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Blog de stellamsd

ter, 01/03/2011 - 07:39

Fóruns e linguagens

 Desde o inicio de fevereiro temos participado como ouvintes e palpiteiros dos foruns de linguagens de Jampa, principalmente do forum da musica. Desde de então tudo que temos apresentado, interado a galera sobre, vem surtindo efeito.

Desde o Dominio Público das obras de Pedro Osmar até o debate sobre a coletanea que está para ser prensada; do debate de fomento a produção cultural até a revisão dos conselhos - municipal e estadual - de cultura, editais regionais e criterios de avaliação. 

Discussões tão amplas assim esbarram em assuntos delicados à primeira vista: MinC, Lei Rouanet, Direito Autoral, Sustentabilidade, Economia Viva, Produção Colaborativa e envolvimento com o governo.

Tantos poréns e receios foram deixados de lado ontem a noite. Toda última segunda feira de mês o fórum da música de João Pessoa promove um debate de formação ou desinformação. Dessa vez fomos convidados- por estarmos presentes sempre - a orientar um debate sobre direito autoral. Assunto complexo pra quem está tentando sobreviver de música em moldes antigos, artistas que muitas vezes ainda não se adaptaram ao mundo digital, ou até não tem a dimensão da nova forma de lidar com a arte resultante de seu trabalho nesses novos paradigmas culturais. Pois bem apresentamos slides, videos, debatemos, falamos muito, ouvimos muitas duvidas, questionamentos e sugestões. Acabamos com um punhado de musicos, compositores interessados em novas formas de direito autoral, cheios de desapontamento com o sistema vigente que muitos não tinham ideia de como funcionava, de porque a musica que comporam rendeu apenas 50 centavos pelo ECAD nesses anos todos. Artistas carentes de novos caminhos e esperanças para ter sua obra aceita e divulgada por ai. Carentes de show com público, de ouvintes de amantes de suas poesias e melodias.

Saimos de lá elogiados por estes e incubidos de levar essa mensagem as outras linguagens, saimos com um folego extra dado por antigos que estão prontos a se adaptar ao novo. Saimos daquela sala num prédio histórico subutilizado com um pé numa nova realidade para a cena cultural da paraiba. 

Se é otimismo nosso não sei, mas que os figurinhas e figurões ali presentes botaram mais fé que imaginavamos, botaram, e a curiosidade e a trilha que começou a se abrir foram os alimentos pra isso.

Os poréns viraram bandeiras, e estas bandeiras levantadas pelos artistas até então alheios a tudo isso, vão para rua, para ação para a colaboração com todos os interessados nisso. #tamojunto

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ter, 08/02/2011 - 11:51

Expresso Morcegão

 Depois de uma reunião na ondas de um apagão tão gigantesco quanto nossas vontades e energias pra trabalhar as coisas não se esfriaram. Muita coisa rolou em ações, luzes de fim-começo-meio de túnel e Pedro Osmar.

Esse cara merece que eu relate aqui o que ele fez de uma reunião madruga a dentro. E pra quem não conhece o figura, porque ele é uma figura digna de admiração, ação e colaboração; procure saber o que foi a guerrilha cultural do Jaguaribe Carne. E lá vamos nós.

Segunda-feira. Reunião de juntar a galera, outra de apresentar projeto - ponta de lança - e ver no que dá, e pra finalizar sentar todo mundo pra sistematizar os projetos ao máximo. Primeira reunião rola, todo mundo acaba ficando, afinal são quatro da tarde e temos que nos ver novamente as sete. E o que fazer até lá? cerveja, almoço e idéias borbulhando. Pronto, são quase sete horas, tá na hora de ir. 

Chegamos lá e a figura central vem logo em seguida, Pedro Osmar. Começa a coisa que ta parecendo muito reaça, galera que veio junto se entre olha e fica meio sem esperança que o projeto vingue. Apresentamos, com o que deu pra fazer, afinal o pendrive não abriu, Murphy não deu desconto. Críticas, críticas, direito autoral, críticas, qualidade de material, crítica, preço baixo num é legal, críticas, dinheiro, fama, críticas.

Putz, desesperança num ponto e esperança no outro. Vamos com ele buscar um material pra editar de video, na casa do figura. Subimos dois lances de escada num prédio no centro de João Pessoa, um kitnet massa, a cara dele. Sentamos e bora conversar. Falamos uma pá de coisa e ele lá só ouvindo, ai vem a poesia: Vocês conhecem Maria Maluca? (abre geladeira pega um saco de papel com coisas não identificáveis) Tira de dentro uma baita broa de coco: Isso é coisa da minha infância, difícil achar pra comprar, viu. Reparte todas as broas e estamos lá, comendo Maria Maluca na sala de Pedro Osmar quase onze horas da noite. Conversa segue. Ele levanta e pega uma caixa de papelão, daquelas tipo presente, toda decorada por ele. Abre cheio de fitas de video, daqueles pequeninas. A vida e obra do cara que foi filmada tá ali. Tesouro. Raridade. E rola mais papos, incentivos e começamos a ser todos denominados pelo fundador da guerrilha guerrilheiros. Ele se levanta novamente depois de um papo sobre direitos autorais, quase meia noite, e lança: Queria que vocês fizessem uma coisa pra mim, tenho todos os albuns de Jaguaribe Carne aqui, 15 ao todo, e os dois filmes sobre a guerrilha, quero compartilhar, quero que seja livre. 

Galera se arrepia inteira, todo o trabalho da vida dele ali, em alguns CDs, disponíveis pra gente compartilhar livremente.

Compromisso: montar um blog pra ele e fazer a disponibilização por lá. Fechado. e a declaração de domínio público vamo faze? Câmera na mão e pronto declaração dele pronta, com direito a performance, poema e aplausos.

Saimos de lá pro trabalho madruga a dentro. Com o peso dessa responsa e o sorriso do reconhecimento do artista de que sua obra tem vida: "Esse material precisa estar no meio do mundo, porque se a gente deixar isso aqui guardado que sentido tem a vida? Então, estar disponibilizando pra gente é a melhor coisa do mundo."

Começamos o blog, com arte especial tudo especial. Logo logo estará nas listas o endereço e a divulgação massiva desse feito. A obra do cara é fabulosa, desde as músicas, aos ideais de liberdade na guerrilha cultural, desenhos e filmes. Sem comentários. Jaguaribe Carne é o que há de mais nobre num mundo horizontal que o movimento se propos a construir. 

Chegamos em casa pra trabalhar, e como era o momento perfeito, estouramos um champagne que eu tinha na geladeira, esperando a hora certa. Bebemos, produzimos, fumamos, gravamos a reunião e as 6 e meia da matina fomos dormir sem ao menos um cochilo na madruga.

Se há uma provação para entrarmos na guerrilha essa foi a nossa, o expresso morcegão, carregando idéias, ações, malucos, doidos, perturbados. Que agora agente descanse em paz só na morte, porque essa vida de caos ta fluindo demais, né Pedro?

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dom, 06/02/2011 - 21:54

O apagão

 

 

Nos encontramos num apê virado ao avesso do avesso. Pintando, com o chão a lá Pollock e os objetos sem cara de objetos, estava vazio já, sem moveis, só coisas amorfas. Tinha um sacada pequena de onde se via um céu fabuloso, afinal a noite estava fantastica, mais iluminada impossível. Deixamos tudo aberto pra saldar o vento delicioso de Joao Pessoa e tentar manter a linha dentro do mar de solvente que é tinta fresca. Eramos em quatro pessoas, com 6 cigarros e uma meia ponta, as dez da noite.
No que começam as palavras e os relatos os cigarros somem rapidamente, ficando dois pro final, nunca se sabe se será necessario acalmar os animos, e a ponta gira. As falas começam a atingir a velocidade da ponta, que roda e as falas rodam, as ideias circulando e subindo, subindo como a fumaça que saia.
A convesar borbulhava ideias e as vozes se ampliavam as maos gesticulando muito e de repente no meio desse arrepio todo um breu. A luz já era. No bairro todo. Na cidade. No nordeste. Fica o silencio da falta de luz q interrompe a conversa. Voltamos ao ponto no escuro completo quando um celular ilumina um ponto amorfo da sala. Eis que temos uma lanterna!
O papo rola mais fabuloso que antes, pirataria, cultura livre, ocupaçao, radio, tv, ponto de cultura, economia criativa, projetos e mais projetos, performances, lugares, e mais projetos e dai a necessidade de sintetizar e juntar toda a galera. Vamos escrever? Como? No escuro?. Outro telefone toca, tao amorfo qnto o outro e surpresa: uma lanterna! Lanterna no bucal da lampada e madamos ver. Agente conversando, um dos kras limpando a obra Pollock do chão e os ultimos cigarros rolaram. Coisas definidas bora tomar uma cerveja. fechamos a janela e ai está a luz de volta. Saimos daquele ape escondido, quase sussurado na noite bela e fomos em busca de um bar.
Olhamos no relogio do carro: 1:30 da manha, putz já, rodamos o bairro e só nos restou um posto de gasolina, dos poucos lugares com luz, com algumas pessoas bebendo e cachaceiros mendigando bebida. Sentamos ai no chao, tomamos e encaminhamos mais coisas, agora com luz e arruaça quando é a nossa vez de ceder bebida pro cachaça, melhor Seu Fernando. O kra senta, aborda com gentileza, oferece a sua força e trabalho e nào espera a reação: E ai, voce ouve radio? O que rola no seu radio? o que voce queria que rolasse?
O seu fernando se perde no teatro de pedir bebida e se empolga. Já é quase 3 da manha e a galera tem que levantar cedo. Até mais seu fernando, até mais noite. galera indo pra casa, e a noite se fechando, acabando. Seguiu o amanhecer, eu acordada na cama pensando em todas as energias que se encontraram nessa noite tao inesperada. Só o sol saindo pra me deixar dormir.

 

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