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ter, 02/02/2010 - 21:35

Cor e sabor na cparty

Tinha poucos motivos para estar na Campus Party neste ano. Não sou “profissional do ramo”, “ávida consumidora de tecnologia” ou “amante cool no auge da paixão pelo assunto”. Talvez o principal deles fosse encontrar algumas pessoas desta rede. Sem encontrão, sabia que isto significaria breves momentos resumidos a: “oi, você é... ? Ah, tá, eu sou...” Menos de 140 caracteres e blz! Somos todos público-alvo do evento, sabia não? Querer escutar o outro seria uma expectativa muito alta prum lugar como aquele. Os organizadores não devem saber o que é música. Depende de som e silêncio. Na ausência de um, ela não existe.

Comparar esta cparty com a anterior é inócuo. Mas como eu não publiquei nada no ano passado, aproveito a chance. Os relatos de 2010 devem surgir a qualquer hora dessas.

Em 2009 acabei na cparty exclusivamente pelo Encontrão. Estava na lista há pouco tempo e achei que seria uma boa hora para ver as pessoas pralém da tela. Quem sabe até desfazer a impressão “ruim” que a lista me causa com o clima hostil e rude que lhe é peculiar, apesar das boas intenções e ótimas ideias das pessoas. Já havia pensado em me descadastrar algumas vezes, mas resolvi encarar o desafio de transcender o desconforto e transformar o incômodo em algo melhor.

Outro motivo que me fez permanecer foi tentar “compreender” algumas das contradições implícitas na Rede Metarec. Uma das coisas que me chama a atenção é a recorrência das dualidades e a rigidez das fronteiras. Nas entrelinhas ou no começo está o óbvio, software livre e software proprietário, mas num instante a conversa já está reativando a guerra fria, com raras exceções. Devo confessar: a MetaReciclagem é o único grupo social do qual faço parte hoje em dia, no século XXI, em que ela não termina. Há muitos empenhados em mantê-la viva e reluzente.

E o início da cparty 2009 teve um exemplo claro disso: vi uma webdesigner do meu lado pedir ajuda prum outro cara cujo nome eu não tive tempo de perguntar. Havia algum problema em seu computador e ele foi verificá-lo. Começou a mexer na máquina enquanto eu e ela observávamos, mas a certo instante parou e exclamou: você usa Windows! Depois dessa frase, simplesmente se levantou sem dizer absolutamente nada e saiu. Eu e ela nos entreolhamos e, diante de tamanho absurdo, preferimos rir e conversar, filosofando sobre as vicissitudes contemporâneas e a real necessidade de tagear as pessoas que nos cercam como amigos pinguins, amigos maçãs, amigos micros. Vamos ali comigo, tagear as coisas no wiki, que é mais útil!

Evidentemente, as experiências naquele caos tomaram outro rumo. Tenho bem mais lembranças boas do que ruins, pois, do contrário, não estaria escrevendo aqui hoje. Foram muitas, dos mais variados tipos e com diferentes pessoas, mas não vou citar os nomes de todas porque estou tentando aprender (sem muito sucesso) a escrever posts curtos. Ao chegar e ser apresentada à bancada metarec, apenas uma delas não se importou em tirar os olhos da tela, virar, sorrir e me dizer, olhando de frente: “oi”. Na hora, pensei: “ah que bom, essa rede tem algum futuro!”

Dias depois, seria seu aniversário e, como forma de agradecimento, resolvi que valia a pena lhe entregar bolos. Afinal, havia sido informada que era uma pessoa amante de festas e achei que estava precisando de ânimo e boas energias. Sei que há certas coisas que não dá pra deixar pra depois...

Neste ano, o aniversário não era a deixa pra comemoração. O bolo poderia servir pro intervalo entre lançamento das MicroMetragens e o debate sobre a Gambiologia , suprindo uma possível ausência da versão beta do mutirão#2. Já que desta vez eu não precisaria ajeitar a impressão, como no ano anterior, alguma contribuição me caberia.

Enquanto está sendo resolvida a migração do site e as propostas de interface vão sendo desenvolvidas, no momento não me restavam muitas alternativas pra contribuir com a infralógica. A não ser, assim, criando pequenas oportunidades de cor e sabor, pequenos exercícios de sutileza.

O que essas ideias podem gerar eu ainda não sei. Nem mesmo dá pra saber se algo "novo" acontece agora ou está por vir. As conexões acontecem e não temos ingerência sobre elas. Nos resta apenas reconhecê-las. Btw, é bem importante que a gente olhe bem pras nossas metodologias, fundamentos, desejos e ritos, explícitos ou dispersos.

Talvez um bolo de abacaxi com cobertura de colorido e outras cositas mais, que permitam o olho no olho e os papos frente a frente, possam ajudar a construir uma tecnosfera baseada em sensibilidades ...

Saravá!

Que Urano em peixes seja pródigo com essa rede, assim como quando esteve em sua própria casa!

Yemanjá nos acompanhe. Odoyá!

 

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