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qui, 26/01/2012 - 14:01

Laboratórios Experimentais (CCE + Mutgamb) Curitiba

O que incentiva a experimentação? (veias, curiosidade, vontade, artérias e códigos)
Linhas tênues que diferenciam o processo de cada espaço e envolvem diversos indivíduos, que circulam por várias dessas conexões, afinal as pessoas estão (as pessoas não são, elas estão).
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Objetivo:
produção de 04 registros ou micronarrativas (máximo de 10 min) a convite do Centro Cultural da Espanha tendo como pauta experiências de Laboratórios Experimentais no Brasil.
Felipe Fonseca, responsavél pela curadoria dos vídeos, convidou o Mutgamb para produzir os vídeos.
Ao invés de dividirmos em regiões, que era a ideial inicial, percebemos que seria mais interessante focar em espaços de forte atuação na cena de Labs: IP, no Rio de Janeiro e Glerm Soares, Lucida Sans e demais espaços que estão envolvidos, em Curitiba.

Tati Wells ficou responsavél pela produção do documentário sobre o IP e eu sobre a cena de Curitiba.
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Base para desenvolvimento do roteiro:
Laboratórios Experimentais e Cultura Digital Brasileira:
Espaços que unem pessoas, valorizam o processo de criação a liberdade de experimentação.

Eixos:
-Cultura Digital Brasileira,
-Experimentação;
-Poética da tecnologia;
-Formas de sobrevivência;
-A não alienação tecnologica;
-Metareciclagem.
Espaços em que o processo de produção e experimentação em hardware e software é mais valorizado do que o produto. Aliás, aqui o produto deixa de ter a conotação de um objeto e passa a ser  instantes de efervescência de momentos de criação pautados por um grupo que se reúne com objetivo de disseminar novas formas de lidar com a tecnologia: amplificando a poética de seus sensores e modulando novas frequências a partir da ressignificação de objetos.
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Saímos 10 de Janeiro, dia nublado em São Paulo e pegamos a estrada com uma seleção musical diversa e divertida.

Horário de saída: 12:00
Horário de chegada: 18:00

Da ressignificação:Chegamos em Curitiba e fomos direto para Museu da Gravura, espaço em que estava acontecendo o Hacklab do Solar. Lá encontramos Glerm Soares, que nos mostrou o Toscolino e abriu as entranhas da programação do tal (visualizamos o patche) e nos explicou o que constituia o Toscolino: um controle joystick, que permite a manipulação de som pela pessoa que está com o mesmo em mãos.

Quem foi mesmo que disse que a cadeira foi feita só para sentar?

E foi essa essência que tentamos capturar durante as entrevistas: como se dá esse proceso inventivo e de subversão de objetos e conceitos, que torna a cena experimental Curitibana tão especial?

A busca:
Os elos que constituem e desenvolvem esses espaços em Curitiba circulam por vários grupos, o que enriquece a troca de conhecimento e potencialização do processo de surgimento de novas ideias.Por isso não chegamos lá com um roteiro fechado, e sim com o objetivo de des-formatar o estilo de construção de micro-documentários atual, e para isso meta-experimentamos no processo de montagem da linha de perguntas, entrevistados e espaços de filmagem.

A riqueza estava em como as coisas surgem, e não nos que elas se tornaram.

Chegamos com algumas perguntas base para conversar com cada entrevistado, mas elas eram modificadas de acordo com o teor e conteúdo que ia surgindo na conversa. Sinto a grande amplitude da gambiarra quando valorizamos os novos caminhos que são abertos durante a feitura de um projeto e nesse ponto elevamos ao máximo essa potência do processo desmistificado.

Nós quem? Desviando…Para mim uma das grandes experimentações do vídeo é convite que fiz para Marilia Rubio. Alguém que tem uma linguagem e processo de criação bem diferente das linhas que sigo e das propostas que me envolvo. O objetivo desse envolvimento é o de oxigenação de elementos e ideias, já habitualizadas, e potencialização de novas linguagens. Fomos construíndo nossos processos a partir de nossos erros, acertos e soma de algoritimos que inventamos a cada momento, aproveitando tudo que existia ao redor para nossas ins-pirações e mesclando nossos olhares sobre circuitos e mundos. Às vezes dava certo, às vezes dava errado. A parte mais legal é quando dava errado: aí mora a riqueza das diferenças, que somadas criam algo quase que inédito, que só encontramos na lacuna da transversal que cada um tem intimamente.

Eles quem? Nadando nas profundezas sensoriais…
Os entrevistados:
Patricia Valverde
Fernando Rosenbaum
Ana Gonzalez
Goto Newton
Glerm Soares
Simone Bittencourt

Teor da conversa:

As perguntas variaram bastante de pessoa para pessoa, mas existe uma linha que liga os momentos registrados, como a rede que existe em Curitiba, a questão de espaços de criação lúdica e tecnologica que tem curta duração fisica, mas longa em outros âmbitos, como listas de discussão, como fomentar esses espaços e a ocupação de espaços públicos como museus e espaços não governamentais. Afinal, como incentivar tudo isso?

E quando fica pronto?

Bom, agora vamos para uma nova fase da feitura do vídeo e a previsão de finalização é Fevereiro/2012

Links Interessantes:
Orquestra Organismo: http://organismo.art.br
Movimento dos Sem Satélite: http://devolts.org/msst
Circuitos Compartilhados http://www.circuitoscompartilhados.org/
Trânsitos http://transitos.org/
Bicicletaria Cultural http://www.curitibacultura.com.br/tags/bicicletaria-cultural
Hacklab Solar http://mutgamb.org/blog/Hacklab-Solar-Computacao-Poetica-e-Eletronica-Ar...
Jardins de Volts http://organismo.art.br/blog/?tag=jardim-de-volts

2238 leituras blog de siliamoan
sab, 21/01/2012 - 14:18

Access Space

Nossos primos britânicos do Access Space fizeram um timelapse sobre dois dias de trampo por lá. Parece a rotina metarecicleira (não por acaso):

Now with added pizza! - Timelapse Video of Access Space Mega Recycle Mid-Weekend, March 2011 - V2 from Richard Bolam on Vimeo.

2227 leituras blog de felipefonseca
qua, 28/12/2011 - 10:59

Software livre com mentes proprietárias

Este texto é uma tentativa de abrir um debate sobre a atitude de algumas empresas que solapam todo o significado do software livre. Vou usar um exemplo ocorrido há alguns meses, infelizmente não posso dar o exemplo completo, pois um amigo envolvido no ocorrido pediu que eu não citasse os envolvidos com o caso.

Fui procurado por um amigo envolvido com SL (software livre), que estuda numa faculdade particular. Ele me falou sobre o planejamento de organizar um evento de SL em sua faculdade. Dei uma força e me dispus a ajudar no que fosse preciso, dentro de minhas limitações. O evento iria ocorrer, estava tudo certo junto à coordenação da faculdade. Já tinham datas certas, eu ia palestrar. A bronca que ocorreu foi que uma empresa queria fazer um lançamento oficial do ubuntu. Esse lançamento iria ocorrer no mesmo dia do evento de SL. Sem muito diálogo a coordenação da faculdade vetou o evento de SL, dando preferência ao lançamento do ubuntu.

Lanço então uma questão:

Se o ubuntu é um SL, por que o seu lançamento não foi dentro do evento?

De acordo com o site da distribuição ubuntu:

     “Ubuntu é uma antiga palavra africana que significa algo como “Humanidade para os outros” ou ainda “Sou o que sou pelo que nós somos”. A distribuição Ubuntu traz o espírito desta palavra para o mundo do software livre.”

Palavras até bonitas, mas que não são praticadas. Principalmente quando há mercado/marketing e gente querendo se aproveitar do SL. É notável a preocupação apenas mercadológicas que passam por cima de conceitos presentes no SL, como colaboração e compartilhamento. Hora, para a empresa seria mais interessante o boom do lançamento do seu produto/serviço com exclusividade.
Eu gostaria de citar nomes. Infelizmente não posso, ainda. Mas deixo aqui minha indignação com esta empresa que de software livre não tem nada! E que jogam baixo, muito baixo.

Obs1: não estou falando da canonical.

Obs2: não estou atacando o ubuntu.

2402 leituras blog de yzak
dom, 04/12/2011 - 12:31

MetaReciclagem no Festival Cultura Digital.Br

Terceiro dia do Festival Cultura Digital.Br e programação "oficial" com MetaReciclagem às 16h no encontro de Redes. Isso te diz alguma coisa? Ontem numa das conversas alguém disse que rede era o modelo de organização política do século XXI. Quase que imediatamente olhando para todos os lados, com bocas, narizes e orelhas, vieram os questionamentos. Por que modelo? E por que século  XXI?

Talvez uma das armadilhas mais estranhas dentre as tantas nas quais caímos diariamente seja a de começar a tocar remixes conceituais como realidades dadas. Essa mistura de compreensões que gira em torno do termo "rede", tomada como algo novo, "o novo", é problemática. Aliás, nem precisa associar com o novo. Rede,  às diferentes práticas, técnicas, metáforas, metodologias e tudo mais não se comunicam tão obviamente. Logo, que rede é essa que você está falando?

Armadilha 2. Talvez o impulso seja dizer o que é a "rede" que tá passando pela cabeça, corpo, espírito, tudo junto. Vamos desviar dessa também? Um conjunto de elementos, coletivo fluído, de teorias, gente, máquinas e coisas que não conseguimos rotular ou classificar quase que pedem no consciente para não fazer isso. Me diga o que "a rede" faz. Aliás, se "a rede" falasse por ela própria, o que diria?

Começei falando das impressões aqui do festival pela questão da consciência [http://reacesso.webnos.org/2011/12/03/ficd-br-comecando/] e o mote segue. Podemos buscar outras palavras para ajudar nessa conversa? Hoje o que queremos? Sabemos o que queremos? Como é esse querer coletivo? Como que a gente se relaciona entre o interesse coletivo e o individual? No despertar contínuo desses questionamentos as palavras, as imagens, o capturar da pegada digital de hoje é apenas um conjunto de elementos. Não  sabemos do todo, não vemos um todo, que é fluído descentrado, que são muitos. Mas esse fazer compõe um todo. Com consciência, ou outras palavras.

2313 leituras blog de o2
sex, 25/11/2011 - 08:52

distros derretidas

Derretendo com distros minimalistas e com editores de áudio. Usar o Puppy Linux no pczinho rola, mas quero testar alguma outra voltada à áudio, vídeo e derretimento musical.

O audacity roda fino, altas violadas gravadas.

Pensando aqui em instalar o Dyne-Bolic ou similares pra testar todo o poder dos 256 mb.

E lá vamos rumo ao simples-pequeno-estúdio-qualquerlugar.

 

2308 leituras blog de mondegrass
qui, 03/11/2011 - 01:45

Moção do Seminário realizado em Osasco-SP, sobre resíduos eletroeletrônicos(REEE)

 

Em 14 de outubro de 2011 foi realizado em Osasco o Seminário
Trabalho e Inclusão (SDTI) da Prefeitura de Osasco em parceria com a
Rede MetaReciclagem. O objetivo do seminário foi trazer ao debate público um tema de relevante importância para a saúde pública que é o reuso, o descarte adequado e a reciclagem ou disposição final dos resíduos de equipamentos
eletroeletrônicos (REEE).
 
Após uma profícua discussão entre os participantes da mesa e o público
presente composto por trabalhadores da economia solidária, poder
público, comunidade acadêmica, gestores em economia solidária e
membros da Rede MetaReciclagem chegamos a mesma constatação que
tivemos ao participarmos da audiência pública do Plano Nacional de
Resíduos Sólidos em São Paulo, nos dias 10 e 11 de Outubro de 2011; é
necessário que haja maior transparência e controle social no
estabelecimento de um plano para a logística reversa de
eletroeletronicos.
 
No início do ano de 2009 houve uma tentativa dos representantes legais
da indústria de eletroeletrônicos em retirar do texto do projeto de
lei que instituía a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) a
regulamentação do tratamento adequado aos resíduos eletroeletrônicos.
A Rede MetaReciclagem conseguiu através de uma campanha pública na
internet a assinatura de mais de 2000 pessoas apoiando a reinserção de
tal tema no texto do projeto de lei, o que de fato acabou ocorrendo
por meio desse dispositivo de pressão política popular. Aqui o texto
da campanha e a petição online feita a época:
 
Consideramos que é essencial compor diálogo entre interesses
divergentes. Certamente questões como a reutilização de componentes,
facilidade de manutenção e “ecodesign" dos produtos, construção de
centros socioeducativos de pesquisa e reaproveitamento para novos usos
com a participação das cooperativas de catadores podem se opor aos
objetivos mais imediatos do setor industrial, porém são questões
relevantes do ponto de vista da coletividade, do desenvolvimento local,
da autogestão nas formas de produção e do uso adequado e planejado dos
recursos naturais, interesse de toda a sociedade.
 
Por estes motivos escrevemos essa moção contrária ao atual
encaminhamento que está sendo dado ao tema específico do tratamento
dos resíduos eletroeletrônicos nas Audiências e Consultas Públicas
Regionais feitas pelo Ministério do Meio Ambiente em curso,
privilegiando os chamados acordos setoriais fechados; pois acreditamos
fortemente que tal discussão deva ser debatida de forma ampla com toda
a sociedade civil exaustivamente, por se tratar do interesse público
no cuidado com o meio-ambiente e com a saúde pública, explicitando a
responsabilidade de toda a cadeia de produção, consumo e descarte e a
ampliação dos  mecanismos de geração de trabalho e renda das várias
cooperativas de triagem e reciclagem espalhadas pelo país; preferência
essa claramente colocada no texto da lei em vigor da Política Nacional
de Resíduos Sólidos (PNRS).
 
Osasco, 14 de Outubro de 2011
 
Fotos e alegrias, by Regi -->  Veja
2536 leituras blog de mbraz
qua, 02/11/2011 - 14:16

Encontrinho em Sampa

A expressão popular "vai até chover" é geralmente associada a eventos raros. Foi o caso do Encontrinho de MetaReciclagem que aconteceu em São Paulo em 15 de outubro. Aproveitamos a sobreposição das várias agendas - algumas pessoas estavam na cidade para o Fórum da Internet, outras participariam de um debate sobre Lixo Eletrônico e Economia Solidária que o Mbraz organizava em Osasco. Organizamos o Encontrinho no SESC VIla Mariana, onde alguns de nós ajudamos a montar a exposição Pedaços da Terra.

Perto do meio-dia, a chuva castigava São Paulo, daquele jeito - ruas alagadas, farois piscando, pouca gente na rua. Às 14hs, horário combinado através da lista, começamos a chegar. Confesso que naquele momento achei que seríamos 2 ou 3. Mas foi chegando gente e chegando gente... algumas pessoas que eu nunca tinha encontrado pessoalmente, como o Vilmar e a Vanessa (e o Fabrício, que eu tinha conhecido dois dias antes), além de mais um monte de amigxs que há muito não revia - inclusive algumas celebridades do bando metarecicleiro ;)

Logo chegou Tati com comidas, bebidas e os imbatíveis brigadeiros no copinho acompanhados de chá de hortelã (pra facilitar a digestão). Regis trouxe presentes dos Pataxó de Porto Seguro.

Encontrim

Na foto: Felipe Cabral, Hernani Dimantas, Glauco Paiva, Vilmar Simion, Andrea Saraiva, Regi, Marcelo Braz, Vanessa, Regis, Fabbri, Sília Moan, Tati Prado, Kiki Mori e Fabricio Muriana. Eu estou atrás da câmera ;)

Nos apresentamos uns aos outros, uma vez mais. Conversamos sobre um monte de coisas - a rede, identidade, próximos encontros, Política de Resíduos Sólidos, projetos e aspirações. Levantamos questões. Nos reconhecemos.

O saldo positivo foi que nos dias seguintes a lista começou a esquentar de novo. Estamos aí, sempre requentando essa rede que insiste em continuar.

Até a próxima... e não esqueçam: maio de 2012 é Encontrão Hipertropical, aqui em Ubatuba!

2878 leituras blog de felipefonseca
ter, 25/10/2011 - 11:18

Uma chamada ao exército do amor e ao exército do software

12 de Outubro de 2011

Por Franco Berardi e Geert Lovink

Tradução colaborativa por Felipe Cabral, Renato Fabbri, Iuri Guilherme dos Santos Martins, Felipe Fonseca e Naldinho Motoboy.

Original aqui.

A luta contra a Ditadura Econômica [1] está em erupção.

Os chamados “mercados financeiros” e seus serviços cínicos estão destruindo os fundamentos da civilização social. O legado do compromisso do pós-guerra entre a classe operária e a burguesia progressista está longe de desaparecer. Políticas neoliberais estão cortando custos da educação e do sistema de saúde pública e derrubando o direito a um salário e uma pensão. O resultado será o empobrecimento de grande parte da população, a precariedade das condições de trabalho (freelances em alta, contratos de curto prazo, períodos de desemprego) e a humilhação diária dos trabalhadores. O efeito da crise financeira ainda poderá ser visto através da violência, com pessoas evocando bodes expiatórios [2] e expalhando raiva aos quatro ventos. Limpeza étnica, guerra civil, a obliteração da democracia. Este é um sistema que chamamos o Nazismo Financeiro: FINAZISMO.

Agora mesmo, as pessoas estão lutando em muitos locais e de muitas maneiras. O Occupy Wall Street inspirou uma mobilização em massa em Nova Iorque, que está se expandindo pelos Estados Unidos a cada dia. Na Grécia, trabalhadores e estudantes estão okupando a Praça Syntagma e protestando contra a extorsão do Banco Central Europeu, que está devastando o país. Cairo, Madrid e Tel Aviv: a lista dos movimentos de praças está proliferando. Em 15 de outubro, cidades ao redor do mundo irão [2] lotar com pessoas protestando contra o roubo sistêmico.

Será que nossas demonstrações e ocupações vão parar a máquina Finazista? Não. A resistência não vai resistir, e nossa luta não vai parar os crimes legais. Vamos ser francos, nós não vamos persuadir nossos inimigos a parar seus ataques predatórios (‘vamos lucrar ainda mais com a pŕoxima queda’) pela simples razão de que nossos inimigos não são seres humanos. Eles são máquinas. Sim, seres humanos – gerentes, acionistas, negociadores – estão guardando o dinheiro que nós estamos perdendo, e predam os recursos que os trabalhadores produzem. Políticos assinam leis que entregam as vidas de milhões de pessoas para o Deus Todo-Poderoso do Mercado.

Banqueiros e investidores não são os verdadeiros tomadores de decisões, eles são participantes em uma economia de confusão gestual. O real processo do poder predatório se tornou automatizado. A transferência de recursos e riqueza daqueles que produzem para aqueles que não fazem nada a não ser observar os padrões abstratos de transações financeiras está embutida na máquina, no software que controla a máquina. Esqueça os governos e os partidos políticos. Estes fantoches que fingem ser líderes estão de conversa fiada. A opção paternalista que eles oferecem através de ‘medidas austeras’ enfatiza um cinismo galopante inerente aos partidos políticos: todos eles sabem que perderam o poder para o modelo de capitalismo econômico há anos. Desnecessário dizer que a classe política está ansiosa para controlar e sacrificar os recursos sociais do futuro através de cortes de orçamento para ‘satisfazer os mercados’. Pare de dar ouvidos a eles, pare de votar neles, pare de pular de raiva e amaldiçoá-los. Eles são apenas cafetões, e a política está morta.

O que deveríamos fazer? Viver com a violência Finazista, curvar-nos à arrogância dos algoritmos, aceitar a exploração crescente e o declínio dos salários? Não. Vamos lutar contra o Finazismo, pois nunca é tarde demais. Neste momento, ele está vencendo por duas razões. Primeiro, porque perdemos o prazer de estarmos juntos. Trinta anos de precariedade e competição destruiram nossa solidariedade social. A virtualização das mídias destruiu a empatia entre os corpos, o prazer de tocar o outro e o prazer de viver no espaço urbano. Perdemos o prazer no amar, por muito tempo devotado ao trabalho e às exigências virtuais. [ 3 ]  O grande exército do amor tem que acordar. Segundo, porque nossa inteligência tem sido submetida ao poder dos algoritmos em troca de um punhado de dinheiro de merda e de uma vida virtual. Por um salário miserável quando comparado aos lucros dos chefes de corporações, um pequeno exército de softwaristas estão aceitando a tarefa de destruir a dignidade humana e a justiça. O pequeno exército de programadores tem que acordar.

Há apenas uma maneira de acordar o amante que está escondido em nossos paralisados, assustados e frágeis corpos virtualizados. Há apenas uma maneira de acordar o ser humano que está escondido na vida diária miserável do softwarista: tomar as ruas e lutar. Queimar bancos é inútil, pois o poder real não está nas construções físicas, mas na conexão abstrata entre números, algoritmos e informação. Porém, ocupar bancos é bom como um ponto de partida para um processo de longo prazo de desmantelamento e re-escrita dos autômatos tecno-linguísticos que estão escravizando todos nós. Esta é a única política que conta. Alguns dizem que o movimento Occupy Wall Street não tem demandas claras e uma agenda. Esta observação é ridícula. Como no caso de todos os movimentos sociais, os contextos políticos e motivações são diversos, mesmo difusos ou muito frequentemente contraditórios. O movimento de ocupação não seria melhor com demandas mais realistas.

O que é emocionante agora é a multiplicidade de novas conexões e compromissos. Mas ainda mais emocionante é encontrar maneiras que podem pôr em marcha o “êxodo” coletivo da agonia capitalista. Não vamos falar sobre a “sustentabilidade” do movimento. Isto é chato. Tudo é transitório. Estes eventos de combustão rápida não nos ajudam a superar a depressão diária. Ocupar as praças e outros espaços públicos é uma forma de responder à curta duração das manifestações e passeatas. Estamos aqui para ficar.

Não estamos demandando uma reforma do sistema financeiro global ou do Banco Central Europeu. O retorno às moedas nacionais do passado, tal como requisitado pelos direitistas populistas, não irá tornar os cidadãos comuns menos vulneráveis às especulações monetárias. Um retorno à soberania do Estado também não é uma solução, e muitas pessoas já percebem isto. A demanda por mais intervenção, controle e supervisão dos mercados é um gesto desesperado. A verdadeira questão é que os humanos não estão mais no comando. Precisamos desmantelar as próprias máquinas. Isto pode ser feito de uma maneira muito pacífica. Hackear seus sistemas, publicar seus crimes através de iniciativas como o Wikileaks [ 4 ] e então deletar suas redes assassinas de negócios em tempo real, para sempre.

Mercados financeiros são feitos da política de velocidade e desterritorialização. Mas nós conhecemos  suas arquiteturas e vulnerabilidades. O mundo financeiro perdeu sua legitimidade. Não há mais consenso global de que o ‘mercado’ está sempre certo. E esta é nossa chance de agir. O movimento deve responder à altura. Desativar e reprogramar o software financeiro não é um sonho de uma sabotagem ludita da máquina. Regulação do mercado não irá fazer o serviço, apenas autonomia e auto-organização dos programadores pode desmantelar os algoritmos predatórios e criar programas de auto-empoderamento para a sociedade.

O intelecto geral e o corpo social erótico devem se encontrar nas ruas e nas praças, e unidos irão quebrar as cadeias do Finazismo.

Notas de tradução:

[ 1 ] No texto original o termo usado é “Ditadura Financeira”. No entanto, José Saramago, durante o documentário “Janela da Alma” já havia conceituado esse fenomeno como Ditadura Econômica, portanto acho mais prudente utilizá-lo aqui.

[ 2 ] É sempre importante lembrar a explicação e as implicações do significado do termo Bode Expiatório (com x). O bode expiatório era um animal que era apartado do rebanho e deixado só na natureza selvagem como parte das cerimônias hebraicas do Yom Kippur, o Dia da Expiação, a época do Templo de Jerusalém. Este rito é descrito na Bíblia em Levítico, capítulo 16.  Em sentido figurado, um “bode expiatório” é alguém que é escolhido  arbitrariamente para levar (sozinho) a culpa de uma calamidade, crime ou  qualquer evento negativo (que geralmente não tenha cometido). A busca  do bode expiatório é um ato irracional de determinar que uma pessoa ou  um grupo de pessoas, ou até mesmo algo, seja responsável de um ou mais  problemas sem a constatação real dos fatos. A busca do bode expiatório é um importante instrumento de propaganda. Um clássico exemplo são os judeus durante o período nazista, que eram apontados como culpados pelo colapso político e pelos problemas econômicos da Alemanha.  Atualmente, o uso de bodes expiatórios é cada vez mais combatido e,  quanto esta tendência é levada ao seu extremo, podem ser criadas regras  sociais de controle da linguagem, como no caso do politicamente correto.

[ 3 ] No caso do Brasil, vale destacar a iniciativa do Olimpicleaks ( http://olimpicleaks.midiatatica.info ), plataforma colaborativa para a publicação de documentos oficiais escondidos e materiais que detalham as reconfigurações do Rio de Janeiro para os mega-eventos globais, focando nos autoritários casos de remoções forçadas e ilegais. Antes escondidos, estes documentos agora estão digitalizados e disponíveis ao público

[ 4 ] Apesar de reconhecer a importância da tecnologia digital para a mobilização social, percebe-se que os autores não se desfazem do mito de que a Internet e comunicação eletrônica por si só afastam as pessoas.

1887 leituras blog de felipefonseca
sab, 24/09/2011 - 01:07

Coopermiti by Regiane Nigro

 

Visitei em São Paulo a Coopermiti, primeira cooperativa de tratamento de lixo eletrônico. Muito bom encontrar pessoas que já estão com a mão-na-massa e ver que os problemas são parecidos, segue...
 
A cooperativa surgiu de um grupo de pessoas que já mantinha um museu de tecnologia em São Paulo, o Alex, que me recebeu lá tinha idéia de formar pessoas na área de manutenção de computadores. Depois de muito pensar o grupo inicial decidiu que o perfil do projeto era mais pra cooperativa, que trás em si a idéia de beneficiar os associados, não visando o lucro. 
 
Depois de um ano na luta, conseguiram firmar um convênio com a prefeitura de São Paulo, que lhes garante um galpão de quase 2000m2, mas que em troca controla a missão de formação e educação, feita em escolas e com os próprios cooperados, as formas de divulgação. Esse convênio permite o contato com as subprefeituras de São Paulo, que são importantes para a modalidade de coleta que estão implementando, como digo abaixo.
 
Outro importante apoio que conseguiram foi da Fundação Banco do Brasil que vai doar máquinas pra operação da triagem e algum beneficiamento. A planta da cooperativa vai permitir a operação de empilhadeiras e outros equipamentos e mais ainda, a circulação de pessoas para que seja também uma exposição viva do processo de reciclagem, que funcione como educação ambiental - achei muito boa essa idéia. 
 
A atividade principal ainda é desmontagem e venda dos recicláveis, no entanto há custos para se tratar peças que não tem aplicação industrial em reciclagem como os monitores, pilhas, baterias e alguns plásticos. Por isso, Alex que me recebeu lá foi enfático - lixo eletrônico não dá lucro, não é um bom negócio quando se trata de forma correta de todos os materiais e não apenas os que dão lucro. Quando se sai da "garimpagem urbana" para um sistema responsável de tratamento, ele precisa ser subsidiado.
 
Concordo com ele, a reciclagem é um serviço ambiental prestado e pra isso precisamos que a PNRS esteja funcionando, ou seja, que os produtores arquem com esse custo. A Coopermiti ainda não gera boa retirada para os cooperados, mas segundo ele, pelo menos pararam de tirar do bolso o investimento e não teriam como investir sozinhos nas melhorias que os equipamentos da FBB vai trazer.
 
Dos equipamentos que trazem custo pra quem quer reciclar, os monitores de tubo são um grande problema, junto com pilhas, baterias, geladeiras e outros equipamentos com gás CFC, lâmpadas florescentes. Para todos eles seria necessário investimento para diminuir custos e possibilitar a reciclagem em si. No caso dos monitores, por exemplo, precisamos que haja mais pesquisas e investimento tanto na construção de máquinas para se desmontar com segurança, como para descobrir aplicações industriais do vidro com chumbo presente no tubo. 
 
Eles tem 3 formas de coleta: entrega voluntária na própria cooperativa, agendamento para grandes quantidades que são coletadas in loco e o "cata bagulho eletrônico" que são dias agendados e bem divulgados nas escolas (escolha por trabalhar a conscientização com as crianças) dos bairros de São Paulo, em que um caminhão passa pegando o lixo eletrônico deixado em frente da casa das pessoas. 
 
São 20 pessoas trabalhando, sendo que têm conseguido tratar 20 ton/mes. Mas têm capacidade para 100 ton/mes. Como sempre, o problema está na coleta, na falta de consciência das pessoas e empresas. Mas estamos todos trabalhando por isso. Outras atividades como arte usando peças de eletrônicos estão iniciadas e vão inclusive expor essa produção na feira da Pompéia no próximo fim de semana.
 
Importante salientar que eles não fazem recondicionamento de equipamentos. Alex salientou que isso é um problema grande quando se depende de empresas, vai contra o que eles pensaram no início como formação, mas as empresas não querem saber de equipamentos seus sendo consertados e voltando ao serem usados. E viva a obsolescência programada! 
 
Isso é um problema pra metareciclagem, inclusive o governo faz recondicionamento de computadores. Como vamos lidar com isso? Não teríamos que ter representantes da metareciclagem no grupo que discute os acordos com produtores para tratamento do lixo eletrônico?
 
Se tiverem mais perguntas sobre a Coopermiti, vou respondendo o que souber, mas vale outras visitas e mais contato com essa experiência, que alia a Economia Solidária com lixo eletrônico.
 
 
Abraço 
Regi
 

http://thread.gmane.org/gmane.politics.organizations.metareciclagem/46389/focus=46397

2491 leituras blog de o2
ter, 13/09/2011 - 10:55

MetaReciclagem Uma Mudança de Mentalidade

1. Introdução


A informática passou a fazer parte no dia a dia das pessoas, seja nas transações bancárias, em ambientes escolares, no trabalho e no lazer.  Cada vez mais o computador se mostra presente no cotidiano. Apesar da alta produção na tecnologia da informação, no Brasil, o acesso ao computador e à internet é ainda escasso para alguns indivíduos. Programas de inclusão digital são elaborados para esta parcela, atualmente excluída da dita sociedade da informação, porém estes programas são criticados por especialistas por não atenderem de forma eficaz às demandas do que  é chamado de exclusão digital. Em contraponto com as pessoas sem acesso a estes meios, outra parcela da população, com um maior poder aquisitivo, consome cada vez mais um computador de última geração ou algum gadget de última moda. O consumo desenfreado, numa sociedade onde pessoas trocam de celular duas vezes ao ano, que trocam componentes de seus computadores sempre que um novo mais veloz ou com maior capacidade é lançado, não é acompanhado por uma pergunta básica: para onde vai o lixo tecnológico gerado?


No Brasil, surge um grupo de nome MetaReciclagem, que tem como proposta reciclagem do lixo eletrônico para a transformação social. De acordo com o grupo, também é possível reciclar mentes para esta transformação e a inclusão digital se dá por um processo de apropriação tecnológica e não apenas “usar o computador”. Este grupo, de origem em São Paulo, está presente em todo o Brasil, de forma descentralizada e auto-organizada, inclusive tendo uma forte atuação no Governo Brasileiro (Ministérios da Cultura e Ciência e Tecnologia) com questões pertinentes a tudo que perpasse pelo computador, redes, equipamentos tecnológicos, cibercultura e sociedade.
Este trabalho consiste na investigação da importância de contribuição da MetaReciclagem à questionamentos sobre o lixo eletrônico que está sendo descartado pelos rápidos avanços tecnológicos.

2. Justificativa


Conhecendo mais esse grupo, suas propostas e sua atuação, podemos entender mais  processos como: sociedade da informação, lixo eletrônico, compartilhamento, comunidades virtuais, cibercultura, exclusão digital e liberdade na internet. Estes processos são de suma importância para entendimento de nossa sociedade que, através desse grupo, é observada por uma diferente ótica e assim trazendo à tona questionamentos pertinentes à academia para um maior entendimento de nossa sociedade, visto que este grupo traz uma relação de usuário de tecnologia crítica ao uso e desuso de tais equipamentos.

3. Problematização


Saber ao fundo, rotulando o que seria o grupo de MetaReciclagem é uma questão complicada, pois os participantes do grupo narram que não existe uma história verdadeira do grupo ou todas são verdadeiras. A história é narrada por pessoas que colocam, ou tiram, pontos pessoais e sendo assim o grupo prefere não se agarrar a uma única narrativa. Apesar desta dificuldade de enquadramento do surgimento do grupo, podemos usar os dados destas versões e construir um histórico apontando pontos em comum relevantes ao surgimento do mesmo.


MetaReciclagem é definida como uma rede,  atuando desde 2002, no desenvolvimento de ações de apropriação de tecnologia de maneira descentralizada e aberta.  Esta rede tem como base a desconstrução do hardware, que seria uma forma de desconstruir peças de um computador para entendimento de funcionamento das mesmas; utilização de software livre  e uso de licenças abertas, que garante o uso, alteração, compartilhamento e divulgação de uma forma livre. Como a rede é descentralizada, ela aglutina pessoas de diversos lugares do Brasil. Basicamente, ela tem como estrutura um site e uma lista de discussão. No site os usuários podem participar lendo os materiais que são postados em formato de blog, bem como ter acesso a tudo que foi discutido na lista de discussão. O interessante do site é que qualquer um pode se inscrever e contribuir com o site, alimentando-o com novas postagens e/ou interagindo com o que foi postado. A lista de discussão serve como um canal em tempo real, onde as pessoas enviam e respondem e-mails sobre diversas questões, gerando uma discussão entre os membros inscritos. É importante frisar que as discussões na rede “metarecicleira” (termo usado pelos participantes) não se restringe apenas ao assunto computador, internet e lixo eletrônico, mas tudo que seja relativo ao social: governo, resistência indígena, artes, feminismo, sociologia, antropologia, enfim tudo que é importante, ou julgado importante para algumas pessoas.


O foco deste projeto de pesquisa é se aprofundar nas contribuições do grupo à sociedade, visto que eles vão além de passivos usuários de tecnologia, pois buscam questionamentos sobre a importância da mesma em nossas vidas. O principal questionamento da rede é sobre o descarte do lixo eletrônico, gerado pela velocidade da produção de artefatos tecnológicos. A sociedade atual tem passado por rápidas mudanças na sua relação com a tecnologia, exemplo: um celular antes servia para fazer e receber chamadas; hoje em dia entra na internet e pode ser ligado a um teclado e a uma televisão. Estes avanços geram questionamentos por uma pequena parte da sociedade, por exemplo: onde estão os celulares antigos, em desuso? Sabemos que países mais pobres servem de escoamento para uma nova categoria de lixo gerada por nossa sociedade, o lixo eletrônico. Este tipo de lixo se torna convidativo a parcela mais pobre da população pois ele pode conter peças com algum valor comercial: cobre, ouro entre outros metais. Mas que também certas partes como baterias, que não servem para estas pessoas, são descartadas no meio ambiente e são perigosas pois contém metais pesados e produtos químicos que poluem e afetam diretamente a saúde humana.


Para Bauman, há a hipótese de que todo esse descarte de lixo, que é indesejado pela sociedade, é escoado para uma parcela da população que é chamada por ele de lixo. Um exemplo são programas de inclusão digital que recebem computadores velhos, destinados a pessoas de baixa renda que não fazem minimamente tarefas cotidianas. Podemos lançar a questão: de fato é inclusão digital você oferecer ferramentas que não estejam alinhadas com a atualidade? Para a rede MetaReciclagem é importante saber separar e preparar essa tecnologia obsoleta, tendo cuidado com termos como inclusão digital. Para eles as empresas ou pessoas que se desfazem dos seus aparatos tecnológicos obsoletos devem ter a consciência de um descarte adequado dos mesmos e ter a responsabilidade deste pós-uso. Infelizmente, algumas ONG's, que não têm este aprofundamento, servem de escoadoras de lixo eletrônico, visto que recebem este tipo de lixo de empresas que por sua vez repassa-os para comunidades pobres que irá compor projetos de inclusão digital ou serão destruídos para aproveitamento das partes citadas acima.


Portanto, o objetivo desta pesquisa é uma busca de como o grupo de MetaReciclagem pode contribuir para trazer à tona tanto a academia quanto a sociedade para questionamentos acerca de todo o lixo tecnológico gerado pela sociedade atual.

4. Quadro Teórico


Bauman traz importantes somas a este projeto de pesquisa pois é um grande pensador sobre a modernidade e suas relações, principalmente ao se tratar destas relações levando em conta  consumo, que segundo ele tem aumentado a uma velocidade incrível na modernidade.
O autor traz uma visão muito interessante sobre o que seria o lixo, ampliando seu significado, uma vez que é dada, ao mesmo, uma dimensão sociológica indo além do habitual que é pensar o lixo como apenas aquilo que não serve mais. Bauman vai além nesta ampliação, citando que alguns setores da sociedade estão sendo encarados como lixo, ou seja, descartados, indesejados como podemos observar


“Desesperados, não aceitariam a simples verdade de que odiosos montes de lixo só poderiam não existir se, antes de mais nada, não tivessem sido feitos (por eles mesmos, os leonianos!). Eles se recusariam a aceitar  que (como diz a mensagem de Marco Pólo, que os leonianos não ouviram.), “à medida que a cidade se renova a cada dia, ela preserva  totalmente  a si mesma na sua única forma definitiva: o lixo  de ontem empilhado sobre o lixo de anteontem e de todos os dias e anos e décadas.” (CALVINO apud BAUMAN, 2005, p.9).

A sociedade atual agrava mais ainda essa situação, pois o consumo por tecnologia está avançando rápido demais e são criadas necessidades por uma certa atualização destes equipamentos. O computador que não está “rodando” a mais nova versão de determinado software, aquele celular que não tem as novas funções que todos os mais novos têm e também os apelos publicitários que estimulam o consumo de tais equipamentos, “é a novidade de hoje que torna a de ontem obsoleta, destinada ao monte de lixo.” (BAUMAN, 2005).


5. Objetivos


Agora podemos trazer a discussão e colocá-la na forma de objetivos para serem perseguidos neste projeto:

5.1 Objetivo Geral


Analisando o grupo MetaReciclagem investigaremos propostas de mudança de mentalidade no que concerne à questão do lixo eletrônico, oriundas de novos atores sociais que utilizam a tecnologia como proposta de inclusão social.

5.2 Objetivos Específicos


1. Entender a atuação descentralizada do grupo pesquisado;
2. Identificar suas contribuições à sociedade;
3. Descobrir como a MetaReciclagem pode contribuir para a mudança de mentalidade dos atores envolvidos direta e indiretamente.

6. Questões de Pesquisa


1.a) Qual o perfil dos atores que atuam o grupo MetaReciclagem?
1.b) Como se dá a auto-organização do grupo?
2.a) Quais os impactos das contribuições da MetaReciclagem de forma direta à sociedade?
2.b) O grupo traz discussões efetivas à questão do lixo tecnológico?
3.a) Como se dá o processo de transformação social proposto pelo grupo?
3.b) Quais são os resultados satisfatórios acerca da mudança de mentalidade? Baseado em pontos tocados pelo próprio grupo.

7. Metodologia


A pesquisa dar-se-á, inicialmente, pelo acompanhamento do grupo em seus dois veículos de discussão: Portal e Lista de Discussão. Onde serão colhidos dados das discussões promovidas por seus usuários. Os dados coletados serão analisados e  documentados em diário de campo. O pesquisador decidiu se apresentar ao grupo e aproveitando que, pela descentralização do mesmo, há pessoas em diversas partes do país, inclusive nordeste, fará entrevistas presenciais com pessoas envolvidas no estado de Pernambuco ou em outros próximos (dependendo da disponibilidade de ambos).
Serão aplicados questionários on-line ao grupo, buscando atingir uma boa quantidade de membros do grupo, bem como atingir diferentes regiões do Brasil. Este questionário buscará sondar possíveis diferenças e também elaborar tipos de perfis, levando em conta região, escolaridade, tempo no grupo, experiências práticas e experiências teóricas.

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