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lixo eletrônico

ter, 12/11/2013 - 19:11

Hudson fala sobre lixo eletrônico em Sorocaba

Na lista metareciclagem: 

http://thread.gmane.org/gmane.politics.organizations.metareciclagem/60910

Vou comentar o que rola em Sorocaba, onde a Prefeitura faz o que chamam de "Metareciclagem / Metarreciclagem", onde qualquer empresa / instituição entra em contato com a Secretaria de Parcerias (Separ) e forma um convênio onde poderá "transferir" o seu lixo eletrônico ao município, pois existe quatro cooperativas, sendo uma exclusiva em trabalhar com este material.
 
Onde são separados e vendidos as empresas que compram sucatas e algumas máquinas novas são doadas a instituições de Sorocaba. 
 
Na cooperativa Reviver trabalham 3 cooperados que desmancham estas máquinas e revendem as empresas de São Paulo e Suzano estes materiais. Esta cooperativa é gerida por Julio Andrade que tem uma empresa de resíduos sólidos que recebe verbas municipais para realizar esta ponte, onde uma parte deste lucro vai para sua empresa, outra parte para cooperativa.
 
A cada seis meses repassam um pouco mais de 100 computadores as instiuições sociais da cidade e a cada três meses no espaço que chamam de Metareciclagem realizam cursos de word, excel, webdesigner e manutenção para a população em geral com este material recebido da cooperativa.
 
Neste ano, a Prefeitura de Sorocaba assinou com  a empresa  ERS Serviços de Reciclagem de Eletrônicos para investir aproximadamente R$ 10 milhões em sua planta, gerando inicialmente 160 empregos, sendo 40 de forma direta, para reciclar cerca de 98% do lixo produzido e oferece aos clientes uma extensa linha de serviços para eliminar de forma ambientalmente correta, os equipamentos eletrônicos obsoletos. (http://nave.wordpress.com/2013/02/20/sorocaba-ganha-a-primeira-empresa-v...)
 
Na minha opinião este modelo será utilizado para trabalhar com o lixo eletrônico nos municípios paulistas.
 
Aqui tem mais informações do projeto Metarreciclagem da Prefeitura de Sorocaba: http://metareciclagemdesorocaba.blogspot.com.br/ e aqui o que foi divulgado nas mídias sobre Metareciclagem em Sorocaba: http://nave.wordpress.com/tag/metareciclagem/.
 
Meus dois cents....

 

 

2206 leituras blog de o2
ter, 18/09/2012 - 10:42

Mídia zumbi

Encontrei aqui:

1) Somos contra a ideia de mídias mortas. Apesar de a morte da mídia poder ser útil como tática para opor-se ao diálogo que foca somente na novidade das mídias, acreditamos que as mídias nunca morrem. A mídia pode desaparecer em um sentido popular, mas nunca morre: ela decai, apodrece, reforma-se, remixa-se, e torna-se historicizada, reinterpretada e colecionada. Ou ela se torna resíduo no solo e no ar como mídia morta concreta, ou então é reapropriada por metodologias artísticas e fuçadoras ["tinkering"].

2) Somos contra a obsolescência programada. Como base da ecologia mental de circulação de desejos, a obsolescência programada mantém um impulso de morte ecologicamente insustentável que está destruindo nossos meios de vida.

3) Propomos uma despontualização das mídias e a abertura, entendimento e raqueamento de sistemas ocultos e caixas-pretas: seja como produtos de consumo ou arquivos históricos.

4) Propomos a arqueologia das mídias como metodologia artística que segue as tradições de apropriação, colagem e remix de materiais e arquivos. A arqueologia de mídias obteve sucesso em escavar histórias de mídias mortas, ideias esquecidas, alianças e narrativas menotres, mas agora é hora de desenvolvê-la de forma textual em uma metodologia material que leva em conta a economia política da cultura de mídia contemporânea.

5) Propomos que o reuso é uma dinâmica importante da cultura contemporânea, especialmente dentro do contexto do lixo eletrônico. "Se fecha facilmente, deve abrir facilmente". Concordamos que a cultura aberta e de remix deveria se estender a artefatos físicos.

1600 leituras blog de felipefonseca

Descristalização

Por Jonathan Kemp, 27/28 maio 2011, Londres

Tradução: Glerm Soares & Fabi Borges

Suponha um sistema que consiste em dois recipientes contendo um total de 10 moléculas azuis e 10 moléculas vermelhas. Há apenas uma configuração com a qual as moléculas podem ser arranjadas de maneira que as 10 moléculas azuis estão em um recipiente e as outras 10 estão em outro. Por outro lado existe um grande número de maneiras em que podemos arranjar 5 de cada cor em cada um dos recipientes.

“Entropic View of Computation” in Mead, C., Conway, L., Introduction to VSLI Systems, (Reading, Mass.: Addison Wesley, 1980), p. 366

Descristalizacao foi uma oficina de dois dias e um evento de performance em ambiente fechado que aconteceu no final da primavera 2011 em Londres. Jonathan Kemp (http://xxn.org.uk) and Ryan Jordan (http://ryanjordan.org) conceberam o evento em torno de duas premissas:

1) Que a vida em si inicia-se de cristais aperiódicos (a la Erwin Schrödinger ) codificando infinitos futuros num pequeno número de átomos, a cristalização da carne pelo Capital limita estes futuros ao ponto da exaustão,

2) Se os computadores e os minerais quais estes são feitos são considerados similarmente cristalinos, então a sua descristalização, que é um aumento na sua desordem, é possível através de uma realimentação positiva que irrompe e escala a entropia através de suas estruturas e descamba na sua patologia presente, Capital.

No Dia Um da oficina participantes destruíram placas/componentes de laptops e converteram alguns componentes minerais incluindo cobre/ouro/prata através da execução de vários processos químicos voláteis. Embora atividades como essas sejam muitas vezes projetadas para consolidar o Capital através do uso negentrópico uso de energias roubadas (ciclos de exploração do trabalho como preço “real” do ouro), no Dia dois os participantes da oficina ludicamente transformaram os minerais garimpados em novos arranjos para noite final em um evento de salão com bebidas de ouro/prata e performances em amplificadores com sub-graves.

Operando numa economia de transdução, que é, da transdução de materiais para valor, consumo e energia, retroalimentação aparece como um mecanismo regulatório na aparentemente irrepreensível necessidade do Capital por desenvolvimento. Retroalimentação é o resultado de qualquer relação causal circular que acontece dentro de um sistema, e retroalimentação negativa é onde a ação e seus efeitos retorna ao sistema de forma a ajustar as performances do sistema. O jogo do “animal, mineral, vegetal” (ou “Vinte questões”[1]) é o sistema regulado onde os erros são interrogados para melhorar a performance, e a informação requerida para identificar alguns pensamentos sobre objetos são no máximo vinte bits (de informação).

Este jogo, juntamente com a definição de Cibernética de Norbert Wiener e a definição de “Teoria da Informação” de Claude Shannon entraram em cena pelo fim dos anos 1940, pressentindo sua instalação em todo lugar onde o mise-en-scène do Capital crescia no centro do palco

O alvo declarado da cibernética é entender o comportamento inteligente dos sistemas focando em sua “comunicação, controle e mecânica estatística, seja na máquina ou no tecido vivo” e estendido para encampar cérebros, “máquinas computantes e sistema nervoso”, todos caracterizados como sistemas auto regulados feitos de redes nodais escaladas. Rapidamente identificando que esta regulação é mais efetiva em passar a informação através do sistema, suas noções fundamentais são fundadas nestas informações, retroalimentação, entropia e ambiente

Comportamentos futuros seriam ajustados pela retroalimentação da performance com a máxima adaptabilidade para autorregulação e auto reprodução. Os materiais são descontextualizados de qualquer coisa que não seja mecanicamente nodal na modelagem e governança da nava-mãe Terra ( classificação e prazo de validade de alimentos por exemplo) e reciclar é subentendido como um mantra crucial para sustentar a teia desta vida.

À luz de uma nova ecologia, onde os sistemas são agora vistos como menos holísticos e mais dinâmicos, cada mudança numa série de eventos imprevisíveis com relações nodais nunca balanceadas em um estado estável, a modelagem agora incorpora tal dinâmica de mecanismos de retroalimentação positiva como uma parte crucial guiando os circuitos da auto organização (Faça Você Mesmo, Peer 2 Peer, etc.) esquivamente recombinada pelo Capital em uma transdução acelerada daquilo que descontextualiza do valor. Este malefício transcendental, a transcendental dominação material pelo Capital, com seu agenciamento eficiente e crescimento como suas maiores ficções, acelera e renova os lucros reciclando através do abuso de recursos e guia a extensão da não-produção através da cristalização final da Cultura e do Capital juntas, como sujeitos exaustos sucumbindo às florestas cristalinas de JG Ballards , o Mundo de Cristal.

Onde a política deixa um espaço vazio, ainda programa as declinações do universal, e todos os planos de inconsistência são registrados pelo Capital e seus controles mutantes e montagens conectivas, onde os hackers são eminentemente assim que evocam um sentido de “fazer as coisas antes de terem um sentido” - de uma maneira que suas rupturas de curta escala possam propagar o capital anti-delírio , ansioso para colher tais entradas tão livres para a circulação de seu Poder.

Descristalização inicia sem explicação, o que é, uma ideia primal e natural, prontificada em parte por uma desconfiança pessoal. Mas sua não-explicação e não-tradução poderia também ser vista como uma recusa do controle de funções que de outra maneira estaria localizada nestes ciclos de retroalimentações preferidos pelo Capital. Ao invés disso, aquilo que acaba de ir-se e aquilo que acaba de chegar são ambos desconhecidos, sem uma embalagem, ciclo ou outra coisa, e autonomamente suplementar a ontogênese destes em desdobrar um fantasma ecológico através da maçaroca de vários corpúsculos materiais. E nesta coisa de fuçar em “matéria obscura” que da a Descristalização esta dimensão visceral para despedaçar a isometria destes cristais invariantes isto tudo atenta para escalar contra a exaustão Capital de nossos futuros.

---

Nota do tradutor:

[1] “Twenty Questions” era um jogo famoso nos anos 40 nas TVs de língua inglesa (e provavelmente é anterior a isso), onde você vai se aproximando da resposta apenas respondendo “sim” ou “não” a no máximo 20 perguntas. Este mesmo jogo foi usado depois em videogames e outros tipos de jogos, incluindo remakes deste programa.

sab, 24/09/2011 - 01:07

Coopermiti by Regiane Nigro

 

Visitei em São Paulo a Coopermiti, primeira cooperativa de tratamento de lixo eletrônico. Muito bom encontrar pessoas que já estão com a mão-na-massa e ver que os problemas são parecidos, segue...
 
A cooperativa surgiu de um grupo de pessoas que já mantinha um museu de tecnologia em São Paulo, o Alex, que me recebeu lá tinha idéia de formar pessoas na área de manutenção de computadores. Depois de muito pensar o grupo inicial decidiu que o perfil do projeto era mais pra cooperativa, que trás em si a idéia de beneficiar os associados, não visando o lucro. 
 
Depois de um ano na luta, conseguiram firmar um convênio com a prefeitura de São Paulo, que lhes garante um galpão de quase 2000m2, mas que em troca controla a missão de formação e educação, feita em escolas e com os próprios cooperados, as formas de divulgação. Esse convênio permite o contato com as subprefeituras de São Paulo, que são importantes para a modalidade de coleta que estão implementando, como digo abaixo.
 
Outro importante apoio que conseguiram foi da Fundação Banco do Brasil que vai doar máquinas pra operação da triagem e algum beneficiamento. A planta da cooperativa vai permitir a operação de empilhadeiras e outros equipamentos e mais ainda, a circulação de pessoas para que seja também uma exposição viva do processo de reciclagem, que funcione como educação ambiental - achei muito boa essa idéia. 
 
A atividade principal ainda é desmontagem e venda dos recicláveis, no entanto há custos para se tratar peças que não tem aplicação industrial em reciclagem como os monitores, pilhas, baterias e alguns plásticos. Por isso, Alex que me recebeu lá foi enfático - lixo eletrônico não dá lucro, não é um bom negócio quando se trata de forma correta de todos os materiais e não apenas os que dão lucro. Quando se sai da "garimpagem urbana" para um sistema responsável de tratamento, ele precisa ser subsidiado.
 
Concordo com ele, a reciclagem é um serviço ambiental prestado e pra isso precisamos que a PNRS esteja funcionando, ou seja, que os produtores arquem com esse custo. A Coopermiti ainda não gera boa retirada para os cooperados, mas segundo ele, pelo menos pararam de tirar do bolso o investimento e não teriam como investir sozinhos nas melhorias que os equipamentos da FBB vai trazer.
 
Dos equipamentos que trazem custo pra quem quer reciclar, os monitores de tubo são um grande problema, junto com pilhas, baterias, geladeiras e outros equipamentos com gás CFC, lâmpadas florescentes. Para todos eles seria necessário investimento para diminuir custos e possibilitar a reciclagem em si. No caso dos monitores, por exemplo, precisamos que haja mais pesquisas e investimento tanto na construção de máquinas para se desmontar com segurança, como para descobrir aplicações industriais do vidro com chumbo presente no tubo. 
 
Eles tem 3 formas de coleta: entrega voluntária na própria cooperativa, agendamento para grandes quantidades que são coletadas in loco e o "cata bagulho eletrônico" que são dias agendados e bem divulgados nas escolas (escolha por trabalhar a conscientização com as crianças) dos bairros de São Paulo, em que um caminhão passa pegando o lixo eletrônico deixado em frente da casa das pessoas. 
 
São 20 pessoas trabalhando, sendo que têm conseguido tratar 20 ton/mes. Mas têm capacidade para 100 ton/mes. Como sempre, o problema está na coleta, na falta de consciência das pessoas e empresas. Mas estamos todos trabalhando por isso. Outras atividades como arte usando peças de eletrônicos estão iniciadas e vão inclusive expor essa produção na feira da Pompéia no próximo fim de semana.
 
Importante salientar que eles não fazem recondicionamento de equipamentos. Alex salientou que isso é um problema grande quando se depende de empresas, vai contra o que eles pensaram no início como formação, mas as empresas não querem saber de equipamentos seus sendo consertados e voltando ao serem usados. E viva a obsolescência programada! 
 
Isso é um problema pra metareciclagem, inclusive o governo faz recondicionamento de computadores. Como vamos lidar com isso? Não teríamos que ter representantes da metareciclagem no grupo que discute os acordos com produtores para tratamento do lixo eletrônico?
 
Se tiverem mais perguntas sobre a Coopermiti, vou respondendo o que souber, mas vale outras visitas e mais contato com essa experiência, que alia a Economia Solidária com lixo eletrônico.
 
 
Abraço 
Regi
 

http://thread.gmane.org/gmane.politics.organizations.metareciclagem/46389/focus=46397

2491 leituras blog de o2

Campanha Lixo Eletrônico

propostas para ações públicas de tratamento de lixo eletrônico

Introdução

O lixo eletrônico vem se tornando foco de preocupação no mundo, os níveis atuais são alarmantes. Segundo a ONU [1] o mundo já produz 40 milhões de toneladas por ano, sendo o Brasil, o que mais gera esse tipo de lixo entre os países emergentes, chegando a 5kg por ano/per capta. 

A toxicidade dos componentes de computadores, monitores, baterias, celulares e outros é alta, em sua fabricação são usadas substâncias como chumbo, cádmio, berílio, que podem contaminar o solo, mesmo em aterros sanitários.
A recomendação da ONU é que se faça o reuso e a reciclagem adequada desses materiais que nunca devem ser destinados ao lixo comum ou `a reciclagem artesanal em que há queima de componentes na tentativa de se acumular metais preciosos como ouro e prata, processo denominado "garimpagem urbana".
Para evitar situações como essas é preciso implantar um sistema racional de reutilização e reciclagem, em que se observe princípios ambientais e o enquadramento na recente Política Nacional de Resíduos Sólidos [2] em vigência desde 2010.
No entanto, o desenho de soluções envolve esforço coletivo e coordenado na sociedade, desde a educação ambiental, logística reversa, financiamento, definição de metas até o controle social.
Para iniciar esse debate, envolvendo a população, setores empresariais, legisladores e poder executivo, apresentamos o plano abaixo que detalha uma campanha em que as atividades e metodologia se direcionam para um ponto além da conscientização: a articulação e a ação.
Apresentação

Em 2009 foi realizado o I Seminário de Resíduos Eletrônicos do Ceará, [3] organizado pelo projeto Cewaste, a partir do diagnóstico de fluxos desse tipo de resíduos no estado, financiado pelo Banco do Nordeste. Embora inicial, o diagnóstico foi capaz de formar um quadro geral sobre a questão e de pontuar questões, aprofundadas no seminário, sobre cada agente estudado, a saber: cidadãos, poder público e empresas distribuidoras/fabricantes/consumidoras.Naquele momento a Política Nacional de Resíduos Sólidos ainda não havia sido aprovada, sendo inclusive, a inclusão ou não de eletroeletrônicos como alvo do legislador, uma incógnita.

As principais conclusões referiram-se a impedimentos, falta de articulação e incipiência da cadeia produtiva da reciclagem no estado. Por segmentos e resumidamente, podemos salientar os seguintes pontos como principais:

- consumidores: embora haja algum tipo de consciência sobre a inadequação de se jogar eletrônicos no lixo comum, não havia informações nem em lojas revendedoras, na mídia, ou do poder público sobre como proceder. Muitas pessoas guardam esses materiais em casa ou doam para pessoas/entidades que possam reutilizá-los, apesar de muito material seguir para o lixo comum. O tempo em que isso acontece e os fatores que levam a descartá-los ainda pode ser objeto de estudo pertinente para se desenhar um sistema de intervenção, mas muitos eletrônicos seguem para o lixo comum quando não há mais espaço ou doações possíveis a serem feitas.

- entidades/ONGs que realizam recuperação de computadores para inclusão digital: como os outros setores, mesmo especializando-se no reuso, que é parte da cadeia de eletrônicos, essas entidades não encontram solução para o que sobra como rejeito em suas atividades em nível nacional ou estadual.

- poder público: apesar de grande consumidor de eletrônicos, o grande impedimento encontra-se nas leis e procedimentos de destinação de patrimônio público. Apesar da lei que rege o patrimônio público (lei 8.666) permitir doações em caso de interesse social, prepondera no setor administrativo público a ocorrência de leilões. No caso de equipamentos eletroeletrônicos os leilões, que não exigem certificação ambiental do comprador de sucatas, acabam alimentando um sistema pouco preocupado com as consequências ambientais e mais com a retirada de material valioso para a reciclagem, deixando-se de lado aquilo que, apesar de tóxico, não suscita interesse comercial.

- empresas produtoras: há poucas empresas especializadas na fabricação ou montagem de eletrônicos no Ceará. Não há por parte delas instruções a seus consumidores sobre como descartar os equipamentos adquiridos, menos ainda canais para efetivar esse descarte e isso se aplica tanto a indústria nacional como estrangeira. No entanto, a lei aprovada em 2010 responsabiliza diretamente o setor por providenciar o sistema de descarte e o ciclo até a reciclagem, denominado logística reversa.

Como principal resultado do seminário foi criado o GT de Lixo Eletrônico do Ceará, que conta com uma lista de discussão via email e realizou algumas reuniões na tentativa de aconselhar as políticas públicas cearenses. Alguns órgãos públicos já foram visitados com intuito de dar visibilidade à Política Nacional de Resíduos Sólidos, no que concerne eletroeletrônicos. A saber:

  • Câmara Municipal de Fortaleza - CMF
  • Assembléia Legislativa do Ceará - ALECE
  • Secretaria de Meio Ambiente de Fortaleza - SEMAM
  • Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente - COMPAM.
  • Secretaria de Ciência e Tecnologia do Ceará - SECITECE.
  • Câmara Setorial de Reciclagem da Federação das Indústrias do Estado do Ceará - FIEC
  • Empresa de recolhimento atuante em Fortaleza - ECOFOR Ambiental


Política Nacional de Resíduos Sólidos

A PNRS foi finalizada em agosto de 2010. Ela traz em âmbito geral a segmentação de responsabilidades com relação a seus principais instrumentos de implantação. A coleta seletiva fica a cargo das prefeituras e deve atingir os domicílios e o comércio (conforme parâmetro ou decisão de cada prefeitura). Para geradores industriais, no geral, determina que haja planos de gerenciamento de resíduos. No entanto, com grande novidade estabelece para alguns produtos o regime de logística reversa, da qual trataremos mais adiante. O papel do poder público, além da coleta seletiva a ser desempenhada por prefeituras, ficam responsabilizados por agregar os planos singulares de cada empresa (prefeitura) e de articular consórcios e outros tipos de cooperação, no caso do estado, que agrega também planos para formalizar o plano estadual. No geral, a lei proíbe lixões, regulamentando como forma de disposição final os aterros sanitários preparados para esse fim.

A logística reversa é processo pelo qual produtos perigosos ao meio ambiente devem ser recolhidos ou entregues do consumidor final, desmontados, conforme o caso, destinados ao reuso quando possível e em último termo para a reciclagem. Todo esse processo é baseado no dispositivo "responsabilidade ampliada do produtor", ou seja, a indústria que produz e distribui cada um desses itens: agrotóxicos, lâmpadas fluorescentes, pilhas e baterias, pneus, produtos eletroeletrônicos e seus componentes.


É nosso ponto de vista, que no caso dos eletrônicos, não será possível, ou será muito dispendioso, estabelecer a logística reversa específica para cada tipo de equipamento e/ou cada empresa responsável pela venda. A tendência é que as empresas formem consórcios por meio de suas entidades representativas, que no melhor dos casos, procurariam soluções regionais sustentáveis pesando o custo ambiental do transporte, da localização de empresas que absorvam esse material e até incrementem as soluções para aplicação final do resultado da reciclagem. A todo esse esquema de logística, processos industriais, compensações financeiras, investimento e fiscalização, damos o nome de sistema de lixo eletrônico. E ainda do nosso ponto de vista ele será tão mais eficiente quanto mais for planejado em conjunto por empresas, poder público e sociedade civil (lembrando que a educação ambiental e controle social são princípios da lei).

Campanha "Não rebole seu lixo eletrônico no mato"

A Campanha “não rebole seu lixo eletrônico no mato” pretende, adotando uma expressão bem humorada do cearês, chamar a atenção de todos os setores envolvidos para a temática do lixo eletrônico. Propomos um encadeamento de atividades específicas para cada setor. Em cada uma delas expressamos princípios contidos na PNRS e na prática adquirida com lixo eletrônico no Ceará. Durante o período, unificada pela comunicação visual e meios de promoção de controle social propomos as seguintes atividades:

a) Mutirão de Lixo Eletrônico
Tem a população como público-alvo. O principal objetivo é massificar a preocupação com relação ao lixo eletrônico e ao mesmo tempo oferecer uma solução prática e rápida para quem guarda equipamentos obsoletos em casa. Será realizado em local de grande circulação na cidade por um final de semana e pode ser combinado com postos de coleta voluntários, desde que firmadas parcerias nesse sentido. O material coletado será triado para ser destinado ao reuso responsável ou à reciclagem realizada por empresa certificada para esse fim. Todo o processo será registrado e publicizado, o que gera dados estatísticos e visualização do problema a ser tratado pelo sistema de lixo eletrônico.

b) Seminário de Lixo Eletrônico O público-alvo são técnicos de empresas, tomadores de decisão, gestores públicos de todos os âmbitos. O principal objetivo é formalizar recomendações para empresas produtoras, distribuidoras e poder público sobre as premissas da PNRS, relacionadas. o funcionamento da logística reversa existente, o que deve ser implantado, obstáculos e propostas para o sistema.

c) Encontro de Cultura e Tecnologia
O público-alvo são instituições do 3o setor que façam reaproveitamento de eletrônicos, artistas que utilizam componentes digitais , organizações que operem na linha da inclusão digital por meio do recondicionamento e manutenção de computadores e pessoas interessadas em tecnologia em geral.

d) Prêmio Eureka!
Mecanismo de divulgação, o prêmio conecta-se à campanha como forma de divulgá-la e valorizar o saber popular/tecnológico que muitas vezes encontra soluções criativas para o reaproveitamento de componentes e materiais presentes em eletrônicos. É destinado a autodidatas ou estudantes que apresentem protótipos funcionais reutilizando equipamentos eletroeletrônicos.

e) Documentário e Pesquisa-Diagnóstico
Levantamento de dados e imagens sobre geração de lixo eletrônico na cidade. É um mecanismo que dá base às ações de divulgação, mobilização e acompanhamento de toda campanha.

f) Audiência pública na Câmara de Vereadores
Necessária para adequação de leis e estabelecimento de pactos com o poder público, visando a continuidade da ação e estabelecimento do sistema de lixo eletrônico perene.

Metas da Campanha
1. Ambiental
Arrecadar 10 toneladas de lixo eletrônico através do mutirão, dando-lhe a destinação final ambientalmente correta.
2. Educacional
Pautar a temática na sociedade fortalezense, através de debates, entrevistas, palestras, oficinas e material gráfico e as próprias atividades de mobilização, aplicadas com ludicidade.
3. Diagnóstico
Fazer um levantamento rápido e técnico da situação do lixo eletrônico da cidade, complementar ao diagnóstico estadual da Cewaste. A ideia é dar base para um documentário previsto no projeto. E, através do mutirão, avaliar a quantidade de e-lixo na cidade, as motivações das pessoas a participar e as regiões mais críticas.
4. Mobilização Política
Discussão da Lei Federal 12.305/2010 que estabelece as normas para a execução da Política Nacional de Resíduos Sólidos, através de Audiência pública na Câmara Municipal de Fortaleza, com a finalidade de embasar a criação de um sistema de tratamento de lixo eletrônico.
5. Reciclagem
Equipar laboratórios de metaReciclagem, através da arrecadação de lixo reutilizável, com fins de criar um espaço para reuso do material, oportunizando o desenvolvimento de ciência e tecnologia e modelos de negócios para geração de renda. E disposição final através de triagem e reciclagem adequadas, com empresa certificada.
6. Busca de soluções para o sistema produtivo e forma de comitê de implementação da Lei de Resíduos Sólidos
Todo o processo de diagnóstico, mobilização da população, resultados da coleta e tratamento dado será registrado a fim de se construir documentário com subsídios para a discussão do Plano Municipal de Resíduos Sólidos, exigido na Política Nacional de Resíduos. A campanha será finalizada com um Seminário técnico para busca de soluções para o sistema produtivo do lixo eletrônico e formalização do Comitê que acompanhará o que for definido no Seminário.

Referência dos proponentes

A equipe da ONG Ceará em Foco: Antenas e Raízes vem trabalhando com a MetaReciclagem, metodologia de aprendizado criativo a partir da desmontagem de equipamentos eletrônicos para a apropriação tecnológica, desde 2005. Faz parte da rede MetaReciclagem que agrupa várias iniciativas e projetos com esse viés. Mais em: http://cearaemfoco.org.br/metareciclagem

O projeto Ce-Wasterealiza pesquisa-diagnóstico sobre lixo eletrônico no Ceará, desde 2009 e conta com equipe de pesquisadores especialistas no tema de implantação de sistemas de resíduos sólidos. Mais em: http://ce-waste.net/

Referência bibliográficas

[1] Sustainable Innovation and Technology Transfer Industrial Sector Studies - RECYCLING – FROM E-WASTE TO RESOURCES, Julho, 2009 / hospedado no blog

http://www.lixoeletronico.org

[2] Lei 12.305 de 2010. Política Nacional de Resíduos Sólidos -

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm

[3] 1o Seminário Estadual de Lixo Eletrônico do Estado do Ceará -

http://ce-waste.net/palestras.html

Situação desta ConecTAZ: 
em planejamento
ter, 15/06/2010 - 21:19

Regiane Nigro fala sobre a práxis lixo eletrônico no Ceará

A @regica da Ceará em Foco respondendo a um questionamento fala sobre a experiência do pessoal do Ceará com o lixo eletrônico. Segue a mensagem.

Oi Roger, 

 

 
Como você deve saber cada tipo de material vai pra uma indústria recicladora. 
As placas tem maior valor porque dela se extraem metais preciosos em processos indústriais pesados (não tentemos fazer isso em casa). Mas carcaças de plásticos, fios, fontes, carregadores, etc também tem valor. 
 
O problema mesmo são os monitores CRC. Chega muito pra gente e não há valor de reciclagem, pelo contrário, há custo. Pra mandar um CRT daqui pra Sampa onde pode ser aproveitado a gente pagaria 25,00 por unidade. Por enquanto estamos guardando. Queremos ter uma máquina para separar os tipos de vidro - vidro com chumbo e vidro "puro". A máquina é simples, citada no relatório da ONU e funciona com um fio quente que faz o serviço.
 
Então, já que a empresa de vocês vai lidar com lixo eletrônico, talvez vocês mesmos possam enviar para a indústria, mas isso demanda escala e portanto espaço e tempo de trabalho para se chegar à separação exigida, por exemplo abrir componentes como HDs e leitores de CD.  
 
Talvez esse não seja o foco, como não é o nosso aqui em Fortaleza. Mas a atividade certamente gera renda. Ainda mais se você estiver perto da indústria que se concentra em São Paulo. 
 
O que fizemos aqui foi uma parceria com uma empresa especializada em reciclagem de eletrônicos, que faz justamente o processo que descrevi acima e ainda cuida da logística de transporte. Ela é também intermediária, mas é necessária porque faz essa separação mais fina e destinação pra cada indústria, procurando melhores preços e garantindo que o destino seja a reciclagem. 
 
Eles pagam pelo nosso lixo, que é um jeito de sustentarmos o espaço e ainda deixam que a gente faça triagens eventuais no material que coletam. Em troca, ajudamos a organizar a coleta, pois somos pontos de recepção de material, divulgamos a causa e discutimos políticas públicas em conjunto, ou seja, tudo que é um grande nó pra eles. Ainda em alguns lugares, como instituições públicas, é preciso fazer doação, aí entramos também como ONG para receber o material.
 
Outra coisa, já visitei o CEDIR na USP. Faz o mesmo trabalho que vocês e que nós aqui, ou seja, aproveita peças para fazer novos computadores, e destina o lixo para reciclagem procurando as melhores empresas pra cada material. Mas vale a pena entrar em contato com eles para saber se receberiam "lixo mesmo" como você disse.
 
Bom, só um relato. 
Se puder ajudar a gente troca idéia por aqui.
 
abraço
regi

 

 

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MapaLixoEletronico

Começando a estruturar um levantamento complementar sobre quem recebe Lixo Eletrônico, e onde. A intenção é colaborar com projetos como o e-lixo maps e o blog lixoeletronico.

 

Lixo Eletrônico

Lixo Eletrônico

Ações e pesquisa ligadas ao processamento de Lixo Eletrônico.

Situação desta ConecTAZ: 
em planejamento
qua, 25/11/2009 - 15:05

Lixo Eletrônico - Debate e Instalação

Amanhã vai rolar na Matilha Cultural, em São Paulo, o debate presencial do GT de resíduos eletrônicos do Congresso da Cibersociedade organizado pelo coletivo Lixo Eletrônico.

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qui, 12/11/2009 - 21:55

congresso, copenhague, fórum

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Conteúdo sindicalizado