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qua, 09/12/2009 - 23:06

no contexto do projeto nacional de telecentros...

De uma entrevista que não foi "ao ar"

@andreasaraiva coloca seu ponto de vista sobre as incoerências, inconsistências, na questão da Inclusão Digital nos programas do Governo Federal. O contexto era a consulta pública do projeto nacional de apoio a telecentros, em maio deste ano (2009). O conteúdo está associado com uma conversa que começou nas listas submidialogia e metareciclagem (veja no próximo post). Por enquanto, a primeira parte do material.

[Comentário da Andréa enviado por e-mail: " acho bom que requentemos esse debate pois o morto ainda tá quente...."]

@andreasaraiva: Tenho sentido um grande silêncio pelos diversos setores da sociedade e esta é uma grande oportunidade de comentar sobre os rumos de ID (Inclusão Digital) no nosso país.

Sobre a evolução de sua percepção, que já havia sido colocada nas listas submidialogia e metareciclagem
@andreasaraiva: Na lista e na conferência pública ainda havia a esperança de eu estar equivocada com a análise. No entanto, ao conhecer mais profundamente a proposta e decodificar seu significado, mais ainda estou convicta da grande ineficiência e abrangência da proposta frente aos reais anseios e demandas de ID pelo País.


Sobre a melhoria ou não da qualidade dos projetos de telecentros em função do programa
@andreasaraiva: Considero que essa solução é cosmética e superficial.De um modo geral os grandes problemas de ID no país não foram abordados. O projeto peca em não promover uma política pública sustentável de ID que é a real demanda. A solução é uma espécie de "institucionalização do puxadinho", com a solução de bolsas via CNPq. Aduza-se a isso a carência de preocupação com continuidade pós 2011. Essa demanda, o governo Lula via Comitê deveria resolver e não deixar pro seu substituto. Outro problema geral é de não há preocupação de sustentabilidade, o grande nó do telecentros. O projeto praticamente terceiriza responsabilidades para os Estados, prefeituras ou as grandes organizações do terceiro setor.
De uma maneira específica, o projeto peca nos eixos de sustentação da proposta que são pautados em: Distribuição de máquinas e bolsas, conexão e formação.

Distribuição de máquinas e de bolsas
a) custo ambiental não medido: O governo vai enxertar milhares de máquinas sem o acompanhamento da destinação final. Depois que passar nos CRC's irão pra qual lixão? O projeto sequer se preocupa em comprar ou licitar máquinas ditas "verdes" o que diminuiria o impacto ambiental;

b) foco mal direcionado: Não há tantas demandas por telecentros. Vários projetos já distribuem máquinas;

c) manutenção: não há preocupação nem com manutenção dessas máquinas e nem com os custos com energia, limpeza do telecentros

d) foco apenas no dito "acesso".

e) distribuição de bolsas: Não deixa claro como será o processo de seleção, o que para ano eleitoral é uma temeridade. Além do que o valor de pouco mais de R$ 400, 00 para 08 horas de trabalho é um acinte aos direitos trabalhistas e desconsideração com os agentes da ponta.

Conexão
a) A solução apresentada é o Gesac. Após o último edital que a Embratel foi a vencedora, houve uma piora nos serviços de conexão. A conexão chega a 64kb que mal dá abrir uma página de internet por máquina. Imagina 10! Outra questão a esse respeito é que não entendi o porquê de considerar uma solução já sabidamente impossível. Eles conseguiram pegar o "pior" do gesac que é a conexão e não consideraram atividades meritórias como a implantação dos pontos de presença que compõe acompanhamento de redes oficinas de formação etc.

Formação
Sem dúvida, essa é a falha mais gritante da proposta. A insegurança nas respostas denota bem a pouca atenção dada a esse item valioso. Alguns indícios absurdos:

a) a formação é baseada em solução de EAD (utilizando conexão Gesac isso é impossível) e pra piorar rateiam a formação em 5 regiões em várias temáticas. Não há um claro senso de unicidade. O que decorrerá em "fatiamento" de tal formação. Além do que, a minuta de seleção desse edital é confusa, mal elaborada e deixa margem à várias interpretações. Quem fará essa formação? O edital é vago e as respostas idem. Abre frentes pra Universidades, ONgs que muitas das vezes nem experiẽncia em educacação popular existe ou acumula. Não entende-se o porquê, portanto, de não aproveitar "expertise" de projetos como Casa Brasil, CDTC etc. Penso que arriscaram demais num tema que é a alma de qualquer projeto de ID que preze pelo uso crítico, cultural e social do conhecimento. Só jogar máquinas sem ter a formação, sem instrumental de utilização, são apenas máquinas com uso limitado.

b) retirada dos implementadores da formação. O governo gastou fortunas para formar multiplicadores, tais formadores são a mola propulsora do conhecimento nas pontas e agora são solenemenete ignorados.

Sobre modificações no edital

@andreasaraiva: Fica difícil propor modificação ponto a ponto. O projeto é um grandíssimo engodo. O cerne da questão não foi contemplado. Aonde colocar isso na proposta? O Formulário a que somos instados a comentar e sugerir é fechado não deixando possibilidades de discutir o foco, o processo de construção, a abrangência, a "alma" da proposta. Assim sendo, se fosse dado o direito de modificar diria: parem tudo, vamos retomar as várias propostas e projetos de ID existentes, vamos pegar a comunidade, mapear as demandas vamos tentar fazer telecentros sustentáveis...teria que começar tudo de novo mormente pelo fato de que a proposta foi construída em gabinete. Razão pela qual encontramos pista para entender o fato de que ela esteja tão completamente fora da realidade dos agentes e comunidades que fazem acontecer a ID de nosso país.
continua ....

 

 

 

 

 

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