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MutiraoaMetaReciclagem

 

David Weinberger e Doc Searls dizem que 'Quando olhamos para um poste, vemos redes com fios. E vemos esses fios como parte de sistemas: o sistema telefônico, o sistema de energia elétrica, o sistema de TV a cabo. Mas a Internet é diferente. Não é fiação. Não é um sistema. E não é uma fonte de programação. A Internet é um modo que permite a todas coisas que se chamam redes coexistir e trabalhar em conjunto. É uma Inter-net (inter-rede), literalmente. O que faz a "Net" ser "Inter" é o fato de que ela é apenas um protocolo - o protocolo Internet (IP - "Internet Protocol”), ou um acordo sobre como fazer coisas funcionarem em conjunto. Este protocolo não especifica o que as pessoas podem fazer com a rede, o que podem construir na sua periferia, o que podem dizer, ou quem pode dizer. O protocolo simplesmente diz: se você quer trocar bits com outros, é assim que se faz. Se você quer conectar um computador - ou um celular ou uma geladeira - à Internet, você tem que aceitar o acordo que é a Internet.'

Esse acordo não apenas instala o controle. Galloway, em Protocolo, coloca:

Protocolo é fundamentalmente a tecnologia de inclusão, e a abertura é a chave para essa inclusão. [GALLOWAY; 2004:147]

A cultura hacker percebe a imaturidade desses protocolos e propõe uma nova ética e bom senso e, assim, forja um novo modelo. Esses argumentos e idéias nos levam a pensar na internet como um espaço de agenciamento, mas que torna possíveis saltos acentuados tanto da ética como da ação direta na microfísica do poder.

Nessa espuma informacional emergem novas formas de interação. Listas de discussão, blogs, flogs, Orkuts, mensagens instantâneas, ou qualquer outra ferramenta que conecte grupos. Esses grupos formam focos de movimentos sociais. Quanto mais engajado for o projeto, mais intensa será a ação coletiva. Esse fuzuê informacional torna possível a catalisação do agenciamento coletivo.

O efeito é rizomático. A informação cola no agenciamento. E vice-versa. Numa multidão hiperconectada o conhecimento livre tende a se expandir. A prática do conhecimento livre traz a reboque uma série de novos paradigmas que dialogam em tempo real com os enunciados que até agora deram sustentação filosófica à humanidade. Estamos presenciando mudanças drásticas nos debates sobre propriedade intelectual, liberdade de expressão, nas práticas de comunicação. Estamos apenas no início de uma revolução não televisionada.

Neste contexto, a metareciclagem é uma conversação em rede focada no trabalho imaterial, um tipo de interconexão que acontece em tempo real, uma conversação engajada com uma expectativa existencial otimista em relação às possibilidades de mudanças e de revoluções. A metareciclagem privilegia o diálogo.