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dom, 07/03/2010 - 20:00

Representar e Ser MetaReciclagem, Rede

Por que eu penso que o trabalho de Hernani Dimantas requer uma atenção especial do bando, independente das posições políticas e ideológicas de cada um? E isso importa?


Pelo que sei o Hernani está nas conversações e ações de muito do que hoje é "conhecido" como MetaReciclagem desde o comecinho do comecinho do comecinho. Ou seja, as pessoas que partilharam conversas, maquinaram juntas, propuseram e executaran as primeiras ações que compõem boa parte do que MetaReciclagem representa hoje. Eu disse "representa" e não disse "é", certo? Aliás, o que MetaReciclagem "é" continua sendo um jogo dos mais interessantes. Nessa conversa precisei pedir até ajuda no twitter para conseguir usar o verbo "ser", o que acabou resultando em algo que o mbraz escreveu e que merece ser registrado:


dasilvaorg: qdo digo que algo representa a metarec digo: é uma representação da metarec. Se eu quiser dizer que algo é a metarec, direi?
mbraz: responderei por mim mesmo, ok, nao pela metareciclagem. Uso o verbo fazer, algo faz a metareciclagem e etc. Poderia ser produzir tambem, pois e' diferente de trabalho, representacao do produzir. Já' usei tambem 'acontecer', pois processo e nao produto. Ex, o encontrao de pessoas em Arraial 'aconteceu' na metareciclagem. Nao sei se ajudo, mas preciso acontecer metareciclagem em sp agora, ok ?


Quando eu falo em "representação", intuitivamente, sem nenhum contexto teórico acadêmico, penso em "imagem mental", "significação subjetiva", "apropriação particular e contextual". Quando eu falo em "Ser" aí tudo fica mais complicado e intrigante. E se eu pensar no nome "rede" essa complicação começa a ficar ainda mais intrigante e instigante.

Até agora não me resolvi ainda com esse "Ser" rede. As conversas que vi em torno de Redes Sociais não me convencem. E a conversa que mais tem me convencido até agora, que é a das redes da Actor-Network Theory (conhecida por mim basicamente pelo trabalho de Bruno Latour) requer associações com as quais eu ainda tenho bastante dificuldade em trabalhar com. Aparências de inconsistência de um lado e aparências de consistência de outro, sendo isto algo altamente subjetivo (aliás o que é o objetivo?) melhor voltar às questões do começo do texto.

Já falei que o hd está no núcleo inicial da construção da coisa (MetaReciclagem). Mas não é só isso. Ele permanece sendo respeitado, ouvido e considerado por outros que também estavam por lá e podem, a partir do que dizem os registros na Internet, ser considerados o núcleo inicial de toda esta "representação" do que temos aqui. Penso que só isso já seria um bom motivo para refletirmos sobre a importância ou não de de colaborar com seu trabalho. Mas tem mais que isso. E para ampliar esta estória quero acrescentar mais dois nomes: Felipe Fonseca e Dalton Martins.

Hernani Dimantas, Felipe Fonseca e Dalton Martins têm mais alguma coisa em comum do que "MetaReciclagem". O que? O Weblab.tk. Penso que esse é um ponto que merece destaque na conversa. Aqui ou acolá toco no nome Weblab.tk, mas sempre evito dar ênfase porque a forma como vejo isto me parece ainda fortemente associada a um contexto século XX. Mas aqui e agora me parece o lugar e o momento certo de falar disto pensando em clarear visões juntos. Ainda que atualmente eu esteja um pouco desencantado e não espere mais que alguém que pudesse a vir a clarear isto junto chegue a ler este texto e interagir (muito texto, pouco status do escritor), o que me faz insistir na escrita talvez seja esta noção de que fatos são construções e, portanto, se for fato de que MetaReciclagem seja (agora o verbo ser) algo diferente, em termos da administração, do que eu interpreto como século XX way, isto é também uma construção.

Indo direto ao ponto. Existem três pessoas, as que eu já mencionei, que estão fortemente associadas às "representações" MetaReciclagem. Ao mesmo tempo, estas três pessoas hoje trabalham juntas em algo que tem o nome de Weblab.tk. Quando eu começo as associações por aí vejo uma "Rede" interessante e, na minha percepção, altamente influente em algumas coisas que se combinam a partir dos nomes: Políticas Públicas, Inclusão Digital e Cultura Digital (só pra sintetizar em 3), e que que merecem no mínimo ser discutidas por quem está aqui numa "representação" MetaReciclagem.

Esta é uma chance de jogarmos luz em algumas coisas, penso eu. Weblab.tk é certamente só uma dimensão. Dimensão? Uma das que me chamou a atenção dentre outras como: des).(centro, Estudio Livre ou Orquestra Organismo, por exemplo e para ficar em nomes de "conjuntos" apenas, e não  continuar na cilada de listar pesssoas. Porque sei que tem tanta coisa que não vejo aí, não é mesmo? Aliás, nisto se configura a pertinência da conversa em torno do trabalho do hd. Ou seja, talvez seja apenas um querer egoísta. Mesmo assim,  não cedendo às aparências,  venho aqui e registro. Tem relevância? Ah... Isso, sozinho eu não tenho como dizer.

 

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Comentários

contextos

Ei orlando

Não sei por que, mas esse post tava fechado pra comentários. Como me pareceu uma incitação à conversação, abri os comentários de novo, e mando o meu...

Essa tua questão tem raízes em processos que ainda não foram propriamente documentados e que geraram uma série de pré-disposições que a MetaReciclagem tem até hoje, de maneira tácita. Em 2003, um grupo de pessoas começou a debater, principalmente pela internet mas também presencialmente no galpão do Agente Cidadão, sobre constituir uma organização que centralizasse as conversas sobre a MetaReciclagem. O argumento era que a gente precisava se estruturar, se quisesse competir com iniciativas de inclusão digital. Seguiu-se um processo traumático (o metaclubedaluta) que, felizmente, evitou que a gente incorporasse uma organização grande e distribuída. Imagina, competir! Muito melhor era agir de forma distribuída: influenciando, infiltrando-se... De ali em diante, se refinaria cada vez mais a perspectiva de que a MetaReciclagem era um espaço coletivo, e que quaisquer grupos que quisessem se constituir (para trabalhar, receber doações e verbas, tomar decisões) poderiam fazê-lo e continuar fazendo parte da rede  - mas nenhum desses grupos teria o direito de se colocar como dono ou controlador dela. É uma forma híbrida - não só organização, não só rede, mas alguma coisa no meio - que acho que constitui uma forma bem adequada para trabalhar nos dias de hoje. No dia que a gente organizar o livro da Mutirologia, quero tentar contar mais sobre isso tudo.

A weblab é uma organização que se formou em outros processos, mas que dialoga com a MetaReciclagem - não a submetendo, não se submetendo a ela - como tantas outras. Ela nasceu, como entendo - mas essa história seria melhor contada por outrxs -, do Lidec, laboratório na USP, se aproximando da eCommunita, a empresa que Dalton e Glauco tinham formado para fazer projetos em Santo André (ao mesmo tempo, mais um monte de gente que circula por aqui também abriu empresas ou organizações).

Eu tenho uma proximidade e um relacionamento óbvios com Hernani, Dalton e Glauco - e também com Drica Guzzi e Dani, também na Weblab que foi evoluindo nesses últimos anos, e daí a trabalharmos juntos foi só um passo. A Weblab tinha uma participação muito tímida nessa rede, mas minha chegada (eu, efeefe, com minha obsessão com a MetaReciclagem...) veio mudar isso.

Acho que pra quem olha de fora, o que é importante entender é que não existe nenhuma influência oculta da Weblab enquanto organização na MetaReciclagem. Pelo contrário, a MetaReciclagem é que influencia a weblab, cada vez mais ;). A relação da weblab com a MetaReciclagem é nada mais do que tu comentaste aí: um laço a mais que temos eu, hd, dalton e glauco. Em essência, não diferente do que o laço que o Regis tem com os meninos do bailux, por exemplo. Além disso, a weblab cede horas do meu trabalho (muitas horas, mais do que eu poderia algum dia contabilizar) com liberdade total pra ficar viajando na MetaReciclagem, sem pedir nada em troca (eu é que sugeri o logo da weblab no site do mutirão).

Enfim, valeu pelo questionamento. Vamos comentando e documentando ;)

Abrazz

direto e claro

Felipe,

bacana, como sempre, seu modo direto e claro de contextualizar as coisas. Também não sei porque tava fechado, não fui eu.

Fiquei pensando na sua preocupação com a visão de quem está "de fora". Em que momento eu poderia estar dando a entender que existe alguma influência oculta da Weblab (organização) na MetaReciclagem.  Porque eu acho que estava vendo exatamente ao contrário,  MetaReciclagem influenciando os "conjuntos", não só a Weblab como eu coloco  no final do texto quando falo em dimensão, questionando ao mesmo tempo a pertinência da palavra. Acho que nesse caso a influência pode estar oculta sim, ou talvez seja melhor dizer não-manifesta, não sei. Mas é na direção MetaReciclagem para "conjuntos" e não ao contrário.

Penso que o que importa aí não é influência é potência, como algo potencializa algo? E então isso vai depender do que estejamos chamando de MetaReciclagem. Apesar da sua tentadora contextualização (tentadora justamente porque vem de você) " uma forma híbrida - não só organização, não só rede", me mantenho afastado de querer conceituar MetaReciclagem como organização, como rede, ou mesmo como híbrido. Para mim, agora, é apenas um nome.

O que venho interpretando e cada vez mais me interessando por ( interpretando realidades a partir de um quebra-cabeças de milhões de peças sempre incompleto e mutante ) é justamente como MetaReciclagem constitui "parte" (não é a palavra adequada) desses "conjuntos"? (como eu disse, para ficar em nomes de "conjuntos"  fugir da cilada de continuar listando pessoas) Porque me parece que  MetaReciclagem está / é uma forte associação em muitos "conjuntos".

De resto eu só queria aproveitar meu querer egoísta pra chamar mais a atenção pro trabalho do Hernani. Acredito sinceramente que na tese dele há muitas pecinhas desse quebra cabeças. Lembrando que falei em "Rede" interessante e influente em algumas coisas que se combinam a partir dos nomes: Políticas Públicas, Inclusão Digital e Cultura Digital.