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MutsazInvernoPosts10

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Tricromia

Qual não foi meu espanto quando liguei esse scanner e descobri que ele funcionava de um jeito bem esquisito. O scanner Microtek feito em 1998 faz 3 scans para obter cada imagem, um para a cor vermelha, um para a a verde e um para o azul. Três scans perfeitos, diga-se de passagem, o que levanta outra questão: porque ninguém queria mais ele?

A questão dos periféricos indo pro lixo é simples, muitas interfaces caindo em desuso graças a popularidade do padrão USB. Esse scanner possui interface SCSI e depende de um software que foi desenvolvido para sistemas mais antigos, um pesadelo mantê-lo funcionando num típico ambiente empresarial.

E lá foi ele, o encontrei na Rua do Triunfo, num comerciante de sucata, por dez reais. A princípio me seduziu o peso dele, imaginei que por aquele valor ele serviria para aproveitar algumas peças, lentes, etc. Mas o fato é que ele ligou, o computador o reconheceu. E quando instalei o software adequado, que ainda encontrei gratuitamente na internet, comecei a fazer alguns scans de teste. Logo pude ver que havia uma troca de filtros entre os scans para a obtenção de cores, fui a loucura lembrando dos trabalhos e autoretratos de Andy Warhol com a copiadora colorida original da Xerox, o clássico modelo 6500. Essa copiadora tinha o mesmo processo para obter cores, através de 3 varreduras.

Cheguei ao ponto de usar silicone para vedar a borda do vidro do scanner, para evitar que alguns líquidos coloridos que usei entrassem para dentro da máquina e comecei a experimentar para ver como eu conseguiria fazer imagens com esse novo aparelho. Escaneei alguns objetos, alguns perfis de alumínio, que dão um reflexo interessante. Experimentei com a criação de cores em tricromia com objetos brancos, brancos como a pele de Warhol.

Reciclando lixo eletrônico e entrando em contato com uma tecnologia ultrapassada, mas cheia de possibilidades únicas.