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#economiasolidaria

ter, 08/02/2011 - 11:51

Expresso Morcegão

 Depois de uma reunião na ondas de um apagão tão gigantesco quanto nossas vontades e energias pra trabalhar as coisas não se esfriaram. Muita coisa rolou em ações, luzes de fim-começo-meio de túnel e Pedro Osmar.

Esse cara merece que eu relate aqui o que ele fez de uma reunião madruga a dentro. E pra quem não conhece o figura, porque ele é uma figura digna de admiração, ação e colaboração; procure saber o que foi a guerrilha cultural do Jaguaribe Carne. E lá vamos nós.

Segunda-feira. Reunião de juntar a galera, outra de apresentar projeto - ponta de lança - e ver no que dá, e pra finalizar sentar todo mundo pra sistematizar os projetos ao máximo. Primeira reunião rola, todo mundo acaba ficando, afinal são quatro da tarde e temos que nos ver novamente as sete. E o que fazer até lá? cerveja, almoço e idéias borbulhando. Pronto, são quase sete horas, tá na hora de ir. 

Chegamos lá e a figura central vem logo em seguida, Pedro Osmar. Começa a coisa que ta parecendo muito reaça, galera que veio junto se entre olha e fica meio sem esperança que o projeto vingue. Apresentamos, com o que deu pra fazer, afinal o pendrive não abriu, Murphy não deu desconto. Críticas, críticas, direito autoral, críticas, qualidade de material, crítica, preço baixo num é legal, críticas, dinheiro, fama, críticas.

Putz, desesperança num ponto e esperança no outro. Vamos com ele buscar um material pra editar de video, na casa do figura. Subimos dois lances de escada num prédio no centro de João Pessoa, um kitnet massa, a cara dele. Sentamos e bora conversar. Falamos uma pá de coisa e ele lá só ouvindo, ai vem a poesia: Vocês conhecem Maria Maluca? (abre geladeira pega um saco de papel com coisas não identificáveis) Tira de dentro uma baita broa de coco: Isso é coisa da minha infância, difícil achar pra comprar, viu. Reparte todas as broas e estamos lá, comendo Maria Maluca na sala de Pedro Osmar quase onze horas da noite. Conversa segue. Ele levanta e pega uma caixa de papelão, daquelas tipo presente, toda decorada por ele. Abre cheio de fitas de video, daqueles pequeninas. A vida e obra do cara que foi filmada tá ali. Tesouro. Raridade. E rola mais papos, incentivos e começamos a ser todos denominados pelo fundador da guerrilha guerrilheiros. Ele se levanta novamente depois de um papo sobre direitos autorais, quase meia noite, e lança: Queria que vocês fizessem uma coisa pra mim, tenho todos os albuns de Jaguaribe Carne aqui, 15 ao todo, e os dois filmes sobre a guerrilha, quero compartilhar, quero que seja livre. 

Galera se arrepia inteira, todo o trabalho da vida dele ali, em alguns CDs, disponíveis pra gente compartilhar livremente.

Compromisso: montar um blog pra ele e fazer a disponibilização por lá. Fechado. e a declaração de domínio público vamo faze? Câmera na mão e pronto declaração dele pronta, com direito a performance, poema e aplausos.

Saimos de lá pro trabalho madruga a dentro. Com o peso dessa responsa e o sorriso do reconhecimento do artista de que sua obra tem vida: "Esse material precisa estar no meio do mundo, porque se a gente deixar isso aqui guardado que sentido tem a vida? Então, estar disponibilizando pra gente é a melhor coisa do mundo."

Começamos o blog, com arte especial tudo especial. Logo logo estará nas listas o endereço e a divulgação massiva desse feito. A obra do cara é fabulosa, desde as músicas, aos ideais de liberdade na guerrilha cultural, desenhos e filmes. Sem comentários. Jaguaribe Carne é o que há de mais nobre num mundo horizontal que o movimento se propos a construir. 

Chegamos em casa pra trabalhar, e como era o momento perfeito, estouramos um champagne que eu tinha na geladeira, esperando a hora certa. Bebemos, produzimos, fumamos, gravamos a reunião e as 6 e meia da matina fomos dormir sem ao menos um cochilo na madruga.

Se há uma provação para entrarmos na guerrilha essa foi a nossa, o expresso morcegão, carregando idéias, ações, malucos, doidos, perturbados. Que agora agente descanse em paz só na morte, porque essa vida de caos ta fluindo demais, né Pedro?

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