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thread materiais e estruturas em código aberto

em 25/02/2010

f?r!:

Parece que a onda das impressoras tridimensionais começa a aparecer nas terras ricas

http://www.openstructures.net
http://openmaterials.org/

Não sei até que ponto é possível pensar reciclagem de lixo eletrônico para a obtenção de polímeros ou da criação de algum tipo de impressora 3d por aqui...

Fica a faísca,

 

glerm:

http://desvio.weblab.tk/blog/fazedorxs
http://craphound.com/makers/

http://www.makerbot.com/

http://reprap.org/bin/view/Main/WebHome
http://www.thingiverse.com/

Reciclar tem preço, pago por aqueles programados para serem os lixeiros cadastrados do processo industrial como projeto global de divisão do trabalho. Derreter  plástico, derreter ouro, derreter cobre, carregar o legado dos metais pesados ou produzir microchips cada vez menores e livres de componentes como chumbo, são discursos e condicionamento do gesto e ergonomia do trabalho encrustados na  mundial esteira taylorista de uma maneira tão complexa quanto eleições governamentais, fronteiras e flutuação financeira que transforma este esforço em capital que projeta e "materializa" estas esteiras.

Escrever ensaios, fazer suposições e jogos retóricos por emails dentro de rss de "redes", fazer canções, organizar festivais e transmissões de debates e poéticas é apenas um dos "polímeros" mais próximos de serem pensandos por aqui.

Seguimos esta pesquisa buscando mais mãos livres e a capacidade de moldar qualquer objeto encontrado a dois palmos desta.

Vai por aqui meu ensaio, que ainda não consegui objetivar no projeto de esteiras alternativas, pelo simples espanto com o panoroma de toda obsolescência do modelo industrial em jogo nesta grande máquina. Uma vertigem de perceber quantas voltas são necessárias na chave de fenda, pra que esta "alternativa" esteja a um passo de tornar um espelho.

Fazer uma impressora dessas, por mais artesanal que possa parecer, é uma decisão estupidamente industrial. Que quanto mais você toma, mais parece que ja estava decidida anteriormente, com todas as cartas marcadas e moedas cunhadas ou no prelo.

Fazer ou não fazer, literalmente, eis a questão,,,

(voltando então pra http://desvio.weblab.tk/blog/fazedorxs )...

 

dasilvaorg:

e o que seria tornar um espelho?

 

glerm:

Reproduzir a mesma lógica industrial de divisão de trabalho alienado, manutenção da fetichização do consumo do supérfluo, posicionar-se num projeto de obsolescência programada e conformada.


vou tentar "refletir" mais aqui... colo abaixo um parágrafo onde comentei no googlereader um festival de música "faça-você-mesmo + focado em instrumentos musicais (http://createdigitalmusic.com/2010/02/22/scenes-from-amsterdams-music-inventors-when-circuits-code-and-concept-meet/) , porém acredito que minha reflexão se aplica também nesse caso do cenário de "Makers" que o f? apontou, sem mudar uma vírgula (tipo catar a maçã direto da árvore ou esperar ela cair na cabeça -> http://pt.wikipedia.org/wiki/Ca%C3%A7ador-coletor)


"Acho todo este cenário muito fértil como sempre, mas gostaria de elaborar melhor uma crítica quanto a fetichização deste tipo de prática e o porque no fundo é muito mais fácil fazer isso tudo sem dar tanta importância a realidade industrial que você está inserido, o que pode tornar o diletantismo em cima de juntar todos esses cacarecos algo como mais uma moda qualquer, uma reinvenção da guitarra elétrica e sua indústria de bebês mimados por uma formatação pré-concebida e neutralizadora da exposição de seus anseios críticos.

Me interessa a descontrução da adoração aos gadgets tecnológicos na medida que eles tornam-se pra você algo ao mesmo tempo tão banal mas tão intenso quanto um rabisco que você faz numa folha branca enquanto pensa. Gostaria de ver essa cultura do "faça-você-mesmo" gerando um algo mais do que os objetos, mas um entendimento maior da nossa condição de criadores.

Por outro lado a presença física dos objetos da uma eloqüência que o texto não consegue aqui, então seguimos buscando esse algo que faz alguma falta e aí reside seu valor - o uso dessa possibilidade de novas linguagens pra tentar implodir de alguma maneira nossa condição de obsolescência programada numa rede de esteiras e apertadores de parafusos perdendo toda a festa da invenção da matemática e do universo como potência de criar novas liberdades cada vez mais até o limite. Os inventores independem da matéria prima, necessitam transformar linguagem em ação, sem necessáriamente projetar a nova indústria mas possibilitando uma ontologia do nosso encontro humano no limite do seu imprevisível.

"

e/ou ,

 

dasilvaorg:

sim, foi o que me pareceu

geralmente minhas percepções são pessimistas
mas isso me incomoda
ao mesmo tempo em que não consigo colocar em palavras o que penso sem me sentir ingênuo e superficial, reflito:

o posição que ocupamos muda a forma de ver. Não?
os acessos (cognitivos e outros) a realidades antes não imaginadas transformam o sujeito. 
Hoje todo esse blá, blá, blá Industrial e produtivo mundial me parece uma merda extremamente poderosa,
o lance automaticamente corrompe qualquer coisa a depender do prazo
então talvez seja uma questão de tempo, do tempo que se tem antes que iniciativas sejam corrompida, cooptadas

viver tempos de coisas....
saltar de tempos para tempos e de coisas para coisas...

mas tem uns discursos fortes por aí me dizendo que pensar em termos de bem / mal é limmitadíssmo
mas me parecece também que são séculos de adestramento


será que eu tenho pensamento autônomo?

 

lelex:

automatizado é que não é...

 

f?r!:

Isso talvez traga a obsoletização programada pra dentro de nós, como modo de vida, mas de maneira consciente. É preciso saber que somos obsoletos, enquanto máquinas.
Certa vez ouvi um ecólogo radical falando que o único estado sustentável para o planeta era antes da agricultura.
Esta noção de que cada gesto tem um tempo limite de sustentabilidade me parece muito importante, e é uma questão temporal que não é levada em conta na linha temporal de montagem industrial. A indústria não sabe parar, é um câncer produtor de tumor contínuo.

o tempo das coisas... quanto dura a cocaína no sangue e o chiclete no estômago?

Uma máquina não é eficiente porque é autônoma, mas porque está aberta ao improvável. Exemplo: um expremedor de laranjas automático gasta  energia elétrica, precisa de mais tempo pra ser feita, códigos, chips, patentes e disperdiça laranja... e um espremedor de laranja de plástico (que há 6 meses procuro em vão aqui em sampa nas lojinhas de $1,99) além de usar ao máximo o recurso natural, exercita teu corpo e te põe em contato direto com o alimento e os aromas de sua casca.

Mas aí de novo é uma questão de tempo... e da eloquencia temporal dos objetos programados para desaparecerem sem ressentimento... poderíamos pensar ale'm do biodegradável, um produto cronodegradável... pensar o desaparecimento do produto como parte de seu processo num sentido oposto do de fazer produtos ruins pra poder vender mais, mas fazer produtos que tragam em si a marca de seus limites...

Mas aí volta o Simondon: um motor de um Ford de 1930 serve ainda hoje pra puxar barcos porque suas peças eram polivalentes e estáveis pra funcionar sozinhas se necessário fosse, já um motor atual só funciona todo junto (porque a engenharia é uma forma de codificar os objetos contra a cópia)... como pensar um carro em código aberto?

Eu imprimiria um espremedor de laranjas manual se tivesse como...

Faça música sem instrumentos seria o único Faça-Você-Mesmo sensato.

 

dasilvaorg:

Obsoletização programada e obsolescência programada são a mesma coisa?  Se for, pensar nisso para o "humano" ainda me parece meio estranho. Seria uma autoprogramação? Ainda assim, quando penso nos procedimentos de saúde pública e na prática da formação biomédida aí acho que tem alguma coisa desse tipo já em andamento há algum tempo.

Mas acho que vc não está falando disso, mas sim de nos "programamarmos" para as temporalidades de nossas coisas. Mas eu ainda não sinto confortável em pensar nisso como obsolescência auto-programada. Por que será?

A impressão que tenho não é que não saiba. É que não precisa. As "indústrias" (pode haver exceção) podem funcionar até morrer. Vivem de matar várias coisas ao seu redor, inclusive pessoas. Enquanto mantê-las vivendo é "rentável" de alguma forma, ótimo. Quando não mais, é só matar.

Aí a gente não estaria confundindo autonomia com automação?
Engraçado, eu acho que sempre penseio o bio pelo crono. Será?


Pensar a gente ainda está podendo (por enquanto) mas daí a ser algo praticável recai na questão da competitividade industrial. Pelo menos no mundo de hoje. Eu não consigo ver horizonte.

Devido à minha formação não tive contato com o Simondon, apesar de já ter ouvido muito falar. Mas, na parte operacional da coisa teve um estadunidense que deu o start nesse pensamento  de intercambialidade, foi o Eli Whitney. Ainda que eu não goste muito das idéias estadunidenses, tivesse a gente continuado pensando sempre na na questão da intercambialidade e talvez a industrialidade  não fosse cada vez mais cruel. Provavelmente não sofreríamos tanto com os upgrades contemporâneos de PCs. Mas a intercambialidade passou a ficar na contramão da obsolescência percebida, que já é outro conceito. Muito, muito mais perverso que o da obsolescência programada.

"Eu imprimiria um espremedor de laranjas manual se tivesse como... "

Não precisa, por aqui tem. Mando o enreço em PVT que eu te mando pelos correios. Olha o meu na foto. É pequenininho, mas acho que consigo maiores sem problemas. hehe

 

 

A própria voz já pode ser considerada instrumento. Né não? Vi isso  na Santaella (acho que ela reinterpretando alguém) e achei sensato.

efeefe:

ei glerm, f?, todxs

tô gostando da reflexão. acho que tem várias linhas aí: não sei se é
possível fugir totalmente do fetiche (pela tecnologia ou por qualquer
outra coisa) - no sentido de desejo que se dirige ao extravasamento da
parte, do detalhe. acho que tudo que a maioria de nós faz tem parte
busca de autonomia, parte busca de imprevisibilidade, parte fetiche,
parte conformação. concordo com o f?, que autonomia total é ilusão -
todo instrumento condiciona e restringe ao mesmo tempo que estende e
liberta.

mas acho que o lance é também pensar em qual a velocidade a gente quer
se adaptar ao que tá lá fora e vai continuar mudando. de certa forma,
tem uma consciência de que a gente é pequenx e não vai mudar o rumo
geral do desenvolvimento tecnológico - o makers, apesar de bem
americaninho, coloca uma coisa que me parece provável - a indústria
vai ignorar, depois combater, depois se apropriar do lance de
prototipagem 3D. a gente pode manter um distanciamento crítico, que
acho necessário que alguém mantenha, mas também acho que a gente pode
se adiantar e propor maneiras de articular esse imaginário de forma
que tenda mais à liberdade do que ao fetiche ou à obsolescência
programada.

eu quero acreditar que, lá no horizonte quase inalcançável, o lance de
impressão de coisas poderia levar a um cenário em que a obsolescência
não é mais uma questão. no momento em que as coisas são livremente
"fazíveis" e "desfazíveis" - tipo, quando a reciclagem acontece dentro
de casa - qual é a importância da durabilidade das coisas?

talvez isso venha a trazer uma época que imploda todo o legado da era
industrial - balizado pela utilidade, durabilidade, logística, tempo
de mercado, etc. também sei que esse dia não vai chegar totalmente: é
uma espécie de utopia, movida por um monte de elementos - o fetiche de
uma nova tecnologia também tá na receita da mistura, como tantas
outras coisas. um dos motivos que eu tenho pra querer saber mais sobre
essas coisas é a babaquice de sempre - ver uma máquina nova funcionar
de um jeito diferente. mas eu também quero saber de sintetizar coisas,
e de mais uma forma de bits virarem átomos.

e as redes, rss, etc... rolou nessa semana uma discussão interessante
na lista bricolabs falando de inclusão, exclusão, liberdade, etc. tem
toda a referência do simondon que o f? trouxe aí. tem uma discussão
começando semana que vem na lista empyre, moderada pelo menotti, que
tá focada no lance de impressão 3D mas ele deu um toque que quer puxar
pro lado da gambiarra, precariedade, etc. tudo isso são só bits
correndo por aí, mas também são gatilhos potenciais de novas ações.

fora que tem mais uma porrada de coisas - li esses dias sobre uma
galera do MIT pesquisando impressão de comida. se isso chega no nível
de síntese de moléculas, eu nem consigo mais entender onde vai parar -
tem coisas muito boas, tem coisas terríveis. quero estar no meio.

"Não precisa, por aqui tem. Mando o enreço em PVT que eu te mando pelos correios".

Acho que isso é um exemplo bem claro. em vez de gastar com logística
(dinheiro, combustível, poluição, suor do carteiro), o orlando podia
mandar o esquema 3D do espremedor.

 

dasilvaorg:
gostei da perspectiva

por outro lado apenas e você considera custos, gastos e desgaste das pessoas. Mas e se você pensa na perspectiva de receber algo material de alguém?
Sei lá. O lance de mandar uma informação que aí vai produzir um objeto desejado  é muito diferente de mandar o objeto desejado, não?
Ainda que eu admita achar  DUCA essa possibilidade de só enviar a informação digitalizada e poder ter lá do outro lado a coisa se materializando. Se é que eu entendi. :)

 

efeefe:

tem outro lance também. o marcus bastos falou ano passado no paralelo
sobre o conceito do cradle 2 cradle - que se insere dentro da
realidade industrial, mas é uma busca de fazer produtos que sejam
totalmente retornáveis. uma levada meio técnica, química, tipo isso:

http://en.wikipedia.org/wiki/Cradle_to_Cradle

mas dá pra pensar também na articulação disso com coisas feitas em
casa - não necessariamente os produtos precisam voltar pra indústria
pra serem refeitos ou transformados em outras coisas. daí a pensar em
máquinas que decomponham produtos, e daí a pensar em vasculhar o latão
de lixo da vizinhança em busca de materiais interessantes pra fazer
qualquer coisa, tem um cenário bem doido. é meio ficcional, claro,
qualquer dessas coisas é muito complexa de fazer (mas e aí, volta
vinte anos no tempo e pensa no wi-fi!).

aí é que tem o lance também de usar os interesses comerciais da
indústria - que quer fazer novos produtos pra tirar dinheiro da gente
- para impulsionar um tipo de desenvolvimento de tecnologia que a
gente não consegue fazer sozinhxs. a gente pode dizer que não quer
nada com eles, mas eu tô aqui teclando num aparelho que só existe
nesse formato e com essa disponibilidade por causa da indústria. acho
que é tudo questão de flexionar e entender qual é a autonomia, a
liberdade e a conformidade em cada ação.

"Sei lá. O lance de mandar uma informação que aí vai produzir um objeto desejado  é muito diferente de mandar o objeto desejado, não?"

claro que é. mas uma coisa não elimina a outra. acho que entra aí uma

 

decisão pessoal em relação a tempo, custos, trabalho. fazer a mão um

 

cartão pra alguém é diferente de mandar um SMS. eu posso usar um ou

 

outro, é uma decisão pessoal. só acho que é bom evitar o maniqueísmo -

 

por internet é ruim, por correio é bom - porque isso é bem ingênuo.

 

dasilvaorg:

aí nem tem o que discutir.

 

mbraz:

espremer laranjas e' um processo industrial, se voce mesmo nao plantou
as laranjas. ;)

 

efeefe:

É? E se eu comprei direto do produtor numa feira de assentados?

 

glerm

Vamos continuar então na hipótese do espremedor de laranjas (e ambigüidade da expressão calha aqui perfeitamente). Outra coisa que me chamou atenção foi o uso em certo momento das expressões "gambiarra" e "precariedade" como contíguas, quase como termos vizinhos.

Ela inicia aqui nessa construção de desejos subjetivos por dentro dessa pulsão da criação de indíviduos "Fazedorxs" pra ja firmar o termo traduzido aqui no sintoma...

Pra mim a grande problemática esta no TEMPO que este grupo aqui levará para contruir sua impressora.
A tal "cronodegradação programada" dos nossos próximos dias, meses, anos como grupo de "fazedorxs" (algo que já não somos?).

O TEMPO industrial vem de outras esteiras,  e daí minha vertigem. Vasculhando projetos como arduino desde seu início, hoje eu me sinto as vez apenas mais uma peça de uma cultura de consumo e outras vezes uma ilusão de que arranquei a cabeça da hidra e novamente a vertigem, em loop... (E o arduino é uma das bases dessa cultura "maker").

Seu espremedor de laranja não vai ter um custo unitário menor que 1,99 , porque ele vai gastar um tempo pra ser feito que vai te ocupar tardes e noites até que você compreenda totalmente o que você esta fazendo desde a modelagem 3D até ficar la esperando os motorzinhos Cnc controlarem uma bisnaguinha de plástico quente que vai levar horas para fazer UMA peça. Pior ainda quem não quer saber direito o que esta fazendo - compre o kit, monte o seu, use a camiseta, veja o filme.

Daí disso duas coisas vão surgir:
1) ou você vai partir pra fazer mais máquinas dessa a ponto de sustentar uma cadeia produtiva destes objetos pra que compensem mais que os de 1,99 - daí  o que chamei de espelho - o limiar entre indústria e economia da sociedade que a rege.
2) ou você vai querer dar a este produto um status de artefato, de escultura e pontuar definitivamente como um dito inspirador. Vai poetizar sua forma e pensar naquele objeto como apenas um resíduo de todo um processo intelectual, cultural, humano no qual vocẽ percebe-se inserido e ali celebra totemicamente.

Me preocupa então a ilusão de acreditar que reciclando impressoras matriciais ou plásticos de 1,99 ("gambiarra":precariedade ou ecologia?) você vai estar no mesmo plano do que este cenário empreendedor (engenheiro, "preciso", programado) dos ricos que estão fazendo a conta de quanto NÓS CUSTAREMOS pra reciclar o lixo DELES. (Esta conversa esta sendo indexada e será útil para tudo isso).

Fazedores ou Recicladores? Reciclar é um fazer, um refazer ou uma "precariedade", uma má-condição de sobrevivência? Lembremos da noção pejorativa do termo gambiarra, e não apenas o ufanismo carnavalizado do seu fetiche. Vertigem? Morgado? Pessimismo? Gambiarra conceitual? Redundância?

A pergunta "prática" é: inserir se imeditamente no contexto, usar os kits que usam arduino e similares, fazer o jogo? Ou ficar aqui no bate-bola lúdico até alguem abrir um monte de impressora matricial e desprentensiosamente quase sem querer, duma maneira totalmente instável e precária criar um frenkstin que da conta da reflexão sobre o assunto e do conhecimento agregado.

Ou além do bem ou mal ir no fluxo?

 Querem uma impressora dessa pra quando? É pra fazer mesmo? Alguém (ou algo) aqui podia encomedar esse kit que eu me comprometo ao jogo de montar e estudá-lo e tentar transformar esse capital em outra coisa (que tal uma coisa-pública?), ao invés de ficarmos aqui só na retórica do talvez-precariedade.  Precariedade e obsolescência conscientes? Vertigem.

Ou era só pra espremer laranjas? Isso da pra fazer na unha.

novo neologismo pra coleção: Precariedadeologia. Gambiofetiche.

Derreter plástico vai feder.

fazer fazer fazer. falar.  coisas.


(eu posso estar errado,  mas vou mandar esse texto pra dentro desse "buzz", tomara que a engrenagem encrenque).

1 2 3 foi


"mas acho que o lance é também pensar em qual a velocidade a gente quer
se adaptar ao que tá lá fora e vai continuar mudando".

isso. de certa forma já tava aqui.
mas lembrando que uma bomba de neutrons inicia sua detonação com o choque de mínusculas particulas que talvez num ínfimo instante inicial podem ter sido uma partícula empurrando outra.


ler também é fazer. (fico pensando aqui novamente no pessoal que le tudo e se segura pra não responder, que autocontrole! que seja bem usado)...

 

efeefe:


acho que a longo prazo mais do que duas coisas podem surgir. não sei quais são.
 

não acho que no mesmo plano. mas acho que os planos vão se reorganizar

 

e reconformar. nesse meio-tempo, tem espaço ou pelo menos potencial

 

pra um monte de gente experimentar uma liberdade. liberdade restrita

 

pelas circunstâncias sim, e certamente temporária. um dia acaba. mas e

 

aí, negar a busca da liberdade porque ela não vai ser eterna (e talvez

 

supor que liberdade eterna seja uma prisão tão ruim quanto a ausência

 

dela?)? porque nem todo mundo tá na mesma pilha de ir a fundo?

 

esquecer toda tentativa de construção por causa da consciência de que

 

nem todo mundo quer fabricar tijolo? 8, 80?

 

 

a pergunta prática precisa de resposta? se a pergunta é "1 ou 2",

 

posso responder "sim" ou "abacaxi"? acho que tudo. fazer com

 

pretensão, fazer sem pretensão, não fazer, falar, ler. deixar a

 

retórica voar também, o rss, o blog, o twitter, o buzz. deixa indexar

 

tudo, empacotar e vender. sem dogma, com amor.

 

 

eu queria encomendar esse kit, pôr na tua mão e perguntar o que
acontece. mas respondendo na prática, imposto de importação é uma
merda. isso aqui mais que duplica de preço:

http://store.makerbot.com/cupcake-cnc/cupcake-cnc-basic.html

alguém com conhecidxs na nortamorica pra trazer?

pensando aqui ainda...

"Outra coisa que me chamou atenção foi o uso em certo momento das expressões "gambiarra" e "precariedade" como contíguas, quase como termos vizinhos".

isso te incomodou?

 

vitoriamaro:


Ou lugares pra fazer placas de circuitos em pequena escala? Alguém? China? Santa Rita de Sapucaí?

Outros suportes físicos pra este livro aqui fora o papel? Plástico? Silício? Polímeros? Madeira?

Lembrando também que o a atual república federativa do Brasil (de onde escrevo no momento) é uma grande exportadora de matéria-prima sempre em estado bruto. Há 510 anos.

Mais algum(a) gigante adormecido(a)?


efeefe:

ah, aqui

"Fazedores ou Recicladores? Reciclar é um fazer, um refazer ou uma "precariedade", uma má-condição de sobrevivência? Lembremos da noção pejorativa do termo gambiarra, e não apenas o ufanismo carnavalizado do seu fetiche. Vertigem? Morgado? Pessimismo? Gambiarra conceitual? Redundância?"

mas não são verdades (ou versões) simultaneamente válidas a noção

 

pejorativa e o ufanismo carnavalizado? eu acho que o lance tem essas

 

duas naturezas mesmo: criatividade latente, na adaptação à

 

instabilidade, e a própria instabilidade como ambiente.


"China?"

e eu lembrei agora de um artigo que li em algum lugar, contando de
empresas chinesas que ofereciam manufatura de eletrônicos sob
encomenda: galera desenha, manda as especificações e os chinos fazem
os produtos. não lembro onde li isso, mas agora aqui tava pensando
carajo, já já tem sweatshop escravizando chinos pra fazer impressora
3D junto com os powermacs e nikes. e aí complica mais ainda a angústia
do capitalismo e indústria e manufatura e não tem mais limite nem
pergunta nem resposta.

shan zhai e open fabrication.

http://www.tigoe.net/blog/category/environment/295/

glerm:

Ferramentas open source pra isso:

http://www.lis.inpg.fr/realise_au_lis/kicad/
http://www.gpleda.org/


Boa referência o texto do Tom Igoe, também recomendo. Mas percebam como o discurso e o referencial ali é "empreendedor", muito diferente do tom pretensamente ecológico, filosófico e poético do nosso discurso.

Seria interessante ler o ponto de vista "chinês", sobre esta cadeia de produção.
Olha que curioso, parece que o termo "shanzhai" ou "山寨" é algo traduzível de maneira tão ambígua quanto "gambiarra". (http://en.wikipedia.org/wiki/Shanzhai (*) - na verdade parece se referir mais aquela coisa de "chupar" marcas e designs ).

Reforço a pergunta: Onde imprimir os esquemas das placas? Saber fazer já sabemos o que não sabemos, copiamos.

Desmontar impressoras este ano então? Triagem, testar motor velho? Solda com chumbo, a mais barata e ambundante na praça? Diversão?

pula aí
 

vitoriamaro:


http://dictionary.cambridge.org/define.asp?key=1092012&dict=CALD

 

f?r!:


As hierarquias da meritocracia são a forma mais comum de obsolessência programada pelo sistema cultural europeu sobre os indíviduos manufactores.O sistema operacional cultural em vigor agora é justamente o do controle, em lugar do da disciplina do séxulo da primeira expansão industriante. O Foucault não teve tempo ou coragem pra encarar que as mudanças do guarda panóptico olhando os funcionários para os funcionários se controlando pra não perder o emprego estava intrincadas com os próprios processos industriais. Se a escrita do XIX era a da linha de montagem mecânica (contos, romances poéticos), a de hoje é celular (nanoblogging, navegação em nuvens).
Ok. Mudo a sentença: Os humanos no controle da indústria não sabem a hora de pará-las. Como criar prejuízos exorbitantes para o sofrimento. Como abolir qualquer forma de lucro insalubre por parte da indústria?
Autonomia não é a automação tão precisa de um autômato, tal que este dispense o disciplinador externo?
 
Pensamos os produtos como seres vivos (antropomórficos mesmo) Há um tempo de morte nos objetos, até pra rolar o C2C.  Talvez começando por expôr os modos como a competitividade industrial se alojou nas nossas relações cotidianas. Eu moro em Sampa, não consigo ver o horizonte também.
 
Acho importante, por exemplo, retomar contato com os usuários Windows. E talvez uma boa forma de fazê-lo seja a de propor um DOWNGRADE... uma festa de instalações de Windows 98, só pra mostrar a vertigem.
 
interobsolessência da cambialidade você pode visitar a Islândia, mas só se for pra ficar dentro do laboratório nos ensinando tudo o que sabe. O corpo é instrumento só nos casos de música de transe, quando é tocado por algo fora de si. Nos outros casos é um autômanoto.

O paradoxo da voz me remete a um ponto importante da tal 'mitologia da técnica de feitura'... Como poderíamos então falar da reciclagem como uma espécie de arte manual, ou ainda uma dança de e com objetos? ainda escrevo sobre isto quando menos entulhado.

Fetiche: de feitiço, encanto pelo charme.
Charme: do francês cármine do sânscrito carma. Carma: ação voluntária e suas consequências.

"e a gente pode se adiantar e propor maneiras de articular esse imaginário de forma
que tenda mais à liberdade do que ao fetiche ou à obsolescência
programada".

O satélite do MSST já está sendo programado para este tipo de maquinaria.
Um dos motivos pelo qual as máquinas de fazer café ainda não foram totalmente assimiladas nas residências se encontra num fetiche pelo coador de pano.
Antes da apropriação é preciso que já haja uma descendência de uso poético, mesmo que somente virtual das técnicas.
Logo menos milhares de bandinhas farão sons POPureData.

A reciclagem muda do âmbito de uma conduta "desejável" e "ecopoliticamente correta" para uma economia dos materiais.

Sobre impressão de comida tem coisas aqui: http://www.nextnature.net

plantar laranjas é um processo industrial se a semente não é 100% orgânica

 

fbugnon:

A semente ser orgânica ou não influi na qualidade da laranja, não determina o processo de plantio.

Apesar de improvável, pode-se plantar manualmente sementes de laranja transgênica - quiçá, inconscientemente, por contaminação, como ocorre por exemplo com os milhos no México (http://henriquecortez.wordpress.com/2009/07/17/estudo-documenta-contaminacao-transgenica-no-milho-do-mexico/)

f?r!:

Como construir outras formas de consumo?
 
Então me parece imprecindível que nós nos totemizemos. Porque nós não vamos custar 1,99 por causa do tempo dispensado em nossas psiques pra processos de interciclagem de dados e ações. Glerm, quero te ver dando consultoria no Vale do Silício.

Por falar em Totem, já tem desenho Disney com personagens heróis da gambiarra. Uns pinguins africanos que vi na creche outro dia.
 
A gambiarra sempre me pareceu a menor distância entre dois pontos. Uma poética para tempos desprovidos de tempo. O pessimismo aceitaria a condição de não conseguir consumir certo produto ou serviço, enquanto a gambiarra o resolve.
 
Me comprometo com o projeto do objeto e o fedor do plástico. Agora a pergunta muda: Que produto seria útil ao maior número de pessoas? & é possível imprimí-lo?


Falar é fazer, ou pelo menos o é nas pessoas imprecindíveis.

Que produto é realmente necessário a muitos e que não consigamos fazer manualmente (fora o satélite)?
Quais estes limites do engenho manual e onde começa a nanogambiarra?
Ou ainda, quanto de design suporta o conceito de gambiarra sem ser fetichizado?
O positivismo (fazer é melhor que não fazer) ainda é o slogan da bandeira nacional.

 

lelex:

ordem e progresso e o mundo insiste em ser binário.. esquecem que de zero a um temos o infinito...de possibilidades... na real o mundo segue adolescente, tudo é definitivo, ou é isso ou é aquilo...

 

efeefe:


precisa ser "útil"? produto pode ser "objeto"?

lembrei do dpadua:

"por exemplo, podemos usar braçadeiras ou lenços no fórum de cultura
digital, podemos sempre levar nossa bandeira. podemos fazer artefatos
duradouros e nos
presentear uns aos outros entre famílias, etc. podemos cultivar
bonsais de volts, que vão conectar gerações."

http://rede.metareciclagem.org/blog/30-11-09/Sob-Mist%C3%A9rios

f?r!:

o eu
e ou
ou e

como reciclar o pensamento binário se ainda temos ressentimentos dele usando-o em cada clique?

prefere a novalíngua?

CONSUMIR É PRODUZIR
SIMPLES É COMPLEXO
CIÊNCIA É MODA

 

efeefe:
ou, diferente. "produto" pode ser "presente"? sem utilidade, mas
esencialmente compartilhado?

glerm mais de uma vez circulou coisas por aí. recebi aquele pacote
pelo correio com uma sensação diferente (diferente de contas ou
compras). hd me lembrou essa semana que imprimir também é transformar
bits em átomos. alguém compartilha um esquema de objeto (um totem
metarecicleiro) pra gente montar em casa? nem precisa imprimir:
desenha no papel em cima da tela. fabricação lowtech.

 

tati prado:

http://www.dw-world.de/popups/popup_printcontent/0,,2465447,00.html

 

efeefe:

descartógrafos:
http://organismo.art.br/blog/?p=2280
http://www.estudiolivre.org/tiki-browse_freetags.php?tag=nbp
http://e-ou.org/?tag=nbp

 

glerm:

"o problema das novas bases para personalidade é que ainda restam bases"
(mamelucovich)
http://www.youtube.com/watch?v=A3fYxbOsGRA

http://www.nbp.pro.br/blog_comentarios.php?critico=124


alguém quer fazer um nbp (ou um rb) no blender, imprimir num arquivo que abre em makerbot e mandar pra indexarem na documenta de kassel DE NOVO? kunst?

http://circuitoscompartilhados.org/wp (hospedado na primeira universidade pirata do braza, arigatô!)

tem essa coisa da disney também. ta rolando um boato que querem que a disneyland brasil seja em curitiba. estou atônito.
(http://www.google.com.br/search?q=disneylandia+curitiba&ie=utf-8&oe=utf-8&aq=t&rls=com.ubuntu:pt-BR:official&client=firefox-a)

Overload é tipo um pedal de guitarra. Quem quer pegar um lote desses pentium velho e fazer pedais de guitarra como metodologia didática de ensino computação e despertar Shanzhai?


tem informação aqui.

semana que vem vou dar uma passada em sampa, a gente vai começar um roadmovie na boca do lixo (Nouvelle Lixo)...

sta efigenia, akl abrç

 

redescobri uma palavra nova hoje na língua brasileira -> (  ὀξύμωρον )

( http://pt.wikipedia.org/wiki/Oximoro )
o mais divertido é que ela já existia no dicionário, e eu não precisei me explicar!!


<<<

 

lelex:

CIÊNCIA É PODER!

 

glerm:

Focando então na pilha que felipe botou de ja ir sacando os formatos abertos envolvidos:

* Este blog chamado thingverse, compartilha arquivos de objetos imprimíveis, criados em 3d - http://www.thingiverse.com/
http://www.thingiverse.com/upload
 

Supported Filetypes:

We allow uploading of almost any filetype. If you can digitally represent a physical object, then please upload your files to Thingiverse.

Renderable Filetypes:

Thingiverse will generate preview renderings of the following file types:

dxf - as created by QCad, autocad, etc. (2D only. We're working on 3D support)

svg - as created by Inkscape, Illustrator, etc.

ai - Adobe Illustrator files (save as Version 9 or below!)

cdr - Corel Draw files directly

jpg/gif/png - your favorite graphics formats

pdf - the common document format

tiff - for you high-resolution fans

eps/ps - postscript? why not!

stl - nice renders of your 3d designs.

sch - Eagle schematic files!

brd - Eagle board files!

pov - Povray files are cool with us.

 

vamos por partes.

 

mas a historia dos pedais de guitarra (ou qualquer instrumento musical artesanal) posso trocar uma idéia com quem tiver interessado em paralelo.

 

A filmagem do Longa Metragem baseado no argumento da máquina de fazer moedas () começa semana que vem no centro de SP (entre outros encontros com cineclubismo, gambiarra, xanzai e rumores ) mas isso a gente deixa pra outra trédi,

 

aliás, essa trédi tinha virado um capítulo do livro gambiologia, continua?

 

quem mais quer dar uns páragrafos pro livro que a gente vai materializar?

 

gera:

Gambiarra é o resultado da soma do arame com  a desobediência.
É a forma de produção que inclui a ironia. 
Que consegue escapar da lógica da concorrência.
É fundamental continuar se perguntando se não se está fazendo exatamente aquilo que esperam que você faça.
E, ou, se.
Abraços

 

f?r!

idle shanzhai
perilogística
em santa if

"A idéia de progresso supõe a comparação entre dois estados, dos quais um é julgado superior ao outro, em virtude de uma medida comum que lhes é aplicável; a idéia de harmonia supõe a relação das partes de um todo harmonioso a um objetivo comum que a colaboração delas realiza. A medida comum dos estados progressivos é justamente esse objetivo comum: superioridade quer dizer utilidade maior relativamente a esse objetivo. Trata-se pois de saber se a natureza é essencialmente utilitária. Ela o é se todas as suas obras se reduzem a um fim supremo e universal, outro que não a própria mudança.

Mas, se a luz projetada sobre os fenômenos pela própria idéia de finalidade se dispersa em inúmeros brilhos intensos e curtos, e jamais vem do alto; se o objetivo comum de que falamos é sempre múltiplo, limitado, variável, e não mais se mostra a uma certa altura das realidades ascendentes; se dos acordos parciais do mundo sai perpetuamente um luxo de discordâncias, se as diversas utilidades são inúteis ou prejudicais umas às outras, se as relações das diversas harmonias são naturalmente inarmônicas, heterogêneas, não comparáveis, não mensuráveis, ou só podem combinar-se e harmonizar-se por sua vez parcialmente e mediante o sacrifício da maior parte dessas harmonias, então teremos motivos de pensar que o universo põe sua razão a serviço de sua imaginação, suas leis e seus organismos a serviço de suas fantasias, e que a harmonia não explica tudo, já que não explica seu próprio efeito." - Gabriel Tarde em A Variação Universal.

 

Adriano Belisário:

antes Tarde do que nunca

acho que muito disso tudo tem mesmo a ver com o tempo

vivemos imersos em um tempo sob um tempo cronológico, divisível e regular (controlável)

um fazer indust (se) rial k1ller que lida com massas, padrões e previsibilidades

mas entre a ordem e o progresso surgem momentos, espaços, TAZes kairóticas

e um fazer artesanal p2p, aberto ao imprevisto, cuja ordem é imanente, fluída
hackers ou makers trabalham no limite entre estes tempos
divíduos vivendo em rede

(qual é mesmo meu login para acessar minhas memórias?)

as impressoras 3ds são fantásticas e vão provar de vez que a Internet está longe de ser um "mundo virtual". mas certamente será algo facilmente apropriado pela indústria. os problemas vão continuar sendo basicamente os mesmos: garantir formatos abertos, materiais sustentáveis, etc.

sinto vertigem é com as {possibili (singulari) dades} de pensar a biologia como tecnologia. que já acontece, mas está com toda questão do DIY em aberto. e quando der para imprimir bactérias para espremer laranjas ou para outras finalidades menos nobresr?

DIY tem limite?