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MutGambPublicacaoDigital
Passados alguns anos de atividade do Mutgamb, coletivo editorial nascido em meio às reverberações da MetaReciclagem, cheguei (efeefe) a uma metodologia de publicação online que acredito fazer sentido para os nossos propósitos. A partir da edição atual do Mutsaz optamos por ter editorxs convidadxs, que têm autonomia total sobre formatos e liberdade de experimentação. As publicações podem sair em PDF, em hotsites dedicados, em coletâneas de mp3 ou no que for. Mas também devemos manter uma versão padronizada em formatos múltiplos. No mínimo, uma versão epub e uma versão navegável pelo site mutgamb. O EPUB é um padrão aberto, baseado em HTML e compatível com uma grande quantidade de dispositivos - leitores de livros eletrônicos, telefones celulares, tabuletas e programas para computadores em praticamente todas as plataformas. A versão navegável utiliza o módulo book do drupal - sistema em que foi montado o site mutgamb - e permite a criação de seleções hierarquizadas de conteúdo.
Montando o ebook
Cheguei a testar diferentes alternativas para gerar as versões ebook (ver documentação dos testes em PlataformasPublicacao). A opção mais simples até agora tem sido utilizar o Sigil, software livre (GPL) de edição de ebooks. Ele cuida de todos os aspectos superficiais da formatação, e tem um editor de código-fonte para quem quer se aventurar a coisas avançadas ou debugar problemas no código.
Em geral, preciso partir de uma versão formatada dos textos. Copiar e colar de editores de texto é sempre complicado. No processo de converter o legado do Mutgamb para ebook, enfrentei diferentes situações: algumas edições me possibilitaram gerar um arquivão HTML que eu depois abria direto no Sigil. Foi o caso do Histórias de/da MetaReciclagem, que eu tinha editorado (!) originalmente no OpenOffice.org. Depois de testar diversas formas, optei pela mais prosaica: mandei o OOo "salvar como"... HTML. Depois foi só quebrar os capítulos com Ctrl+Enter (tomando o cuidado de deixar uma linha em branco ao fim de cada capítulo, senão ele deixava o título do capítulo para trás). Já tinha passado um monte de capítulos quando fui verificar o código-fonte de um deles. Tinha um monte de lixo ali gerado pelo OOo: uma confusão de folhas de estilo e informações desnecessárias. E o pior é que ele repetia o código sujo em cada capítulo. Acabei começando do zero: abri outra vez o HTML, tratei de limpar o código na mão e só depois comecei a quebrar os capítulos.
Em outras ocasiões, como o mutsaz primavera 2009, os originais só existiam em PDF, e precisei copiar e colar cada capítulo (e revisar um monte de vezes para encontrar linhas quebradas por hifens, discrepâncias de formatação com negrito/itálico e um monte de outras coisas). Demorei uns três meses (entre vários outros projetos, é claro) para terminar essa edição em particular.
Colecionando dicas então, para alimentar um futuro tutorial do Sigil:
- Publicações que já estão inseridas no drupal com o módulo book podem ser exportadas em um HTML completo (através do módulo para versões de impressão, email e pdf, se não me engano). Também precisam de limpeza depois, mas é pouca coisa.
- Publicações editoradas com o Lyx podem ser exportadas para HTML. Aparentemente o próprio Lyx usa para a conversão o elyxer, software que também pode ser acionado via linha de comando. Vale a pena fazer testes com diferentes maneiras de gerar o HTML.
- Uma vez inserido todo o texto, é bom verificar a formatação de cada um dos capítulos. Para facilitar a geração do TOC (índice), o ideal é que cada capítulo se inicie com um título, formatado como <h1> ou <h2> no HTML (a interface gráfica do Sigil resolve isso de maneira fácil, oferecendo as folhas de estilo (Normal, Heading 1, 2, 3...).
- Eu gosto de prestar atenção à coerência na maneira como são exibidos os diferentes elementos. Não é necessário um padrão entre as diferentes publicações, mas se a URL ou o nome do autor estão formatados de determinada forma em um capítulo, acho interessante manter essa formatação em todos.
- Imagens devem ser redimensionadas com um programa adequado (GIMP, mogrify, etc.) para um tamanho médio (a maior parte dos dispositivos tem telas com resolução limitada, e quanto maiores as imagens maiores os arquivos resultantes). Atualmente tenho usado 500px de largura. As imagens também devem ser inseridas no epub. Na coluna da esquerda do Sigil existem um monte de pastinhas: Texto, Estilos, Imagens, Fontes e Misc. Clique com o botão direito em Imagens, e escolha "Acrescentar arquivo existente". Depois, é só ir no capítulo em que a imagem vai ser inserida, posicionar o cursor e clicar na opção de inserir imagem da barra de ferramentas do Sigil.
- Uma vez revisado todo o texto, verificados os títulos, imagens e formatação, passamos à estrutura do epub. A coluna da direita exibe o índice. Clicando em "Gerar TOC a partir dos títulos", o Sigil vai gerar um índice correspondente aos títulos e subtítulos dentro dos capítulos.
- Depois vêm as metainformações: clique em "Edit > Meta Editor". Insira o título da publicação, autorx (no nosso caso, Coletivo Mutgamb) e idioma. Eu costumo também clicar em "Adicionar básico" e escolher "Direitos", depois na coluna da direita escrever "Copyleft".
- Por último, vou em "Arquivo > Validar EPUB". Ele geralmente vai encontrar inconsistências e malformações de código. Gosto de corrigir essas coisas para evitar eventuais problemas com algum dispositivo.
- Depois disso é só salvar o arquivo e pronto, o ebook está montado. Vale a pena testar em diferentes aparelhos para saber se está funcionando bem.
Montando a versão navegável no site mutgamb.org
Agora que já temos a versão Ebook, podemos publicar a versão navegável no site do Mutgamb (a ordem não precisa ser essa: podemos começar publicando no site, e depois exportar o HTML para aproveitar no Sigil e fazer o ebook. Tudo depende do que temos para começar).
Para começar, precisamos criar um livro novo. Vou em "criar conteúdo > livro", insiro um título e o conteúdo (capítulo abaixo sobre como copiar o conteúdo do epub para o site). Depois, opção importante: "book outline", e selecionar "novo livro". Por fim, tenho o costume de mudar a URL de acordo com a publicação em "opções de endereço". No caso do mutsaz primavera 2009, escolhi o endereço "mutsaz/09-primavera/sobre".
Se simplesmente abrirmos o epub em algum programa para ebooks ou mesmo no Sigil, na hora de copiar e colar no browser ele vai perder a formatação (pelo menos aqui no meu PC atualmente rodando Linux Mint 12 com ambiente gráfico Mate, browser firefox e o editor CKeditor no drupal). Encontrei uma maneira de driblar isso: descompactar o arquivo epub em um diretório temporário ($ unzip livro.epub -d /tmp/livro). Ele vai criar uma estrutura de arquivos, dentro da qual fica um arquivo .xhtml para cada capítulo (em OEPBS/Text). Acesso cada um deles no browser e mando visualizar o código-fonte. Daí é fácil copiar o código formatado, depois ir na página que estou editando no drupal, clicar em "Source" no editor WYSIWYG e colar. Ocasionalmente, perdi a formatação de uma linha em negrito, mas todos títulos, URLs e itálicos migraram sem problemas.
A partir da primeira página do livro, vou criando "páginas-filha". Atenção: não é criar uma página-filha de cada um dos textos: todas devem ser criadas como páginas-filhas da primeira página do livro. Atentar sempre para o "book outline", onde se verifica que ela é filha da página certa e o peso relativo (que define a ordem dos capítulos: quanto menor o número, antes a página é exibida); e para a "configuração de endereço", que sempre deve repetir a estrutura da página do livro (por exemplo, "mutsaz/09-primavera/uma-frase").
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