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matehackers

qui, 28/11/2013 - 16:42

Responsabilidade Social

As pessoas às vezes me perguntam porque é que eu sou tão chato com certas coisas.

Para a grande maioria destas perguntas eu não tenho nenhuma resposta racional. Mas para algumas eu tenho.

Vou tomar o exemplo da parceira entre o Matehackers e a ONG Abrace, da Embratec.

Quando eu fui lá fazer as primeiras entrevistas com o pessoal da Embratec, da ONG Abrace e do Matehackers (no caso, somente eu), eu relatei que ando pelo Brasil e vejo muita coisa que não acontece conforme as minhas expectativas.

Tem legislação para descarte e destinação de equipamentos eletroeletrônicos, e também para resíduos eletroeletrônicos que eu lutei junto pra construir.

Tem inúmeras iniciativas de empresas, organizações, instituições, pessoas para tentar atingir alguns objetivos de descarte e destinação de equipamentos e resíduos eletroeletrônicos por todo o mundo.

Não há uma única iniciativa satisfatória, no mundo inteiro. Qualquer pessoa dedicada e interessada certamente chegará à mesma conclusão, e se não chegar é porque não buscou direito. Nunca ouvi uma opinião contrária a esta que não passasse por desinformação. Quem quiser tentar refutar, sinta-se à vontade.

Quando eu aceitei e assumi a responsabilidade lá junto com o Vagner, com a Embratec, com a ONG Abrace e com o Matehackers, eu declarei explicitamente que eu tinha esperança de fazer alguma diferença.

Porque todo e qualquer processo de destinação de computadores termina da mesma forma: máquinas são desviadas, componentes e equipamentos são descartados no lixo comum, vão para os aterros de onde estávamos tentando evitar que eles fossem, ou vão para a casa de pessoas que precisam daquelas máquinas menos que outras pessoas que teriam menos acesso à tecnologia.

As minhas experiências, e a minha interpretação acerca das experiências de muita gente me permitem afirmar que:
<ul>
<li>Dar computadores para as pessoas não é o suficiente. De fato, simplesmente largar o computador nas mãos das pessoas pode causar mais problemas do que providenciar soluções, em todos os casos que eu já presenciei.</li>
<li>Observar, influenciar, interferir nas consequências sociais que causa a tecnologia na vida das pessoas (também chamado de "impacto"), é uma coisa desejável.</li>
<li>A pergunta que para mim faz sentido fazer sempre, escrever nas paredes, embaixo do travesseiro, nos muros, na tela do computador, e na mente de todo mundo que estiver por perto, é: "Como é que a tecnologia vai ser utilizada pelas pessoas e não o contrário?".</li>
<li>Termos como por exemplo, mas não limitados a "apropriação crítica da tecnologia" são de suma importância.</li>
</ul>
Uma coisa é alguém ver na televisão, ouvir alguém falar e fazer de conta que concorda, aceita e reconhece que existem pessoas com necessidades reais e que precisam ter acesso à tecnologia.

Outra coisa completamente diferente é alguém ser obrigadx a passar o dia inteiro, todo dia, vendo estas coisas. Vendo e convivendo com gente que tem necessidades reais, e que precisam de gente trabalhando pra garantir que terão condições melhores. Quando eu digo "condições melhores", não estou dizendo que eu sei o que as pessoas precisam. Estou me referindo à capacidade das pessoas de poderem decidir se é interessante terem condições melhores, e o que são condições melhores em primeiro lugar.

Eu poderia ilustrar o que eu digo e fazer documentários, fotografias, escrever relatos de pessoas que  são realmente carentes, pobres, ou sei lá qual é o novo termo moderno e menos preconceituoso que esta sociedade inventou para rotular estas pessoas. No meu tempo usavam "gente humilde", "pessoas que vivem em área de vulnerabilidade social", etc.

Mas este trabalho seria desgastante e a única coisa que eu ia ganhar com isto seria visibilidade e reconhecimento. São duas coisas que eu tenho asco e dispenso. Eu prefiro que as pessoas tenham nas mãos a capacidade de fazer fotografias, documentários, e escrever sobre as suas vidas e suas histórias para realizar a mudança que pretendem.

Mas se estas pessoas não têm estes recursos à disposição, como é que a sociedade vai ver que elas precisam destes recursos, se eles não tem os recursos para mostrar para a sociedade que eles precisam de recursos? Peculiar.

Como eu sempre digo, estas coisas não têm como depender de mobilização social. Porque a midia convencional não vai registrar estas coisas e mostrar pra todo mundo. E tu, que já tem a interpretação prejudicada, vai ver as crianças recebendo computadores, criando contas no Facebook e utilizando o computador estritamente para isto, e vai achar normal.

Não te incomodará o fato de que empresas resolverão o problema de descarte dando computadores que iriam para o lixo para comunidades, para que estas comunidades tenham acesso a serviços e produtos de parceiros destas empresas. Porque quando uma comunidade começa a ter acesso ao pouco dinheiro que nunca tiveram antes, lá estará a força de equilíbrio do capitalismo pronta para introduzir aquelas pessoas na mesma vala comum dos consumidores que já existiam antes.

A máquina tem que girar. E eu sou conivente.

Não te incomodará o fato de que 100% das pessoas, organizações e instituições que declaram ser transparentes não têm a mínima noção do que é que significa este termo. O que estas pessoas, organizações e instituições realmente deveriam dizer é que são um fiasco no que tange a transparência e que têm muito a aprender sobre isto. Mas elas geralmente se anunciam como "a primeira em transparência" ou coisa parecida.

Matehackers não é exemplo de transparência. Eu não sou exemplo de transparência.

Se tem como atingir este conceito, só temos chance nos associando, nos agrupando, colaborando, cooperando. Isto é uma premissa básica e antiga, não estou reiventando a roda, tampouco propondo algo revolucionário ou extraordinário.

Cooperação neste caso seria transformar o velho no novo.

Com menos vaidade, menos descaso, mais atenção e mais boa vontade alguém teria alguma chance de alcançar a transparência.

Mas há poucxs interessados porque transparência não é uma coisa que tu, verme infeliz, consegue enclausurar em um recipiente fechado e vender aos poucos. É o exato oposto disto.

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ter, 19/03/2013 - 11:50

HackDay Usina do Gasômetro

MateHackers saindo da caixa e expondo o trabalho em área pública de Porto Alegre.

Documentado em: hackday_usina_130316

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Matehackers

Coletivo de entusiastas da tecnologia e pesquisadores sociais

Site: http://matehackers.org

Funcionando no esporo Bunker360

Situação desta ConecTAZ: 
funcionando

Localização

Bunker360
Avenida Independência, nº 330, sala 206, Porto Alegre - RS ao lado do Hospital Beneficiência Portuguesa
Brazil
30° 1' 44.8608" S, 51° 13' 5.9736" W
ter, 15/01/2013 - 19:26

Oficinas de arduino - Matehackers 2012

O que: Não tenho certeza, mas alguns chamam de "Oficina de arduino".

Como: Com apoio do Webtronicos e do Matehackers, aconteceram estas oficinas na sala do Bunker360 em Porto Alegre.

Porque: Não tenho certeza, mas acho que deve ter a ver com incentivar o pensamento e proporcionar um ambiente de tecnologias o mais próximo possível de "aberto" e "livre".

Documentação: Pare de tomar minha palavra e olhe as fotos e a documentação nos links abaixo, ou melhor, participe presencialmente da oficina de 2013 e tire suas próprias conclusões em vez de ficar satisfeitx com as minhas interpretações:

http://matehackers.org/doku.php?id=arduino_beta_17_11_12

http://matehackers.org/doku.php?id=arduino_24_11_12

http://matehackers.org/doku.php?id=arduino_15_12_12

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Bunker360

Espaço que reúne projetos voltados principalmente à tecnologia e insiste na filosofias de código aberto - soft/hardware livre. http://matehackers.org
Situação do Esporo: 
funcionando

Localização

Bunker360
Avenida Independência, nº 330, sala 206, Porto Alegre - RS , ao lado do Hospital Beneficiência Portuguesa
Brazil
30° 1' 44.8608" S, 51° 13' 5.9736" W
sab, 20/10/2012 - 18:47

Grifos Nossos


Cada um Fala do Seu Jeito
Ouve do Seu Jeito
Mas o grupo (consegue?) como é que eu posso fazer?
(é...é conveniente essa idéia né?)
É um(a dúvida) processo difícil
Parece simples, né?
Mas eu tou percebendo
Que isso é mais complexo que parece
Mas tudo bem
É uma luta
É um processo

E eu tou percebendo que
o processo é mais interessante
que o objetivo.

(contorno melódico gerado a partir da voz com o software livre para analise espectral sonic visualizer )

;

(baseado na reflexão de http://soundcloud.com/iuri-guilherme/sobre-comunicacao-entre-hackerspaces-hackerlabs-brasil )

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