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qua, 31/07/2013 - 23:55

Limpando as teias

O site da MetaReciclagem tem uma história. Seu formato atual é fruto de uma série de discussões que marcaram um episódio importante da vida da rede. Mas hoje ele parece um prédio abandonado: mostra aqui e ali traços de tempos passados. Existe ainda um ou outro habitante eventual. Mas está longe de cumprir a ambição que já teve, de refletir um pouco das dinâmicas da rede, atrair a documentação de ações e proporcionar a articulação de projetos.

A própria MetaReciclagem também mudou bastante nos últimos anos. O processo do fim do mundo foi bastante significativo. Na minha leitura, ele denotou o esgotamento da tentativa de criar uma só voz para a rede, de tentar encontrar uma coerência não só para as opiniões mas para o próprio sentimento de pertencimento, para as multiplicidades e as constantes mudanças desse boteco feito de vapor. Me parece significativo também que eu escreva este post no blog do mutgamb, e não na conectaz da infralógica. Sinto até alguma culpa, como se estivesse desistindo de algo. Mas sei que não estou sozinho (na verdade, estaria sozinho se insistisse no contrário). Tão culpado me senti, que mudei de ideia e resolvi publicar no site atual da rede mesmo.

Ainda assim, não acho que a MetaReciclagem tenha desaparecido. Eu continuo chamando muito do que faço de MetaReciclagem, e trocando com outras pessoas - e para mim isso já é sinal de existência da rede, ainda que bem menos estruturada do que já imaginei. As conversas, tenho certeza, continuam acontecendo. Só que estão espalhadas e fragmentadas. Na melhor das hipóteses, as pessoas estão documentando as ações em seus próprios blogs e wikis. Na pior, como todxs sabemos, estão usando as grandes redes sociais corporativas - onde não podem ter nenhuma certeza de que suas informações vão continuar disponíveis amanhã.

É por essas e outras que eu e Adriano Belisário estamos propondo, através do MutGamb, debater e planejar os caminhos futuros para uma infralógica da MetaReciclagem. Queremos descobrir se é viável reinserir a MetaReciclagem na busca de soluções autônomas e seguras para a comunicação entre grupos, para a documentação de ações e para a articulação de atividades colaborativas.

Colo abaixo um pequeno texto que rabisquei pensando nessas questões.

A ideia de uma infraestrutura autônoma que funcionaria como espaço de identidade e documentação para ações e projetos, além de promover o intercâmbio entre as diferentes iniciativas, sempre habitou o imaginário da rede MetaReciclagem. Ao longo da última década, fizemos um série de experiências nesse sentido. Foram pelo menos quatro gerações de servidores, e talvez uma dezena de combinações de serviços de rede, CMSs e websites. Esses serviços sempre funcionaram como espaços de memória e articulação, mas em todas suas encarnações faltavam muitas coisas.

Por volta de 2009, quando ganhamos o Prêmio de Mídia Livre, decidiu-se dividir a aplicação dos recursos em algumas áreas: o que veio a se tornar MutGamb como esforço de documentação no sentido de oferecer uma alternativa narrativa para a demanda de explicitação de algum tipo de limite (ainda que fluido) para a MetaReciclagem; o eixo MetaRecursos / MicroReciclagem que pretendia oferecer orientação para projetos em busca de recursos, além de promover um programa de microfinanciamento de ações de MetaReciclagem; e por fim a Infralógica, que configuraria uma série de ações para melhorar as ferramentas de comunicação da rede.

Desde meados de 2007, já havíamos trocado praticamente todos os sites que tínhamos simultaneamente antes (um site estático em HTML, um planet, uma instalação coletiva de wordpress-mu, um moodle, um scuttle, talvez outros) por um site em drupal (só mantivemos o scuttle, administrado até hoje pelo wille em um servidor separado). À época, muitas iniciativas de MetaReciclagem haviam se atomizado - criavam seus próprios blogs, mas não dialogavam entre si nem pela lista nem por outras ferramentas. A aposta no drupal estava naturalmente relacionada à familiaridade com o sistema que alguns de nós tínhamos. Mas era também uma tentativa de integrar grande parte das necessidades da rede em um sistema integrado e abrangente. É possível que tenha sido nessa época que tentamos criar um vocabulário comum (esporos, conectazes, infralógica, etc.). De certa forma, me parece que tudo isso foi uma busca por integração de ações que se denominavam MetaReciclagem, na sequência de uma perda de identidade depois que muitxs de nós havíamos trabalhado em grandes projetos de governo, oferecido oficinas, feito experiências diversas. Existia ali uma posição algo paradoxal: para reforçar a importância das ações espalhadas pelo Brasil, o site assumia uma grande centralização: o wiki foi jardinado (até certo ponto), as ferramentas todas tinham uma interface comum, a administração e manutenção do site ficaram na minha mão. Centralização para criar espaço comum, e possibilitar que as pontas se apropriassem dele. Foi uma aposta, que não sei dizer se estava certa.

Esse impulso inicial em busca de articulação e criação de base comum influenciaria grande parte do que tentaríamos fazer depois de receber o prêmio Mídia Livre. A partir de 2009, então, organizamos um grupo de trabalho que alcançou algumas coisas: saiu da aletta (servidor mantido pelo descentro) que então já mostrava sinais de exaustão, padronizou a instalação e atualizou a versão do drupal para uma mais recente; fez um estudo de recursos do site, interface e usos; otimizou uma série de detalhes; desenvolveu um frontend e telas; montou um theme do drupal. Havia um questionamento sobre a pertinência de continuarmos imaginando a lista como espaço privilegiado de interação, quando sabíamos que os emails condicionam as conversas a um determinado tipo de retórica e impostação que já ficavam ultrapassadas para a molecada que chega hoje na rede. Ficava claro também que a lista era também um espaço complicado para se pensar em arquivo, memória e busca. Fizemos um monte de reuniões via IRC, alguns encontros presenciais de trabalho, uma reunião no Bailux durante o Encontrão Transdimensional. Algumas pessoas trabalharam para implementar aquelas mudanças iniciais, e elas deram uma nova cara para o site.

Havia muitos outros planos, mas fomos atropelados por uma série de coisas. As duas mais difíceis foram o falecimento de dpadua no fim de 2009, e o desaparecimento de mais de um terço dos recursos do prêmio por dificuldades com a associação proponente. Essas duas situações imobilizaram tanto o eixo Infralógica quanto o MicroReciclagem. MutGamb encontrou caminhos, no ano seguinte ganhou a segunda edição do Prêmio e o resto todxs que leem isso já conhecem. Já a Infralógica perdeu aquele ímpeto inicial, e hoje nem seria adequado tentar retomar do ponto onde paramos. Além de toda a transformação no cenário, no papel das ferramentas colaborativas e nos recursos técnicos disponíveis, a própria MetaReciclagem passou por uma profunda virada do avesso, com todo o processo do MutGamb Fim do Mundo.

Me parece que hoje em dia não faz mais sentido almejar um vocabulário e uma infraestrutura focados na integração ou no reforço do comum. A MetaReciclagem ganhou tração como uma espécie de força pendular - as pessoas por vezes se aproximam, se identificam, organizam encontros e usam esse nome; e outras vezes se afastam, fragmentam - e isso é adequado às condições de hoje. Mas o site atual não reflete isso. A intenção deste projeto é propor e buscar caminhos mais apropriados (pessoas, recursos, tecnologia) para implementá-los.

Hoje, mais do que nunca (e ainda mais reforçado pela paranoia pós-Snowden), parece ser a hora de retomar a importância de ter uma infraestrutura autônoma, gerenciada coletivamente, que possibilite a diversidade e ofereça segurança e estabilidade para as pessoas e grupos fazerem suas próprias articulações e documentação. É importante buscar a possibilidade de hospedar o sistema em algum servidor (ou mais de um) no Brasil. É importante documentar as soluções técnicas, compartilhar o código, explicar as decisões conceituais, garantir a governança do sistema.

No caminho vamos descobrir se essa conversa toda é relevante para mais alguém. Se for, ótimo: vamos precisar de ajuda de todas as pessoas que tenham algo a contribuir. Senão, pelo contrário, também é bom saber: largamos a nau ao vento e seja o que o futuro quiser.

1868 leituras blog de felipefonseca
qui, 20/06/2013 - 12:34

Tua vida é um lixo. Recicla-te.

(Indireta a quem servir o chapéu possa postada na lista de e-mails metareciclagem@lists.riseup.net)

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2315 leituras blog de iuriguilherme
qui, 30/05/2013 - 20:55

Reunião Riacho 27/05/2013

No dia 27 de maio de 2013 aconteceu a terceira reunião no Riacho Grande. Na reunião do mês anterior estiveram presentes o secretário dos Transportes e da Saúde para dialogar com a população local (disseram que as demandas foram grandes e que muitas pessoas estavam presentes). Nesta semana, quem estava presente foi a Neide, Assistente Social (menos pessoas e menos dialógo). Sergio até alertou que essas reuniões nao são apenas para a população cobrar, mas também dialogar, aprender e levar soluções, reforçando a ideia de gestão participativa.

Neide conversou didaticamente sobre a importância de ajudar e notificar casos de violência doméstica, evasão escolar (ainda bem altos). E também mostrou como era possível obter ajuda do poder público (idosos, deficientes, incapazes).

Sergio comentou sobre a importância do ECA e de atender comunidades em situação de vulnerabilidade socioambiental. Sugeriu que no próximo mês de junho fizessemos algumas visitas aos bairros levando a discussão da temática ambiental, por conta do mẽs do meio ambiente.

Notificou alguns avanços: como a regulmentação da feirinha de domingo, o fechamento da prainha, e a mudança de mão de algumas vias.Ficou de compartilhar esses avanços por email.

2120 leituras blog de mairabegalli
qui, 16/05/2013 - 09:25

Primeira reunião na subprefeitura do Riacho Grande, em 25 de março

No dia 25 de março aconteceu a primeira reunião, na subprefeitura do Riacho Grande com o objetivo de envolver a população local nas escolhas da região. A reunião foi convocada por email e contou com a presença de líderes locais, e pessoas das mais diversas atividades, com as mais variadas demandas.

Wagner Lino, o atual subprefeito disse que o objetivo é reunir mensalmente a população local, que sofre com o afastamento geografico de SBC (centro). Ele expôs a situação que a sub passou entre os anos de 2005 até agora,um contexto de abandono que reflete a fragilidade atual do sistema socioecológico da região.

Não consegui participar da reunião de abril, mas pretendo documentar todas as reuniões que devem ocorrer nas últimas semanas de cada mês.

2975 leituras blog de mairabegalli
qui, 16/05/2013 - 07:16

Mesa redonda Urbanização de favelas em áreas de mananciais na UFABC

No último dia 9 de maio, a UFABC promoveu a I Semana das Engenharias. Uma das atividades, que também integrou a III Jornada de Engenharia Ambiental e Urbana, foi a mesa redonda "Urbanização de favelas em áreas de mananciais", que contou com a participação da Violeta S. Kubrusly (Prefeitura de São Paulo), e da Tassia Regino (Prefeitura de São Bernardo do Campo) que falou sobre a urbanização integrada e recuperação ambiental no Alvarenga.

A apresentação da Violeta foi bastante didática, contextualizou os problemas que envolvem as áreas de manancial de SP desde 1700, quando o Rio Tamanduatei era utilizado como forma de escoamento de mercadorias da Ladeira Porto Geral, famosa rua de comércio do centro de SP. Comentou sobre os desafios da recuperação da Guarapiranga, de ações integradas para solucionar os impasses envolvendo o meio ambiente, os recursos hidrícos e a pobreza das populações humanas que se fixaram no entorno dessas áreas (por motivos diversos) ao longo dos anos. Disse que nosso modelo de gestão se baseia no modelo francês de recursos hidrícos, e tem como marco a Lei 7.663/91 (Lei Estadual de Recursos Hidrícos).

Violeta ressaltou a importância da nova Lei da Billings para a mudança do cenário da região e da implementação de PRIS (Plano de Recuperação de Interesse Social) que necessariamente PRECISA considerar as populações humanas para o manejo dessas áreas. Expôs alguns casos de recuperação, o que mais chamou atenção foi o do bairro "Cantinho" localizado na área da Guarapiranga. O que mais me chamou atenção (II) é que não usaram espécies nativas para tentar uma recuperação florestal ainda que com pequenos mosaícos nessas áreas já densamente urbanizadas, nem materiais ecológicos ou pensaram em ecoconstruções para essas áreas.

A Tassia trouxe exemplos de SBC, mas seu foco principal foi o contexto do Alvarenga, bairro periférico que teve muitas ocupações irregulares ao longo dos anos.

66% da área de SBC é área de manancial, sendo que esse total reprensenta 55% dos mananciais do Estado de SP. 35% das moradias de SBC são de assentamentos irregulares.

Tassia também comentou sobre a importância do PRIS.

AND, disse que o Riacho Grande será a primeira região a receber coletores troncos da SABESP, entretanto não existem planos mais detalhados para região.

3498 leituras blog de mairabegalli
qua, 15/05/2013 - 13:20

Novidades do Protei

Cesar Harada navegou por diferentes mares, nos últimos 4 meses. Ele documentou a experiência em seu blog e também em vídeos postados na página do Protei no Kickstarter.

Atualmente, Cesar está em São Francisco (EUA) a procura de patrocinadores:

Temos o objetivo de fabricação 1000 Protei até o final do ano. Parece loucura? Mas não é, uma vez que temos o molde, a diferença de preço entre fazer 100 máquinas ou 1000 é muito pequena. Nos próximos meses vai acontecer.

 

2086 leituras blog de mairabegalli
qui, 02/05/2013 - 07:41

Pirajuba, o peixe amarelo da POLI-USP

Vídeo que documenta a experiência do drone "Pirajuba" - peixe amarelo em Tupi, desenvolvido por pesquisadores da POLI-USP. Os testes do vídeo foram realizados no mar de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. mais infos aqui

 

3522 leituras blog de mairabegalli
seg, 29/04/2013 - 09:00

Tentativas, erros e acertos (30/09/2012)

No último dia, 30 de setembro de 2012, assim como havia combinado, o participante que presta serviços na marina vizinha ao Ponto levou a imagem, feita com o seu telefone celular, da bóia da Petrobras disposta em uma das margens do canal de Bertioga.

Iniciamos uma roda de conversa com os participantes expondo a importância da documentação e externalização de relatos como esse utilizando licenças livres que permitam a cópia, a modificação e a distribuição. Já que tais processos, além de possibilitarem formas autônomas de narrativas de suas realidades locais, também podem servir como ferramentas de empoderamento local. Outros participantes afirmaram que "sempre utilizam" seus aparelhos celulares para registrarem o ecossistema local. Um participante mostrou vídeos curtos, feitos acerca de 10 dias atrás, em que saguis que “passeiam” entre as árvores que rodeiam os muros de sua residência, no bairro do Caruara. O mesmo participante afirmou ter outros registros feitos com seu telefone celular de tartarugas que "sempre aparecem" no canal de Bertioga.

Uma das gestoras do Projeto Parcel trouxe algas que haviam sido coletadas no Morro do Maluf, na Praia das Pitangueiras, no município do Guarujá durante aquela manhã. As algas foram mostradas aos participantes e juntxs identificamos a espécie, por meio de pesquisas em bancos de dados e comunidades de botânica na internet, como uma macro alga verde chamada Ulva sp (Chlorophyceae), conhecida popularmente como alface do mar. Foi exposto aos participantes que para análise da incidência de poluentes seria necessário coletar um indivíduo endêmico do local e delinear uma metodologia para isso, porém não haveria tempo hábil durante as atividades do ConecTAZ “deriva//lab”. O processo envolvendo a coleta, manuseio e identificação das algas teve importância didática sobre as aplicações e usos de espécies de fauna e flora para o uso de experimentos, uma vez que os organismos marinhos são amplamente utitilizados em aplicações envolvendo biotecnologias.

Foram feitos os últimos ajustes no código e a vedação do recipiente plástico, juntamente com os participantes que seguiram às margens do canal de Bertioga com o drone para realizar a primeira navegação. O sistema de chamada telefônica como forma de controle do protótipo, porém o motor utilizado não foi potente o suficiente para fazê-lo navegar na água. Após algumas tentativas os participantes e os colaboradores voltaram ao Ponto de Cultura para o encerramento da atividade.

Mesmo com a falha que impossibilitou a navegação, os participantes não se mostraram frustados, indicando que compreenderam a importância do processo experimental que envolve trocas entre pessoas e absorveram o conceito do “erro como matéria prima” para futuros acertos. Sugerimos a criação de uma lista de email, para dar continuidade a proposta e manter contato. Os participantes mostraram-se receptivos à proposta, porém afirmaram que “quase não usar email” e optaram pela criação de um grupo no Facebook, a plataforma que mais utilizam para comunicação. Assim foi criado o grupo Mãe d'Água.

 

2753 leituras blog de mairabegalli
seg, 29/04/2013 - 08:51

Escrevendo códigos e caminhos (29/09/2013)

No segundo dia, 29 de setembro de 2012, todos os participantes chegaram no horário combinado (14hs) e mostraram-se interessados em continuar as atividades iniciadas no dia anterior. Verificamos incidência de espécies de algas nas margens do Canal e no mangue localizado ao lado do Parcel, entretanto não encontraram espécies no local. Ainda assim comentaram sobre possibilidades de encontrar espécies que pudessem tripular o protótipo e “mostrar a qualidade da água”.

Os participantes também colaboraram no desenvolvimento do sistema (hardware e software) que seria utilizado para o controle do drone. Para isso utilizaram Arduíno com um módulo de controle, que posteriormente foi vedado em recipiente plástico com tampa e cola quente para não entrar em contato com a água. Esse sistema tornaria possível guiar o drone via chamada telefônica por um aparelho de telefone celular com Android, que ativaria o motor e a hélice no sentido desejado para a navegação.

Todos interagiram na montagem dos circuitos eletrônicos, assim como a escrita de linhas de comandos para o controle do drone. Mostraram interesse em em aprender sobre a linguagem de programação, e questionaram sobre onde poderiam comprar um Arduíno, e se o valor era acessível.

Pouco antes do final das atividades (18hs), um dos participantes relatou que uma bóia da Petrobras havia sido recentemente "depositada" na outra margem do canal de Bertioga, mas não soube informar a data exata. Tratava-se de uma grande estrutura metálica, que afirmaram ser "utilizada ao redor de plataformas de petróleo". Outro participante, que presta serviços de marinheiro em um barco particular na marina localizada no canal de Bertioga, se dispôs a fazer uma fotografia da bóia na manhã seguinte, durante seu período de trabalho, para compartilhar durante a atividade.

2020 leituras blog de mairabegalli
seg, 29/04/2013 - 08:43

Começando um lab: os relatos do primeiro dia (28/09/2012)

Durante as apresentações iniciais, em 28 de setembro de 2012, realizamos uma breve contextualização sobre a história da indústria do petróleo no mundo, os aspectos e impactos atrelados ao pré-sal na Bacia de Santos, o vazamento no Golfo do México ocorrido em 2010 e a exibimos o vídeo mostrando os drones do Protei. Dissemos que nesses três dias, o objetivo era construir um protótipo inicial, ou seja, um exemplar-teste com pouco acabamento para compreender as limitações e possibilidades encontradas durante o desenvolvimento, que poderiam ser aprimoradas ou descartadas em futuras tentativas.

Também foi apresentada a proposta do movimento DIYBio, que utiliza a apropriação crítica de tecnologias para aplicações biológicas e as disponibilizam sob licenças livres. A ideia era agregar o desenvolvimento de um drone similar ao do vídeo do Protei com práticas DIYBio, utilizando o conhecimento ecológico local para identificar possíveis organismos biondicadores ou biomarcadores, como algas por exemplo, que poderiam tripulá-lo. o drone. Esses indivíduos poderiam ser analisados posteriormente mostrando possíveis traços de poluição e qualidade da água de um trecho ou percurso do canal de Bertioga. Batizamos o veículo não tripulado de "Mãe d'Água", em referência a Iara, entidade que habita em corpos d' água doce.

Apresentamos o croqui inicial, e os materiais adotados: tubos e joelhos de PVC para a estrutura, garrafas pets para a flutuação, cola quente para vedação, e massa epóxi para a fixação das extremidades. Mas, também reforçamos que esses materiais continham itens considerados tóxicos e provenientes do petróleo. Assim para outros experimentos seria ideal pesquisar estruturas sustentáveis e menos impactantes.

Os participantes sugeriram a possibilidade de utilizarem estruturas similares as do drone para confeccionarem de bóias, que poderiam ser dispostas em pontos diferentes do Canal de Bertioga e do rio Iriri-Macuco para o monitoramento da qualidade da água. Pois relataram que ao longo dos anos, houve um aumento de poluição considerável e perceptível visualmente nesses corpos d'águas. Também sugeriram bambu e folhas de bananeira trançadas para a confecção de drones “livres de petróleo”. A sugestão das bóias se assemelha à iniciativas experimentais envolvendo plataformas marinhas desenvolvidas por MARIN e Asap Island.

Todos os participantes colaboraram na confecção, em atividades diversas: serrando tubos de PVC, alargando as bocas das garrafas pets no fogão, preparando a massa epóxi e na montagem final. As mulheres mostraram muita habilidade, realizando as atividades com ótimo acabamento. Ao final da tarde foram realizados com sucesso os testes de navegação no canal de Bertioga. Como o protótipo ainda não possuía controle por meio dos sensores foi amarrado um barbante em sua estrutura para conduzi-lo. Com o término das atividades foi possível notar uma significativa mudança de comportamento dos participantes em relação aos colaboradores. Estavam mais próximos, interagindo sem hierarquias, e sugerindo possibilidades para o próximo dia :)

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