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sex, 09/09/2011 - 10:58

Guifi.net - apresentação no GHC

Quarta-feira, dia 14 de setembro, vai rolar no Garoa Hacker Clube (subsolo da Casa de Cultura Digital) uma apresentação do Efraín Foglia sobre o projeto Guifi.net, uma rede wi-fi comunitária da Catalunya. Mais informações no wiki do GHC. Eu ajudei a organizar, e devo estar presente.

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sex, 02/09/2011 - 11:41

Prêmio Frida

A MetaReciclagem ficou em segundo lugar na categoria Inovação do Prêmio Frida de 2011. Muita gente apoiou a nossa candidatura (149 votos recebidos pelo site). Recebemos um email simpático contando do resultado:

Estimado Felipe Fonseca,

A pesar de que su proyecto "Meta reciclagem" no ha salido ganador de esta edición del Premio FRIDA/IGF 2011, quiero anunciarle que salió segundo en la categoría Innovación. El jurado le dio un muy buen puntaje a su iniciativa, y durante la entrega de premios en el marco de LACNIC XVI (Buenos-Aires, Argentina, 3-7 de octubre 2011), será un honor anunciarlo al público presente.

Reciba mis saludos cordiales,

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M.Sc. Alexandra Dans
Responsable de Cooperación Institucional
Institutional Cooperation Officer

Vale a pena também dar uma conferida nos projetos ganhadores. O #meganao ganhou o tema Liberdades. Parabéns!

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sab, 06/08/2011 - 03:23

Android, um novo Windows?

Na opinião do Liquuid o bicho tá mais pra um novo windows, veja: 

Não lembro do android ter sido vendido como projeto open-source de comunidade e talz, como o Eclipse. Ele é parte de um negócio multi-bilionário que não trouxe nada de novo pro mercado  mobile a náo ser o fato de usar a mesma estratégia que microsoft usou pra detonar a apple nos anos 90, licenciar o SO pra ganhar mercado e criar um eco-sistema em volta dele.

Pra fins de inação o android é nulo, é inegavel que sua comunidade e o número de usuários tá bombando, mas o fato do google tomar as decisões e deixar a comunidade de fora não afeta ninguém. O Android não foi um SO feito para as massas ele foi desenvolvido para os fabricantes o customizar em seus aparelhos, android é uma meta distribuição linux :P

Tanto o Android não é feito para pessoas comuns que ele não vem com drivers, é o fabricante que o desenvolve, e no geral os fontes dos drivers não são liberados, até pq no geral, diferente dos pcs onde existe um padrão e consorcios pra garantir interoperabilidade dos componentes, os celulares e tablets tem arquitetura própria.

Sei lá se garantir que o Android receba pitacos da comunidade seja algo realmente importante, sistemas como o falecido maemo foram muito mais relevantes do que o android no sentido de ter uma comunidade atuante no projeto.

Sendo direto, Android não é uma distro linux, é um modelo de negócio baseado em um sistema que usa, apesar não precisar disso, o kernel linux. É um meta-produto que deve ser finalizado pelos fabricantes dos aparelhos, e para tornar isso possivel, tem seu código aberto, e só ... desencana, android não vai ser um novo debian, tá mais pra ser um novo windows.

Liquuid 

http://thread.gmane.org/gmane.politics.organizations.metareciclagem/4568...

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dom, 31/07/2011 - 20:58

Outros 500

O site da MetaReciclagem passou o domingo fora do ar. Acusava "erro 500 - erro interno do servidor". Entrei no servidor e constatei que não tinha mais espaço em disco. Fui direto no diretório /var/log, que estava com mais de 3Gb. O maior culpado era o log de acesso do lighttpd: tinha dois arquivos com mais de 1Gb cada. Fiz uma limpa no servidor, tirei algumas coisas antigas e os arquivos de log arquivados (sim, o logrotate está funcionando, mas com arquivos mais de 1Gb não tem muito que se possa fazer, tem?).

Aproveitei que estava logado por lá e atualizei a versão do drupal 6 para a mais recente - 6.22.

2043 leituras blog de felipefonseca
sab, 23/07/2011 - 13:56

CRIAR - ARCA, Itaparica - Ba

O CRIAR é um Centro de Referência e Investigações Artísticas da ARCA que é uma Associação  Cultural e Ambientalista, localizada na Ilha de Itaparica na Bahia. Aqui desenvolvemos um trabalho com a comunidade através de cursos de inglês, espanhol, yorubá, cultura baiana, violão, teatro, dança, capoeira.

Buscando sempre o empoderamento através do conhecimento metareciclado, estamos construindo a nossa sede com uso de garrafas pets no lugar de tijolos, a nossa sede fica numa Reserva ecológica (de fato e não de direito), um bolsão verde nesta Ilha tão castigada pelo turismo predatório. Aqui na Reserva fazemos trilhas rústicas, meditação, arteterapia, encontros xamânicos, rodas de conversas, emfim buscamos autoconhecimento junto a natureza, conservando, preservando, realizando palestras com crianças e jovens da rede pública e particular do Município.

Tânia França - Coordenadora do Ponto de Cultura CRIAR

 Contato: taniademarcelo(at)hotmail.com

2270 leituras blog de o2
seg, 18/07/2011 - 02:35

metalogos

 

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sab, 09/07/2011 - 02:33

Para Calar

Coloco o fone, abro abas, penso no que vou ouvir... Vejo o hootsuite, o último post do reacesso. Procuro pelo Tempos Vindouros no SoundCloud. Acho e começo a ouvir. Ao mesmo tempo vou escrevendo isto aqui, colocanco os links. E surge um "quote" de Izidro: "Mil bichos suspensos no ar esperando canções". Chega a ser profético, no momento em que tudo isto aqui é um ritual de despedida. Vou calar. Mas para calar primeiro vou falar. 

Fecho abas, abro outra, o famoso Gmail. Tem outro "quote" de Izidro que que encaixa direitinho: "medo, angústia e solidão". Inevitável ter que parar e responder algum e-mail. Mas neste caso nem tenho do que reclamar. Todas as listas estão fora da minha caixa de entrada e eu simplesmente não as vinha olhando mais. Voltarei. 

Enquanto lavava um pouquinho  de louça,  fritava a carne-de-sol e pensava neste post o pensamento que me vinha à cabeça era de dizer logo de cara:"tenho cada vez menos certeza de que falar é fácil e calar é fatal". É algo mais ou menos assim né? A máxima que vi pela primeira vez lá no Marketing Hacker, mas que não vou conferir agora.

Sou interrompido na escrita. Aproveito para beliscar a carne-de-sol. Desculpem-me meus amigos vegans, mas ainda não consegui chegar lá. Ainda não consegui chegar em um monte de lugares, mas, como eu mesmo aprendi a dizer por aí, o que importa é o caminho. Caminho tortuoso esse.

A Internet sempre foi solução e problema aqui em casa. Prazer e desprazer. Alegria e tristeza. Essas dualidades inseparáveis, contínuos em que uma ponta se apresenta mais do que outra em determinadas horas. Por isso vou calar: "O caos tá dentro de mim".

Nestes tempos de convivência metarecileira ví algumas pessoas calarem. Dá um vazio repentino, uma sensação ruim. Depois outras vozes continuam conversas e aquelas pessoas ficam em boas lembranças, aparecendo aqui e acolá e dando o ar da graça. O carinho sempre revive, ressurge, a vontade de estar junto de rever, de saber, de...

Vou terminar a cerveja terminando o post. É importante que ele seja aqui, na metareciclagem, e não em outro lugar.Procuro a imagem que deixo aqui. Acho esta, no mesmo processo de todas as imagens que utilizo e não são minhas. Busca no google ou no flickr com algum termo chave por aquelas que tem licença de reuso. Esta é  o primeiro resultado com a palavra chave "calar" e este critério de licença no Google.

Tá vendo, tem um adestramento ai. Um adestramento que tanto busquei, que tanto quis, que me é útil, mas ao mesmo tempo nocivo. Tô cansado, mas Gaspar e Dori chegam aqui e me animam com seus olhares, tocares, espíritos de sua benevolência. Algo de muito bom está presente quando eles estão por perto. Mas acho que isto é impossível de descrever, as palavras não vão dar conta. Aliás, ouvi um tempo atrás que a Donna Haraway tava estudando algo assim. 

E na busca por um link para Donna Haraway acabo chegando a um conjunto de vídeos com uma de suas palestras. Começando com este. Dado o avançado da hora, vou me dar ao prazer de parar esta escrita por aqui e assistir Haraway. Inicialmente pensei em falar muito mais. Falar sobre o momento atual e as angústias do netnografando e principalmente tentar falar sobre essa coisa da "facilidade" no falar (isto não existe) e do não dever "calar". Mas vou fechar mesmo este post por aqui terminando de ouvir a  última faixa do novo trabalho do Izidro e partindo para calar por enquanto. Até breve.

2130 leituras blog de o2
qui, 07/07/2011 - 17:47

Porto Alegre

Fui semana passada a Porto Alegre, minha terra natal, a convite do GT de Cultura do FISL, o Fórum Internacional de Software Livre. Fazia muito tempo que eu não participava do fórum. A última foi em 2004, quando fui de carro com Dalton e Fejuada. Naquela vez conhecemos o Ian, junto com um monte de hackers do mundo todo que se reuniam na Debconf, visitamos o embrionário projeto dos Maristas que se tornaria o CRC de Porto Alegre e encontramos um monte de gente e projetos interessantes. Era o auge da época em que as redes ativistas de mídia, os produtores culturais, o software livre e pessoas envolvidas com políticas públicas se aproximavam, em uma efervescência de ideias e ideais que posteriormente se mostrou muito produtiva (e problemática, por certo).

Hoje os tempos são outros. O impacto inicial passou, a inovação foi assimilada e em alguns sentidos acomodada nas possibilidades da realpolitik. Um movimento forte de reação àquele potencial libertário está avançando a passos largos em quase todas as conquistas da última década. Pairam sobre nós as ameaças à privacidade, à neutralidade da rede, ao livre compartilhamento de conhecimento. O Ministério da Cultura, mais do que desacelerar, engatou marcha à ré, relegando à precariedade dezenas de projetos importantes de todo o país.

Perdi o primeiro dia de programação. Estava em trânsito desde Ubatuba: carona até Caraguatatuba, ônibus com escala em São José rumo ao aeroporto de Guarulhos, voo tranquilo até Porto Alegre. Nos dias seguintes fiquei flanando pela programação, feliz de reencontrar e conversar de novo com um monte de gente boa. MetaReciclagem está sempre nesses eventos, mesmo que implícita (talvez naturalmente implícita). Antes de tudo as redes de afetos, como profetizam Ruiz & Bailux.

Participei meio na diagonal do debate sobre Recursos Educacionais Abertos, organizado pela Bianca Santana. Estava ali feliz assistindo às apresentações de Sergio Amadeu, Nelson Pretto e Rejon quando fui convidado a falar. Não tinha preparado nada, mas tentei comentar que mais importante do que disponibilizar material com licenças livres é incentivar a sensibilidade de compartilhar, estimular que as pessoas percam o medo de "mexer" nas "criações" alheias, percam o medo de apropriar-se efetivamente não só dos objetos educacionais mas também dos processos que eles supõem e engendram.

A Transparência Hacker estava trabalhando em uma sala da PUC, e abriu espaço para metarecicleirxs que quisessem mesas, cadeiras e um wifi não tão ruim quanto nos auditórios. Aproveitamos para começar a debater por lá alguns planos que a Lelex está começando a desenvolver junto ao Memorial do Fórum Social Mundial que vai ser criado no centro de Porto Alegre.

MCT Livre?

A sexta-feira começou com boas perspectivas: Sergio Amadeu organizou uma conversa de integrantes de diversos grupos, redes e coletivos presentes no FISL com o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante. Alguns dias antes, o ministro já tinha dado uma declaração importante em relação à reação da imprensa depois dos supostos ataques a sites do governo: diferenciando hackers de crackers, defendendo a transparência e indicando que o MCT ia adotar medidas de transparência total nesse sentido. A conversa no FISL vinha embalada nessa perspectiva. Foi também na sala da Transparência Hacker - que ficou lotada de gente - que encontramos o ministro para sugerir caminhos e possibilidades de apoio ao campo mais amplo do conhecimento livre no Brasil.
Eu fui um dos primeiros a falar, e tentei trazer a perspectiva na qual tenho insistido, da inovação baseada em tecnologias livres. Comentei rapidamente sobre as pesquisas do projeto redelabs, buscando estruturas e modelos para operar na fronteira entre arte, ciência, tecnologia e educação. Chamei a atenção para um aspecto específico: o modelo de inovação. Enquanto ficarmos presos à inovação industrial, que é orientada somente por critérios de geração de patentes para exploração comercial, estamos desperdiçando um potencial criativo enorme. É importante estimular também inovação que tenha relevância social e educacional. Que trabalhe conhecimento de fronteira (o que eu comentei outro dia como "fazer o amanhã, pensando o depois de amanhã"). Comentei que existem iniciativas pequenas, granulares, que têm um papel fundamental nos tempos atuais. E que na política de inovação falta geralmente o aspecto de experimentação: de agentes criativos travarem contato com tecnologias, mas também de incorporarem as possibilidades de deriva, descoberta, do erro como matéria prima. Questionei a necessidade de ter objetivos fechados antes mesmo de começar a pesquisar. Sugeri que alguns caminhos estão sendo sugeridos no mundo todo com os hackerspaces, hacklabs, fablabs - que não desenvolvem somente hardware e software mas também maneiras de entender as tecnologias e seu papel na sociedade. Também propus políticas que tratem de tecnologia livre, em sentido amplo: não somente computadores e software como também linguagem, metodologias de aplicação de conhecimento. Que incentivem a deriva, a descoberta, o erro. Que estabeleçam meios de financiar projetos de fronteira, de maneira descentralizada e integrada.

Bastante gente falou naquela manhã - eu destaco a contribuição da Dani da Thacker, provocando uma reflexão sobre o projeto Cultura Viva que culminou com a ideia de "Pontos de C & T". Vi Mercadante fazendo anotações em seu caderno nesse momento, e me pareceu uma semente bem plantada. Houve também contribuições sobre dezenas de assuntos: hardware livre, fabricação, formalização de atividades, o engessamento dos fundos de inovação, e por aí vai.

Ao fim, o ministro tomou de volta a palavra e comentou alguns pontos que tinham chamado a atenção dele no discurso do pessoal. Em seguida, deu algumas sugestões de encaminhamento: apoio do CTI, medidas para desonerar a produção de hardware e software, para desburocratizar pequenos empreendimentos, para adequar os sistemas do ministério aos princípios de abertura e transparência. Comentou sobre a realização de uma olimpíada de tecnologia, análoga às olimpíadas de matemática. Por fim, pediu que todas as nossas contribuições fossem compiladas em uma proposta e apresentadas formalmente ao Ministério.

Eu confesso que me surpreendi com o nível de compreensão e abertura que Mercadante demonstrou ter sobre os temas. Até então eu tinha a impressão, principalmente por conta do episódio da Foxconn, de que ele estava totalmente alinhado com a posição que no limite submete o Brasil aos fundamentos da geopolítica atual - em que Europa e Estados Unidos projetam tecnologias e os BRICs fabricam coisas. Pela conversa, percebi que existe a possibilidade de criar estratégias mais inteligentes e dinâmicas. Resta saber se a burocracia vai potencializar essa visão ou tornar-se obstáculo.

A íntegra da conversa com Mercadante está disponível aqui (audio/ogg).

Centro, FSM, fim de FISL

À tarde, parti para o centro de Porto Alegre. Encontrei Lelex, Ruiz, Fernanda Scur e Adriano Belisário no subsolo do Memorial do Rio Grande do Sul. Conhecemos o espaço que vai sediar o Memorial do FSM, e ficamos algum tempo devaneando sobre possibilidades de ocupações metarecicleiras. O prédio era a antiga sede dos Correios, e isso pode ser um elemento forte - comunicação, circulação de conhecimento, aproximação de distâncias. Em momento oportuno a gente publiciza as ideias que surgiram, mas já adianto que são joinha ;).

Na saída, Capi Etheriel se juntou a nós. Ainda andamos um pouco pelo centro de Porto Alegre, em meio às minhas lembranças de infância e adolescência. Acabamos caindo na CCMQ para bebidas quentes. Saí de lá para visitas de família.

À noite, encontrinho espontâneo no Café Bonobo, no Bom Fim. Ambiente agradável, cervejas artesanais, comida vegetariana criativa. Micronação metarecicleira se aproximando. Ficamos um bom tempo por lá. Fê Scur levou o pequeno Léo, com seus onze meses recém completos. Eu e Capi aproveitamos a chance para matar a saudade de bebês de colo... conversas boas pela noite toda e a tradicional saideira na Lancheria do Parque.

Sábado voltei ao FISL para circular um pouco e encontrar mais algumas pessoas. Assisti à apresentação do Jon Philips sobre o Milkymist: um dispositivo para fazer efeitos de vídeo em tempo real, baseado totalmente em software livre e cujos esquemas de fabricação são também livres. O Milkymist é um projeto interessante em si, mas ainda mais importante é o que ele representa: uma solução de hardware desenhada por uma equipe pequena e coesa, que pode ser fabricado em qualquer lugar do mundo. E baseado em conhecimento livre.

Saí do FISL com a impressão de que o fórum está mais sério e objetivo. Em termos práticos isso pode ser positivo, mas sinto que aquele clima de fantasia, de invenção de novos tempos, de áreas nebulosas entre realidade e desejo, definitivamente se foi. Ressalvo somente a exceção do improvável canto cyberpunk dos maristas, que mantém viva a chama da gambiarra. No geral, entretanto, resta a fria eficácia da tecnologia como ferramenta. Espero que as próximas edições reativem a dimensão tecnomágica que tanto nos seduz & inspira.

A caminho da porta, ainda vi uma multidão de adolescentes com máscaras de V e assinaturas improvisadas de grupos de "segurança". Saí sorrindo.

A(á)gora

Para encerrar a tarde de sábado, voltei ao centro de Porto Alegre. Há alguns meses, circulou nas redes uma chamada por projetos de "tecnologias sociais" para a exposição do projeto Agora/Ágora, curado por Juan Freire com o apoio da Karla Brunet. Mandei um textinho sobre a MetaReciclagem, que acabou entrando. Não tivemos mais muito feedback sobre o evento. De qualquer forma, naquele sábado à tarde, último dia do FISL, ia rolar um debate sobre "Estratégias para Autonomia: Tecnologia e Inovação Social” com Juan e Karla, mais algumas pessoas de lá. Uns dias antes, avisei que estava na cidade e me convidaram a participar.

Fiquei sabendo que eles chamaram um pessoal de Porto Alegre para criar uma instalação sobre "MetaReciclagem". Cheguei lá e tinha uns três computadores velhos rodando linux. Não foi tão ruim assim, mas pra chamar de MetaReciclagem faltou informar na rede. De todo modo, topei o debate. Eu não conhecia o Santander Cultural, uma dessas megainstituições culturais ligadas a bancos que estão ficando comuns nos anos recentes. Dei uma volta pelo lugar, saquei a exposição do Agora/Ágora, desci ao café no subsolo para um chocolate quente (inverno gaúcho é frio).

Encontrei Karla no corredor e logo subi. Conheci finalmente Juan Freire, cujos textos eu leio e admiro desde que morei em Barcelona. O debate começou com Juan conceituando um pouco as "tecnologias sociais", falando sobre a primavera árabe e os 15M espanhol. Karla contou um pouco sobre os projetos que foram selecionados para a mostra online. Tinha também uma menina designer ou arquiteta, acho que da Unisinos, que mostrou um vídeo sobre "tecnologias sociais" com musiquinha de elevador que quase me derrubou de sono. Não consegui prestar atenção à apresentação dela, de tão entediante.

Em seguida, tomou a palavra um professor da ESPM, Felipe Scherer. Falou tanta baboseira corporativa que eu fiquei me coçando pra comentar. Usou como exemplo de inovação a campanha para criar um sabor novo de Ruffles. E ele parecia falar sério, como convém a esse tipo de gente. Incorreu um monte de vezes em metáforas militares ou da época da revolução industrial (impacto, atingir, concorrer). Falou que para obter impacto na sociedade são necessárias um monte de coisas (um daqueles slides de professor da ESPM). Entre elas, propriedade intelectual.

Aí chegou minha vez. Era tanta merda que meu xará tinha falado que decidi nem tentar rebater. Mais complicado do que o texto dele era todo o subtexto que ele implica, de legitimação de um estilo de vida consumista, alienado, distanciado, desumano, materialista, individualista e mesquinho. Mas deixei pra lá.

Acabei dando aquela geral sobre a história da MetaReciclagem. Uma história que eu repeti vezes sem conta, então não preciso contar outra vez aqui. Mas fazia tempo que eu não exercitava essa narrativa, e isso acabou trazendo alguns insights que vou explorar em outros posts no site da MetaReciclagem assim que der tempo.

O debate depois foi meio surreal, com um careca afirmando que Steve Jobs é o rei da inovação e besteiras parecidas. No fim, um garoto comentou que minha fala tinha deixado ele inquieto. Ele falou que não tinha entendido se a MetaReciclagem era "uma ONG, um coletivo, uma empresa, uma ação entre amigos...". Comentei que se ele fez essa pergunta é porque não tinha entendido mesmo. Que a MetaReciclagem não é nada disso. E não quer ser.

Gostei também dos projetos que os dois organizadores do Agora/Ágora, Aron e Daniel, estão começando a desenvolver, que têm a ver com a valorização do espaço público, fazer as pessoas repensarem a relação que têm com os espaços e a cidade. Eles chamam isso de Transvenção.

Semana corrida, muita coisa pra digerir. No fim das contas, apesar das críticas pontuais que eu faço aos dois eventos, eles deram motivo pra pensar. Voltei querendo agitar umas coisas da MetaReciclagem que estão meio paradas.

Vamo que vamo!

Atualizando: encontrei os vídeos da reunião com o ministro e do debate durante o Agora/Ágora.

2402 leituras blog de felipefonseca
qui, 07/07/2011 - 10:31

Bailux no Frequência Aberta

Regis Bailux foi entrevistado pelo programa Frequência Aberta da Rádio UFSCAR dessa semana. Escute aqui a entrevista.

3157 leituras blog de felipefonseca
qua, 06/07/2011 - 14:28

Metareciclagem e academia: espaço de reflexão ou perda de potência?

A discussão sobre caminhos e meios da rede metareciclagem é algo que tem sempre permeado e ajudado a manter viva a dinâmica de conversas da própria rede.

Há algumas semanas atrás andei me perguntando como as pessoas que se propuseram a estudar metareciclagem por uma abordagem um pouco mais formal tinham encontrado soluções para seus questionamentos. Pesquisei um pouco no Google, no Scholar, mas muita informação dispersa, cansei e parei.

Encontrei uma ferramenta essa semana que baixa os primeiros 1000 resultados do google scholar e organiza a informação de uma maneira delícia de ver. É claro que a primeira coisa que fiz foi pesquisar MetaReciclagem por lá. Coloquei em anexo nesse post o resultado que coletei, se alguém tiver interesse em ver mais detalhado.

Alguns resultados me surpreenderam, pois eu sabia que haviam alguns estudos, algumas teses, mas não fazia ideia de que já haviam sido publicos mais de 110 trabalhos que referenciam metareciclagem de alguma forma. Outro ponto mais interessante ainda, a grande maioria dos autores eu sequer ouvi falar. Esses trabalhos já receberam mais de 67 citações, no total. O que dá uma certa ideia do espalhamento e apropriação dessa produção.

Me surpreendeu bastante, confesso. Não sei o quanto o pessoal daqui tava por dentro disso. Me deu vontade de olhar com mais cuidado o que cada publicação tem falado, como entendeu e traduziu o que estamos fazendo por aqui, como descreveu sua visão de Metareciclagem e como tudo isso impacta a nossa própria de ver e fazer metareciclagem.

Sei que muita gente por aqui tem resistência a trabalhos acadêmicos e tals. Nada contra e nem a favor. Cada um, cada um. Masssss..... Como você lê esse movimento? Algumas possibilidades:

  • metareciclagem tá amadurecendo como processo e levando muita gente interessada em pesquisar cultura digital, inclusão digital, lixo eletrônico, ética hacker, etc a incluir o meta como uma referência, ampliando o espaço de reflexão do que fazemos?
  • metareciclagem está perdendo potência, virando uma rede careta e, portanto, sendo mais facilmente apropriada para estudos formais acadêmicos?
  • nenhuma das duas coisas e eu gostaria de saber o que mais pensam sobre isso....

;-)

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