Blog

As coisas não... Vez em quando me pego querendo começar a escrever um texto começando com "as coisas não...". Agora,  para registrar esta data, marcar esta passagem, deixar um tanto das minhas reflexões sobre tudo isso, falar voltando no tempo um ano atrás, não foi diferente.  Mas, por que isto?

Essa necessidade de negar logo de saída acho que é uma estratégia de defesa. Porque sempre há os estados das coisas percebidas e um"real". E se pensarmos nesse real como totalidade, como o todo,  então ele sempre será inalcançável. Percebe?

Em setembro de 2009, mais precisamente num dia 7 como o de hoje, alguns de nós abraçaram uma ideia e colocaram seus dizeres para criar uma onda caótica de MetaReciclagem, o interdependência posts.

A conversa surgiu a partir de uma paulada do efeefe. Contexto que merece ter um colocação retomada:

"um bando de gente que não se posiciona pra não se comprometer, que não se engaja pra poder pular do barco quando necessário, ou pra poder colher vantagens sem ter que negociar ou dar satisfações a ninguém. Por assim dizer, só se assumem parte da MetaReciclagem em ambientes controlados." (efeefe)

E aí? Um ano depois já dá pra fazer outra avaliação da situação? Algo mudou?

O fato é que a metodologia efeefe de agitação de rede gerou alguns tipos de sentimentos afins entre um bando de gente naqueles dias. E isso reverberou aqui (no nosso universo de interlocução cibernético) numa vibração de participação,  de produção, de vamo que vamo,  de movimentação, de #tamojunto.

Hoje, seguindo as questões que que já foram colocadas, acho que vale perguntar: O que se tornou o mutirão da gambiarra? Era isso que felipe vislumbrava naquele período? Que desvios aconteceram? De que forma quem está envolvido com o mutirão hoje se relaciona com aqueles sentimentos de um ano atrás? Isso importa? Para além da visão de Felipe Fonseca, o que queremos? Para onde vamos?

Quem sabe, inspirados em Durand, possamos  recomeçar sempre a partir de ontologia nenhuma. Porque as coisas não criam interdependência como existência, substância. Interdependência não é algo que possa ser. Não é algo materializável. 

Se seguirmos algumas das inspirações filosóficas que constroem boa parte dos imaginários MetaReciclagem vamos ver que o segredo está no entre, no caminho, no que liga. Mas não como um elemento, uma ponte,  uma estratégia, uma definição. O entre é a transformação, a mudança, que alguns de nós acreditam seja mais interessante quando se dá a partir da apropriação.

E então na práxis cabe sentir / entender que a mudança, a tranformação se dá permanentemente, mas nem sempre a apropriação acompanha.  Que apropriação é essa? Por que não está sempre junto com a mudança? Ficam aí as questões. Porque as coisas não falam por elas mesmas, precisam de porta-vozes. Eis aí o papel de muitos de nós, talvez. Questionável, sempre.