nebl.in/a
Laboratori di riciclo a Casa Netural
La nostra storia racconta di varie esperienze sul tema del riciclo, ricordate tutti gli appuntamenti di Ri-Netural?
Ora più che mai vogliamo incontrare e incrociare esperienze attive sul territorio e con loro collaborare. Questo periodo ha visto consolidarsi una amicizia e un rapporto bello di fiducia e stima reciproca con Paolo e Davide di Parblè Art-Ecò. Con loro abbiamo lavorato in maniera intensa e divertente alla creazione di un albero di Natale di riciclo per il quartiere San Pardo a Matera e alla creazione di un laboratorio per bambini dai 6 ai 12 anni per realizzare dei presepi di riciclo.
L’albero è visibile in via Leonardo Da Vinci (di fronte al Guinness) tutti i giorni durante queste festività.
Di cosa è composto?
- 160 bottiglie
- 1 ruota trattore
- 200 tappi colorati
- tante palline colorare
- 1 bastone per tende
naturalmente tutto recuperato e riciclato!
Guardate le immagini (foto di Francesca Zito) e se volete informazioni scriveteci a casa@benetural.com
Faltando Oito Meses para as Olimpíadas, Prefeitura Aumenta a Pressão Sobre a Vila Autódromo
Esta foi a mensagem do sub-prefeito da Barra da Tijuca, Alex Costa, de acordo com os moradores da Vila Autódromo que ainda estão lutando por seu direito de permanecer na comunidade que fica no terreno adjacente ao Parque Olímpico de 2016. Faltando menos de oito meses para a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, a prefeitura do Rio de Janeiro aumentou a pressão sobre a comunidade. Moradores relatam ameaças verbais e mentiras deslavadas, não só do Sr. Costa, mas de trabalhadores da construção civil, autoridades do sistema habitacional e outros agentes da prefeitura que entram na comunidade. O RioOnWatch vem acompanhando a situação na Vila Autódromo. Para a segurança dos moradores, todas as entrevistas citadas neste artigo permanecerão anônimas.
“Eles dão falsas declarações dizendo que todo mundo já negociou com a prefeitura, o que é uma mentira”, revelou um morador. “Se deixarmos eles vão tentar demolir as nossas casas. Temos que ficar atentos.”A segunda metade de 2015 foi traumática para os moradores remanescentes da Vila Autódromo. Um protesto em junho contra duas remoções relâmpago levou a um encontro sangrento com guardas municipais, ferindo pelo menos seis moradores; em outubro cinco casas foram demolidas em outra remoção relâmpago, deixando uma moradora sem-teto.
Embora esses eventos chocantes sejam manchetes, talvez a tática de remoção mais corrosiva decorre da reviravolta da prefeitura em sua promessa de respeitar o direito dos moradores a permanecer e urbanizar a Vila Autódromo. Em vez de instalar equipamentos de infraestrutura tão necessários como estradas pavimentadas, drenagem adequada, e uma rede de esgotos, os quais iriam custar uma fração da despesa da remoção, o governo tem sabotado benfeitorias e serviços existentes com o objetivo de fazer a vida na comunidade insuportável. A página do Facebook da comunidade da Vila Autódromo descreve a “luta difícil e extremamente desigual” em um post recente.
Entre a lista de queixas está a entrega do correio. Moradores têm deixado de receber correspondências, tornando quase impossível pagar as contas em dia. A Vila Autódromo agora se encontra sem eletricidade, conexão telefônica, água (devido as linhas elétricas danificadas) e tubos de água rompidos. Moradores contatam a Light, e recebem como resposta que “ninguém mora mais lá”.
Embora o projeto olímpico aprovado mantivesse a comunidade no lugar, é amplamente entendido entre os seguidores mais próximos do caso que a comunidade foi usada como moeda de troca para convencer as construtoras a realizar as obras olímpicas, com a garantia de que o Parque Olímpico e zonas circundantes serão reaproveitadas para empreendimentos de luxo após os Jogos. É por isso que as promessas públicas feitas pelo prefeito contrastam tão fortemente com as dos seus subordinados operando em seu nome.
Na verdade, o Prefeito Eduardo Paes assumiu um compromisso público com a permanência da comunidade muitas vezes, a partir de agosto de 2013, confirmando na BBC recentemente em agosto e no O Globo apenas seis semanas atrás. Paes tem afirmado repetidamente que parte da comunidade pode permanecer.
Vários moradores afirmam ter recebido ameaças de agentes do governo. Um morador chamou de “terrorismo”.
Ele descreveu como um agente bateu em sua porta e disse: “Seu tempo está se esgotando… Nós vamos removê-lo por qualquer meio necessário se você não sair”. “[Os agentes do governo] são enviados pelo prefeito”, acrescentou. “Eles criam um ambiente de medo.”Outro morador lembrou a súbita mudança de atitude do Prefeito Eduardo Paes: “Nas primeiras reuniões com a comunidade, ele deixou muito claro que aqueles que quisessem poderiam ficar e aqueles que quisessem deixar poderiam sair”, disse ela.
“Agora, os agentes entraram na comunidade dizendo que ninguém ficará e que as pessoas vão perder tudo, se não aceitarem a sua oferta.”2016 será o último ano de mandato do Prefeito Eduardo Paes, político com aspirações presidenciais. O prazo para a entrega da infraestrutura olímpica está se aproximando rapidamente, e muito do legado do prefeito se concretizará em duas semanas em agosto. Ao contrário da Copa do Mundo, Paes prometeu que as obras das Olimpíadas do Rio serão entregues no prazo e dentro do orçamento. Certamente, o Parque Olímpico parece que estará preparado para receber os melhores atletas do mundo.
A área ocidental do Parque Olímpico, no entanto, é uma zona de desastre. Logo atrás de um prédio preto brilhante construído para os hóspedes mais ilustres dos Jogos, estradas de terra cobertas com pilhas de tijolos quebrados e ferro oxidado, fazem parte do cenário onde, uma vez, estava uma comunidade vibrante, segura e unida. As duas imagens contrastantes provam a traição do prefeito Paes, aos pobres urbanos em nome da elite cosmopolita.
“O prefeito, em mídias sociais e em entrevistas, diz que está tudo bem com a Vila Autódromo, que ele se dá bem com a gente”, disse um morador para o RioOnWatch.
“Na verdade, ele age bem com todos nós, porque ele mesmo não nos diz que todo mundo tem que sair. Ele envia os seus agentes para dizer. O trabalho sujo é feito pelos seus agentes que vêm aqui e, cada vez mais, vemos que ele mentiu. Ele não quer que ninguém permaneça aqui. Essa é a grande falha: ele não manteve a palavra”.Apesar da ameaça, por volta de quarenta famílias continuam determinadas a permanecer na Vila Autódromo, fazendo valer os discursos públicos e promessas do prefeito. “Nem todos tem um preço” tornou-se um mantra deste grupo de moradores com um amor profundo e verdadeiro pela sua comunidade.
Com apenas duas das 58 casas notificadas para a desapropriação no decreto de março ainda no local, o restante das famílias ocupa somente áreas que a comunidade chama de “miolo”, uma área ainda em pé e desnecessária para obras de qualquer tipo, e onde não há nenhuma justificativa potencial para a remoção. Só a pressão resta como técnica de remoção.
“Nem todos tem um preço” tornou-se um mantra deste grupo de moradores com um amor profundo e verdadeiro pela sua comunidade.COP Out: The hollow promise of the Paris climate deal
Hal Rhoades, Gaia Foundation, December 16, 2015
COP21 has had a mixed reception and the agreement reached has been criticised more for what it doesn’t say as much as for what it does. The Gaia Foundation’s latest blog COP out: The hollow promise of the Paris climate deal reflects on what was agreed and highlights the powerful message from the International Rights of Nature Tribunal.
Hal Rhoades discusses why, despite the hype, the climate agreement hatched by world governments in Paris won’t save us from climate catastrophe. With analysis on key areas of the agreement text and discussion of the latest climate science, he argues that people’s movements, not multilateral theatrics, represent our best hope for avoiding climate disaster.
“Perhaps because it provided this anchor, for me, the most powerful event in the civil society spaces outside COP21was the International Rights of Nature Tribunal. The Tribunal advances a new legal paradigm that draws on Indigenous knowledge and governance systems, recognising nature’s inherent rights to exist, thrive and evolve. It represents one critical way to revive the planetary realism we need so desperately right now and is a model that should be taken and replicated elsewhere, and soon.
There is no one solution to climate crisis, no silver bullet. Nor can any one person, or government, or group of governments articulate an entire alternative system to our current one that is at war with people and planet. Rather, the systems change we want and so desperately need will emerge from the actions of our societies’, bravest, most vibrant, resilient and determined groups, who are driven by a moral imperative that transcends current norms and augurs a better future. Ever was it thus.”
Read Gaia Foundation’s blog at COP out: The hollow promise of the Paris climate deal
From Paris with love for lake Poopó
By Pablo Solón, El Observatorio Boliviano de Cambio Climático y “Desarrollo”, 21 December 2015
Lake Poopó becomes a desert while in Paris, governments conclude an agreement they call “historic” to address climate change. Will the Paris Agreement save over 125,000 lakes that are in danger of disappearing in the world due to climate change?
The second largest lake in Bolivia did not disappear by magic. The causes of their demise are many and complex, but among them is the rise in temperature and increased frequency of natural disasters like El Niño caused by climate change. The lake Poopó that had an expanse of 2,337 km2 and a depth of 2.5 meters, is now a desert with a few puddles in the middle with no more than 30 centimeters of water depth.
If the average temperature rose globally by 0.8 °C due to climate change, on the lake Poopó the increase went to 2.5 °C leaving in its path thousands of dead fish, dead flamingos, fishing boats anchored to the ground, and hundreds of indigenous people, who for centuries were devoted to fishing, that now roam for help thinking of a very uncertain future. That is the true face of climate change that expands like a cancer throughout the world.
Will the Paris Agreement save over 125,000 lakes that are in danger of disappearing in the world due to climate change?
Read the full text at Paris and the break with reality
Como o Museu do Amanhã Complica o Presente da Cidade do Rio de Janeiro
Leia a matéria original por Matthew Niederhauser* em inglês no site do CityLab aqui. O RioOnWatch traduz matérias do inglês para que brasileiros possam ter acesso e acompanhar temas ou análises cobertos fora do país que nem sempre são cobertos no Brasil.
Projeto surpreendente de Santiago Calatrava estabelece novos padrões para a arquitetura sustentável, mas é também um enorme símbolo do aprofundamento das divisões socioeconômicas na região.O Museu do Amanhã finalmente abriu as suas portas ao público do Rio de Janeiro no fim de semana passado. Com quatro anos de construção, a estrutura extravagante desenhada por Santiago Calatrava está prestes a se tornar a peça central do projeto de revitalização do Porto Maravilha. Apesar do palpável entusiasmo com o museu–que é dedicado a um futuro mais sustentável e equitativo–ele também simboliza as mudanças socioeconômicas sísmicas que estão ocorrendo nesta área historicamente pobre, onde um dia foi o epicentro do comércio de escravos no Brasil.
Quando se iniciaram as obras do Porto Maravilha, não demorou muito para serem descobertas as soterradas ruínas do famoso Cais do Valongo. Após a sua construção em 1811, o Cais do Valongo rapidamente se tornou o mais movimentado porto de escravos no Brasil. Mais de um milhão de africanos raptados passaram pelo porto. A uma curta caminhada do Museu do Amanhã, o Cais do Valongo representa um dos períodos mais sombrios da história do Brasil. No seu auge foi cercado por “casas de engorda”, onde eram preparados escravos para venda, e também um cemitério para enterro em massa, onde os corpos daqueles que não sobreviveram à viagem eram depositados. Após a abolição da escravatura em 1888, o bairro, finalmente, transformou-se no coração de uma comunidade afro-brasileira vibrante, e é amplamente reconhecido como o berço do samba.
Esforços estão sendo feitos para reconhecer o passado sombrio, porém central [na história do Rio] da área, com o estabelecimento de um Circuito da Herança Africana que explora seu significado histórico. O Cais do Valongo também está sob análise para ser reconhecido como Patrimônio Mundial pela UNESCO.
A prefeitura do Rio apóia estes esforços, mas o projeto de revitalização ainda representa uma ameaça para os moradores que sentem que estão a ponto de serem impulsionados para fora da área por especuladores que procuram se aproveitar da transição. Promessas de habitação a preços acessíveis e outras conveniências no Porto Maravilha não se concretizaram e agora parecem estar em perigo, dado que o governo brasileiro continua a diminuir gastos devido à recessão alimentada pela corrupção.
A abertura do Museu do Amanhã é certamente um motivo de comemoração no Rio, mas se o museu realmente está baseado no esclarecimento e na inovação, ele terá de abordar especificamente a sua posição entre as comunidades de longa data, frágeis, e historicamente marginalizadas, como a vizinha Providência, a primeira favela do Brasil.
Moradores do Morro da Providência se queixam que as decisões para o desenvolvimento do local são feitas muito antes que os esforços de sensibilização comunitária tenham sequer começado. O Rio de Janeiro é uma cidade que ainda está trazendo à tona a sua história quanto ao legado da escravidão e as raízes da desigualdade econômica duradoura e crescente no Brasil. Somente quando uma maior equidade social e um planejamento participativo forem abordadas dentro do projeto de revitalização do Porto Maravilha, poderá existir, realmente, um amanhã mais brilhante.
A esta reportagem se fez possível com os seguintes apoios: The Pulitzer Center on Crisis Reporting, MIT Center for Advanced Urbanism e The Megacity Initiative.
*Matthew Niederhauser é artista, jornalista fotográfico e diretor de fotografia. Ele é co-fundador da Iniciativa Megacity, juntamente com John Fitzgerald, e professor visitante no MIT Center for Advanced Urbanism.
The Paris COP21 failure demonstrates climate justice lies beyond the “Red Line”
Movement Rights Blog, By Shannon Biggs and Pennie Opal Plant, December 21, 2015
If you’ve been confused by the conflicting reports of the success COP 21 negotiations, you’re not alone. On the final day of the UN climate talks, President Obama issued a statement boasting words the nation, the ministers from 196 negotiating countries and the world wanted to hear: “We met the moment. We came together around a strong agreement the world needed.” The mainstream media quickly heralded the final agreement as ‘The world’s Greatest Diplomatic Success” and “Big Green” environmental groups like the Sierra Club and Avaaz blogged that while it may not be the war, as far as the battle goes, “WE WON.”
Reports of victory (or the whiff of a qualified victory) quickly flooded the internet. Yet standing on the streets of Paris on December 12—lined with over 10,000 people carrying red tulips and unfurling giant red ribbons defying the ban on demonstrations and condemning world leaders failure to put forward a meaningful, binding agreement—we puzzled, and wondered if we were at the same summit. From the red line action on the outside, many justice activists, economists, experts, NGO participants and Indigenous leaders had a very different take on the outcome. Former Bolivian climate negotiator, Pablo Solon told Democracy Now! “The Paris Agreement Will See the Planet Burn.”
So what does the Paris Agreement say that is creating the division of opinions?
Read the authors’ outline of what IS and what IS NOT in the Paris UNFCCC agreement at A Quick Guide to the Paris Agreement
as well as an assessment of who is celebrating and why.
About the authors:
Movement Rights co-founders Shannon Biggs and Pennie Opal Plant were in Paris for the COP 21 climate events, and to promote grassroots alternatives to the current UN process including co-producing a report on Rights of Nature, co- hosting a beyond-capacity Rights of Nature tribunal that turned away over 1,000 people, co-leading a ceremony for the signing of an international Indigenous Women’s Treaty for Mother Earth, among many other actions, interventions and activities, very often led by our board member, Indigenous leader and Ponca elder, Casey Camp Horinek (pictured).
Grand promises of Paris climate deal undermined by squalid retrenchments
By comparison to what it could have been, it’s a miracle. By comparison to what it should have been, it’s a disaster. George Monbiot, The Guardian
Monbiot goes on to note:
Inside the narrow frame within which the talks have taken place, the draft agreement at the UN climate talks in Paris is a great success. The relief and self-congratulation with which the final text was greeted, acknowledges the failure at Copenhagen six years ago, where the negotiations ran wildly over time before collapsing. The Paris agreement is still awaiting formal adoption, but its aspirational limit of 1.5C of global warming, after the rejection of this demand for so many years, can be seen within this frame as a resounding victory. In this respect and others, the final text is stronger than most people anticipated.
Outside the frame it looks like something else. I doubt any of the negotiators believe that there will be no more than 1.5C of global warming as a result of these talks. As the preamble to the agreement acknowledges, even 2C, in view of the weak promises governments brought to Paris, is wildly ambitious … read the complete article
Comitê Popular Promove Debate sobre Militarização, Racismo e as Olimpíadas
No dia 11 de novembro, um debate sobre militarização, exclusão e racismo em relação aos Jogos Olímpicos foi realizado na Cinelândia, em frente à Câmara de Vereadores do Rio. Organizado pelo Comitê Popular da Copa e Olimpíadas, o evento reuniu diferentes movimentos sociais e ONGs preocupadas com a violência policial e os abusos contra os moradores mais vulneráveis da cidade e particularmente contra cidadãos negros.
O objetivo do debate foi gerar um espaço para refletir sobre como as questões da militarização, o aumento da segregação e o racismo são fundamentais para o modelo de cidade que está sendo implementado por elites econômicas e políticas do Rio. A Comissão argumentou que a cidade de megaeventos e mega projetos, do espetáculo e da especulação é dependente da repressão sistemática e contenção dos cidadãos mais vulneráveis em prol da especulação imobiliária e da acumulação de capital. “Recuperar a cidade para o seu povo” é o objetivo central do comitê e o principal motivo do evento ser realizado em uma praça pública central.
O debate ao ar livre foi complementado por uma exposição fotográfica de Luiz Baltar. As fotos mostram momentos de violência policial e a resistência pacífica nas favelas do Rio.
O debate abriu com uma breve apresentação por Hertz Leal da Comissão que, em seguida, passou o microfone para Monique Cruz do Fórum de Juventudes do Rio de Janeiro.
Moradora de Manguinhos, Monique Cruz descreveu diferentes tipos de controle, humilhação e vexame que os moradores de favelas vivem todos os dias nas mãos da Polícia Militar. Ela falou de como a juventude é impedida de se mover em torno de ruas e espaços da favela onde eles cresceram, e de como a polícia agride crianças na escola por exibir uma ‘conduta incivil’, invade a privacidade dos moradores da favela em suas casas, e confisca o equipamento de meios de comunicação de base comunitária.
Monique também enfatizou como “especialmente a juventude negra é vista como uma inimiga que precisa ser eliminada“, e os jovens são sistematicamente mortos com o pretexto de ser uma ameaça para a polícia. Ela denunciou a corrupção tanto da polícia quanto do sistema judiciário, que manipula processos judiciais de homicídio, sentenciando como autos de resistência da polícia, casos como o da recente morte de Eduardo de Jesus, de 10 anos, que foi morto a tiros na frente de sua casa no Complexo do Alemão. Monique argumentou que esta é uma agressão à memória das vítimas e de seus pais, mencionando a luta de mães como Ana Paula Oliveira, cujo filho Jonatha foi morto a tiros pela polícia em Manguinhos, em maio do ano passado. Em uma nota final, Monique Cruz acrescentou que o sistema jurídico e os meios de comunicação reforçam a máquina do Estado racista e excludente.
O segundo orador, Deley de Acari, poeta e mobilizador comunitário de longa data da favela de Acari na Zona Norte do Rio, descreveu o que para ele é o único legado das olimpíadas para as favelas do Rio: o aumento da militarização com um dramático aumento do investimento público em equipamentos de segurança. Ele contrastou isto com os cortes orçamentais em outras necessidades urgentes, tais como educação e saneamento.
Maria de Lourdes do Movimento Unidos do Camelôs chamou a atenção do debate para a Guarda Municipal, denunciando a violência contra os camelôs. Apesar dos camelôs estarem lutando por anos para a regularização dos seus trabalhos, tentando aprovar uma nova lei na Assembléia Legislativa do Estado, agressões cotidianas contra eles só aumentaram no contexto dos megaeventos.
A última oradora, com o evento estendido até a noite, foi Maren Mantovani, uma ativista da campanha Olimpíadas Sem Apartheid. Maren apelou para que o Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016 cancele o seu contrato com a empresa de segurança israelense International Security and Defense Systems. Mantovani, uma ativista pró-Palestina, explicou como as estratégias e armamento que a Polícia Militar do Rio de Janeiro estão empregando são importados do exército israelense. Ela traçou um paralelo entre a forma como os palestinos e os moradores das favelas são tratados pelas forças de segurança, sendo impedidos de circularem livremente e sendo mortos a tiros sob o pretexto de que os soldados militares ou da polícia não estão suficientemente treinados. Maren Montovani destacou que o militar está muito bem preparado e treinado para matar e atirar diretamente nos corações e nas cabeças de civis, tanto em favelas do Rio como nos territórios palestinos. Maren também falou sobre a lei anti-terrorismo aprovada em agosto: “Membros do governo brasileiro ao retornar de uma viagem a Israel projetaram uma lei anti-terrorista para garantir a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. Eles aprenderam lá, [em Israel]”.
Depois de algumas intervenções do público, os oradores fizeram suas últimas chamadas para a mobilização da sociedade civil contra os interesses particulares e de empresas que lucram com a militarização da cidade. Finalmente, a Comissão proclamou o seu pleno compromisso de agir como uma rede e um catalisador das mobilizações sociais que visam recuperar o direito à cidade entendido como a plena participação na vida da cidade da maioria que está sendo excluído até à data. “Eu não sou excluída das obras, eu não sou excluída do trabalho. A exclusão que nós estamos falando é a do acesso”, afirmou Monique Cruz.
Vila Laboriaux Transforma Terreno Baldio em uma Floresta Comestível
No dia 6 de dezembro, mais de vinte moradores e colaboradores reuniram-se na Vila Laboriaux para plantar e revitalizar um terreno baldio localizado em um dos pontos mais altos da comunidade. Depois de ter sido ameaçada de remoção, a pequena comunidade na fronteira com o Parque Nacional da Tijuca na parte superior da Rocinha continua a implementar o desenvolvimento e aperfeiçoamento da comunidade com projetos sustentáveis que conectam os moradores com seu ambiente ao redor.
A organização sem fins lucrativos Favela Verde trabalha visando a inclusão social e a sustentabilidade em estreita colaboração com os moradores em projetos de ecoturismo de base comunitária, trilhas locais em colaboração com o Parque Nacional da Tijuca e noites de cinema ao ar livre com foco no meio ambiente. O projeto socioambiental da Vila Laboriaux é transformar um terreno previamente coberto de ervas daninhas em uma floresta urbana de alimentos, que será acessível para a comunidade.
Após chuvas pesadas durante abril de 2010, a Vila Laboriaux sofreu danos significativos, incluindo a destruição de casas que ocupavam este terreno anteriormente. Desde então, a área permaneceu vazia. Agora moradores e colaboradores estão trabalhando para transformar o valioso espaço em algo produtivo para a comunidade.
O evento de domingo foi um esforço colaborativo oferecido pelo Favela Verde, a Associação de Moradores da Vila Laboriaux e Vila Cruzado, o Projeto Capim Limão da UFRJ, o grupo de ecoturismo comunitário Caminhos do Largato, a empresa de turismo Tapéporã e o MASK, um grupo de educação e ecoturismo. O evento da tarde foi descontraído e inclusivo. No início dos trabalhos, os participantes se reuniram para se apresentar e partilhar as suas metas pessoais para o dia, bem como a forma como eles estavam se sentindo naquele momento. A energia positiva e entusiasmo com o projeto foram unânimes. “Estou me sentindo muito feliz em receber todo mundo aqui, essa é a primeiro ação desse projeto legal“, disse Henrique Nascimento, um dos organizadores da Favela Verde e Tapéporã.
O objetivo é criar uma floresta de alimentos com base em técnicas agroflorestais. Plantas comestíveis do jardim incluirão: abacate, milho, feijão, banana e inhame. O mobilizador do Favela Verde, Wallace Mesquita, explicou: “O que a gente quer fazer aqui é uma sistema onde a gente não tenha a necessidade de interferir, o próprio sistema se cuida… essa é a conceito da permacultura, a agrofloresta compartilha dessa dinâmica, uma dinâmica de autossuficiência, uma floresta auto-suficiente“.
O grupo pensou, coletivamente, em idéias e tarefas para o dia, que incluiu a mistura e preparação da terra removendo o lixo do terreno, identificando as plantas comestíveis para o jardim, fazendo as placas e mantendo as plantas e os participantes hidratados. Henrique Nascimento enfatizou que as atividades do dia devem ser “auto-organizadas”. Ao invés de uma pessoa dirigir e supervisionar as tarefas, cada pessoa estava responsável por contribuir da forma que queria e se sentisse mais confortável. Todas as tarefas selecionadas da lista de trabalho, que foram pensadas coletivamente, começaram a transformar o espaço. Durante a tarde, mais pessoas se juntaram ao trabalho e jovens moradores passavam por perto e paravam para dar uma olhada nos progressos realizados.
Localizado junto a uma escola, a esperança é que o jardim seja um ponto de entrada para a incorporação da educação ambiental no currículo dos alunos. O jardim comestível tem o potencial de ser uma fonte de alimento e de conhecimento.
“Eu quero que seja um lugar bonito para visitar. A gente vai ter muito orgulho dessa horta“, disse o morador e integrante do Favela Verde, Diogo Barbosa.
No topo dos esforços colaborativos anteriores, a Vila Laboriaux está cultivando um senso de comunidade e de espaço compartilhado através deste mais recente projeto.
Determinada a Permanecer, Vila Autódromo Prepara a Construção de Sua Tão Aguardada Creche
As discussões para o Plano Popular começaram em outubro de 2011. A Vila Autódromo e os urbanistas das duas universidades apresentaram o projeto na Câmara Municipal em agosto de 2012. O Plano Popular cita quatro pilares para a urbanização da comunidade: habitação, saneamento, infraestrutura e meio ambiente. Em dezembro de 2013 o Plano do Popular ganhou o prestigioso prêmio Deutsche Bank Urban Age Award e apesar da pressão, em curso, por parte da prefeitura e as remoções, o Plano continua sendo atualizado.
Apesar das remoções continuarem com as desapropriações, negociações secretas com a prefeitura e remoções relâmpago, A Vila Autódromo está se reconstruindo a partir dos escombros deixados pelas escavadeiras da prefeitura. Maria da Penha, uma moradora e uma voz na luta contra a remoção, disse que a creche “teria sido [construída] na antiga associação de moradores, mas a prefeitura se apropriou do terreno com a desapropriação”. A comunidade, desde então, decidiu construir a creche ao lado da igreja, que fica em uma área sem marcação para projetos do governo.
“Nós vamos levar a creche e a associação de moradores para perto da igreja porque a igreja tornou-se um ponto de resistência“, disse Fernanda Santos, uma arquiteta e pesquisadora da UFF. “[A creche] é um símbolo da resistência da comunidade e do seu desejo de permanência”.
A associação de moradores estava no meio de um processo de captação de recursos, com eventos semanais, para construir a creche em 2009, quando a decisão de que o Rio iria sediar os Jogos Olímpicos de 2016 foi anunciada, levando a associação a mudar seu foco e se concentrar em resistir à remoção.
Apenas duas das 58 casas notificadas para a desapropriação no decreto de março permanecem hoje. Maria da Penha é uma das moradoras que ainda se mantém na sua casa. A outra moradora, a candomblecista Heloisa Helena Costa Berto, que tem sofrido com o terror do processo de remoção por parte da prefeitura, ainda acredita na permanência da comunidade.
Heloisa vê a creche, um investimento no futuro das crianças da Vila Autódromo, como uma vitória. Ela disse: “A creche vai de encontro a todas as ideias e opiniões das pessoas, políticos ou não, que apostam contra a Vila Autódromo”.
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