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sab, 24/09/2011 - 01:07

Coopermiti by Regiane Nigro

 

Visitei em São Paulo a Coopermiti, primeira cooperativa de tratamento de lixo eletrônico. Muito bom encontrar pessoas que já estão com a mão-na-massa e ver que os problemas são parecidos, segue...
 
A cooperativa surgiu de um grupo de pessoas que já mantinha um museu de tecnologia em São Paulo, o Alex, que me recebeu lá tinha idéia de formar pessoas na área de manutenção de computadores. Depois de muito pensar o grupo inicial decidiu que o perfil do projeto era mais pra cooperativa, que trás em si a idéia de beneficiar os associados, não visando o lucro. 
 
Depois de um ano na luta, conseguiram firmar um convênio com a prefeitura de São Paulo, que lhes garante um galpão de quase 2000m2, mas que em troca controla a missão de formação e educação, feita em escolas e com os próprios cooperados, as formas de divulgação. Esse convênio permite o contato com as subprefeituras de São Paulo, que são importantes para a modalidade de coleta que estão implementando, como digo abaixo.
 
Outro importante apoio que conseguiram foi da Fundação Banco do Brasil que vai doar máquinas pra operação da triagem e algum beneficiamento. A planta da cooperativa vai permitir a operação de empilhadeiras e outros equipamentos e mais ainda, a circulação de pessoas para que seja também uma exposição viva do processo de reciclagem, que funcione como educação ambiental - achei muito boa essa idéia. 
 
A atividade principal ainda é desmontagem e venda dos recicláveis, no entanto há custos para se tratar peças que não tem aplicação industrial em reciclagem como os monitores, pilhas, baterias e alguns plásticos. Por isso, Alex que me recebeu lá foi enfático - lixo eletrônico não dá lucro, não é um bom negócio quando se trata de forma correta de todos os materiais e não apenas os que dão lucro. Quando se sai da "garimpagem urbana" para um sistema responsável de tratamento, ele precisa ser subsidiado.
 
Concordo com ele, a reciclagem é um serviço ambiental prestado e pra isso precisamos que a PNRS esteja funcionando, ou seja, que os produtores arquem com esse custo. A Coopermiti ainda não gera boa retirada para os cooperados, mas segundo ele, pelo menos pararam de tirar do bolso o investimento e não teriam como investir sozinhos nas melhorias que os equipamentos da FBB vai trazer.
 
Dos equipamentos que trazem custo pra quem quer reciclar, os monitores de tubo são um grande problema, junto com pilhas, baterias, geladeiras e outros equipamentos com gás CFC, lâmpadas florescentes. Para todos eles seria necessário investimento para diminuir custos e possibilitar a reciclagem em si. No caso dos monitores, por exemplo, precisamos que haja mais pesquisas e investimento tanto na construção de máquinas para se desmontar com segurança, como para descobrir aplicações industriais do vidro com chumbo presente no tubo. 
 
Eles tem 3 formas de coleta: entrega voluntária na própria cooperativa, agendamento para grandes quantidades que são coletadas in loco e o "cata bagulho eletrônico" que são dias agendados e bem divulgados nas escolas (escolha por trabalhar a conscientização com as crianças) dos bairros de São Paulo, em que um caminhão passa pegando o lixo eletrônico deixado em frente da casa das pessoas. 
 
São 20 pessoas trabalhando, sendo que têm conseguido tratar 20 ton/mes. Mas têm capacidade para 100 ton/mes. Como sempre, o problema está na coleta, na falta de consciência das pessoas e empresas. Mas estamos todos trabalhando por isso. Outras atividades como arte usando peças de eletrônicos estão iniciadas e vão inclusive expor essa produção na feira da Pompéia no próximo fim de semana.
 
Importante salientar que eles não fazem recondicionamento de equipamentos. Alex salientou que isso é um problema grande quando se depende de empresas, vai contra o que eles pensaram no início como formação, mas as empresas não querem saber de equipamentos seus sendo consertados e voltando ao serem usados. E viva a obsolescência programada! 
 
Isso é um problema pra metareciclagem, inclusive o governo faz recondicionamento de computadores. Como vamos lidar com isso? Não teríamos que ter representantes da metareciclagem no grupo que discute os acordos com produtores para tratamento do lixo eletrônico?
 
Se tiverem mais perguntas sobre a Coopermiti, vou respondendo o que souber, mas vale outras visitas e mais contato com essa experiência, que alia a Economia Solidária com lixo eletrônico.
 
 
Abraço 
Regi
 

http://thread.gmane.org/gmane.politics.organizations.metareciclagem/46389/focus=46397

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