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qua, 18/05/2011 - 19:55

Dinheiro velho e dinheiro novo

Ainda falando sobre dinheiro, assisti ontem ao "Inside Job", um documentário que mostra os bastidores da crise financeira internacional que começou em 2008. É surpreendente ver a cara de pau de alguns economistas responsáveis pela propagação de dogmas contra a regulamentação de atividades financeiras e da crença de que os mercados se equilibram sozinhos. Eles alegam não ver conflito em receber somas vultosas para escrever estudos em que basicamente negam a realidade. É assustador vê-los testemunhando perante o Congresso americano e sugerindo que não existe nada de errado com o sistema atual, como sociopatas irresponsáveis que recusam qualquer associação de seus atos com a crise que se abateu sobre os países desenvolvidos. Um terapeuta de altos executivos entrevistado no filme associa as recompensas no mercado financeiro aos efeitos da cocaína, e isso faz bastante sentido. É deprimente, ao fim do filme, entender que as mesmas pessoas que causaram aquela crise continuam no comando das finanças norte-americanas.

Em contraste com esse universo, o vídeo "The Future of Money" (mais sobre ele no Emergence.cc) propõe um diálogo aberto com iniciativas que estão criando novas possibilidades de fazer recursos fluírem de forma colaborativa entre pessoas e projetos. Os entrevistados são

São diversas possibilidades que dialogam com moedas alternativas e projetos de crowdfunding (a exemplo do badalado kickstarter, do consciente ulule e do brasileiro catarse) que apontam para outras possibilidades de viabilização financeira de projetos. São boas referências para as iniciativas metarecicleiras que estão na batalha diária pela sobrevivência. Eu costumo dizer que todo dinheiro é sujo, porque a origem é sempre a mesma. Mas não deixam de ser promissoras essas maneiras de depender menos do capital das corporações e facilitar a circulação de recursos entre pessoas e projetos que compartilham visões de mundo.

The Future of Money from KS12 on Vimeo.

 

2803 leituras blog de felipefonseca
seg, 16/05/2011 - 21:15

Bitcoin - dinheiro P2P

Um dos principais problemas do sistema financeiro internacional é o monopólio da emissão de moeda, intermediado por agentes com os piores interesses possíveis (a partir do sistema de reserva fracionada - assista aos documentários Zeitgeist Addendum e Money as Debt para entender melhor). É uma situação que se perpetua, justamente por estar intimamente relacionada com a maneira como o poder é exercido em todo o mundo. Para contrapor-se a isso, um grupo de programadores concebeu e desenvolveu o bitcoin - uma moeda online, totalmente descentralizada e criptografada. Mais do que mera solução técnica, o bitcoin é fruto de muita reflexão. Vale a pena dar uma olhada no wiki do projeto.

No começo de abril, o Genjix, um desses desenvolvedores, esteve na EPCA - uma conferência profissional sobre pagamentos online - para apresentar o bitcoin. A mera presença dele no meio de um monte de engravatados já era inusitada, ainda mais quando, carregado de ironia, ele indicou que o bitcoin é tão versátil que pode ser utilizada para lavagem de dinheiro e compra de pornografia. Nosso aliado Jaromil, que estava por lá acompanhando Genjix, fez um bom registro da apresentação. Ele aponta:

No fim das contas, a mensagem positiva que o bitcoin também carrega é a respeito de mais possibilidades na engenharia de moedas, de um futuro no qual moedas complementares possam fazer os sistemas econômicos mais resilientes à irrupção de comportamentos capitalistas, ao mesmo tempo em que aproxime as pessoas dos valores de suas comunidades e talvez até revolucione a maneira como contribuímos para o bem comum - pagando impostos para aquilo com o que realmente nos importamos, em vez de não pagá-los.

A Fabs replicou o assunto na lista da metareciclagem, e a conversa rendeu bastante. Glerm elaborou um pouco o assunto:

 

esse site tem um video que é bem simples de entender: http://www.weusecoins.com/

a idéia é de que o "lastro" da moeda está com quem melhor entende do código e fica rodando a rede p2p pra aumentar os nós da rede. daí eles usam essa metáfora de que quanto mais por dentro do código desse programa "miner", mais você é uma espécie de "garimpeiro". 

Daí o que acontece é que algumas pessoas que tão realmente investindo credibilidade do projeto ja estão entrando no risco de "vender" a moeda como se fossem uma espécie de casa de câmbio.

O Genjix por exemplo faz câmbio pra libras...  Por que como ele é desenvolvedor do software vale a pena pra ele investir na moeda... "comprando libras" e "vendendo bitcoins"...

Percebam que existe uma diferença essencial entre fazer o câmbio e em simplesmente negociar dentro da própria economia da moeda... A moeda estaria realmente forte no momento em que qualquer negociação pudesse ser feita com ela, como acontece nas economias baseadas em divisas e territórios... Por exemplo: alguns hacklabs trabalhando com hospedagem e alimentação cobrada em bitcoins... até que se chegue em coisas mais complexas, desde os insumos até a indústria, aí a tal economia teria uma espécie de cadeia completa de produção e consumo...

Exemplo - determinados insumos eletrônicos você só compra em dólar... Açaí, Chimarrão são commodities que negociados em Real ainda tem preço de atacado... e por aí vai...  

É uma moeda como qualquer outra, mas talvez o interessante seria tentar sacar a teoria economica do Lastro e da mais-valia dela... assim como as idéias de inflaçã e deflação possíveis, tentando entender melhor todas essas formulas malucas de taxas que o mercado financeiro usa para inventar dinheiro...

A idéia é bem interessante, meio abstrata no começo mas boa até pra gente sacar melhor como funciona essas mágicas todas e a idéia de "moedas fortes"...

O bitcoin pode não ser a solução definitiva, mas é mais uma ferramenta para usar na busca por sustentabilidade de nossos projetos. Para quem tem paciência de entender como funciona, ele oferece uma maneira segura de transferir recursos de um lugar para outro. Eu, que acabei de lançar um livrinho, coloquei lá um endereço para quem quiser fazer doações em bitcoins.

 

3017 leituras blog de felipefonseca
seg, 16/05/2011 - 15:04

Criatividade sustentável na era digital

Agora que a discussão sobre gerenciamento de direitos autorais começa a ganhar força no Brasil, é interessante trazer algumas referências correntes. A La-EX, organização sediada em Barcelona (reencarnação da EXGAE, de cujas discussões inaugurais eu tive a honra de participar), juntamente com o FCForum, lançou em março o estudo "Modelos Sustentáveis para a Criatividade na Era Digital".

Ele tem duas partes: uma declaração elaborada durante a segunda edição do FCForum (no fim de 2010) e uma publicação com bases conceituais e sugestões de diversas maneiras de bancar a produção criativa. É um excelente guia para entender um pouco mais a fundo as contradições dos sistemas atuais de gestão de direitos autorais, e para inspirar a criação de mecanismos adequados aos novos tempos.

Um lance irônico do FCForum é que na primeira edição do evento, em 2009, o Brasil despontava como referência por conta do posicionamento inovador do nosso Ministério da Cultura, representado no evento por José Murilo Junior, cuja presença por lá eu ajudei a articular. As recentes reviravoltas no Ministério nos fizeram retroceder alguns anos em todas essas questões. Vamos torcer para que o Minc retome a dianteira nessas discussões tão necessárias.

1863 leituras blog de felipefonseca
ter, 26/04/2011 - 12:05

técnica, tecnologia e tecnoxamã: mbraz devorado

A técnica são modos de fazer e de saber-fazer, muitos modos de
saber-fazer mais as relaçoes de afeto(ou parentesco, no sentido
indígena) compoem uma cultura... ou uma tecnologia, como queiram.

a questão maior é como estas culturas, ou tecnologias, se inserem num
sistema maior de predação. Se para o índio, há uma relação entre
aquilo que o devora(a onça, o jaguar, a jibóia...) e a possibilidade
de que ele tambem a devore, num sistema de produção mutualizada de
sentido (de saber-fazer, de como matar a onça); num sistema de
produção como o capitalista, por ex., a mesma lógica pode ser
aplicada.

Se o índio ao matar a onça, de certa forma, absorve parte de seu
espírito e de seu modo existencia; ao lutarmos contra o capitalismo em
determinados momentos nos transformamos nele, pois somos a sua
contraparte, o seu complemento como presa a ser devorada.

Ao falarmos da natureza da tecnologia, e não da cultura digital(pois a
cultura digital está inserida numa cultura maior) tambem podemos usar
os mesmos principios filosoficos. Se a maquina computadora, as redes,
o google, por ex., funcionam como uma especie de Oráculo de Delfos
que, se por um lado me responde questoes, por outro se alimenta dos
meus dados (do meu perfil, de onde estou fisicamente e o que ando
fazendo). Portanto um sistema de presa e predador indígena, onde um
tenta devorar o outro.

Porem ha' um desvio nesse sistema de predação... ocorre quando o
tecnoxamã subverte o uso previsto da maquina computadora - esta que é
pobre em cultura e natureza pois pensa com somente a parte
racional-lógica-simbólica do homem, feita por esse como criatura. Tal
desvio ocorre quando se pega peças soltas, moldando-as num toscolão ou
um toscolinho, via Glerm. Quando a subversão do uso rompe a
pré-determinação da máquina fria e adentra por um outro dominio, o da
sonoridade. Os sons são tanto do domínio da humanidade quanto da
Natureza. Nesse momento a máquina torna-se maracá, pois transcende
mundos espirituais. Parte daquilo que é morto(feito de minerais,
silício, artificial, que não se reproduz) para adentrar no domínio da
vida, a composição maior e misteriosa, feita de sonoridades,
sensações, percepções e afetos.

Voltando a Viveiros de Castro, que na real é somente um tradutor, ou
transdutor, da natureza indígena, podemos nos perguntar: -Onde então
realmente estamos na cosmogonia  da predação capitalista? Entre os que
comem comigo, entre aqueles que me comem ou naqueles que eu como?

E-mail do Mbraz em 26 de abril de 2011. Parte de uma conversa na thread "chat ruiz e fabi" que veio / vem rolando esse dias na lista metarec.  (Deu vontade de botar no site e relacionar ao EdorR, depois tento explicar.)

3144 leituras blog de o2
ter, 12/04/2011 - 23:43

Prêmio de Mídia Livre 2009

Em 2009, depois de um grande esforço para conseguir concentrar o foco e colocar em texto um monte de ideias que flanavam soltas ao redor da rede MetaReciclagem, nós fomos selecionados (mesmo que em segunda chamada) na primeira edição do Prêmio de Mídias Livres do Ministério da Cultura. A inscrição foi feita através da Associação Agente Cidadão, parceiro da MetaReciclagem desde nossa pré-história. Logo depois da notícia da premiação, fizemos uma série de reuniões no IRC para conversar sobre como seria aplicado o dinheiro do prêmio. Decidimos por três eixos de atuação, cada um ficando com cerca de um terço dos recursos:

  • A Infralógica, um grupo de pessoas dedicadas a desenvolver as tecnologias de comunicação online que possibilitam o contato, articulação e troca entre os projetos de MetaReciclagem espalhados por aí. Desde então, o grupo da infralógica desenvolveu um planejamento, uma proposta de interface parcialmente implementada, a atualização (mais complexa do que a gente imaginava) para a versão 6.x do drupal e uma série de pequenos protótipos e experiências de interface. Ponderamos algumas hipóteses que foram deixadas de lado, e nos próximos tempos ainda devem vir mais algumas mudanças.
  • O Mutirão da Gambiarra, que de um esforço dedicado à documentação de ações de MetaReciclagem transformou-se em um coletivo editorial autônomo, com projetos próprios e produção constante. O MutGamb ganhou site próprio, tem desenvolvido publicações periódicas (o MutSaz, "Mutirão Sazonal"), vídeos e projetos específicos. O MutGamb também se inscreveu e foi selecionado na edição 2010 do Prêmio de Mídia Livre do Minc.
  • O eixo MetaRecursos, formado com o objetivo de pesquisar, documentar e implementar alternativas de sustentabilidade, atuando também como apoio técnico e administrativo para projetos distribuídos de MetaReciclagem. Uma de suas ações principais foi a elaboração do projeto MicroReciclagem - uma incubadora de projetos baseada em microfinanciamento -, que chegou a ser inscrito no Prêmio Economia Viva do Minc em 2010, mas não levamos. 

Por conta de alguns problemas burocráticos recentes na Associação Agente Cidadão, a finalização da implementação da nova interface do site da MetaReciclagem e toda a fase experimental do projeto MicroReciclagem tiveram que ser adiados por tempo indeterminado. O coletivo MutGamb já está pesquisando suas próprias formas de sobrevivência.

No mais, continuamos mantendo as atualizações de segurança da infralógica, fazendo algumas experiências de ferramentas e interface e desenvolvendo conceitualmente a plataforma como um todo (inclusive refletindo sobre novas questões que surgem a cada dia), além de prestar apoio a projetos de MetaReciclagem em desenvolvimento. Mas precisamos por algum tempo dar atenção a questões mais corriqueiras (subsistência, pagar as contas, etc.). Assim que der, voltamos à carga.

1882 leituras blog de felipefonseca
qua, 23/03/2011 - 21:23

Janxs - versão epub

Lançamos ontem a edição verão 2011 do MutSaz, inspirado por Janxs. Nas nossas publicações mais recentes, eu já estava flertando com formatos de ebook. Fiz algumas experiências convertendo com o calibre o HTML gerado pelo Lyx. Foram relatados problemas de encode, de quebra de capítulos e outros.

Para Janxs, resolvi retomar a pesquisa. Depois de ler dois livros lançados no formato epub (um padrão livre e aberto, com bons clientes em muitas plataformas), resolvi me concentrar nele. Cheguei até a elencar a busca de softwares para editar ebooks nas minhas prioridades para 2011.

Testei o módulo epub do drupal que poderia gerar ebooks automaticamente. O módulo é complexo demais, gerou um epub pesado e que não funcionava. Tentei debugar, mas acabei deixando de lado. Depois de pesquisar mais um pouco, encontrei o Sigil - um software que simples e objetivamente fazia exatamente o que eu precisava: formatar um epub de maneira clara e sem frescuras. E melhor: livre e multiplataforma.

Para editar Janxs, comecei usando o módulo book do drupal para montar os textos na ordem da publicação. Depois de tudo organizado e revisado, exportei o livro inteiro para HTML (é só acessar /book/export/html/NID, onde NID é o número do node do livro). Salvei o HTML, importei no Sigil e dividi os capítulos. Inseri os metadados e pronto, em pouco tempo o ebook estava pronto. Pelos testes que fiz aqui, está funcionando ok. Aceito ajuda de quem puder testar em outras plataformas além de Linux e Android. Baixem o epub aqui.

2251 leituras blog de felipefonseca
qui, 17/03/2011 - 17:49

UID

Há alguns meses já estávamos com problemas em alguns posts do site da MetaReciclagem: apareciam de repente sem estar associados a nenhumx autorx, e isso atrapalhava o acesso e a edição do conteúdo. Não consegui descobrir a causa do problema (que afeta, em verdade, uma proporção ínfima do site - duas páginas em um universo de mais de 2000), mas hoje aprendi a consertar, com ajuda do Wundo. Lá vai:

Entrar no mysql

#mysql -u usuario -p

Selecionar o banco de dados

mysql> use bancodedados;

Verificar se o problema é mesmo o id de usuárix

mysql> SELECT uid from node where nid=XXX;

(onde XXX deve ser substituído pelo ID do node em questão)

O resultado aqui foi:

 

+-----+

| uid |

+-----+

|   0 | 

+-----+

Ou seja, o node está associado ao usuário 0, que não existe. Então vou associá-lo ao usuário 1 (que é o superusuário do drupal) e posteriormente posso atribuir a quem eu quiser através da interface web:
 
mysql> UPDATE node SET uid = 1 WHERE nid = XXX;
 
E pronto, os nodes voltaram a ser associados a usuários do site: EventosEtc e APH-no-Recife.
Atualizando: apesar de ter resolvido por aqui, o problema continuou em uma página do site do MutGamb. Essa discussão me leva a crer que o módulo vertical tabs pode ser o culpado, então vou temporariamente desativá-lo.
Atualizando outra vez: desativei o vertical tabs no mutgamb. O erro continua ocorrendo...
2052 leituras blog de felipefonseca
ter, 01/03/2011 - 21:36

Redada - Barcelona - 02 de março

Repassando o anúncio que Raquel Rennó mandou na lista RedeLabs: debate amanhã (02 de março) às 19hs de Barcelona (15hs de Brasília). Estrimado ao vivo.

#Redada 1 Barcelona
Modelos de negocios para la cultura en red y licencias libres

Miércoles 2, 19:00h en Centro de Cultura Contemporánea de Barcelona, Aula 1 | Montalegre, 5. 08001 Barcelona

Tras cuatro encuentros #redada en Madrid, este miércoles se celebrará en Barcelona el primer encuentro gracias a la colaboración del colectivo ZZZINC. Este encuentro estará dedicado a analizar y profundizar en los diferentes modelos de negocio de negocio que usan Internet como plataforma natural y en los usos de las licencias libres.

Presenta: José Luis de Vicente, comisario e investigador cultural y miembro del colectivo ZZZINC

Modera: Eva SoriaJurist Doctor, experta en propiedad intelectual y derecho internacional.  Coordinadora de Arts Visuals i Àrea de Creació del Institut Ramon Llull

Participantes confirmados:

- Ignasi Labastida, líder de Creative Commons España 
- Jaume Ripoll Vaquer, director de la plataforma de distribución de cine en línea Filmin 
Simona Levi, impulsora del Free Culture Forum y fundadora de La Ex
Daniel Granados, músico y responsable de Producciones Doradas, sello independiente que edita bajo licencias libres.
Cesc Gay, director de cine y guionista
Tomás Aragaydramaturgo y actor. 

Entrada Libre hasta conmpletar aforo. 
Nota: Habrá streaming en directo y grabación en vídeo.

 PS.: o vídeo do debate está disponível aqui.

1844 leituras blog de felipefonseca
ter, 01/03/2011 - 07:39

Fóruns e linguagens

 Desde o inicio de fevereiro temos participado como ouvintes e palpiteiros dos foruns de linguagens de Jampa, principalmente do forum da musica. Desde de então tudo que temos apresentado, interado a galera sobre, vem surtindo efeito.

Desde o Dominio Público das obras de Pedro Osmar até o debate sobre a coletanea que está para ser prensada; do debate de fomento a produção cultural até a revisão dos conselhos - municipal e estadual - de cultura, editais regionais e criterios de avaliação. 

Discussões tão amplas assim esbarram em assuntos delicados à primeira vista: MinC, Lei Rouanet, Direito Autoral, Sustentabilidade, Economia Viva, Produção Colaborativa e envolvimento com o governo.

Tantos poréns e receios foram deixados de lado ontem a noite. Toda última segunda feira de mês o fórum da música de João Pessoa promove um debate de formação ou desinformação. Dessa vez fomos convidados- por estarmos presentes sempre - a orientar um debate sobre direito autoral. Assunto complexo pra quem está tentando sobreviver de música em moldes antigos, artistas que muitas vezes ainda não se adaptaram ao mundo digital, ou até não tem a dimensão da nova forma de lidar com a arte resultante de seu trabalho nesses novos paradigmas culturais. Pois bem apresentamos slides, videos, debatemos, falamos muito, ouvimos muitas duvidas, questionamentos e sugestões. Acabamos com um punhado de musicos, compositores interessados em novas formas de direito autoral, cheios de desapontamento com o sistema vigente que muitos não tinham ideia de como funcionava, de porque a musica que comporam rendeu apenas 50 centavos pelo ECAD nesses anos todos. Artistas carentes de novos caminhos e esperanças para ter sua obra aceita e divulgada por ai. Carentes de show com público, de ouvintes de amantes de suas poesias e melodias.

Saimos de lá elogiados por estes e incubidos de levar essa mensagem as outras linguagens, saimos com um folego extra dado por antigos que estão prontos a se adaptar ao novo. Saimos daquela sala num prédio histórico subutilizado com um pé numa nova realidade para a cena cultural da paraiba. 

Se é otimismo nosso não sei, mas que os figurinhas e figurões ali presentes botaram mais fé que imaginavamos, botaram, e a curiosidade e a trilha que começou a se abrir foram os alimentos pra isso.

Os poréns viraram bandeiras, e estas bandeiras levantadas pelos artistas até então alheios a tudo isso, vão para rua, para ação para a colaboração com todos os interessados nisso. #tamojunto

1983 leituras blog de stellamsd
sex, 25/02/2011 - 21:48

Produtora Cultural Colaborativa

Gostei do artigo do Pedro Jatobá e da Luana Vilutis publicado na iteia: Produtora Cultural Colaborativa. É uma proposta (já realizada algumas vezes na prática) um arranjo econômico emergente baseado na produção cutural multimídia, organizado coletivamente e dialogando com licenças e formatos livres.

Eu certamente compartilho de algumas referências que o texto traz. Fiquei feliz com a menção ao Laboratório de Conhecimentos Livres do Fórum Social Mundial em 2005 (eu também mencionei alguma coisa sobre ele, aqui). Concordo com a importância da gestão Gil/Juca no Ministério da Cultura, apesar se estar sempre no limite da precariedade. E, obviamente, a ideia de produção colaborativa faz muito sentido para mim.

É ponto pacífico que o tipo de ação que tem sido articulada em rede nos últimos anos escapa da compreensão superficial dos mundos do trabalho e do mercado. São situações em que não existe um limite claro entre o que é demanda por serviços e o que é agenda pessoal de cada pessoa envolvida. Profissionalismo se mistura com ativismo, paixão com negociação, eficiência com fé. Como se não bastasse a substância do que a gente faz, também precisamos criar os próprios meios de sobrevivência e mesmo de compreensão disso tudo. Temos que dar conta de um cenário em que as fronteiras entre disciplinas desaparecem, em que a criatividade transborda e em que soluções e imaginários se fundem.

O formato proposto pela produtora colaborativa consiste em três eixos: Palco Livre, Núcleo Audiovisual e Cobertura Compartilhada. Propõe alguns experimentos interessantes com uma moeda alternativa. Me parece um formato adequado para preencher algumas demandas bem claras de comunicação e produção cultural, abrindo espaço para novos produtores e criando um processo colaborativo com resultados educacionais e inclusivos. Eu estou atualmente pensando também sobre como isso pode se expandir para outras áreas além da comunicação e dos eventos.

Acho que estamos mesmo em um momento de entender e propor novos formatos. Esse artigo e também o Gestão cultural integrada, sobre o Circuito Fora do Eixo, têm bastante a ver com o que estamos tentando com a Conectaz MetaRecursos da MetaReciclagem - uma reflexão sobre formatos de sustentabilidade que já estão acontecendo na rede. Apareçam no grupo para conversar.

Mais referências em MetaRecursosReferencias.

2653 leituras blog de felipefonseca
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