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seg, 20/06/2011 - 14:22

TecnoMagia: Códigos

Há um desejo, um anseio, uma pretensão de demiurgo em todo escritor – como, de resto, em todo artista. Deixemos de lado (se é que é possível) a arrogância e o ego superinflado; há, no entanto, alguns que legitimamente têm o direito de se aventar a, com toda a propriedade, se dizerem Criadores. Em primeiro lugar, são aqueles que têm o domínio e o poder totais sobre a matéria-prima com que trabalham: se fazer do ofício a língua, o código, conhecer a ferramenta e saber operá-la – a pá e a lavra, ou a palavra, com todas suas nuances e sutilezas, explorando toda a potencialidade de cada combinação de letras e símbolos, dando forma e sentido harmônicos a o que, em suma, é a mesma fonte do caos. Este, o Caos, talvez o pai de toda criação.

E, no processo de (re)criação, sempre, remeter-se ao Caos: só quem pode e tem o direito de subverter a ordem, em princípio, é quem a domina e pode tratá-la intimamente. Só quem faz da sintaxe o sentir natural, a respiração, o fluir imanente do tudo arrisca-se, em algum momento, a quebrá-la ou subvertê-la – humildemente, é ciente da heresia potencial que comete, mas assume o risco lúdico de, mais e mais, (re)criar. É esse (ar)riscar que justifica nossa existência – que sejam poucos os que o fazem; são os que nos redimem a todos.

É para quem o “código”, com tudo o que tem de secreto, divino, misterioso, torna-se familiar, cotidiano, expressando-se e sendo expresso em cada detalhe. O poder alquímico de transmutar sintaxes, baldear parágrafos intransponíveis em busca de veredas redentoras, desvendar os intrincados labirintos espelhados dos símbolos primordiais, extrapola o consciente – mas, em algum momento, a lucidez embaça a própria consciência: momento mágico que se desvela no conjunto de signos, significados e significantes, como que numa revelação absurda daquilo que ofusca por ser tão claro.


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Comentários

dias especiais, ontocodificação

Dias especiais estes. Bicarato, Glerm, Duende, figuras mitológicas metarecicleirxs em manifestações inspiradas.

Coisas certamente que vou (re)encontrar, (re)ver, (re)conhecer no momento que estiver falando sobre, em forma de um reacesso, ontocodificação.