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Zonas de Colaboração

Hernani Dimantas está desenvolvendo sua tese de doutorado com foco nas Zonas de Colaboração da MetaReciclagem. Parte do processo é ouvir as diversas pessoas que em algum momento estiveram envolvidas com a rede MetaReciclagem. Conversamos (Mutirão da Gambiarra) com Hernani sobre abrir esse levantamento, fazê-lo em rede. A ideia então é fazê-lo por aqui, e eventualmente isso virar mais uma publicação do Mutirão da Gambiarra.

Para responder, você pode enviar um comentário abaixo, responder pela lista de discussão, postar no seu próprio blog (e adicionar o link aqui no wiki). Se nenhuma dessas opções parece fácil, você pode enviar para mim (efeefe) por email.

As perguntas são bastante simples, pra dar espaço pra interpretações amplas. Solte o verbo:

1) Os debates que aconteceram e que acontecem no MetaReciclagem (listas, conversas, encontros, palestras) contribuíram ou contribuem para gerar apropriação da tecnologia e transformação social? Em que sentido? Dê exemplos.

2) Na sua opinião, as características da rede (multiplicidade, compartilhamento, produção de subjetividade, conversação) são capazes de gerar transformações e intervenções no contexto social, econômico da realidade brasileira? Como? Dê exemplos.

Comentários

Falando de Meio Ambiente

Depois deem uma olhada no Twitter dessa empresa... Falam bastante coisa sobre obras sustentáveis.

https://twitter.com/mudaronline

Sobre MetaReciclagem - questões

Pergunta1) Os debates que aconteceram e que acontecem no MetaReciclagem (listas,> conversas, encontros, palestras) contribuíram ou contribuem para gerar apropriação da tecnologia e transformação social? Em que sentido? Dê> exemplos.

Resp.: Redes sempre existiram.  A vida é uma Grande Rede intrincada de relações. Redes tecnológicas são redes de propagação e amplificação. Antes não éramos ouvidos. E temos muito para falar.

Os debates e conversações são o nosso alimento. Eles fertilizam
projetos em várias regiões do país. Cada ponto de agregação multiplica possibilidades. Histórias de vida se misturam num caldo de cultura. Esta efervescência catalisada pelos meios digitais gera um desejo imenso de nos encontrarmos. O encontro faz reativar as redes de afeto. O afeto nos torna mais e mais abertos e livres. A liberdade nos leva a criar novas possibilidades. E novos ciclos são gerados. A transformação social é o processo. E pouco a pouco, passo a passo, mesmo que lentos, nos reapropriamos daquilo que é realmente importante, a Grande Árvore da Vida. ;)

Exemplos? Nós, muitos, conversando e produzindo novos sentidos nesse exato momento!

Pergunta2) Na sua opinião, as características da rede (multiplicidade, compartilhamento, produção de subjetividade, conversação) são capazes de gerar transformações e intervenções no contexto social, econômico da realidade brasileira? Como? Dê exemplos.

 

 
 

Resp.: O Brasil é um mistério a resolver. Não há fórmulas mágicas. Precisamos reconhecer aquilo que sempre fomos, negros e indígenas. Os outros? A civilização inventa os seus outros e, assim, os silencia. Isto é um plágio. A academia toda é plágio de muitos plágios. Somos intrinsecamente seres remixados. Porque ninguém está só. O indivíduo é um mito desnecessário.

Enquanto a economia for a economia das coisas, sofreremos as consequências. Lutemos pela Economia dos Afetos. Faça valer cada minuto de sua existência e compartilhe muito. Lembre-se que ela foi a ti oferecida como presente pela Grande AÁvore da Vida.

Interprete e metarecicle. Escreva tudo o que pensas num papel. E depois queime!

m'braz

Resposta Fernanda Scur

Pergunta 1:

Em primeiro lugar, não sou uma colaboradora assídua da lista, eu mais observo que interajo...só para deixar claro que minha opinião é a de uma observadora mais do que qualquer outra coisa. O que eu vejo em algumas discussões na lista é uma “reciclagem de idéias” acontecendo, existe muita troca nesse sentido. Acho que daí, eu concluiria que alguma espécie de transformação social acontece sim...pessoas que dentro do contexto da lista agregram, produzem e trocam conhecimento devem levar isso para seus contextos locais...pelo menos gosto de acreditar que isso acontece. Já a apropriação de tecnologia em si, acho mais complicado avaliar se acontece...salvo alguns poucos que relatam assiduamente o desenrolar de suas atividades (ex. Bailux), não tem muita documentação nesse sentido dentro da própria lista.

No caso do Bailux, por exemplo, que é um projeto que eu vi ao vivo em Arraial, definitivamente posso dizer que existe a apropriação de tecnologia e a transformação social que isso impulsiona. Eu vi isso acontecendo, e vejo o Régis, que maneja isso, sempre documentando e buscando na lista o debate, a ajuda, o apoio, principalmente de não se sentir sozinho. Mas aí é o caso de como ele age. Então, acho que os debates da lista tem o POTENCIAL, podem contribuir SIM, mas se isso acontece efetivamente, depende das pessoas.


Pergunta 2:

Sim,  acho que respondi um pouco ali na questão anterior isso. As pessoas levam aos seus contextos locais, às outras redes as quais elas pertencem, o que foi compartilhado e o que de certa forma possa tê-las transformado, ou movido. Impulsionadas, motivadas, elas interveêm nos outros contextos sociais. De novo, dando o exemplo do Bailux, temos o Paulo Bailux, que é um artista, e metarecicla computadores, os pinta...  depois de aprender no Bailux, agora ministra oficinas em outros locais,  levando a filosofia metareciclagem à outros contextos...

Zonas de Colaboração: respostas sem reacesso

Tem uns dias já que tô querendo vir por aqui e responder às perguntas do Hernani.

Ok, finalmente, hoje. Mas primeiro preciso dizer que estou cometendo a irresponsabilidade de não reler todo o debate anterior. Então, não me arrisco a #reacesso e vamos ver no que dá.

1) Os debates que aconteceram e que acontecem no MetaReciclagem (listas, conversas, encontros, palestras) contribuíram ou contribuem para gerar apropriação da tecnologia e transformação social? Em que sentido? Dê exemplos.

Como eu acho que já falei por aqui me incomoda um pouco como estão demasiadamente abertos para a minha compreensão estes dois conceitos: apropriação da tecnologia e transformação social. I isto não quer dizer que eu veja isto como uma coisa ruim. Depende dos objetivos da pesquisa, eu acho.

Fico pensando aqui numa idéia onde a proposta fosse entender como as pessoas envolvidas vêem estas duas noções. Como eu, o Régis, o Hudson, a lelex e mais a, b, c, d n percebem isto? E como se daria minha percepção da percepção.

Como as operações metarecicleiras trabalham os conceitos de tecnologia e de social? Ok, tem coisas como os diálogos da casinha onde isto é discutido. E inevitavelmente estas discussões geram um balisamento da construção "teórica" do que ou como tecnologia e social estão associadas à MetaReciclagem. 

Por outro lado não consigo ver como isso sai do plano da discussão teórica para uma aplicação. E pior ainda, não consigo ver teorias construídas a partir da práxis. Acho que talvez eu esteja muito enviesado pelo olhar acadêmico e por isso só veja academicismo em tudo. Fazer o quê, né? Até a bela proposta da etnometodologia é acadêmica.

E respondendo à questão um, no meu entendimento deste momento sobre tecnologia, vejo mais reprodução de competências tecnológicas do que apropriação.  Vejo mais afirmação social do que transformação social.  No sentido que o que circula metareciclagem é um transmitir-receber de experiências percepções mas que se fecham num modus operandi metareciclagem. Isto pode até num segundo momento saltar para a apropriação, mas, nos contextos que estou pensando aqui, ainda não consigo ver. No sentido que certas "realidades sociais" se estabilizam, se afirmam e outras passam a fazer parte desta estabilização, dessa afirmação, mas sem transformação que eu consiga entender, pelo menos. Vejo agora, muito mais:  associação.

 

2) Na sua opinião, as características da rede (multiplicidade, compartilhamento, produção de subjetividade, conversação) são capazes de gerar transformações e intervenções no contexto social, econômico da realidade brasileira? Como? Dê exemplos.

Quando você fala nas características da rede, me parece que você está querendo creditar às característas de uma tecnologia a possibilidade de criar realidades. Ou você não entende redes como tecnologia? (E não estou falando de máquinas e nem Internet. Pessoas, como você usa, mas não só, não-pessoas também).

Acho que vi no seu trabalho mencão a Heidegger na questão da tecnologia. Ou foi em outro lugar? Mas, como me parece que você gosta de trazer os pontos a partir das discussões filosóficas, aliás, eu também acho muito bacana isto, vamos pensar numa aproximação heideggariana de tecnologia. Acho que a  tecnologia por si só não cria realidades. Mas claro, que meu conhecimento de Heidegger é limitadíssimo e por isso devo estar certamente misunderstanding o cerne da questão.

Intervenções? Certamente.

Não creio nas transformações no que pode ser chamado de contexto socio-econômico da realidade brasileira pelas características da tecnologia não só por essa compreensão superficial minha de Heidegger, mas também porque me parece que em algum ponto tudo isto é essencialmente político, no sentido amplo da palavra, e portanto a tecnologia me parece se dar essencialmente por escolhas políticas e não por suas características intrínsecas. Veja aí também um certo viés de algumas leituras minhas atuais.

Nas intervenções. Ora, se intervir é participar, tomar a palavra. Certamente,  mais uma vez.

 

 

 

 

 

tentando ajudar 2

Acredito que antecipei esta pergunta na anterior, respondendo-a indiretamente, mas, sim, estes aspectos – multiplicidade, compartilhamento, produção de subjetividade, conversação – são capazes de gerar intervenções no contexto social, econômico da realidade brasileira. Como, precisamente, eu não sei. Mas arrisco a dizer que depende de uma extraordinária vontade e disciplina das pessoas para se auto-organizar coletiva e autonomamente, para propor alternativas e intervenções significativas.

Não estudo o fenômeno das redes e não entendi bem se aqui nesta pergunta elas são citadas/limitadas ao cenário virtual. Se por um lado, o termo “multiplicidade” me faz pensar na “grande rede mundial”, por outro, a ideia de rede não é uma coisa recente e tampouco exclusiva deste universo. Dúvidas à parte, vou partir de um princípio que se adota na MetaReciclagem – a rede física e virtual ou a Infralógica como um conjunto de ambientes e ferramentas.

Insisto que as mudanças e, principalmente, as transformações dependem muito da atitude das pessoas, pois nós podemos permanecer cegos ou indiferentes ao potencial que a multiplicidade pode gerar. Eu, particularmente, sou entusiasta do convívio conflituoso com o que me é estranho e desconhecido. Acredito que é algo que estimula, desafia e, por isso, move. Mas acho perfeitamente possível e compreensível que as pessoas se agrupem para fortalecer as semelhanças, seja de valores, hábitos ou ideias. Isto também gera movimento, mas talvez muito uniforme e previsível para o meu gosto.

O compartilhamento é outra característica a ser observada com atenção. Num primeiro momento, quando tomei contato com o universo do software livre (via MetaReciclagem) acreditava que o ato de compartilhar acontecia de um jeito mais aprofundado. Imaginava, ingenuamente, que as pessoas construíssem as coisas juntas, mas depois fui vendo que muito (talvez a maioria) se constrói individualmente, isto é, que se faz sozinho pra depois juntar. É um tipo de compartilhar por “acúmulo” e “sobreposição” de ideias, ações e não se trata de uma criação coletiva com as agruras e o caos inerente ao árduo processo que se configuraria. No universo artístico “tradicional”, por exemplo, há estruturas bastante hierárquicas e divisão de papéis bem clara entre quem cria e executa: na dança clássica há o coreógrafo, o corpo de baile e a primeira bailarina; na orquestra, o compositor, o maestro, o spalla e a cozinha; na banda, há o vocalista e o bateirista; nas artes visuais, o curador, o mecenas, a instituição e os artistas; no cinema, o diretor, os atores principais, coadjuvantes e figurantes, a indústria. É evidente que hoje estamos na moda dos coletivos, já passamos pelos grupos-comunidades de teatro, sabemos que os criadores-intérpretes se ampliam no mundo da dança, que o sampler está aí, que as câmeras se popularizaram, mas o planeta da arte insiste em priorizar o movimento da rotação em vez da translação. Por mais paradoxal que isso possa parecer, já que a arte expressa o que acontece na sociedade .

Migrando para a observação do planeta do software livre, imaginava eu, no princípio, que o ato de disponibilizar as informações sobre o processo tornaria o ato criador e a manipulação dos códigos (e nesse sentido, o planeta do software livre se aproxima novamente do planeta da arte porque ambos lidam com desenvolvimento de linguagem) menos extraordinários. Mas não é bem isso que vejo acontecer. Mesmo com a diluição crescente das fronteiras entre usuário, consumidor e desenvolvedor, provedor, fornecedor, há uma força, não sei se superior ou gravitacional, que sustenta o tabu da criação e mantém a aura do poder.

É evidente que importantes mudanças têm sido geradas pelo movimento do software livre, especialmente no que diz respeito aos mercados e à propriedade, que por sua vez impactam a dinâmica cultural e vice-versa. É conhecido o impacto social das licenças livres e a necessidade de se reposicionar a economia. É essencial o potencial da web semântica na horizontalidade das relações de comunicação e poder, já que a comunicação é uma habilidade humana inata e um bem público que se converteu em importante moeda de troca.

No entanto, “compartilhar”, ou a minha expectativa em relação a este termo cuja etimologia eu desconheço, requer algo mais que a simples disponibilização de informação, a sensação fugaz de conexão, a ilusão de proximidade e autonomia. Talvez seja uma característica que, associada à conversação e à produção de subjetividades interfira numa dimensão espiritual. E tenho dúvidas se caberia o limite geográfico neste caso.

Apesar do meu trabalho envolver viagens pelo país e ter estado em mais da metade das capitais estaduais, não saberia definir uma realidade brasileira. A menos, é claro, que eu queira repetir o que as estatísticas dizem, os jornais dramatizam e as novelas televisivas suavizam: as diferenças são gritantes, hiperbólicas.

Assim, é bem difícil imaginar quais seriam as intervenções sociais e econômicas capazes de alterar “a realidade” brasileira. E como as redes contribuem com isso.

O que eu consigo imaginar, por ora, são mudanças “pequenas”, individuais (que, por serem internas e às vezes difíceis, se tornam grandes), de dentro pra fora. Se a sociedade for como um corpo e os indivíduos, as células, são elas que, estando doentes ou sãs, alteram e determinam a dinâmica do organismo numa perspectiva sistêmica. A relação com o consumo (inclusive de informação) me parece um bom exemplo de mudança individual fundamental e óbvia o bastante quando se pensa em economia.

O que eu consigo ver são iniciativas necessárias e previsíveis, talvez tardias e nem por isso ultrapassadas, como a dos governos virtuais, orçamentos participativos, mobilizações e campanhas para causas específicas que dependem do mínimo de consciência e o máximo de gente ( como o Manifesto do Lixo Eletrônico), a construção coletiva do conhecimento e de referências transitórias (como wikis e derivados equivalentes), a variedade das ferramentas de comunicação e ampliação do espaço de expressão.

O que eu desejo são novas formas de participação social, experimentações mais criativas envolvendo a tecnologia, interpretações mais ousadas sobre a(s) realidade(s), espaços para contribuições menos planejadas e mais arriscadas no contexto social, possibilidades de parcerias e encontros inusitados entre as pessoas com as quais não nos relacionaríamos à primeira vista. O que a MetaReciclagem tem a ver com isso? Muito, algo ou nada, depende do ponto de vista. Já começo a me repetir... depende das pessoas....

 

tentando ajudar 1

Com certeza as ações – pontuais, específicas ou estendidas, de longo prazo – observadas na MetaReciclagem contribuem para gerar apropriação da tecnologia. Venho do campo da arte e, a meu ver, apropriação é quase uma “condição” e um “procedimento-padrão” (ou seria “chavão”?) na cena contemporânea. No seu sentido mais elementar, sugere e propõe a ressignificação, seja dos objetos, fatos, situações e por que não dizer de subjetividades, já que a criação e a interpretação das obras de arte estão intrinsecamente relacionadas.

Embora não tenha vivenciado o início cronológico-oficial da MetaReciclagem, já ouvi dizer várias vezes que ela se baseou em, pelo menos, duas coisas: conversa e experimentação, sobre tecnologia e com as máquinas. Imagino assim, que a Rede começou com uma prática (e não uma ideia) mais tradicional em relação à tecnologia e o processo foi reafirmando a “apropriação” como um princípio fundamental. Se no início a ação era desmontar e recombinar os computadores, hoje a prática inclui diferentes fazeres, desde o fazer-fazer, até o fazer-falar e o fazer-pensar; os computadores são quase um detalhe.

Com esta ação tão abrangente, é natural que a apropriação inclua várias instâncias (provavelmente como aquelas que eu citei antes: que ressignificam dos objetos às subjetividades). O conceito de tecnologia também é igualmente amplo e não saberia dizer o que ele deixa de fora.

A propósito, acho bem difícil materializar conceitos e definições na MetaReciclagem. Como dá pra notar, não há nem mesmo um consenso sobre o gênero: O MetaReciclagem ou A MetaReciclagem? Parece uma diferença sutil, não sei se de cunho histórico ou de ponto de vista individual, mas que revela seu caráter múltiplo, impermanente, indefinido: seria o movimento, o grupo, o projeto, a rede MetaReciclagem? Nenhuma das anteriores?

Essa sutileza pode até revelar um “problema” de identidade. Ou melhor, uma questão. Trata-se de uma questão, pois um problema geralmente requer uma solução, enquanto uma questão pode permanecer em aberto. Sobretudo na contemporaneidade, em que fronteiras e limites muitas vezes soam como acinte. No caso da MetaReciclagem, creio que esta questão da identidade é algo que deva permanecer em aberto.

Foi isso que eu vi quando cheguei na lista de discussão: um pra quê?, exemplo típico do fazer-falar e fazer-pensar. Enquanto as conversas acontecem, muitos aprendizados e experiências sutis de modificar o pensar ocorrem. Não sei se as idiossincrasias e processos internos de mudança de pontos de vista, nem sempre compartilhados, são suficientes para provocar transformação social. Talvez o sejam quando se traduzem numa ação coletiva mais concreta.

E aí, novamente, fica difícil visualizar e apontar o momento que isso acontece, a tal concretude. Isso porque, acredito eu hoje, que o ponto forte da MetaReciclagem seja sua dinâmica cultural. Ao contrário de uma lista de discussão em que quase tudo seria off-topic, ali as conversas são simultâneas, transversais e inconclusas em vez de um boletim de informações privilegiadas ou perguntas e respostas sobre o assunto-foco ou a área de atuação e interesse de seus integrantes. Como bem expressa essa chamada, há “zonas de colaboração” e zonas são, num primeiro olhar, o sinônimo de caos, confusão, estado de desequilíbrio ou lugar do prazer (por vezes ambíguo, do proibido e da liberdade temporária). Estando no meio ou dentro delas, é preciso certo esforço pra reconhecê-las. Até onde vejo, a diferença entre as zonas e as áreas, é que as primeiras envolvem pontos de intersecção e convergência geralmente disformes e talvez amorfos, enquanto as segundas, têm contornos bem mais visíveis.

O que eu chamo de dinâmica cultural está diretamente ligado à convivência com e entre pessoas. É aí que a concretude se torna possível. Quando cada um percebe o quanto as conversações interferem no seu próprio cotidiano e reverberam em seus papéis sociais, seja no trabalho, no lazer ou nos relacionamentos. E a cultura tem essa característica, de ser uma interferência quase despercebida, porém determinante no cotidiano e na esfera social. Nesse sentido, vejo que a MetaReciclagem é bastante “eficaz”.A profusão de estímulos, temas e linguagens que perpassam as conversas, encontros e debates é algo digno de nota e a apropriação, uma consequência, uma questão de tempo.

O fazer-falar do dia-a-dia por vezes se traduz num fazer-pensar (seja um post ou uma tese), enquanto o fazer-fazer, do tipo “mão na massa”, acontece sem nos darmos conta de sua dimensão. Não faz diferença se ele significa influenciar uma política governamental local ou nacional, como foram e são o próprio programa de Cultura Digital do Ministério da Cultura ou a Rede de Projetos do Acessa São Paulo, do governo do estado de São Paulo. Eu, particularmente, sei que estes fazeres existem, mas não tenho clareza de seus “resultados”. Penso eu que essa impressão difusa tenha a ver com o meu contato indireto com eles: eu sei o que as pessoas falam a respeito. Por outro lado, o que eu vi foi uma mãe optar por manter seu filho adolescente desmontando e remontando computadores nas oficinas do Bailux que ocorrem durante a tarde em Arraial d'Ajuda, em vez de permitir que ele fosse trabalhar no churrasquinho, apesar das condições financeiras da família exigirem isso. Não se trata, portanto, de uma dimensão maior que a outra, mas diferente: enquanto uma é coletiva, a outra é individual; uma é genérica e a outra, particular; uma é pública e a outra, privada. E, aos poucos, os fazeres vão se misturando: o fazer-fazer é também o fazer-falar e o fazer-pensar. A fronteira entre resultados quantitativos e qualitativos vai se tornando cada vez mais imprecisa.

Evidentemente, influenciar e participar de políticas públicas não é pouca coisa. E, por razões óbvias, geram impacto social. Provavelmente provocam também transformação social porque interferem na estrutura e transformar, pra mim, implica em mudanças significativas e estruturais. Assim como apropriar-se significa adentrar uma cada mais profunda do que o simples uso, reuso ou a citação (como se diz no campo da arte). Pressupõe o entendimento, ou uma interpretação, da essência das coisas, e uma reinvenção a partir disto. Apropriação envolve um ato criador.

No entanto, “transformação social” é um termo ingrato, que parece trazer na entrelinha a expectativa de uma “revolução”, uma “mudança radical”, “paradigmática”, como se uma situação, fato, atitude ou invenção produzisse uma alteração drástica o bastante que tornasse irreconhecível ou distante a anterior.

Mas não é esse tipo de “resultado” que vejo a MetaReciclagem “produzir”. Talvez porque não haja uma ou poucas coisas que gerem transformação social. Talvez porque a sociedade se transforma a todo momento ou porque as mudanças relevantes requeiram distanciamento – histórico, geográfico, cultural, emocional – para se tornarem perceptíveis. Talvez porque a MetaReciclagem não gere transformações, apenas provoque-as. Assim como provoca as pessoas a reverem seus pontos de vistas, hábitos, crenças e conhecimentos prévios. Desde que elas queiram, é claro. Desde que elas se disponham a sair de suas áreas de conforto e caminhem em direção às zonas de colaboração, é óbvio.

 

Tese colaborativa

http://www.alfarrabio.org/index.php?itemid=3173

 

Ainda que eu não consiga absorver tudo o que é produzido e compartilhado pelos metareciclentos (incluindo os que são metareciclentos mas *ainda* não sabem ou ão descobriram), pra mim já é um exercício mais-que-prazeroso a maneira descentralizada como as coisas se dão (o termo é esse: *se dão*, despretensiosamente, às vezes) e o espírito de compartilhamento que leva à fraternidade, que aproxima amizades, que se movem pela paixão, pelo tesão. [...]

Da ética do vamo que vamo

hd,

 bacana e importante o chamado.

 tem a ver com esse momento das nossas metareciclagens, onde cada um vem buscando diferentes formas de documentar suas pesquisas, dar sentidos aos seus pontos de vista e abrir novas possibilidades de dar visibilidade ao nosso trabalho.

 segue abaixo minhas respostas para cada pergunta:

 

1) Os debates que aconteceram e que acontecem no MetaReciclagem (listas, conversas, encontros, palestras) contribuíram ou contribuem para gerar apropriação da tecnologia e transformação social? Em que sentido? Dê exemplos.

Minha chegada na lista do MetaReciclagem foi bem cedo, logo nos primeiros dias quando fizemos um fork na lista do Metáfora. O objetivo era evitar que ficássemos discutindo questões mais técnicas ligadas a hardware, software livre e rede na lista do metáfora e migrássemos essas conversas para outro lugar. Ocorre que acabou por acontecer o contrário, a lista do Metáfora acabou se esvaziando, pois o próprio sentido que a havia criado foi sendo dissolvido e reabsorvido dentro do MetaReciclagem.

Mas, vamos a resposta da pergunta propriamente...

Os debates do MetaReciclagem são fundamentais para se pensar processos de entendimento e interpretação, ou seja, processos que ajudam a construir sentido do que é a tecnologia e de como essa tecnologia faz sentido dentro de um contexto no qual estou inserido. Me recordo bem dos primeiros momentos da lista, onde buscávamos caracterizar questões importantes sobre quais os usos técnicos potenciais de um computador para projetos de inclusão digital, que formas e que possibilidades de sistema operacional poderíamos utilizar para os projetos. Por exemplo, não era evidente e nem tampouco consensual que iríamos fazer experimentações com o Linux. Testamos outros protótipos, inclusive de sistemas adaptados e brasileiros. Brincamos com processos de adaptação de hardware e criávamos conversas a partir disso, principalmente via email.

As conversas presenciais eram raras nesse momento. E muitas, ao meu ver, pareciam distantes o suficiente das questões que me preocupavam na época, que era como efetivamente iríamos aplicar aquilo tudo que conversávamos nos potenciais projetos que poderíamos atuar.

Sendo mais explícito, as conversas foram importantes para inspirar, estimular e ajudar a mapear boas fontes e influências de pesquisa, nas quais nos baseamos para poder realizar experiências e projetos. Outras duas coisas importantes que as conversas em rede fizeram toda a diferença foi a busca de possíveis parceiros para ajudarem a dar viabilidade material aos projetos e o processo de documentação e divulgação do que estávamos fazendo na web.

 

2) Na sua opinião, as características da rede (multiplicidade, compartilhamento, produção de subjetividade, conversação) são capazes de gerar transformações e intervenções no contexto social, econômico da realidade brasileira? Como? Dê exemplos.

Sim, eu acho que essas características de rede podem gerar transformações, como já vem gerando.

Como isso acontece é uma questão interessante e que encanta pelas amplas possibilidades do que ainda podemos fazer e nem sequer começamos a experimentar. Vejamos, algumas formas que vejo que isso faz todo o sentido como um processo de mudança social:

  • a organização em rede amplia a escala de distribuição, construção e documentação do conhecimento, facilitando em escala até então impossível de ser replicada o acesso a informações e a pessoas que permitem a produção de novos bens materiais, novos projetos, novas formas de nos organizarmos e de resolvermos nossos problemas cotidianos;
  • novos caminhos de acesso as pessoas e suas identidades sociais em rede. Por exemplo, consigo mais fácil criar uma interferência e despertar atenção em rede do que antes. Os custos materiais, os processos de circulação e as questões lógicas passam a ficar dissolvidas em inúmeros nós na rede, chegando a ficar praticamente de graça;
  • ampliamos nossas possibilidades de produção de significado, amplicando o contato a diferentes pontos de vista, diferentes ângulos e mídias para expressão de visões. Para quem pode e quer aproveitar essa característica, a singularidade se dá na pluralidade dos links e na forma de agregá-los, criando um todo de sentido dinâmico.

 

respostas

Uma de cada vez, então:

1) Uma questão que sempre retorna quando estou conversando sobre a MetaReciclagem é a respeito de resultados. É uma questão que se junta a outras duas (pra que serve a MetaReciclagem, o que é a MetaReciclagem) como questões fundamentais da rede - cuja identidade se constroi muito em função das diferentes respostas que a gente dá ao longo do tempo. Basicamente, entendo que a rede atua em dois níveis - um direto, de ação prática, cotidiana, de criação de sentido, engajamento, aprendizado e descoberta. Todo o aprendizado da manipulação (com as mãos!), recombinação e transformação das tecnologias - no sentido mais amplo -, de se reconhecer no outro, no tipo de troca que só existe ao compartilhar uma mesa - de trabalho ou de bar. Nesse nível, acho que a MetaReciclagem proporciona um alto nível de apropriação de tecnologias, um tipo de aprendizado tácito que potencializa as condições para transformação social local. Virtualmente qualquer integrante da MetaReciclagem que começa a fazer a ponte entre todo mundo que está online e seu contexto local torna-se uma mola de transformação, podendo usar o conhecimento adquirido através da rede e a reputação que ela foi conquistando ao longo do tempo para respaldar suas ações locais.

O outro nível de atuação da rede é mais simbólico, que mostra as possibilidades, acabando por remover barreiras e limites. Algumas lutas que a gente travou nesses anos têm a ver com isso: reuso de hardware, software livre não só como sistema operacional mas também pra multimídia, envolver as comunidades locais de forma autônoma, não ter medo de abrir os computadores, articulação de projetos locais, ir além do uso básico da tecnologia e incentivar a invenção, inovação e criatividade nas pontas, etc. Tudo isso, que hoje parece óbvio, são ideias que enfrentavam uma rejeição muito alta quando a gente começou. Quero acreditar que, mesmo de forma informal, indireta, às vezes nem intencional, contraditória e quase caótica, a gente conseguiu influenciar um monte de iniciativas por aí. Mas isso é bem difícil de medir. E também tem um efeito meio estranho: muitas das pessoas que entenderam dessa forma indireta não têm a mesma sensação de pertencimento à rede que as pessoas no outro nível de conversa têm. E aí vem de novo a questão da identidade da rede, de como esse cobertor MetaReciclagem se estica pra cobrir os pés de todo mundo. Acho que o Mutirão da Gambiarra tem um papel importante nesse sentido também, de promover o diálogo entre todas as iniciativas sem precisar cair na mera questão do pertencimento direto, que é bem vinteseculista.

segunda resposta

As características da rede são outro assunto longo... ao contrário de grupos mais focados, a Metareciclagem sempre teve uma grande heterogeneidade. Não só os tipos, como também as expectativas, posicionamentos, modos de ação e viabilização são diversos. Se isso acabou evitando que formássemos uma organização formal centralizada (como respondi ao Orlando sobre representar & ser) e nos deixou de fora de alguns círculos de decisão e poder, por outro lado nos deu uma maleabilidade e uma flexibilidade incríveis. À medida em que não temos metas globais de produtividade, captação, receita, atendimentos, ou quaisquer outras, também temos uma liberdade imensa de deixar as coisas acontecerem em seu próprio ritmo, permanecendo uma rede livre, onde o engajamento só acontece se as pessoas realmente quiserem.

Por mais que em alguns momentos a MetaReciclagem dê a impressão de se apagar, ao longo do tempo (e já passou bastante tempo) a gente tem um vetor de criatividade e inovação que continua reconstruindo a rede, realimentando novos ciclos de trocas, invenção e participação. Ainda hoje chegam novas pessoas, no início tímidas, que em pouco tempo entram no turbilhão e passam a agenciar suas ações através da rede. Por vezes aparece uma angústia por conta da própria diversidade da rede - pessoas que queriam que mais gente estivesse no mesmo nível de aprofundamento da conversa -, mas mesmo gerenciar essa tensão emergente é parte de um exercício de articulação de uma rede que vive e, para isso, precisa respirar bastante.

Em outra perspectiva, existe esse formato que eu às vezes chamo híbrido (e o Orlando parece discordar), em que temos uma construção de relação funcional, mental e afetiva entre pessoas que ao mesmo tempo que não é estruturada ou hierárquica a priori também não é totalmente solta. Assumimos formas diferentes dependendo de quem é o interlocutor: tem gente que acredita que a MetaReciclagem é abrangente e megalomaníaca, tem gente que acredita que é ultralocal e detalhista - as duas opiniões estão certas. Como os limites entre quem está dentro e quem está fora não são dados, a gente evita de cair nas armadilhas de 99% dos projetos que se inserem no contexto social ou político: não temos um "público-alvo , não temos  adversários . Na verdade, tudo isso fica parecendo defasado: no século XXI, as categorias de comportamento não fazem mais sentido.

Um causo que já contei e recontei por aí: uma ativista da Costa do Marfim, em um evento em 2005, insistia comigo que a MetaReciclagem precisava virar uma organização grande e centralizada se quisesse atuar no espaço da sociedade civil organizada, para poder influenciar políticas públicas. Eu argumentava que conseguíamos influenciar as políticas públicas justamente porque não precisávamos, como as organizações grandes e centralizadas, gastar boa parte do nosso tempo com questões de financiamento, competição, marketing e contabilidade. Acho que essa é uma linha interessante de reflexão: de maneira emergente, a MetaReciclagem propõe uma maneira de atuar nos espaços públicos - tanto físico quanto simbólico - que opera de forma totalmente descentralizada e emergente, implementando um tipo de existência e formação em rede que vai muito além da superficialidade dos novos profetas das redes colaborativas que agora ganham dinheiro dando palestras pra desavisados gerentes de RH.

Por outro lado, se não queremos criar uma estrutura própria, também não caímos na tentação de pregar a derrocada das grandes organizações e instituições. Pelo contrário, a MetaReciclagem se aproveita dos recursos delas - verbas, poder, conhecimento -, e cria circuitos paralelos de circulação da informação e de acesso a esses recursos que obedecem a outras lógicas que não as institucionais - escalada de poder, individualismo, competição. Partindo de uma base colaborativa, mas também de laços - como coloquei acima - funcionais, mentais e afetivos, a MetaReciclagem constroi uma maneira de atuar no século XXI raqueando as estruturas que estão dadas. Na minha opinião, isso é levar às últimas consequências o que significa operar em rede, em particular situando-se no Brasil e nessa época. Escrevi dois posts de blog que falam um pouco mais sobre isso: redes, redes ps.

Enfim, assunto pra longas conversas. Isso é um pouco do que espero que a gente consiga trabalhar nos próximos meses, na publicação sobre MutiroLogia do Mutirão da Gambiarra.

VQV!

identidades

só pra antecipar uma objeção que o hd já fez a argumentos parecidos aos que eu usei no comentário anterior: quando eu falo de "identidade , não tô falando daquele sentido antigo, de separação entre indivíduo e meio, mas do que o hd costuma chamar de multiplicidade. uma identidade coletiva, de rede, cambiante, relacional.

Engraçado, por que tô com a

Engraçado, por que tô com a impressão de que você e o mbraz me falaram a mesma coisa hoje?

E o pior. Por que tammbém tô com a impressão de que isso é a mesma coisa que passei o ano passado todo ouvindo em  2 discipinas: a) Tecnologia e Sociedade, prof. Sérgio Benício; b) Sistemas Simbólicos, prof. Cida Nogueira?

Vou dar um tempo, me afastar do assunto umas gotinhas de momentos e voltar. Reler, repensando, reescrevendo.

Gostando, mas confuso.

 

encontron

dasilva, se não fossem os encontrões eu poderia te dizer que eu e mbraz (e hd, e dalton, e dpadua) somos a mesma pessoa e te deixar mais confuso ainda. mas como tu tava lá, vou reputar essas coincidências ao tempo de convívio e trocas de bits & vozes.

seguindo

linkania

Penso que o tempo todo o que fica é a possibilidade de criar redes de conversas,conectar pessoas e motivações de transformar  e mudar uma ralidade adversa a todos,o nescessidade de ir até o outro e compartilhar,criar bandos generosos.

abs,

bailux

Hudson na área ...

1) Os debates que aconteceram e que acontecem no MetaReciclagem (listas, conversas, encontros, palestras) contribuíram ou contribuem para gerar apropriação da tecnologia e transformação social? Em que sentido? Dê exemplos.

Falar em Metareciclagem é contar um pouco da minha estória de vida, pois ela faz parte do meu dia-a-dia atualmente. Pois foi através desta lista que começei a me nortear o meu futuro e ver que poderia ter possibilidade de aprender e ensinar a outras pessoas, foi onde aprendi a importância das pessoas em frente a tecnologia. Pois foi em uma oficina de Inclusão Digital que ouvi a primeira vez a palavra Metareciclagem e que trabalha com pentium 486 e na epoca era o meu sonhe de consumo....entrei e acessei na rede e encontrei pessoas que tinham muito mais a ensinar do que simples comando de computador e sim ideiás que poderiam transformar uma pessoa e se apropriar da tecnologia para promover  seu bem estar e fui onde me vi dentro deste contexo, uma pessoa sem computador e sem acesso a tecnologia, mas com grande motivação. Foi três anos lendo e aprendendo pela lista, a importanância da tecnologia na vida das pessoas e mais interessante que podera utilizar a tecnologia "ultrapassada", foi quando resolvi colocar em prática a falar a pessoas como era o contexto Metareciclagem na minha visão e como estava transformando a minha vida, e cada vez mais links surgiam e cliques e leituras off-line, tudo através da rede, onde pessoas de diferentes niveis sociais, experiências diversas, estavam focadas em transformarmar a sociedade da informação, não desprezando a tecnologia passada, mas sim mesclando o passado com o atual e priorizando as pessoas e suas respectivas conversas.

Foi através desta rede que através do Dalton, pude realizar a minha primeira experiência de transformação social, na qual tive o prazer de participar da implantação do Metareciclagem em Sorocaba (sendo um sonho que através da rede, foi concretizado) onde seria um dos passos a criação de uma política pública utilizando os conceitos do Metareciclagem a fim de transformar socialmente um dos bairros mais violentos e durante 04 meses na minha visão conseguimos realizar, mesmo devido a problemas politicos (pois o difícil era visualizar que o importante eram as pessoas e não as ferramentas), conseguimos alterar o contexto social e economico de um bairro, onde os jovens viram um outro horizonte além da violência, drogas, crimes e sim que poderiam se inserir na sociedade e a tecnologia era esta ponte (maiores detalhes em http://www.metasorocaba.ning.com e http://metasorocaba.blogspot.com), mas foi além pois quando percebi os meus filhos já estavam realizando metareciclagem e me ajudando a tentar entender o que é a metareciclagem (e com certeza nunca venha a entender) e até ao ano passado concluir a minha graduação, onde os conceitos que surgiam da lista e das conversas dos participantes, iam para a sala de aula e sempre se confrontavam com os ideáis dos academicos em não se precupar primeiramente com as pessoas e depois na tecnologia a ser implementada.

Em tudo este tempo a lista do metareciclagem é a minha referência, é onde estão os amigos virtuais e alguns presenciais e que a cada dia me motiva a batalhar e acreditar em cada ação a ser realizada, tanto que atualmente estou migrando para a área da educação, onde vejo que os conceitos do meta pode ser ampliados em especial ás pessoas com deficiência a fim de supera-lás utilizando a tecnologia....não seri se isto responde as duas perguntas, mais vamo que vamo, lendo, refletindo e escrevendo.... 

 

 

 

Apropriação da tecnologia social

O conceito de tecnologia social  engloba um conjunto de técnicas, metodologias transformadoras, desenvolvidas e/ou aplicadas na interação com a população e apropriadas por ela, que representam soluções para inclusão social e melhoria das condições de vida. É importante pensar que tecnologia social deve ser vista como processo mais que uma finalidade. Um movimento em que os atores se influenciam constantemente e são capazes de tomar decisões que afetam uns aos outros especialmente por meio de intervenções comunicativas nas quais acontecem o uso, a apropriação, a revitalização ou potencialização de conexões.

São características e consequências respectivamente do movimento de apropriação da tecnologia social: (1) desenvolvimento em interação; (2) aplicação na interação; (3) apropriação pela população. Consequencias: (I) apropriação do conhecimento, inovação; (II) produção de conhecimento para transformação social; (III) cidadania; (IV) alteração do o modo de intervir diante das questões sociais devido ao “empoderamento” da população por meio da troca de conhecimento; (V) Transformação do modo de as pessoas se relacionarem com algum problema ou questão social. 

Diante desse esboço é possível observar que qualquer projeto de inclusão digital ou social que perpasse pelo conceito de apropriação da tecnologia social deve atentar para o fato de que as técnicas e metodologias devem ser transformadoras e participativas.
 

Opas.... bailux por aqui!!!

Opas.... bailux por aqui!!! Diga uma coisa... como esse processo tem impactado localmente a comunidade... sabe aquele papo ongueiro de ação local e impacto global. Tenho uma curiosidade de como o trampo de vcs tem impactado as polticas publicas da tua cidade; vc pode comentar?

rede de conversas

hdhd e bando,

"tecnologia é mato o que importa são pessoas" #Dp

 

Toda trajetoria do bailux esta nesta tentativa de entender as redes,desde o inicio foi um primeiro sinal de um nomade deixado em um mural do portal sampa.org http://www.cidec.futuro.usp.br/artigos/artigo4.html que instigado em querer saber mais sobre softlivre recebi um link do nosso querido Adilson me direcionando para a comunidade metareciclagem iniciando uma aventura que só cresce e se multiplica.As estrategias sempre foram de partir do "puxadinho" e da  Gambiarra,simples assim,parte-se do minimo e da carencia e vamos conectando pessoas em dois eixos no virtual e no presencial,a rede virtual se multiplica mais rapido já no presencial precisamos de paciencia,todos são bem vindos a colaborar no que podem-uma rede colaborativa de competencias e espirito de solidariedade,foi assim ao longo de anos que saimos de um canto com uma bancada no meu atelier para um barraco de canteiro de obra dentro de uma area verde no arraial d'ajuda,um amigo presidente da sociedade de amigos do arraial me cedeu o espaço,a prefeitura entrou com a luz e agua pela motivação de um pai eletricista da administração publica,um servidor local entrou com sinal de internet a comunidade compareceu com sucatas de hardware que separado o lixo aproveitamos e montamos algumas maquinas para acesso a net,um hacker do silon valley,morador do arraial chegou om os conhecimentos do codigo e criamos nosso primeiro grupo inicial de replicadores,ação na qual nos encontramos no momento que é a formação deste grupo inicial na metodologia metarecilagem de autonomia e multiplicação do conhecimento.neste ano que se inicia novos aliados chegam,professores universitarios,ongs de apoio logistico e financeiro para oficinas e melhorias do espa,o do hacklab.Só agora temos material suficiente para nossas primeiras abordagens na politicas publicas que passam pelo o que fazer com o Lixo eletronico que a comunidade gera continuamente e que o bailux nestes dois anos de doações muito de que recebemos é o lixo eletronico.Outra vertente é a aproximação de dois novos colaboradores que vem da psicologia comunitaria e trabalham na prefeitura e estão motivados na aproximação da tecnologia com a inclusão social.Grande parte da documentação de nossas a ,ões estao em fotos e alguns videos e audio,credito que este seu o texto mais longo sobre as atividades do bailux. http://www.flickr.com/search/?q=bailux&page=1

vamo q vamo,

abs do bando

 

 

 

 

Orlando, valeus os

Orlando, valeus os comentários e o pedido para complementar o post. Realmente, muitas das considerações estão nos escritos da tese. Eu parto de uma análise sobre a cultura hacker. O hacker como artesão da tecnologia. Que ocupa os espaços informacionais. Diminui as distâncias entre seres humanos. As redes que agora conhecemos fazem parte desta reflexão. Logo, o conceito de rede carrega as tintas da Linkania. Um movimento que contempla as conversações como o mecanismo de construções de relações e links.

Estamos abrindo novas possibilidades de expressar de forma menos sútil sobre a derrocada democracia, sobre descentralização do poder e sobre o diálogo de uma nova ética hacker com as instituições. Na verdade, esse tem sido o meu trabalho nesses últimos tempos. Tenho trabalhado a articulação do MetaReciclagem (e de todos os Metas com as instituições estabelecidas, ou seja, governo federal, estadual e municipal, ONG's, academia...). Optamos pela conversação ao invés da negação. Não é um diálogo tão amigável, pois estamos propondo a apropriação e ocupação de espaços que até hoje eram fisiológicos. Nosso trabalho pressupõe transversalidade. Um corte na ferida dos esquemas políticos. Um outro agenciamento. Uma outra incursão na microfísica do poder.

Nesse sentido, o MetaReciclagem como um pseudo - grupo nômade, com idéias com origem na cultura hacker tem participado de algumas decisões sobre tecnologia social em quase todas as instâncias institucionais. Nesse sentido, o projeto está diretamente relacionado com as políticas públicas.

O MetaReciclagem emergiu nesta lógica. . Uma articulação em rede que faz eco às propostas da apropriação da tecnologia social. É importante pensar que tecnologia social deve ser vista como processo, um movimento a partir da apropriação da tecnologia. Faz parte da consolidação da rede/sociedade. Numa ação crítica e na compreensão da apropriação de tecnologia como fenômeno social.

começando

Então vamos nessa.

Camarada Hernani,  bacana essa  discussão em Rede, a produção deste texto no aberto. Muitas expectativas aqui nesta conversa.

Pra começo seria bom ter as  suas definições ou conceitos de apropriação da tecnologia e transformação social., não? A partir daí poderíamos iniciar o debate.

Segundo, quero implicar um pouco, apenas como forma de aprendizado pessoal, com a possibilidade de definir as características da rede. Assim, da forma que está colocado, me parece que não há problema nenhum em definir o que é a rede.  Portanto, agradeceria que você nos remetesse a algo que já escreveu ou enviasse algum arquivo onde define "rede" para este contexto até chegar a essas características. Pode ser?

Por último, a segunda questão remete ao mesmo problema da primeira. Que definições cabem para "transformações e intervenções no contexto social, econômico da realidade brasileira"? E por que o foco no "social" e "econômico" como duas coisas separadas? Ou ainda, seguindo esta lógica, porque o "cultural" ou "político" não interessam neste momento?

abraço,

Orlando

 

 

Zonas de Colaboração

A lista metareciclagem ao longo destes quase cinco anos de bailux foi uma forte aliada na minha decisão de aplicar a metodologia da automia e desmonte das caixas pretas  aqui no bailux,o sentimento de solidariedade que flui pela rede fortalece o desejo de compartilhar e imprimi um forte sentimento de comunidade,na minha pratica sem o sentimento de bando seria impossivél continuar nas trincheiras metaresx,se fortalecermos o sentido de comunidade estaremos criando economia social.

vamo q vamo

o bando bailux

http://www.flickr.com/search/?q=bailux&page=1