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UmTextoMetaReciclagem

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efeefe fala: encontrei esse texto no backup wiki/moin que ficava em oxossi.metareciclagem.org. como o backup está corrompido, não encontrei x autor(a). quem souber, por favor avise...

MetaReciclagem

MetaReciclagem é uma metodologia descentralizada de reapropriação tecnológica para a transformação social.
    O grupo metareciclagem surgiu numa lista de discussão do projeto Metáfora, hoje extinto. A idéia inicial era a de criar uma rede livre sem fio usando placas wireless de segunda mão, repetidores reciclados com latas de pringles e gateways de máquinas recicladas.
    A partir dai surgiram várias outras idéias usando redes sem fio, então veio a necessidade de organizar todo o material, links e sugestões do pessoal.
    Veio então a sugestão de contactar o CDI - Comitê de Democratização da Informática, já que eles já faziam um trabalho na vertente digital das atividades sociais, mas percebem que qualquer ação social envolvendo computadores deve usar software livre, e o CDI vem de uma parceria com a Microsoft.
    Surgem então idéias de fazer uma ONG para distribuir computadores open-sourced preparados para funcionar nas redes livres já idealizadas, ensinar tecnologia aberta à sociedade, fomentar um debate sobre conhecimento livre.
    O assunto é deixado um pouco de lado enquanto o pessoal do Metáfora discute outros  temas até que ressurge a idéia com novo ânimo: batalhar doações de computadores usados.
    Vem o projeto de arrecadar computadores doados cada um em sua cidade, montando uma lista de contatos para futuro uso quando o projeto estivesse mais estruturado.
    Surge a discussão de qual distribuição usar, se uma distro própria, boot via floppy, servidores e clientes.
    Software livre, computadores doados, muita gente com muito boa vontade. Surge o termo MetaReciclagem e o conceito não pára de crescer.
    De uma idéia sobre redes livres a um conceito abrangente. Meta é mutação e seu conceito está em constante transformação.
    O coletivo do meta não gosta de ser definido como um grupo de inclusão digital nem entendem seu trabalho como fazer telecentros. Mas se reciclar um conceito é metareciclar, se pegar dois gabinetes e colocar como pés de uma mesa também é, então o que é meta? MetaReciclagem é verbo e não substantivo. Uma pessoa não faz parte do Meta, faz Meta.
    Cada um define meta de uma forma diferente, o conceito de um dos metarecicleiros é: “Meta é o que cada pessoa pensa que é”.
    A base da metareciclagem é a reapropriação tecnológica para transformação social. Os principais focos são a criação de centros de MetaReciclagem e a pesquisa e desenvolvimento de alternativas tecnológicas livres e flexíveis.
    Hoje o projeto conta com pessoas em todo Brasil e tem pessoas que já fazem meta e vão descobrindo que podem se unir ao grupo. Essas pessoas formam esporos de meta em suas cidades.
    Os esporos de meta são locais nos quais as pessoas pesquisam a criação de estruturas livres, captam doações de equipamentos, organizam oficinas, workshops, montagem de redes usando software livre, arte com peças que sobram, pintura de gabinetes.
    O grupo tem esporos espalhados pelo Brasil como no Rio de Janeiro, em São Paulo, Espírito Santo, Bahia, Pernambuco, Minas, Piaui, Amazonas, Santa Catarina.
    Os esporos de meta arrecadam doações de pessoas, entidades e empresas. As empresas que trocam seus computadores acabam guardando os equipamentos em depósitos porque são responsáveis pelo lixo tecnológico e podem ser punidas se jogarem esses equipamentos em aterros.
    O processo de fabricação de um computador usa dez vezes o seu peso em produtos químicos e combustíveis fósseis. Quando um computador é jogado no lixo, esses componentes que contém grande quantidade de material poluente liberam metais pesados no solo e consequentemente na água, assim esses produtos acabam nas plantas e no organismo dos animais, prejudicando sua saúde.
    Poucas pessoas têm acesso ao computador e os computadores que são jogados no lixo ainda podem ser usados além da preocupação com o meio ambiente, então o MetaReciclagem tenta fazer esses equipamentos funcionarem na medida do possível e fazem arte com as peças que sobram.
    Computador velho tem aparência amarelada, encardida, então o pessoal que faz meta pinta as máquinas para deixá-las mais atraentes para os usuários e ainda para aproximar o usuário do equipamento, mudando a postura da pessoa diante do computador, deixando-a ativa. Com o software livre as pessoas percebem que podem sim, mesmo não sendo programadores, contribuir com a evolução dos programas que usam e deixar de ser um mero consumidor.
    Durante o ano de 2006 aconteceram em todas as regiões do Brasil várias oficinas de meta. Em cada lugar encontra-se uma realidade diferente e consequentemente a oficina tem que ter uma abordagem diferenciada em cada um desses lugares.
    Quando se faz uma oficina de meta, inicialmente o que vem na cabeça das pessoas é a montagem de um telecentro e nada mais, mas durante a conversa elas acabam percebendo a abrangência do assunto. O meta leva o software livre junto e os dois conceitos são indisociáveis, afinal não faz o menor sentido tranformação social com o aumento da dependência à Microsoft.
    Uma oficina de meta envolve toda a discussão sobre essa tranformação social, sobre software livre, sobre a doação de equipamentos, questões técnicas sobre hardware e software, soluções para o uso de computadores antigos.
    O mercado impôs essa obsolescência programada aos consumidores de equipamentos. Quando é lançado um novo sistema, ele exige mais memória, mais processamento, um computador novo e mais caro. Ao mesmo tempo as pessoas não querem continuar a versão anterior do software porque está desatualizada. Na verdade existem soluções com software livre que tornam possível que o usuário tenha a última versão dos programas com um computador “obsoleto”.
    Existem distribuições de linux desenvolvidas para computadores antigos como o komain por exemplo.
    Existe também o modelo cliente/servidor que possibilita a montagem de um telecentro com poucos recursos e ótimo desempenho. O LTSP (Linux Terminal Server Protocol) é uma solução para esse modelo. No LTSP um servidor é configurado para oferecer todo o sistema via rede a seus clientes, assim, um cliente dá o boot por um disquete e inicia o sistema todo via rede puxando tudo do servidor.
    Existe também o XDMCP que possibilita que o cliente inicie todos os aplicativos a partir de um servidor X (interface gráfica), que é o que pesa no processamento da máquina. Com esse modelo faz-se uma instalação básica  nos clientes e habilita-se o xdmcp no servidor.
    Recentemente foi desenvolvido o bootex, um disquete que tem um kernel básico e que utiliza o xdmcp do servidor.
    Após as oficinas, o pessoal que faz meta sempre espera deixar nas pessoas uma vontade de se apropriar do processo e continuar a fazer meta em suas cidades. Quando isso acontece vem a recompensa de todo o trabalho.