metareciclagem
Deconferência MetaRec: Tecendo Redes
Encontro MetaRec no III FICD.Br em 4 de dezembro de 2011.
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A Matriz de forças da sustentabilidade
Há pouco mais de um ano escrevi um texto chamando Sustentabilidade Insustentável1, uma provocação que deu certo. Nele eu destacava que na prática em se tratando de sustentabilidade somo quase todos hipócritas e egoístas, pois ao mesmo tempo que nos tornamos verdes, continuamos agindo como se o mundo fosse um gigantesco shopping. Propus que a única forma de mudar o mundo seria mudando profundamente nosso estilo de vida, repensar o consumo e o capitalismo, e fechei ressaltando que temos de pensar e agir coletivo, antes que o próximo cataclismo venha nos ensinar.
Na busca de fundamentar o tema, comecei a chegar a conclusão que não existem apenas duas forças. Admito que a cultura do consumo e a cultura verde são duas forças importantes, mas não são as únicas. Existem outras e a interferência entre elas, tanto as ameaças artificiais na natureza quanto as naturais no espaço do artificial, ou as forças da natureza sobre o planeta e sobre os bens artificiais e tecnológicos. Na análise da matriz tanto as forças naturais como artificiais podem se alinhar e provocar ainda mais danos nos dois sistemas: o natural e o artificial, entendeu? Pois é, eu ainda não cheguei a uma conclusão, mas nada mais natural do que compartilhar as ideias para que elas se desenvolvam no ecossistema social.
Mapeando as forças cheguei a uma matriz muito semelhante à Matriz de Porter2, que analisa as cinco forças que determinam a sustentabilidade de um mercado dentro de um ambiente capitalista. Esta abordagem não tem nada de cientifica, o foco aqui é mais filosófico, e obviamente não tem nenhuma pretensão de ser conclusivo.
As cinco forças
As cinco forças da sustentabilidade atuam numa matriz onde o bem é o próprio planeta, e são elas:
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Forças da natureza – efeitos naturais que afetam o planeta, são forças que independem da ação do homem tais como terremotos, erupções vulcânicas, tsunamis, tempestades, forças das marés, enchentes, pragas, doenças e etc...
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Ameaças artificiais – são forças decorrentes da interferência do homem no planeta, configuram-se novas ameaças ou potencializam os efeitos naturais.
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Ameaças naturais – são forças naturais externas ao planeta, tais como tempestades solares, meteoros, forças de atração interplanetárias e outros por exemplo.
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Cultura verde – é a força de sustentação do planeta, a cultura ecológica que visa interferir na recuperação do meio ambiente.
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Cultura do consumo – é a cultura do consumo criada em 1955 por Victor Lebow3 para favorecer o crescimento do capitalismo. E hoje somos vitimas desta cultura que consome a nos, nossos laços familiares e afetivos e principalmente o planeta.
No texto Sustentabilidade Insustentável ficou clara a interação entre as forças da Cultura verde e da Cultura do consumo, mas também ficou claro que esta interação não é frontal. A cultura verde ainda não se posicionou frontalmente contra a cultura do consumo, esta interação hoje ainda se dá de forma tangencial. Entretanto o posicionamento frontal é a tendência para que a resultante destas duas forças seja nula. Mas porque ainda não temos um posicionamento frontal entre estas duas forças?
Durante a Crise Econômica Mundial de 2008-2009, os países envolvidos injetaram cerca de U$ 10 Trilhões4 para salvar a economia, ou seja U$1.422,00 por habitante do planeta! Proteger os principais ecossistemas mundiais por 30 anos custaria apenas U$ 1,3 Trilhões5, ou erradicar a fome no planeta apenas U$ 30 milhões por ano. Você acha que os governos investiriam esta quantia para salvar o planeta? Provavelmente não, e não que os governos sejam maus, e sim porque todos nos vivemos num perverso sistema de dogmas e valores, onde o capital e a propriedade intelectual estão acima das pessoas e dos direitos civis.
Segundo Douglas Rushkoff o capitalismo é o sistema operacional da sociedade atual. Ou seja todos o nosso sistema de valores, dogmas e padrões comportamentais estão baseados neste sistema operacional chamado capitalismo e acrescento que o “shell” é a cultura do consumo de Victor Lebow, que nada mais é do que a maior força destrutiva do meio ambiente da atualidade. Rushkoff ressalta que já houveram outros “sistemas operacionais” na história da humanidade e assim como o capitalismo que é uma invenção do homem, o próximo sistema também o será.
Voltando alguns parágrafos atrás podemos concluir que as culturas verde e do consumo não se enfrentam frontalmente porque a cultura verde teria de negar o capitalismo para fazer este enfrentamento, e uma sociedade “rodando” sobre o capitalismo simplesmente iria reagir contra o confronto. Ou seja, não enfrentamos o capitalismo e a cultura do consumo que devoram o planeta porque simplesmente não conseguimos achar alternativas para o primeiro e nem nos entender sentindo prazer sem o segundo, esta é a pura verdade. Será necessário um profundo pensar “fora da caixa” para achar uma solução para este paradoxo.
No livro The End of Money and The Future of Civilization, Thomas Greco fala que qualquer crescimento exponencial é insustentável, e cita que três crescimento exponenciais na atualidade: O nível de CO2 na atmosfera, a população humana e o endividamento. Todos os três nos levam à um sistema em crise, o crescimento do nível de CO2 na atmosfera intensifica o aquecimento global e é uma das forças chamadas de ameaças artificiais, o crescimento da população humana também se enquadra nesta força pois nossa tecnologia afastou de nós nosso inimigos naturais, e segundo estudos o planeta só suporta o dobro da população atual. O endividamento deu seu primeiro sinal na crise recente, e colocou a eficiência do sistema na roda de discussão e o capitalismo em cheque. O colapso anunciado dos três sistemas será bom para o planeta e ruim para a humanidade.
História das coisas6 é um projeto que tem por objetivo mostrar que o sistema capitalista esta em crise e que é preciso mudar muita coisa, alias foi este projeto que me motivou escrever este artigo. No video do projeto7 a autora ressalta alguns fatos preocupantes: Somente nas três últimas décadas foram consumidos 33% dos recursos naturais existentes no planeta; Para cada saco de lixo que dispensamos, outros 70 foram dispensados no processo de fabricação; Os EUA com 5% das população mundial consomem 30% dos recursos naturais extraídos.
O cenário não é nada favorável, e ainda temos de acrescentar as forças de ameaças naturais e artificiais na equação, uma tempestade solar anunciada promete dizimar todo tipo de equipamento eletrônico8, isto é um exemplo de interação das ameaças naturais no espaço do artificial. A interação das forças nos espaços naturais e artificiais pode configurar novas forças e novos cenários, é importante pararmos para analisar isto.
É importante repensarmos novos valores, para muitos será impossível pensar num mundo sem a cultura do consumo, mas para a sociedade conectada isto pode ser bem mais fácil. Temos de pensar diferente, retornar os bens duráveis, dizimar a cultura do consumo. Temos ai a rede Metareciclagem que tem por proposta a desconstrução da tecnologia para a transformação social, dando novas funcionalidades a hardwares descartados. A cultura livre é um ótimo exemplo de pensar diferente, a ideia de compartilhar e remixar é o caminho para um novo modelo de economia sustentável, e eu acredito muito que este novo modelo surgirá com força no Brasil.
Notas:
1 - Sustentabilidade Insustentável - http://www.trezentos.blog.br/?p=120
2 - As cinco forças de Porter - http://pt.wikipedia.org/wiki/Cinco_for%C3%A7as_de_Porter
3 - Victor Lebow - http://en.wikipedia.org/wiki/Victor_Lebow
5 - http://www.terra.com.br/revistaplaneta/edicoes/436/artigo123597-2.htm
7 - http://www.youtube.com/watch?v=lgmTfPzLl4E
João Carlos Caribé é publicitário e ciberativista, é um feroz combatente do AI5digital sendo um dos idealizadores do movimento Mega Não, e esta trilhando para se tornar um novo modelo de publicitário, o “despublicitário” que usa todo seu know how para desconstruir a cultura do consumo.
1Sustentabilidade Insustentável - http://www.trezentos.blog.br/?p=120
2As cinco forças de Porter - http://pt.wikipedia.org/wiki/Cinco_for%C3%A7as_de_Porter
3Victor Lebow - http://en.wikipedia.org/wiki/Victor_Lebow
4http://www.swissinfo.ch/por/specials/crise_financeira/Governos_gastam_quase_US$_10_trilhoes_com_a_crise.html?cid=846172
5http://www.terra.com.br/revistaplaneta/edicoes/436/artigo123597-2.htm
6http://storyofstuff.org/
7http://www.youtube.com/watch?v=lgmTfPzLl4E
8http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ambiente/astronomia-nasa-pesquisa-cientifica-tempestade-solar-superinteressante-584813.shtml
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Encontro do Recife
O Encontro do Recife - #EdoR
O encontro de metarecicleirxs na cidade do Recife em 20xx
Quando
a definir em 20xx
Onde
Recife - PE (local a definir)
Por que se encontrar
Para pensar junto sobre os discursos que tornam a metareciclagem possível, desejável, erótica e uma ação coletiva libertadora, delirante, criativa - ou não. Discursos materializam o exercício de poder de controle e de autoridade; de legitimação e de caixas (fechadas).
Para exercitar mais uma oportunidade de superação das posturas dicotômicas (ativista - acadêmico etc) que são a bem dizer bem cômodas e interessantes, mas são moinhos.
Para dialogar a Metareciclagem como um MOVIMENTO SOCIAL. E não se trata mais então de nomear ou não o que seja a Metarec, trata-se da disposição da necessidade (até de sobrevivência) de pensar uma articulação com outras formas de atuação coletiva de maneira que se aprofunde uma certa identidade. Porque há várias em trânsito, não é mesmo? Elas são excludentes? Elas se cooperam? No que a afirmação e consolidação de uma identidade 'movimento social' contribui com as articulações necessárias com o 'novo' governo federal? E com os governos estaduais?
Objetivos
- A presentar pesquisas recentes sobre emergências, experiências, processos, metodologias que se situam no entrecruzamento entre cultura, política e T.I. no Brasil;
- Discutir influências, experiências, discursos justificadores de ações coletivas com mídias livres colocadas em prática na primeira década do século XXI;
- Avaliar a relação dessas práticas com as regras, modelos, preconceitos e limitações das instâncias de pesquisa.
Participantes
(Para participar basta colocar o nome, uma tag e vir fazer junto)
Andréa Saraiva - #economiadacultura
Célia Menezes - #tecmulher
Daniel Duende - #mitoreciclagem
Douglas Rodrigues - #musicorec
Felipe Fonseca - #redelabs
Glerm Soares - #tecnocracia
Hernani Dimantas - #zonasdecolaboracao
Isaac Filho - #mitoreciclagem
Luiz P. Costa - #midiaslivres
Luca Toledo - #culturaciborgue
Maíra Brandão - #politicadecultura
Marcelo Braz - #economiasolidaria
Meiry Coelho - #sociomovimentos
o2 - #reacesso
Patrícia Fisch - #vidalivre
Raquel Lira - #politicadecultura
Régis Bailux - #bando
Regiane Nigro - #lixoeletronico
Ricardo Brazileiro - #cotidianosensitivo
Stella D'Agostini - #midiaslivres
Tati Wells - #baobavoador
Teia Camargo - #acoesanimicas
Yasodara Córdova - #ontodesign
Pesquisas (acrescente outras)
Hernani Dimantas - Zonas de Colaboração e MetaReciclagem: pesquisa-ação em rede
Thaís Brito, Ricardo Ruiz, Pixels - Contracultura digital
Rafael Evangelista - Traidores do movimento: política, cultura, ideologia e trabalho no Software Livre.
Luiz Carlos Pinto (Lula) - Ações coletivas com mídias livres: uma interpretação gramsciana de seu programa político
Paulo José Lara -
Algumas Questões
Vamos estabelecer uma programação? Como?
Quem vier, como vem e onde fica?
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