vídeo, imagem etc e tal, fica muito refém de uma coisa de que aquilo é um comércio mas é uma linguagem também.” Voz masculina - “Pensando que no sistema analógico isso se resolveu muito bem. Quer dizer, quando a gente pensa em pintura por exemplo, pensando no exemplo que você falou, quando Picasso faz “As Meninas” e Velasquez faz uma releitura, enfim, e coloca o próprio nome, o título do trabalho referencia Velasquez e quem na verdade faz parte, quem tem como cardápio Velasquez entende que Picasso fez uma releitura dele. Obviamente a gente tá falando de um grupo até relativamente pequeno de pintores e artistas, agora a gente se degladeia com um universo de milhares e milhares na Internet para se referenciar. E aí retomo o início da conversa do Marcus, o excesso de informação faz com que a gente perca o limite de compreensão sobre um determinado conjunto de referências, quer dizer, eu sei que eu já fui referência para algumas pessoas na net, de algum tipo de efeito mas hoje por exemplo, falando de uma coisa que eu critico muito, a própria revista Vogue que por acaso eu vi utiliza uma fotografia de uma modelo o mesmo efeito que o Mac (nota da transcritora: computador Mactintosh) tem quando você tira uma foto com uma webcam no Mac, eu nem sei qual é o efeito mas é um que o Uirá gosta bastante, cadê o Uirá? Eu não sei se vocês sabem de quê efeito eu estou falando, mas é um desses efeitozinhos do Mac, que as pessoas usam hoje como avatar do orkut. É uma espécie de solarizado, mas não é bem um solarizado, é um efeito muito específico. É como se um pintor começasse a pintar como Van Gogh, mas hoje eu não referencio mais uma imagem por um artista e sim por uma técnica, as pessoas ficam presas àquela ferramenta, então nesse sentido a herança que a compressão do vídeo deixa é uma herança que não é estética. Eu critico a idéia de que você deve aceitar isso como uma condição estética porque não é, é uma condição da ferramenta mal utilizada, como se toda pintura feita com pincel fosse de um mesmo jeito, quando não é. Então essa herança da má qualidade técnica não é uma questão estética assim é como se, não sei acho que o exemplo é mesmo esse... (Interrompe a fala. Vozes ao fundo.) Sim, sim... mas a gente agora começa a falar, peraí (...) mas de qualquer produção humana na verdade, a questão técnica. Mas para eu não ficar confuso, eram dois assuntos. Um assunto de como é que a gente faz a manutenção da autoria sobre um trabalho na Internet, porque com texto está bem resolvido, mas com relação a pintura você olha um trabalho de um tal artista e você sabe quais foram as suas, não técnicas, mas os processos artísticos, as suas referências, porque isso é visível no trabalho. E aí eu tô falando de uma relação estética com o próprio trabalho, assim obviamente repito o nicho de artistas, o nicho de referências não são tantas como a internet proporciona. Quando você pensa Picasso você pensa paris século XIX um número de pessoas bem específico digamos assim, que a história da arte nos conta obviamente. Obviamente depois de uns anos, é fácil definir esse espaço, mas você tem ali Cezane, Van Gogh, uns 30 gatos pingados que você sabe que a história da arte veio dali. (Interrompe a fala. Vozes ao fundo.) Eu concordo com você mas o que eu estou falando é outra coisa, quando você olha por exemplo o Cubismo de Picasso a referência a Cezane é explícita...” Vozes ao fundo. Voz feminina - “Quando a gente faz esse tipo de comentário a gente não está falando só do Cubismo de Picasso, a gente está falando de uma série de artistas, tanto dentro como fora do cânone histórico da arte, que na verdade, enfim, eu tô entendendo seu raciocínio mas acho que a gente fez um comentário que esse cânone que você usa é bem reduzido. O comentário levaria para outros exemplos, outras pessoas. A questão da técnica que eu vou deixar até o Marcus falar porque ele conhece melhor esse texto mas a questão da técnica e estética, desculpa te colocar contra a parede assim, mas é aquilo que o Jean estava falando mas rapidamente introduzindo, sobretudo na internet não tem mais uma separação entre técnica e estética. Termos enormes que estamos usando na verdade talvez outras palavras seriam mais bem usadas nesse contexto, mas o software que você usa, que seja para qualquer tipo de trabalho, ele total informa o resultado estético ele é também o resultado estético, total informa, ele é ideologia, todo ele.” Voz feminina - “Posso falar uma coisa? Eu não penso muito nessa parte da estética quando a gente pensa na internet na verdade, eu chamei tipo nas nossas discussões de tecno-conceito, onde você não divide o conceito, a parte social, o contexto histórico e ideológico da técnica, estão implícitos. E aí tá implícito também uma situação de poder e o poder implícito na internet é uma situação de vigilância, que tá implícito totalmente numa situação comercial, mercantil.” Voz masculina - “Com relação aos trabalhos já pesquisados, seja... a gente pode falar por exemplo de influências que o hélio oiticica fez em outros artistas, ou rosângela rennó (?), mas eu não estou pegando esse nicho o que eu quis dizer é que nesse determinado momento o exemplo Picasso a referência dele não está citada numa nota de rodapé do quadro, a referência é o próprio trabalho. Hoje o que eu estou dizendo é que a condição da Internet de permitir milhares de visibilidades, milhares de origens, impede, entre aspas, que a gente perceba no meu vídeo quem foram as minhas referências. E aí a discussão é que plataforma permitiria que as pessoas tivessem acesso às minhas referências criativas, como por exemplo o Cezane foi um aprá Picasso ou o Hélio Oiticica foi para a Rosângela Rennó, eu não estou falando de uma construção social, eu concordo contigo a questão técnica e estética estão juntas mas a questão é que o efeito quadriculado do oggvideo não é uma condição estética, só porque foi feito em .ogg não é uma referência criativa prá ser absorvida é uma questão prá ser resolvida mesmo. Bom..” Marcus Bastos - “Vou retomar um pouco isso daí que você está falando a partir do texto que a Dani mencionou aí e ela não falou qual que é, mas estávamos conversando tomando um lanche antes de vir para cá a respeito do “Language can be overlooked” (?) que é um texto que o Alex Galloway ele tenta falar como o software de alguma maneira, ou a linguagem do computador de alguma maneira ela tem uma ideologia embutida ali. E eu acho isso super importante isso para o que a gente está discutindo no sentido de que se você vai lá e usa um filtro pronto você está falando aquilo que o software quer e às vezes sem você se dar conta disso vira uma espécie de o contrário do que você pretendia. E isso na realidade me preocupa especialmente por conta do fato de que eu me sinto um completo analfabeto digitalmente e eu vejo que a maioria das pessoas é. Por que você vai lá e faz uma coisa através da interface do Word, do filtro do Photoshop, da giletezinha que tem no Final Cut e etc e não me vem um software livre aqui... e o Jean vai falar assim... é porque você não usa software livre (risos), que eu acho uma ótima frase, acho que esse é um ponto importante também, mas quer dizer, como re-programar essas coisas?” Voz masculina - “Mas o software livre que a princípio teria mais possibilidades, quer dizer a princípio não, tem sim mais possibilidades criativas, ainda no Gimp que é um software comparado ao Photoshop, de tratar a imagem, ele tem o efeito Van Gogh dentro de seus filtros (risos) sim efeito Van Gogh, tá lá no Gimp, mas o que é isso? Isso é um sintoma de uma carência de reflexão estética dos desenvolvedores do software. Na verdade pensando na ideologia e política do software livre talvez também falte eu mandar um e-mail prá esses desenvolvedores e dizer existe um filtro com tais variáveis X e por favor... então nesse sentido criativamente falando softwares livres têm muito mais possibilidades de ter uma identidade, e aí sim, uma condição estética relacionada ao software, de verdade.” Voz masculina - “Nessa história o software livre especialmente, mas não só o software livre, todo software é uma linguagem, mas especialmente o software livre ele também é uma produção cultural, também é uma produção criativa. E o que é mais maluco é que daí (…) essa ferramenta, parece que a gente tem uma ferramenta que cria alguma coisa que tem um valor estético, mas a ferramenta também tem. Prá quem consegue ver beleza naquilo, pelo jeito que o cara programou, pela forma com que ele organizou o código e tal. Prá quem não vê beleza naquilo, na possibilidade que ele tem de pegar o Gimp, um efeito de outro negócio, misturar com outro efeito, aquele do Cinelerra, juntar isso num código e jogar isso para o Gimp e ele fez um novo efeito, essa possibilidade de remixar o código. E isso não tem no software proprietário. E acho que isso que é do caralho que tem no software livre. Não é só pensar o software como... a gente, a maioria das pessoas a gente realmente não tem aceso a entender o que tá escrito lá nos códigos (...) o chão é o software, prá baixo daquilo é um mundo desconhecido e que é dali prá frente que eu mexo. Na verdade, essa divisão também entre quem é produtor de software e quem não é, quem é produtor, artista e quem não é... a técnica e a arte se misturam completamente no sentido do software também ser arte, também ser técnica ao mesmo tempo. E isso acontece cada vez mais, e isso acontece (…) assim como qualquer coisa. (Interrompe a fala. Exatamente, é uma linguagem)” Voz masculina - “Desculpa se eu estiver falando uma besteira aí pro pessoal que também usa software livre, eu também uso software livre mas eu não gosto de chamar de software livre porque de repente essa tradução pro português fez com que toda essa inclusão digital seja uma inclusão digital errônea né? O nome é código aberto, são softwares de código aberto porque liberdade, a palavra livre tem várias definições. Se você paga pela licença da microsoft, ele está livre para você, você pagou pela licença dele (Protestos ao fundo. Não....) pela licença de uso dele, e o software livre ele é o código aberto, ele não é um software livre, ele é um código aberto, prá você poder misturar os códigos.” Jeff - “Imagina que você comprou um carro por exemplo, aí você vai trocar a água do radiador e o capô está fechado, saca? Você não comprou o carro você comprou o direito de dirigir aquele carro saco? Então você não tem a liberdade de abrir e fuçar, arrancar uma mangueira e falar: putz, e agora como é que eu conserto? E então você vai lá consertar a mangueira e aprender com isso, sacô? O free software é isso um software que é gratuito mas o open source que é um software que tem o código aberto que é o que o Uirá está falando, de você pegar o efeito de 3, 4 e fazer um quinto, esse é o open source, que é o software livre que a gente fala. Um é o software gratuito e o outro... (Interrompe a fala. Vozes ao fundo.)” FF - “Não, não, não.. na verdade cada um tem uma opinião diferente sobre isso mas é que usar o termo código aberto pode possibilitar um tipo de apropriação que é a microsoft dizer: olha o código do meu software está aberto para o mundo acadêmico. E aí está aberto. A gente não pode mexer, mas está aberto porque a gente pode ver. Então a questão da liberdade é uma questão que é um posicionamento radical, (...) que tem as 4 liberdades básicas tem essa história, mas tem muito menos problema do que em inglês, porque em inglês free, livre e grátis é a mesma coisa. A gente tem dois significados diferentes, a gente tem duas palavras para o que em inglês é uma só e isso na verdade facilita bastante. Mas só, concordo assim, se eu pago uma licença de uso prá microsoft eu não tenho liberdade sobre aquele código, não tenho a liberdade de fazer o que eu quiser com ele. (Interrompe a fala. Vozes ao fundo.) Sim e não. Porque chamar de código aberto também não explica todas... então teria que usar código aberto livre. E em inglês se usa uma sigla que cresce cada vez mais, agora é FLOSS – free, libre (em parênteses e espanhol), and open source software, para dizer que é livre e de código aberto mas a gente ainda não tem uma maneira de falar um nome que encapsule todos os significados que a gente quer dizer com isso, que na verdade é muito mais que só o código, é todo um movimento, toda uma coisa emergente.” Marcus Bastos - “Só acrescentar uma coisa dentro disso que o felipe tá falando e eu acho que precisa fazer uma distinção. Eu não conheço o Gimp que foi citado aqui mas por exemplo uma coisa muito diferente é o Gimp e o Pure Data, porque o Gimp ele tá meio que empacotado, então o fato de você falar assim: é um negócio que parece com o Photoshop, coloca ele num lugar menos interessante do que uma coisa do tipo do Pure Data, por exemplo. Eu acho que tem mais a ver com o (...) nível de acesso ao código que você pode ter...” Vozes ao fundo. Jeff - “Se você quiser estudar a parada, você está a fim de destrinchar o software ele tá ali também para isso. Eu acho que tá ali a possibilidade, vai de você escolher uma que você quer fazer ou escolher outra, enfim, sabe são possibilidades que você tem né? Não acho que coloca o Gimp e o Pure Data em lugares diferentes não é isso mas é... (…) no Pure Data você pode fazer milhões de coisas que você faz no Gimp também, acredito eu, até coisas mais complexas mas você tem a possibilidade de escolher e usar a complexidade do Pure Data ou o jeito friendly (amigável) do Gimp, saco? Acho que é aí que está um pouco a diferença.” Marcus Bastos - “Sim, mas o jeito friendly do Gimp de alguma maneira te direciona a fazer algum tipo de coisa que foi pensada ali por aquele código, esse que é meu problema...” Vozes ao fundo. FF - “Acho que tem vários usos possíveis e eu acho que tem que existir tantas ferramentas quanto for possível. E aí quando eu usar o Pure Data quando eu quiser usar um Liveavg (?) que faz interface inrerativa multimídia em linha de comando eu posso usar mas também eu posso usar o Gimp ou usar o Open Office, na verdade essa diversidade eu acho interessante. Só vou falar aqui o pessoal comentou algumas coisas na Internet, no chat aqui: galera pega no meu código e remixa - daniel pádua, o stalman criou o free software, a tradução é livre deus meu porque não é livre igual cerveja é livre igual liberdade, rapaz – aí também dá vontade de beber cerveja com o ruiz e ficar discutindo nomenclatura, mas o guilherme falou algumas coisas interessantes aqui – se fazer acender um segmento de um display fosse tão divertido quanto fazer um dó maior seria um começo. Já quero inserir mais um comentário que é uma coisa que guilherme fala bastante, que ele falou há alguns meses quando a gente tava conversando acho que aqui no LaMiMe, (...) antes disso no ano passado, que era: quando mexer com dados, quando brincar com dados for tão simples e tão natural quanto pegar um violão e tocar uma música, ou seja, quando se perder essa resistência, acho que aí a gente tem um começo. Aí o guilherme continuou: o problema é que quando fala-se em software ou hardware pensa-se em computador que é só um produto, um design. Não existe computador, existe a linguagem computacional, que é uma linguagem como se fosse a linguagem dos surdos, mudos, a linguagem dos quadrinhos ou o mirandês. Tá ali a linguagem C também, tá ali o assemble. Arranca a quimosa (?, um chip) da sua placa-mãe e tenta re-inventar a calculadora. Deixa eu ver se tem mais alguma coisa aqui que valha a pena... Daniel Pádua tá verde claro então eu não consigo ler nada que ele fala... DPádua fala: não só o código que na real é pura eletricidade moldada mas as estruturas físicas que canalizam a eletricidade, tudo isso pode ser re-conhecido, re-pensado quando pensamos a partir do conhecimento livre. Podemos enterrar o mercado e recriar o mundo da escrita digital. Então o Marcus vai continuar pegando o gancho daqui...” Marcus Bastos - “Achei muito legal o comentário do Guilherme né? Concordo em absoluto quando ele fala assim: é só uma linguagem, uma linguagem computacional e quando você pensa o computador é um produto. O que eu queria falar um pouco quando a gente tava na conversa do Gimp, PD etc e tal, e tentar levar por um outro caminho é como a linguagem as vezes faz as coisas sem a gente perceber. Vide aí a onda do politicamente correto que em um certo momento as pessoas evitavam dizer certos termos prá na verdade apagar a carga de preconceito que tinha ali embutida. Então eu tenho dúvida quando a gente ficou aí nessa conversa do Gimp, se o problema não é um pouco parecido com esse, não estou dizendo que o filtro tem um olhar preconceituoso sobre a imagem não é nada disso mas ele te faz olhar para aquela imagem de algum jeito né? E enfim, acho que o barato dessa história é explorar o que essa linguagem computacional tem de mais inovador e não ficar ali com o Photoshop que é um programa que de alguma maneira simula o que você podia fazer na fotografia, o Gimp a mesma coisa, agora você vai lá no Final Cut e copia o que era possível fazer no cinema. Como é que a gente escapa disso?” Voz masculina - “Eu acho que no fundo o que tem assim, o que eu sinto as vezes é que muitas pessoas tem um receio muito grande de que qualquer pessoa pode então fazer um vídeo, qualquer pessoa... porque o cara liga ali o software e em dois cliques ele pode fazer, vai ficar a cara do software o negócio, mas ele conseguiu fazer. Tem mais de um exemplo de amigos meus assim que são (…) puta, não sabem nada de computador – Ah, como é que você gravou? Gravei no Word. Não entende de organização, não sabe mexer em computador, mas faz vídeos. E alguns deles fazem uns puta vídeo. E eu falo: pô então quer dizer que o cara então prá fazer vídeo hoje em dia não precisa mais entender de luz, de câmera, de bitrate no vídeo, pro cara fazer fotografia não precisa mais entender nada de diafragma não sei o quê, consegue fazer mesmo assim será que isso é bom, isso é ruim? Até que ponto... né essa a crise então todo mundo pode fazer... sei lá a minha opinião pessoal é que foda-se mesmo, todo mundo pode fazer mesmo, e isso vai evoluindo. E o que vai acontecer? Você vai ter uma massa, já tem uma massa gigante de milhares de fotos digitais, milhares de vídeos digitais toscos e um monte de coisa e tudo bem, porque quem sabe fazer, quem entende a linguagem e consegue trabalhar a linguagem de uma maneira interessante vai continuar se destacando de alguma maneira, enfim, ou vai continuar sendo referência para outro, vai continuar a indicar para onde a linguagem está evoluindo, isso vai continuar existindo, mas a massa de vídeos, fotos toscas e desenhos toscos... tudo bem, deixa as pessoas fazerem.” Voz masculina - “Só o negócio do Pure Data eu queria esclarecer um negócio que é o seguinte, o Pure Data ele é só um software, assim, não tem nada demais essa coisa porque é livre, porque tem até software proprietário que faz a mesma coisa que ele faz, que eu acho que é até o mesmo cara que fez inclusive. Ele é só um software, nada além disso, e as pessoas usam para fazer alguma coisa (…) ele tem uma interface, a mesma coisa (Interrompe a fala.) Não cara, ele tem a linguagem dele ali, mas é só um software, a gente não tem porque mitificar nada desse negócio...” Marcus Bastos - “Só falar uma coisa: eu entendo que você tá falando que é só um software mas ele é mais flexível cara, no sentido de que você... primeira coisa eu acho maravilhoso isso que você tava falando dos vídeos aí, multiplicando... isso eu acho maravilhoso porque o parâmetro de um vídeo de alta qualidade, ele na realidade vem de algum lugar, seja um festival de vídeo, um museu, alguém estabeleceu que aquilo é legal e eu acho que me interessa na conversa que a gente tá tendo aqui uma outra coisa que é a coisa do compartilhado e que a gente não tem mais esse lugar dizendo o que é bacana. E eu gosto do Pure Data por conta disso também, como ele é mais customizável ele permite com que as pessoas tenham uma relativa flexibilidade. Fazer uma imagem não é do mesmo jeito que o Photoshop acha bacana, você pode pensar num outro caminho... ” Voz masculina - “Fazer som não é do jeito que um equipamento de som, um acid... (...) vai ser do jeito que o Pure Data faz... (Interrompe a fala.)” Vozes ao fundo. “Estamos aqui com a ilustre presença do Purê.” Voz masculina - “Bom, eu senti que a conversa sobre a questão técnica caminhou, pelo menos na minha cabeça ela se destacou pela conversa sobre a origem estética, mas um exercício bem rápido de mudar de exemplo: por exemplo, eu concordo com o Léo, eu acho que a banalização da técnica ela não prejudica ninguém, pelo contrário. A prova disso é o lápis, todo mundo teve um lápis de grafite em casa mas nem por isso todas as pessoas que tiveram um lápis viraram grandes artistas, mas o que eu quero dizer é o seguinte: com relação... (...) eu acho que o lápis é um bom exemplo, o fato de todos nós termos um lápis não significa que nós éramos fantásticos desenhistas mas fez com que a gente soubesse que essa ferramenta existe e que é possível. Mas o que eu acho que era possível existir na internet e que não existe nos desenhos de grafite em casa, era uma plataforma que permitisse cada exentricidade de grafite à mostra. Por exemplo o flickr que é um exemplo de publicação de imagem, ele já nasce com um padrão de Photoshop desde as fotos que estão na home do site, quer dizer ele por exemplo me inibe de colocar qualquer imagem que não seja (...) é como se fosse um quadro bem rebelde, prá não dar nenhum exemplo de nome, numa moldura dourada. Eu acho que voltando à questão da origem estética falta uma ferramenta que permita essa liberdade de expressão.” Marcus Bastos - “E aí prá amarrar de novo com o software o que estou tentando falar é um pouco assim: você tem o lápis e você tem o pincel por exemplo. Do lápis por mais hábil que você seja com aquele negócio ele vai te dar um desenho que é sempre duro né? Ele tem um traço estruturado, você não consegue fazer variações tão extensas de vocabulário visual como você consegue fazer com um pincel por exemplo, que vai do renascentista ao mais difuso alí dos impressionista e aquela coisa do pontilismo que está completamente fora da lógica da pincelada mais clássica, e não sei acho que o fotoshop e o puredata, prá insistir nessa polêmica... (risos) é um pouco por aí também, enfim...“ Voz feminina - “Estamos discutindo gimp, puredata, aquelas diferenças que eles têm de base, é uma discussão legal que na verdade quando você estuda isso com vamos lá em nomenclatura, em português é aplicativo ou programa, um programa é algo programável tem um linguagem, o aplicativo ele é uma interface, mas ele tem um linguagem por trás, mas ele tem uma interface, o programa a interface dele são dados, códigos, e o aplicativo ele tem uma interface gráfica, em cima né, entendeu? Por isso que eu peguei pelo ponto do software livre, open source, perguntei ontem essa história, porque eu penso em aplicativo e programa, então quando você tá programando uma história e você não monta uma interface para o usuário final ele tem que entender desse programa também, algumas pessoas não gostam de escovar bits..“ Vozes ao fundo. “Então essa que é a diferença disso que você tá falando.“ FF - “Então só o Guilherme mandou mais um comentário, falando do pd purêdata.. (risos)... baixou o nível aqui mas vamo tentar manter a linha, o Guilherme falou que o pd é só um abstração visual de algoritmos tem a vantagem de despertar o interesse por circuitos e por linguagem de programação como o software funcionam etc, poderia ser linguagem C, python, etc, ou poderia ser um giz de cera ou uma fita k7 desmagnetizada com um imã uma possibilidade de fazer o que você faria com as mãos, tinta a óleo ou acrílica, tanto faz.“ Bom eu tô vendo que a gente tá girando um pouco aí na mesma discussãVoz masculina - “o, não sei se vale a pena enveredar em outras coisas. “ Vozes ao fundo. “Essa história de aplicativo e programa.“ Voz feminina - “Não, porque na verdade tipo... eu não sou muito boa prá falar, prá escrever, acho que sou igual tão ruim pra falar, acabo fazendo o projetos em casa, artísticos, mas a história do aplicativo de programas acho que realmente é da teoria do Flusser, da caixa preta dele, ele fala exatamente sobre do usuário final, que é o operador do aparelho, então acho que a discussão é por aí, quando penso essa história... eu mando o texto pra vocês por email.“ Marcus Bastos - “Ó eu queria desviar um pouco o assunto, é até uma coisa que e o Felipe já trocamos um pouco de figurinhas aí no começo que é essa situação aí de diversos tipos de cultura livre, como é que é no Brasil, como é que é fora do Brasil, etc e tal, e eu repito que isso tá prá mim marcado de uma experiência recente que eu tive que é de uma viajem pra Inglaterra e que me fascinou muito uma série de projetos que eu vi lá, que estão se valendo de softwares, enfim que são completamente criados dentro dessa lógica opensource, e às vezes até para situações bem especificas por exemplo, um dos que me fascinou bastante é um vídeo chamado the duelists, do David Leven, que ele fez uma gravação a partir de câmeras de segurança dentro de um shopping center, e o ponto aqui é que ele desenvolveu um software para editar o vídeo do jeito que ele queria, ou um outro projeto que é o do netmonster do grain haward, que é um cara bem conhecido, o cara que era do mongrel e fez o howard que é um browser dos mais maravilhosos da internet na minha opinião, que é o que mistura os sites, se tem 10 pessoas ao mesmo tempo ele embaralha o layout dos 10 sites em uma página que vira uma coisa de sobreposição de todos esses sites, e pô esse cara fez um motor de busca de imagens, que eu fiquei assim, cara eu não quero saber do googleimage, eu quero esse negócio dele, porque a possibilidade de afinar a busca, de tirar o que não era interessante pro que ele queria e coisas desse tipo eram espetaculares, e eu fiquei pensando em como que chega numa situação dessas né, como que você tem ali uma cultura que tá emergindo, que eu fiquei pensando só podia ser no país onde aconteceu o punk e toda essa situação à margem das gravadoras e isso ocorrendo completamente em paralelo aos softwares oficiais e coisas desse tipo, e enfim aí até queria ouvir um pouco de vocês, porque me interessa, a gente tava até conversando sobre o boto, não é o nome do projeto? que tá tentando ser uma plataforma agregadora de diversas tecnologias etc e tal, é enfim queria saber: Uirá, que que anda acontecendo de bom aí? Uirá - “É... do que eu sei o boto é um projeto que começou no metáfora como a maioria dos projetos, não o boto não... mas o livenodes, que virou xemelê, começou lá, e que depois... (Vozes ao fundo.) O boto é um jeito de viabilizar o xemelê, o xemelê é aquela história, eu não sei explicar xemelê... mas é uma historia de todo mundo poder conversar com todo mundo independente de sistema. É meio uma metáfora que o pádua tinha usado para explicar o livenodes há dois anos e que eu demorei prá entender, era um negócio de celular que tem que ser igual a telefone, você falar com as pessoas fácil igual telefone, você pegar ali, ter o número e o nome da pessoa e você poder falar com ela, não precisa entrar num email entrar num sistema, então num celular isso ficou meio que transparente, você disca, eu quero falar com léo, a primeira coisa que me vem na cabeça, eu tiro o celular do bolso e léo, dou três toques e falo com ele. (Vozes ao fundo. “É uma interface.“) Exatamente é uma interface que você esquece, eu não penso na Tim... a não ser pelo crédito, que é a grande treta, mas a gente vai conseguir resolver, mas você não pensa, você pensa em falar com léo eu pego o celular e ligo pra ele mas se você precisa falar pode falar por email também. O xemelê é uma idéia de viabilizar isso, de ser uma conversa de interface mesmo, de você poder conversar em qualquer ambiente, conversar simplesmente, sem ter que pensar. “ Corte na gravação. Voz masculina - “É uma outra grande antena da globo ali no meio da internet, é a mesma lógica, a lógica do broadcasting, não usa o peer-to-peer, não usa a transferência, e continua propagando a mesma cultura, e porque isso, porque existem interesses econômicos de tudo direcionar, e aí a pessoa fica cada vez mais presa à sistemas, então o cara tá no orkut o cara tem que entrar com login e senha no orkut dele, o cara tá no myspace o cara entra com login e senha, o cara tá no estúdio livre entra com login e senha, e as coisas não se conversam, e o cara fala porra outra senha, não agüento mais tanta senha... e as coisas não se conversam. E a idéia do xemelê, que é a idéia do boto, porque na verdade o que tá por trás dessa idéia do boto é as pessoas poderem usar a internet como deveria ser, você poder conversar com as pessoas, trocar coisas, independente se eu tô usando windows ou linux ou mac ou se eu tô no orkut ou no myspace ou no que for, então a idéia é assim tudo que eu tô trocando ali os dados são semelhantes, né tudo tem redirecionamento, tem seus textos, tem suas fotos, tem seus vídeos, tudo se pode chegar em um lugar comum... a idéia é que você possa então, não criar então O Sistema, ah então vamo criar o sistema que vai fazer tudo, pelo contrário... deixar que criem-se milhões de sistemas e fazer com que esses sistemas conversem entre si, cada usa o que preferir e assim por diante, e pode até usar sistemas que não são uma interface com navegador isso é uma coisa que a gente precisa chegar, porque o navegador tem uma interface limitada, poderia ser muito aquilo que o jeff falou que eu não tinha idéia, pô o cara arrasta prá uma pasta e ali já tá compartilhada, agora ao mesmo tempo isso depende de uma cultura, e que as pessoas têm que ter essa cultura, de repende arrastar prás pastas mas de repente colocar as tags pras pessoas acharem se não não vão achar, e aí tem que ter uma cultura de tagueamento, as pessoas têm que sacar o que significa as tags, como taguear, nem todo mundo sabe, bom, a idéia da tag que vem da folksonomia, que é a taxonomia emergente, é o seguinte: ao invés de ter lá uma meia dúzia de pessoas que ficam classificando o conteúdo que tem ali, igual a prateleira de locadora, aventura, drama e comédia, todo mundo que tá assistindo aquilo ali classifica, assisto um filme e falo - pô isso aqui é comédia, esse tem mulher pelada e vou colocando minhas tags e posso colocar n tags, quanto mais gente colocar comédia no filme e todo mundo faz isso, quando mais gente colocar comédia no filme vai encontrar, quanto mais alguém procurar por comédia vai achar aquele filme, então ele vai sendo alto, meio como tem no delicious, vários sites tem isso.“ Voz feminina - “O que rola também, sei lá, eu não entendo muito dessas coisas, eu sou super... mas meio que desafia essa lógica, é que muita gente coloca seu vídeo no youtube que é um vídeo sei lá um vídeo arte, um cara que quer ter reconhecimento imediato assim ser visto por milhares de pessoas, ele coloca o primeiro tag sex, o segundo tag hardcore sex, o terceiro... o décimo coloca vídeo arte, saca?“ Voz mascuina - “Só prá fechar o raciocínio, então essas iniciativas do boto, essas iniciativas que até aqui na discussão tinha também de incentivar o uso de licenças livres, mesmo que às vezes isso venha antes da escolha criativa né? Eu vou primeiro buscar coisas livres pra depois pensar na estética, isso pode ter, o que que é isso, na verdade é um movimento ativo assim, de você tentar desviar esse fluxo prá o desenvolvimento que tá tendo, é o que tá acontecendo com a tv digital, né? A tv digital tinha uma porrada de possibilidades, não pêra aí as possibilidades vão ser,,, eu quero fazer compra pela internet, pela TV, e acabou, entendeu? Então esses movimentos pra gente criar porque assim, prás pessoas conseguirem entrar nesse movimento pô todo mundo taguear, todo mundo classificando, as pessoas têm que criar uma cultura de uso, tem que ser um negócio natural, como é o celular, como o telefone é hoje, agora prá isso precisam existir interfaces boas prá isso, e prá existir interface, precisa de gente desenvolvendo isso, e não desenvolvendo outras coisas. E aí a gente precisa incentivar esses usos, a gente precisa incentivar esses usos e desenvolvimentos.“ Voz feminina - “O comentário que a gente fez anteriormente, sei lá, qual é a produção estética, adivindas de novas oportunidades e tal na verdade é o mesmo ponto que você tá colocando que é o que existe é uma, de novo vou usar termos super velhos babacas, que é a potência que você tá falando, é uma reconfiguração do sistema econômico vigente do mundo inteiro, tesão isso que você tá falando, várias pessoas pensando sobre isso e fazendo e indo, distribuindo essas técnicas, e foi o que você falou da tv digital cara... ok, sentaram 6 neguinhos e falaram não, não vou liberar esse conhecimento vou fazer um gás de compra, que é o que a gente conhece comércio, capitalismo, etc, isso que a gente falou aqui. Sei lá o medo, a discussão anterior de audiovisual etc, o medo da gente colocar um vídeo horroroso do ponto de vista (…) todo pixelado todo fudido, que medo é esse? É o mesmo medo, medo não enfim é a mesma resistência que a gente têm de quebrar esse sistema que a gente está acostumado, e começar a ver as coisas de maneira diferente.“ Marcus Bastos - “Agora eu acho que isso que você falou aí dani tem uma questão prá mim é assim olha... é, na realidade acho que é mais relacionado com o que ele tava comentando, e a conversa começou a respeito desses novos métodos de publicação etc e tal, porque eu tô muito interessado em entender como que a internet que no começo parece que misturava uma série de coisas ali né uma utopia de mudar a economia, a cultura, a sociedade etc e tal como ela colocou aqui, uma possibilidade. Então se a gente não quiser chamar de utopia, uma possibilidade de mudança que de repente foi se perdendo como você vai migrando para coisas do tipo myspace, youtube etc, no começo eu lembro que tinha a eletronic frontier fundadion, que de alguma maneira ela era mainstream e alternativa ao mesmo tempo então tava tudo misturado e a impressão que eu tenho é que foi se separando, sabe, por um lado a coisa que ficou mais corporativa e por um outro a coisa que ficou mais cultura livre então o que eu tô tentando perguntar aqui talvez como é que será que contamina o negocio né, como é que faz uma coisa cruzar a outra num contexto em que você tem a rede por exemplo hoje em dia acessada por um celular que porra não é mais um protocolo livre é na nokia cara, e aí?“ FF - “Eu queria tentar assim dar umas voltas do meu jeito dbah e tentar chegar em algum lugar ou tentar pelo menos levar pra outros lugares porque agente perdeu público aqui na internet a gente tá agora com 5 ouvintes, mas eu acho que caiu no meio a conexão aqui no meio por alguns segundos, mas é o seguinte, pegando essa historia do myspace, youtube e tal é existe uma certa influência desses movimentos de resistência de movimento hacker, de movimento de software livre no próprio desenvolvimento de ferramentas que vão surgindo, youtube, myspace, tem uma coisa assim que em alguns meses, alguns anos atrás, começou slashdot, tem uma coisa de um movimento dizer que a não a história de reputação de levar essa historia de moderação coletiva e tal, de todo mundo poder publicar, tem uma coisa ai que é bem positiva que é assim de repente a indústria de TI começar a apostar, não é nem desenvolver, essas coisas sempre surgem com alguém que desenvolve ai vem um google e compra vem um grande investidor e compra, mas acabou surgindo uma tensão por esses sistemas em que eu posso publicar minha mídia posso publicar tudo, acho que vem um pouco na esteira dos blogs agora virando multimídia, prá assim, tentando levar um pouco pra um outro lado tem um cara que chama hudhoker (?), que era um dos autores do ciberpunk lá do começo ele escreveu um livro em 79, enfim num post do blog dele que eu tava lendo ontem de novo, ele escreveu um livro em 79 chamado software no qual ele propunha uma idéia que era revolucionária mas depois todo mundo começou a fazer também, de eu fazer upload da minha mente dentro de uma máquina e ai depois isso vai ser recorrente em todos os autores ciberpunks e tal eu tava vendo essa semana ghost in the Shell, em português tem o nome fantasma do futuro, ou sei lá o que que tem essa história são corpos ciborgues e aí de repente aparece um ciborgue que tem uma mente e aí eles descobrem que a mente foi auto-gerada e é um vírus mas é e o hudhoker volta nesse ponto do upload da minha mente prá uma máquina prá pensar se de uma maneira diferente eu usar um flicker ou youtube essas coisas assim o próprio blog, eu não to fazendo upload da minha perspectiva subjetiva sobre as coisas e nesse sentido eu faço upload do meu conhecimento tácito que pode ser uma maneira de dizer que eu adquiro uma certa imortalidade por mais que aquela informação que tá sendo publicada ali não tenha uma auto-conciência por mais que a gente possa pensar que isso também por enquanto não tem, então na verdade eu ainda não consigo realmente entrar na rede e viver sem hardware ele se perguntam um pouco sobre essa questão, e pegando assim toda herança ciberpunk eles se perguntam como que a gente vai propor um uso critico disso, como que a gente vai pensar isso criticamente, assim como no começo tinha toda a questão da tecnologia se espalhando, e de repente vêm as grandes corporações, a gente pensar e opa nem tudo são maravilhas, como é que eu vou garantir que eu tô fazendo upload e eu continuo tendo controle e não tô só usando um produto. Eu acho que até vai um pouco nessa tua questão de ah legal como é que a gente propõe que a internet tenha aquela coisa mais colaborativa mas também de eu ter o controle. Beleza, a privacidade não existe mais, orkut e youtubes e todas essas coisas assim, privacidade não existe, mas como que eu posso ter consciência de tudo isso que tá por trás e não só ser usuário de toda essa tecnologia e acho que é isso que a gente tá, todos esses movimentos tem essa questão, e tem esse grande paradoxo, que é assim, até que ponto a gente propõe uma série de questionamentos que são uma certa resistência à maneira de como a coisa vem se desenvolvendo, a indústria, as megacorporações e tal, mas quando a gente chega ao ponto que a gente influencia, porque a gente nunca vai substituir a indústria, a gente tem, existe esse posicionamente de resistência, de re-existência, no Deleuze lá tem essas coisas... mas quando eu chego ao ponto de influenciar o próprio desenvolvimento da indústria pêra ai a gente perde a identidade e ém talvez não é isso que a gente quer. quando vem a nokia e lança lá o internet tablet que usa um sei lá o que, usa uma emo que é uma versão de linux, eu usei um negócio desse por um tempo e pô é maravilhoso mais ai tem algumas partes do software tem alguns softwares, e tem alguns driver que são proprietário e a nokia não vai abrir então na verdade os caras estão usando o software livre, estão usando todos recursos do software livre tão usando a historia, ah tem wifi, é livre, conecta conecta use seu software livre aqui só que aí eles estão fazendo um aparelho que e caro que continua na história que eu não vou nem conseguir voltar la em cima quando agente tava naquela questão ainda do pd da situação visual de algoritmos não sei o que, o Guilherme disse a tanto faz só parem de comprar laptops de 7 mil reais que isso é fetiche. Acho que o problema é esse, a adoração do computador como fetiche, então a gente têm a questão, tem uma apropriação, tem a indústria dizendo que entendi o discursos da colaboração do software livre, mas eles criam outro objeto de fetiche que na Europa custa 350 euros então não é pra baratear o custo não é pra fazer uma coisa mais acessível e sim pra criar pra perpetuar a história do fetiche da adoração da caixa preta e a gente pega aqui uma analogia que eu acho bem interessante é o monolito do 2001 e a reação dos hominídios em volta adorando sem entender e dançando em volta, como que a indústria quer que a gente use a tecnologia, esses aparelhos aí, blackberry do jeff que ele usa isso o tempo inteiro... bem o jeff é um cara que vai tentar certamente daqui uns dois dias, ele vai estragar isso de tanto tentar hackear, mas as pessoas que estão na rua estão na padaria em frente acessando seu email o cara vai fazer o uso totalmente fetichizado daquilo, aquela coisa: ah não, é um aparelho que vai me dar status e tipo eu tava lendo sobre celulares com teclado qwert, em uma pesquisa que fizeram sei lá nos EUA, aí viram que a maioria dos executivos que compram esses celulares com teclados qwert não sabem nem pra quê serve esses teclados, não usam... mas é a questão é que agora têm mais um objeto prá mostrar, têm mais um objeto de referência, têm mais um totem, mais uma varinha mágica que eu vou mostrar pros meu amigos e vai me dar um certo posicionamento no grupo. É enfim, eles viram dislexos de novo, mas eu acho que é assim tem essa questão desce paradoxo até que ponto essa resistência esse uso criativo, vanguarda, esconde o microfone é... mas tem essa questão de ser uma coisa mais experimental da gente propor outras coisas, quando a gente consegue influenciar é legal os caras adotaram nossas idéias, e agora como que a gente se posiciona? a gente perde a identidade tb isso é uma coisa que muito louca, porque no Brasil um processo que tá rolando agora, que assim há alguns 3, 4 anos atrás um monte de redes independentes de enfim de ativismos midiáticos, de rádio livre e coisas assim, o próprio metareciclagem o pessoal de mídia tática se juntou e aí acabou acontecendo uma catalização de poder influenciar programas de governo principalmente pq a esquerda no país ficou 40 anos sem governo, não tinha quadros, de repente abriu espaço prá uma galera mais ativista e aí de repente teve uma torção e se perdeu a mobilização se perdeu a questão de resistência e agora um momento que tá todo mundo perguntando tá mas pêra ai, eu trabalho pro governo mas eu sou resistência mas é como que é essa relação? E é muito louco pq é um momento que tá acontecendo agora assim esse refluxo de mudança de mandato, acho, o projeto dos pontos de cultura tem uma coisa muito doida, a galera que formou o projeto no início era uma galera bastante ativa na questão de ativismo e tal e essa galera foi saindo e foi saindo e foi saindo e a gente vê hoje, essas pessoas que saíram, eu continuo no projeto até hoje, até porque nunca trabalhei então.. hehe.. mas as pessoas que saíram elas tem uma questão muito complicada, pessoal assim, de paternidade ou de refutada, pq elas influenciaram bastante elas tem uma coisa de pô eu ajudei a criar esse negócio, Ruiz tá ouvindo será? Ruiz, Ruiz, é... pessoas que influenciaram bastante assim, que foram bastante ativas até na questão de adotar um discurso mais de resistência na elaboração do projeto, na identidade do projeto, e de repente elas estão de novo na posição de resistência, mas fica essa coisa de pô eu gosto disso eu me orgulho disso ou não me orgulho disso. Só um comentário de Guilherme, Guilherme escreve rápido aí porque eu vou começar a comentar então termine de escrever, (lê:) isso ff hoje as pessoas da Europa usam pd com ardoinos para aprender eletrônica fazendo asa eletrônica, mas gastam milhares de euros em sensores e gadgets prá fazer suas instalações. A mim me interessa só que se faça uma recapitulação da descoberta da eletrônica e da linguagem computacional como algo que no início sempre é artesanal, parece ser essa a única maneira desse precesso inevitável de digitalização tornar-se natural, tão natural quanto batucar um tambor, pixar um muro e dançar. “ Marcus Bastos - “Em cima disso que você falou Felipe até acho muito enfim, o comentário que você fez aí prá mim vem de encontro com uma preocupação que eu tenho quando eu tento colocar essa tentativa de pensar a respeito diversos tipos de cultura livre, pq eu vejo que o Brasil já é um país gigantesco gente... e quando você vai tentar fazer isso, acaba que as energias elas viram mais voltadas prá você tentar dar conta de fazer com esse país gigantesco e com uma série de pessoas que não são necessariamente os caras que sabem fazer o arduino funcionar de tal e tal jeito, e enfim eu acho que um lado importante da questão é esse é lógico, mas como que a gente vai fazer se esse monte esse milhões de pontos de culturas de pessoas que tão trabalhando com isso etc e tal, chegar num ponto que é assim olha eu desenvolvi um software um motor de busca como é o caso do netmonster que me permite fazer coisas mais interessantes do que o google images e as vezes me da impressão que as vezes tem um desafio em dobro ai né, não sei se...“ Jean Habib - “No Brasil a gente tem que fazer um dupla tradução pra linguagem computacional, a base é inglês e ai a galera ate entender ai tem que entender o inglês, acho que ta um pouco mais distante, mas é so um ponto computacional, acho que isso não explica nada assim, é so tipo uma viajem mesmo.“ Marcus Bastos - “Não e nem pelo caso da língua inglesa o caso assim... eu tô pensando até a minha experiência pessoal, e eu tenho uma formação que eu acho que é relativamente ok, e eu me sinto um analfabeto prá essas coisas, e por exemplo tenho amigos que programam e entendem como funciona isso e eu vejo os caras desconstruindo a lógica do software e fazendo coisas maravilhosas e eu pó cara eu quero aprender tb, mas imagina so fazer isso com pessoas que de repente...“ Jeff - “Só um, meio que complentando o que o jean falou, programar em shellscript, por exemplo que é o que o linux usa que é muito ridículo, ele é muito facinho de fazer os programas... Muita gente aprenderia muito mais fácil em vez de você usar o if você usasse o se, se for isso faça isso, ou o else ou esse tipo de coisa que até você entender que um if é um se você tem que falar pro cara então você tem que aprender duas vezes é isso que eu tô falando... porque na verdade se fosse no seu idioma padrão você iria fazer um texto ali porque programar nada mais é do que fazer um texto ali programar em Shell é muito fácil de fazer só que sem o trabalho de entender o que que você tá fazendo, saco? Então a galera não entende que tá fazendo um se, entende que tá fazendo um if, saca? Acho que aí é que á um pouco da dificuldade também... Só mandando um salve prá Diana lá no irc tb. “ Voz feminina - “Eu me lembro de acompanhar uma discussão na tv, era uma conferência de várias pessoas convidadas para falar sobre essa iniciativa do governo de fazer esses centros de cultura de mídias, de cultura digital, enfim... e aí tinha uma a linguagem, super careta o negócio, e a linguagem dominante ali era educação, assim então parecia que esse negócio de inclusão digital era um lance de educar a população. Aí chegou um neguinho eu não vou lembrar o nome da pessoa, pegou o microfone e falou assim cara cêis tão viajando, cêis tão perdendo ponto, na verdade não é educação, pula essa parte, não precisa alfabetizar a galera, prá depois ensinar a mexer no Word prá depois ensinar a mexer no photoshop pra depois ensinar a mexer na internet prá depois a galera fazer seu próprio software, ensina a escrever com sofware logo de cara, e o resto vem com a situação é isso, tipo assim o cara tipo assim, usando como metáfora tá não é nem um comentário sobre o que você falou, mas assim não precisa ensinar que o if é o se, não precisa ensinar isso, aí o cara vai pensar: tá if tem que colocar o if, o if ali o i f já é um código, já é né? Manja... nesse salto que esse cara entendia como if, mas ele foi detonado na mesa né? acho que ninguém entendeu... “ Jeff – “Mas acho que é muito mais fácil de você entender o que você está fazendo, sacou? Eu posso entender que o if é um código pra mim, assim como se eu coloco um monte de outros códigos que eu não traduzo, que não tem tradução, eu entendo que são códigos, mas se eu conseguir entender melhor o que eu tô fazendo...“ FF - “Só quero perguntar um coisa, rapidinho, Fernando, você aprendeu primeiro o inglês ou aprendeu a programar? É, então acho que tem uma outra questão que acho que é interessante, aliás é a mesma questão, que quando começou essa história de inclusão digital alguém me perguntou, a gente tava no começo do metareciclagem e alguém me perguntou não sei quando, sei lá, enfim no estado de São Paulo, sei lá, alguém me perguntou: ah não mas como que vocês fazem prá ensinar as crianças a usarem esses computadores, porque muitas delas são analfabetas e tal? A gente falou: não, mas tem muitas que estão aprendendo a escrever com o auxílio do computador, então na verdade não é que o cara tem que ter o domínio de escrever. Tem gente que usa computador e não sabe escrever até hoje, que a gente conhece bastante por aí, né Jean. “ Voz masculina - “Só dois exemplos pra confirmar isso, um é domingo agora o filho de minha prima, tem 3 anos, ele não tem coordenação prá segurar uma caneta ainda e escrever, mas ele já escreve o nome no computador Lucas, fiquei impressionado, cara como assim... ele reconhece todas as letras, eu falei o f aí, ele vai lá e pá ffff, o que é incrível cara eu fiquei, o que é isso, ele já sabe rapidinho ele vai começar a escrever... só que no computador. E outro o pessoal do, o pessoal do MOHHB o movimento hiphop organizado brasileiro, Lamartine, uma galera... a gente conheceu eles em 2004 no fisl, sei lá quando foi... numa mesa que tava lá software livre e hiphop, sei lá qual que era a porra, você tava lá Felipe? E a discussão era meu o que que software livre tem a ver com hip hop, que história é essa que debate é esse? E os caras viram com um discurso super agressivo, falou meu seis tão loucos, os caras na favela não tem o que comer, não tem o que estudar, cêis tão viajando pára com isso, ficaram com um discurso, foi assim... E na época a gente conversou, pô cara o computador não tem que vir depois, o computador é mais uma ferramenta prá ajudar a fazer tudo que já faz, e os caras sacaram isso, tanto sacaram que foram os caras que primeiro organizaram uma oficina, conseguiram doação de 300 computadores do banco do Brasil, fizeram o encontro de conhecimentos livres, foi lá que foi o primeiro que aconteceu, no piauí, com 200, 300 computadores do banco do Brasil, a galera montou 4 telecentros, na hora que eles sacaram, eles arrh, porque eles tem muita força. E acho que isso é só mais um exemplo prá confirmar isso que a gente ta falando.“ Jean Habib - “Isso é meio parecido com aquela galera de cuiabá, o cubo, que não existia a cena alternativa no pico a galera que quisesse se divertir, não rolava casa de show, essas coisas assim, aí a galera foi lá e começou um cena, hoje eles trocam serviços, meio que com um vale deles, meio que uma moeda que eles tem, sei lá o cara que trabalha na banda compra uma roupa e ganha um suco, tá ligado? Fizeram rodar assim mesmo e de repente surgiu um outro movimento em cima deles, também que é a galera da cena alguma coisa lá, a galera do rock´roll que é 10 vez maior do que a galera do hip hop, então tá rolando uma puta cena, então tá rolando o negócio lá. Então eles fizeram acontecer a cena por uma articulação meio underground,tá ligado?“ Vozes ao fundo. “Um comentário da Andreia Saraiva. Com certeza, o lixo é uma linha de negocio, é um mercado de trabalho.“ Voz masculina - “O papo tá indo e eu queria voltar no boto, você comparou com a história da tv digital, que as pessoas acabando fazendo e acaba virando youtube e acaba virando gmail, e acaba virando serviços comerciais, e eu acho que não... a proposta é pra outras comunidades menores e é de um protocolo comum que possa servir de uma identidade de usuário prá esses ambientes dispersos, sei lá tem overmundo tem estudio livre tem um monte de ambiente aí que não são comerciais prá voltar prá aquela coisa de peer-to-peer prá voltar prá servidores distribuidos, e o boto vai nesse sentido, só prá deixar mais claro, e eu acho que são os desenvolvedores que fazem software livre são as pessoas que estao aqui do lado, fazendo estudio livre e dá prá gente fazer alternativa sim.“ Voz feminina - “Na verdade eu concordo plenamente, nem fui eu que fiz esse comentário e mas eu queria falar... o marcus falou dessa coisa, a internet nasceu total como um projeto utópico totalmente agora o que a gente tava discutindo aqui o lance enfim de reconfigurações de criação e publicação de conhecimento isso não é utopico isso é real na verdade o que você muda, enfim algumas situações já foram inevitáveis, algumas corporações vão lá, o google, e compram e a gente sei lá tem o mínimo de conhecimento crítico maior, merda de novo, mudou a maneira da gente pensar já mudou, já fudeu já tá desafiando essa lógica coorporativa. Então eu acho que a internet eu concordo plenamente, tem uma potência enorme, e ela é distópica, não é utópica, na minha opinião... mas acho que a internet, talvez, a internet faliu nessa questão do compartilhamento justamente porque ela veio com a rubrica da utopia, mas ela não é utopia não é o objetivo a ser alcançado, até a discussão que você falava felipe sobre a resistência e tal, puta percebe como a gente óbvio que tem que haver resistência enfim a gente pensa maneiras mais inteligentes de obter conhecimento, mas percebe como a gente é calcado num tipo de linguagem que já estabelece um paradigma, que é o paradigma do dominante, das corporações e tal contra os quais a gente tem que resistir. Na verdade a internet ela proporciona um espaço que não tem esse papo de dominante e resistência que é um lance de peer-to-peer mesmo e a resistência ocorre na história que o guilherme falou, da gente comprar computadores de 7 mil reais ou fazer instalações de equipamentos de vigilância com 3 paus de gadgets, é aí que tá a resistência, na distribuiçao do equipamento, pra falar uma palavra hororosa o mundo é sistêmico, como a gente assim o conhecimento básico antes da linguagem, antes, isso... Voz feminina - “Eu só vou dar uma alfinetadinha, cêis vão querer me matar, é a história do preço da liberdade... a resistência tem um preço também... “ FF - “A resistencia é o resistor né... (Risos.) é a historia de resistencia é uma coisa, bem na real eu tô falando de resistencia aqui usando uma concepção do primeiro submidialogia em 2005 o chico colocou bem assim, tá no primeiro caderno submidiatico depois quem quiser consultar é pub.descentro.org, eu vou colocar no chat depois, mas no metareciclagem a gente nunca se entendeu como um movimento de resistência, a gente nunca se entendeu como movimento contra hegemônico ou coisa assim, a gente assim coletivamente a gente nunca se encaixou num movimento antiglobalização ou essas coisas assim principalmente por essa natureza emergente então o metereciclagem ntem essa natureza de ser aberto, entao não existia a opnião do metareciclagem, e sim a opinião de pessoas e as pessoas fazem metareciclagem entao é uma rede que é emergente. Mas a gente sempre encontrava assim, quando eu falo a gente eram as pessoas que falavam sobre a metareciclagem que na verdade acaba sendo eu falo sobre as pessoas que estão mais próximas de mim mas metareciclagem tem mais de 250 pessoas e só 20 falam na lista entao é sempre complicado falar na gente. Mas metareciclagem sempre se propôs a ser uma coisa emergente e que propunha a construção com bases colaborativas então é complicado a gente colocar esssa questão de resistência e é por causa disso assim dessa dificuldade em se enquadrar no padrão contra hegemônico, eu tinha dúvidas bastante grandes se o que a gente propunha como metareciclagem se enquadrava no conceito de midia tática aí o miguel caetano que não tá ouvindo por que é muito tarde lá, que e um pesquisador português ele vez uma tese de mestrado sobre metareciclagem e a grande questão que ele tentava responder era se o metareciclagem se encaixava ou não no conceito de midia tática porque a gente não compartilhava daquela coisa de resistência, a gente dizia não nós somos contra seja lá o que for, e o metareciclagem como realidade complexa sempre conversou com todo mundo entao a gente conversa com governos, conversa com prefeituras do pt, conversa com prefeitura do psdb, conversa com prefeitura do pdt, conversa com petrobrás conversa com... então sempre teve essa questão do diálogo e nunca se posicionar contra, sempre tentar buscar prá história colaborativa e aí enfim o miguel faz um puta estudo de 200 e poucas páginas que certamente não vou replicar aqui ate porque eu não consegui e uns dos pdf que eu não consegui ler inteiro eu só dei uma passada de páginas.. mas ele termina por enquadrar o metareciclagem com o conceito de midia tática, por conta de uma aproximaçao com o conceito original com o setor de tática e estratégia e tal e não tanto por aproximação com outros grupos que se denominam como midia tática. Mas e aí assim o submidialogia que foi o festival que a gente fez, festival não conferência seminário que fizemos em campinas, o primeiro em 2005 teve uma discussão bem interessante, no qual o marcio black, puta ele não tá online hoje, marcio black ele propôs uma questao que é assim não mas se vocês colocam um software livre na rede e aí vem um ibm e usa aquele software vocês estão colaborando com aquela empresa, a gente fala sim. Não, mas ela vai elaestar apropriando daquele software, sim, ou não mas isso não tem problema. E ai a gente fala sim, a historia do software livre propõe até uma outra perspectiva, uma outra maneira de enxergar a questão de como que eu vou propor alternativas, como que eu vou resistir, e aí que assim, o que eu mencionei antes meio por cima que é o que o chico propôs na discussão que ele fala que não é resistência é uma re-existência, ai beleza, mas então a gente tá propondo uma outra coisa, a gente tá propondo um modelo colaborativo a gente não tá dizendo: ah vamos quebrar o sistema e vamos invadir e vamos nos tornar o comando revolucionario e sei lá o que, porque na verdade a gente sabe que isso não funciona. “ Voz feminina - “Eu fiz uma pergunta pro geert lovink uma vez numa palestra que ele tava falando, interessantíssimo o conceito de mídia tática, eu fiquei chocada assim com a linguagem, ele falava de mídia tatica, de estratégia, de soberania, e tanatana. Eu fiquei assim, porra, a primeira pergunta que eu fiz assim, eu vamo pensar esse termo né, midia tactic, e talvez um termo mais propício pro que você tá tentando fazer e que na minha opinião a sua linguagem te impede seria midia tatica, tipo que é exatamente isso que a gente tá falando agora e a gente tá falando agora, de tático, de sensível cara de sacar quais são as verdadeiras potencias dali do meio que você tá lidando prá enfim criar novas maneiras de re-existência, pra usar seu termo.“ FF - “Só falar, enfim, de novo mencionar o chico caminati, nosso amigo santista aí, não tá não, ele foi no submidialogia 1, é enfim, não esse aqui é o caderno submidiático 1, então eu quero citar aqui o acadêmico bodinho, que de acordo com suas leituras de Deleuze e Guatari ele ensinou uma outra maneira de utilizar o conceito de resistência. A resistência segundo Guatari seria negação, então assim, eu vou resistir, a resistência baseada na negação esta fundada no paradigma da física mecânica, da ação e reação, e outro tipo de resistência que ele propõe é a re-existência que é a construção de novos espaços de existência, então não é que eu sou contra as coisas que eu quero destruir o pentium e tal, não... eu quero construir novos espaços de existência porque não dá prá gente fazer simplesmente fazer revolução e derrubar as coisas e tal porque a lógica é outra, e o barato é outro, a gente tá falando de fisica quântica. “ Voz feminina - “Eu gostei dessa historia que a dani falou, como é, midia sensível, é isso, quando a gente pensa em cidade, ai eu vejo a internet como um meio urbano também, você pensa a cidade com uma sensação tático-sensivel, né? Uma vivência prático sensível da cidade então tem tudo a ver com a historia da internet aí. “ Jeff - “Isso que é o grande lance, não mais é muito doido isso, porque a gente agrega valor em uma negócio que a gente não pega, isso é foda. (Interrompe a fala.) Não, o léo vende gillete no second live. O ruiz colocou alguma coisa aqui agora a pouco, agora ele falou pra encerrar, mas na realidade não é encerrar, eu quero só mostrar um exemplo, um exemplo não vai, mas a gente chegando nessa conversa de.... O ruiz falou prá gente colocar quando a gente tava falando de estética, internet, e qualidade, aperta play aí. É só uma paus aí vcs que estão ouvindo, vcs só vão ouvir, mas é só entrar lá no youtube e procurar por bertolina da marli.“ Sobe música. Ouve-se: “Estamos todos perplexos aqui, nenhum sobrevivente na sala.“