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Replicacao

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Ver também: ProcessoReplicacao

Uma metodologia que propõe uma perspectiva geradora de autonomia para ações inseridas no contexto da inclusão digital: resumidamente, este é o conceito motivador da MetaReciclagem. Inicialmente, os projetos de inclusão digital estavam em grande medida associados à idéia de acesso à tecnologia. Muitos projetos surgiram culminando num modelo, com algumas diferenças entre si, de TeleCentro –local de acesso público a computadores e à Internet, onde os usuários têm um tempo limitado de acesso e podem realizar cursos e atividades de interesse próprio, mas sem a possibilidade de tomar a tecnologia com as próprias mãos e experimentar diferentes usos. Em outras palavras: têm a liberdade de acesso à informação, mas não a liberdade de manipulação da tecnologia.

Essa questão levou os integrantes do projeto MetaReciclagem a uma profunda reflexão conceitual e filosófica a respeito da efetiva apropriação da tecnologia pelas comunidades como uma ferramenta de expressão, de produção simbólica, de efetivo domínio do saber-fazer e adaptação à realidade local. Enfim, como meio de construção de conhecimento dentro daquilo que pode ser chamado de artesanato tecnológico.

Dessa forma, a MetaReciclagem propõe que um projeto efetivo de inclusão social através da tecnologia deve partir de um princípio gerador capaz de garantir sustentabilidade, capaz de permitir o efetivo domínio da apropriação da tecnologia, além da replicação do conceito em outras áreas de interesse. Daí a idéia de captar computadores antigos, o lixo digital, sucata tecnológica que fica à margem do mundo dos negócios por conta da falsa obsolescência incentivada pela indústria, e que conseqüentemente possui valor comercial baixo ou praticamente nulo. Com a sucata, novos computadores são construídos, as máquinas passam a pertencer àqueles que as reciclaram (e não mais 'ao projeto'), permitindo abrir os computadores, examinar minúcias, construir conhecimento a partir dos meios de evolução da tecnologia, sem problemas legais de patrimônio das máquinas, prazos de garantia e suporte especializado, entre outras questões. O lixo gerado desse processo de reciclagem é também um novo canal econômico para essas comunidades: a separação do plástico duro, do metal das máquinas, dos cabos, entre outros materiais, que podem ser vendidos separadamente, contribuindo com mais um nicho de desenvolvimento econômico sustentável.

Como meio de operar essas máquinas e permitir também o efetivo domínio da tecnologia do software, é utilizado o software livre, que também permite a adaptação de códigos e uma distribuição legalizada dos computadores e dos sistemas utilizados.

É aqui que temos, portanto, o processo da MetaReciclagem: construir junto a comunidades um processo de autonomia tecnológica baseada em princípios da reciclagem e do software livre, abrir canais de geração de trabalho e renda com base nos produtos desse processo, obter não apenas o acesso à tecnologia, mas a efetiva apropriação da mesma como meio de desenvolvimento e criação. Dessa forma, comunidades iniciam a venda de produtos de tecnologia a baixo custo para um público interno, ocupam espaços em Centros Comunitários criando TeleCentros para acesso a tecnologia reciclada, laboratórios de reciclagem viram centros de formação profissional local.

A MetaReciclagem se dissemina através da replicação de esporos independentes e autônomos por todo o país, onde o acesso à tecnologia reciclada torna-se mais simples e imediato, de tal forma a criar a cultura da reciclagem de computadores como meio de desenvolvimento social e de geração de trabalho e renda.

 

Metodologia Utilizada

A metodologia de trabalho da MetaReciclagem pode ser descrita de forma mais completa através das etapas em que os projetos são desenvolvidos:

  1. Estabelecimento de um parceiro local que tenha uma compreensão da importância da idéia, das possibilidades de desenvolvimento e do potencial de crescimento;
  2. Constituição de um grupo inicial de moradores da comunidade atraídos para o projeto através do parceiro local;
  3. Constituição mínima do espaço de MetaReciclagem: adaptação de mobiliário, instalações elétricas, sempre visando adaptações locais e de baixo custo;

  4. Captação da primeira doação de máquinas com base em contatos locais com empresas, governo e instituições interessadas no projeto, como a mídia local e ONGs;
  5. Período de formação básica em reciclagem de computadores, software livre, captação de computadores (visão estratégica do negócio) utilizando como material o primeiro lote de doação;
  6. Operacionalização do espaço de MetaReciclagem como um laboratório de reciclagem e formação continuada;

  7. Abertura de um TeleCentro para acesso à tecnologia reciclada pela comunidade local;

  8. Início das primeiras prestações de serviço, venda de equipamentos a baixo custo e estruturação estratégica e burocrática de um empreendimento popular;
  9. Lançamento do empreendimento popular;
  10. Suporte ao empreendimento e formação continuada;
  11. Ligação em rede para colaboração e troca de conhecimentos, doações e experiências entre os mais diversos empreendimentos populares.